Acessibilidade / Reportar erro

Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Lecythidaceae, Marcgraviaceae e Primulaceae

Flora of Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Lecythidaceae, Marcgraviaceae and Primulaceae

Resumo

A ordem Ericales nos remanescentes de Floresta Atlântica da Usina São José foi previamente tratada com a monografia da família Sapotaceae. Dando continuidade aos estudos dessa flora, neste trabalho o tratamento da ordem Ericales é atualizado com a monografia das famílias Lecythidaceae, Marcgraviaceae e Primulaceae. Nestas três famílias foram registradas oito espécies classificadas em seis gêneros. Em Lecythidaceae foram identificados três gêneros e quatro espécies, em Marcgraviaceae dois gêneros e duas espécies e Primulaceae um gênero e duas espécies. Eschweilera e Myrsine foram registradas duas espécies cada, enquanto os demais gêneros foram representados por apenas uma espécie. Este trabalho é composto por uma chave de identificação e descrições morfológicas das espécies, além de comentários ecológicos e taxonômicos sobre os gêneros e espécies registrados.

Palavras-chave:
Ericales; Floresta Atlântica; florística; taxonomia; terras baixas

Abstract

The order Ericales in the Atlantic Forest remnants of Usina São José was partially published in the taxonomic treatment of Sapotaceae. Following the series of publications of Usina São José, in this paper the treatment of Ericales is updated with the families Lecythidaceae, Marcgraviaceae and Primulaceae. We recorded six genera and eight species for these families. Lecythidaceae is represented by three genera and four species, Marcgraviaceae by two genera and two species and Primulaceae by one genus and two species. For the genera Eschweilera and Myrsine we recorded two species each and for the other genera we recorded one species each. This paper has an identification key and descriptions for the species, ecological and taxonomic comments for genera and species.

Key words:
Ericales; Atlantic Forest; floristic; taxonomy; lowland

Introdução

Segundo o APG IV (2016)APG IV. 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-20., a ordem Ericales compreende 22 famílias, das quais 16 estão presentes no Brasil, sendo Ericaceae, Lecythidaceae, Primulaceae e Sapotaceae aquelas que possuem maior riqueza em número de espécies no país (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Recentemente, levantamentos florísticos e uma série de monografias vêm apresentando estudos taxonômicos pioneiros para a flora da Floresta Atlântica ao norte do rio São Francisco, amostradas em um conjunto de fragmentos inseridos em uma matriz de cultivo de cana-de-açúcar da Usina São José, em Pernambuco (Alves-Araújo et al. 2008Alves-Araújo, A.; Araújo, D.; Marques, J.; Melo, A.; Maciel, J.; Irapuãn, J.; Pontes, T.; Lucena, M.F.A.; Bocage, A.L. & Alves, M. 2008. Diversity of Angiosperms in fragments of Atlantic Forest in the state of Pernambuco, northeastern Brazil. Bioremediation, Biodiversity & Bioavailability 2: 14-26.; Alves-Araújo & Alves 2010Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2010. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Sapotaceae. Rodriguésia 61: 303-318.; Melo et al. 2011Melo, A.; Amorim, B.S.; García-González, J.D.; Souza, J.A.N.; Pessoa, E.; Mendonça, E.; Chagas, M.; Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2011. Updated floristic inventory of the angiosperms of the Usina São José, Igarassu, Pernambuco, Brazil. Revista Nordestina de Biologia 20: 3-26.; Alves et al. 2013Alves-Araújo, A.; Araújo, D.; Marques, J.; Melo, A.; Maciel, J.; Irapuãn, J.; Pontes, T.; Lucena, M.F.A.; Bocage, A.L. & Alves, M. 2008. Diversity of Angiosperms in fragments of Atlantic Forest in the state of Pernambuco, northeastern Brazil. Bioremediation, Biodiversity & Bioavailability 2: 14-26.; Buril et al. 2014Buril, M.T.; Thomas, W.W. & Alves, M. 2014. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Rutaceae, Simaroubaceae e Picramniaceae. Rodriguésia 65: 701-710. DOI: 10.1590/2175-7860201465309.
https://doi.org/10.1590/2175-78602014653...
; Maciel & Alves 2014Maciel, J.R. & Alves, M. 2014. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Poaceae. Rodriguésia 65: 355-367. DOI: 10.1590/S2175-78602014000200005.
https://doi.org/10.1590/S2175-7860201400...
; Costa-Lima & Alves 2015Costa-Lima, J.L. & Alves, M. 2015. Flora da Usina São José: Erythroxylaceae. Rodriguésia 66: 285-295. DOI: 10.1590/2175-7860201566118.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015661...
). Nessa série de publicações, a ordem Ericales foi tratada parcialmente por Alves-Araújo & Alves (2010)Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2010. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Sapotaceae. Rodriguésia 61: 303-318., que abordaram as espécies da família Sapotaceae. Além desta, mais três famílias de Ericales completam os representantes desta ordem na área de estudo: Lecythidaceae, Marcgraviaceae e Primulaceae (Alves-Araújo et al. 2008Alves-Araújo, A.; Araújo, D.; Marques, J.; Melo, A.; Maciel, J.; Irapuãn, J.; Pontes, T.; Lucena, M.F.A.; Bocage, A.L. & Alves, M. 2008. Diversity of Angiosperms in fragments of Atlantic Forest in the state of Pernambuco, northeastern Brazil. Bioremediation, Biodiversity & Bioavailability 2: 14-26.; Melo et al. 2011Melo, A.; Amorim, B.S.; García-González, J.D.; Souza, J.A.N.; Pessoa, E.; Mendonça, E.; Chagas, M.; Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2011. Updated floristic inventory of the angiosperms of the Usina São José, Igarassu, Pernambuco, Brazil. Revista Nordestina de Biologia 20: 3-26.; Alves et al. 2013Alves, M.; Alves-Araújo, A.; Amorim, B.; Araújo, A.; Araújo, D.; Araújo, M.F.; Buril, M.T.; Costa-Lima, J.; Garcia-González, J.; Gomes-Costa, G.; Melo, A.; Novaes, J.; Oliveira, S.; Pessoa, E.; Pontes, T. & Rodrigues, J. 2013. Inventário de Angiospermas dos fragmentos de Mata Atlântica da Usina São José, Igarassu, Pernambuco. In: Buril, M.T.; Melo, A.; Alves-Araújo, A. & Alves, M. (eds.). Plantas da Mata Atlântica: guia de árvores e arbustos da Usina São José (Pernambuco). Editora Livro Rápido, Olinda. Pp. 133-158.).

Lecythidaceae possui distribuição pantropical e está representada por 25 gêneros e cerca de 340 espécies (Stevens 2001Stevens, P.F. 2001 (onwards). Angiosperm Phylogeny website. Version 12, July 2012 [and more or less continuously updated since]. Available at <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Access on 7 August 2015.
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
, onwards). No Brasil estão presentes 10 gêneros e 119 espécies, dentre estas 20 espécies estão registradas na Floresta Atlântica (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). As principais características da família são casca fibrosa, folhas alternas e simples, estípulas ausentes ou inconspícuas, inflorescências racemosas ou paniculadas, flores bissexuadas, actinomorfas ou zigomorfas e diclamídeas com cálice inteiro ou lobado, estames conatos em um anel simétrico, ou assimétrico e prolongados unilateralmente, curvando-se sobre o ovário ínfero, e frutos bacáceos ou cápsulas lenhosas (Mori 2002Mori, S.A. 2002. Lecythidaceae. In: Mori, S.A.; Cremers, G.; Gracie, C.A.; Granville, J.-J.; Heald, S.V.; Hoff, M. & Michell, J.D. (eds.). Guide to the vascular plants of Central French Guiana. Part 2: Dicotyledons. The New York Botanical Garden Press, New York. Pp. 385-397., 2004Mori, S.A. 2004. Lecythidaceae. In: Smith, N.; Mori, S.A.; Henderson, A.; Stevenson, D.Wm. & Heald, S.V. (eds.). Flowering Plants of the Neotropics. Princeton University Press., Princeton. Pp. 207-209.).

Marcgraviaceae é restrita à região Neotropical, com sete gêneros e cerca de 130 espécies (Stevens 2001Stevens, P.F. 2001 (onwards). Angiosperm Phylogeny website. Version 12, July 2012 [and more or less continuously updated since]. Available at <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Access on 7 August 2015.
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
, onwards). No Brasil estão presentes seis gêneros e 35 espécies, e na Floresta Atlântica estão registradas 12 espécies (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). São plantas facilmente reconhecidas pela combinação de folhas simples, alternas e coriáceas, com nervuras inconspícuas, e brácteas vistosas, vináceas a vermelhas, transformadas em nectários em forma de jarras, inseridas no pedicelo das flores, no ápice da inflorescência ou na base das sépalas. A placenta, em Marcgraviaceae, é invaginante, formando um ovário com cinco a muitos pseudolóculos (Dressler 2001Dressler, S. 2001. Marcgraviaceae. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 6. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 248-260.; Ward & Price 2002Ward, N.M. & Price, R.A. 2002. Phylogenetic relationships of Marcgraviaceae: insights from three chloroplast genes. Systematic Botany 27: 149-160. DOI: 10.1043/0363-6445-27.1.149.; Teixeira et al. 2013Teixeira, M.R.; Fiaschi, P. & Amorim, A.M. 2013. Flora da Bahia: Marcgraviaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 13:1-15.).

Primulaceae se distribui nas regiões tropicais, subtropicais e temperadas com 58 gêneros e cerca de 2.500 espécies (Stevens 2001Stevens, P.F. 2001 (onwards). Angiosperm Phylogeny website. Version 12, July 2012 [and more or less continuously updated since]. Available at <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Access on 7 August 2015.
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
, onwards). No Brasil estão presentes 11 gêneros e 140 espécies e a Floresta Atlântica possui 66 espécies registradas (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). É caracterizada pelas folhas simples, alternas ou opostas, flores actinomorfas, com estames alternipétalos, e gineceu sincárpico, com ovário geralmente súpero ou semi-ínfero e placentação central-livre, e frutos drupas ou cápsulas (Anderberg 2004Anderberg, A.A. 2004. Primulaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. 6. Springer, Berlin. Pp. 313-319.; Ståhl 2004Ståhl, B. 2004. Theoprastaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. 6. Springer, Berlin . Pp. 472-478.; Ståhl & Anderberg 2004Ståhl, B. & Anderberg, A.A. 2004. Myrsinaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. 6. Springer, Berlin . Pp. 266-281.). A família possuiu distintas circunscrições e na mais recente e aqui seguida, Myrsinaceae, Samolaceae e Theoprasthaceae foram incorporadas a um conceito mais amplo de Primulaceae (APG IV 2016APG IV. 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-20.).

Com isso, o objetivo deste trabalho é realizar o estudo taxonômico e complementar o levantamento das espécies de Ericales registradas nos diversos fragmentos da Usina São José, abordando as famílias Lecythidaceae, Marcgraviaceae e Primulaceae.

Material e Métodos

A Usina São José (USJ) está localizada na Zona da Mata Norte, a cerca de 30 km de Recife, com sua maior área inserida no município de Igarassu (Trindade et al. 2008Trindade, M.B.; Lins-e-Silva, A.C.B.; Silva, H.P.; Figueira, S.B. & Schessl, M. 2008. Fragmentation of the Atlantic rainforest in the northern coastal region in Pernambuco, Brazil: recent changes and implications for conservation. Bioremediation, Biodiversity and Bioavailability 2: 5-13.). Possui área total de 280 km2 e cerca de 100 fragmentos de Floresta Atlântica, com diferentes tamanhos e formatos. Porém, apenas nove fragmentos com tamanhos entre 10 e 360 ha foram selecionados de acordo com a proposta inicial dos estudos sobre a flora da Usina São José descrito em Alves-Araújo et al. (2008)Alves-Araújo, A.; Araújo, D.; Marques, J.; Melo, A.; Maciel, J.; Irapuãn, J.; Pontes, T.; Lucena, M.F.A.; Bocage, A.L. & Alves, M. 2008. Diversity of Angiosperms in fragments of Atlantic Forest in the state of Pernambuco, northeastern Brazil. Bioremediation, Biodiversity & Bioavailability 2: 14-26. e Melo et al. (2011)Melo, A.; Amorim, B.S.; García-González, J.D.; Souza, J.A.N.; Pessoa, E.; Mendonça, E.; Chagas, M.; Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2011. Updated floristic inventory of the angiosperms of the Usina São José, Igarassu, Pernambuco, Brazil. Revista Nordestina de Biologia 20: 3-26..

A localização dos fragmentos e a metodologia de coletas segue Alves-Araújo et al. (2008)Alves-Araújo, A.; Araújo, D.; Marques, J.; Melo, A.; Maciel, J.; Irapuãn, J.; Pontes, T.; Lucena, M.F.A.; Bocage, A.L. & Alves, M. 2008. Diversity of Angiosperms in fragments of Atlantic Forest in the state of Pernambuco, northeastern Brazil. Bioremediation, Biodiversity & Bioavailability 2: 14-26., sendo as coletas realizadas entre os anos de 2007 a 2014. As amostras foram tratadas de acordo com as técnicas usuais empregadas em estudos taxonômicos (Peixoto & Maia 2013Peixoto, A.L. & Maia, L.C. (orgs.). 2013. Manual de procedimentos de herbário. In: Neto, P.C.G.; Lima, J.R.; Barbosa, M.R.V.; Barbosa, M.A.; Menezes, M.; Pôrto, K.C. & Gibertoni, B.T. Editora Universitária da UFPE, Recife. 102p.), depositadas nos herbários IPA, RB, UFP e ULM, e as demais duplicatas enviadas aos herbários NY e RB (acrônimos segundo Thiers, continuamente atualizado).

As identificações foram baseadas em bibliografia especializada (Prance & Mori 1979Prance, G.T. & Mori, S.A. 1979. Lecythidaceae. Part I. The actinomorphic-flowered New World Lecythidaceae (Asteranthos, Gustavia, Grias, Allantoma, and Cariniana). Flora Neotropica 21: 1-270.; Mori & Prance 1990Mori, S.A. & Prance, G.T. 1990. Lecythidaceae - Part II. The zygomorphic flowered New World genera (Couroupita, Corythophora, Bertholletia, Couratari, Eschweilera & Lecythis). Flora Neotropica 21: 1-375.; Teixeira et al. 2013Teixeira, M.R.; Fiaschi, P. & Amorim, A.M. 2013. Flora da Bahia: Marcgraviaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 13:1-15.; Freitas & Kinoshita 2015Freitas, M.F. & Kinoshita, L.S. 2015. Myrsine (Myrsinoideae- Primulaceae) no sudeste e sul do Brasil. Rodriguésia 66: 167-189. DOI: 10.1590/2175-7860201566109.), amostras previamente identificadas por especialistas e análise de tipos disponíveis on line. A terminologia adotada para a elaboração das descrições morfológicas seguiu os conceitos de Harris & Harris (2001)Harris, J.G. & Harris, M.W. 2001. Plant identification terminology: an illustrated glossary. 2nd ed. Spring Lake Publishing, Utah. 216p..

Resultados e Discussão

Neste trabalho foram registradas quatro espécies de Lecythidaceae [Eschweilera alvimii Mori, E. ovata (Cambess.) Mart., Gustavia augusta L. e Lecythis pisonis Cambess.], duas espécies de Marcgraviaceae [Marcgravia coriacea L. e Souroubea guianensis Aubl.] e duas de Primulaceae [Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze e M. umbellata Mart.].

Três das quatro espécies de Lecythidaceae (E. ovata, G. augusta e L. pisonis) possuem distribuição disjunta entre as Florestas Amazônica e Atlântica, e E. alvimii é restrita à Floresta Atlântica do Nordeste do Brasil. Exceto por G. augusta, as demais são endêmicas do Brasil (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
).

As espécies de Marcgraviaceae e Primulaceae registradas aqui são amplamente distribuídas no Brasil, ocorrendo ao menos nos domínios da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica, além de não se restringirem ao país (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
).

Marcgravia umbellata L. e Clavija caloneura Mart. & Miq. foram excluídas deste estudo. Embora tenham sido citadas na área nas listas anteriores (Alves-Araújo et al. 2008Alves-Araújo, A.; Araújo, D.; Marques, J.; Melo, A.; Maciel, J.; Irapuãn, J.; Pontes, T.; Lucena, M.F.A.; Bocage, A.L. & Alves, M. 2008. Diversity of Angiosperms in fragments of Atlantic Forest in the state of Pernambuco, northeastern Brazil. Bioremediation, Biodiversity & Bioavailability 2: 14-26.; Melo et al. 2011Melo, A.; Amorim, B.S.; García-González, J.D.; Souza, J.A.N.; Pessoa, E.; Mendonça, E.; Chagas, M.; Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2011. Updated floristic inventory of the angiosperms of the Usina São José, Igarassu, Pernambuco, Brazil. Revista Nordestina de Biologia 20: 3-26.; Alves et al. 2013Alves, M.; Alves-Araújo, A.; Amorim, B.; Araújo, A.; Araújo, D.; Araújo, M.F.; Buril, M.T.; Costa-Lima, J.; Garcia-González, J.; Gomes-Costa, G.; Melo, A.; Novaes, J.; Oliveira, S.; Pessoa, E.; Pontes, T. & Rodrigues, J. 2013. Inventário de Angiospermas dos fragmentos de Mata Atlântica da Usina São José, Igarassu, Pernambuco. In: Buril, M.T.; Melo, A.; Alves-Araújo, A. & Alves, M. (eds.). Plantas da Mata Atlântica: guia de árvores e arbustos da Usina São José (Pernambuco). Editora Livro Rápido, Olinda. Pp. 133-158.), foi verificado que as identificações estavam incorretas.

    Chave de identificação para as espécies de Lecythidaceae, Marcgraviaceae e Primulaceae na Usina São José
  • 1. Arbustos escandentes, hemiepífitas e/ou lianas.....................................................................................2

    • 2. Inflorescência umbeliforme; nectários extraflorais inseridos na porção central da inflorescência.. ....................................................................................................................5. Marcgravia coriacea

    • 2'. Inflorescência racemosa; nectários extraflorais inseridos na base do cálice.................................... ...................................................................................................................6. Souroubea guianensis

    1'. Arbustos eretos, arvoretas ou árvores....................................................................................................3

    • 3. Folhas com glândulas punctiformes e/ou lineares na face abaxial; estames alternipétalos...........4

      • 4. Glândulas lineares ausentes na face abaxial da folha...........................7. Myrsine guianensis

      • 4'. Glândulas lineares presentes na face abaxial da folha...........................8. Myrsine umbellata

      3'. Folhas sem glândulas; estames conatos em um anel simétrico, não curvado sobre o ovário, ou assimétrico e prolongado unilateralmente, curvando-se sobre o ovário........................................5

      • 5. Folhas concentradas na parte terminal dos ramos; flor actinomorfa; cálice inteiro; estames conatos em um anel simétrico não curvado sobre o ovário; fruto bacáceo.............................. ..................................................................................................................3. Gustavia augusta

      • 5'. Folhas distribuídas ao longo dos ramos; flor zigomorfa; cálice lobado; estames conatos em um anel assimétrico e prolongado unilateralmente, curvando-se sobre o ovário; fruto cápsula lenhosa...................................................................................................................................6

        • 6. Folhas com margem crenada; frutos 15,5-20 × 15,5-20 cm.............4. Lecythis pisonis

        • 6'. Folhas com margem inteira; frutos 2,7-9 × 3-9 cm......................................................7

          • 7. Flores com 4-pétalas, cálice decíduo no fruto; frutos 7-9 × 7-9 cm, turbinados.... ..............................................................................................1. Eschweilera alvimii

          • 7'. Flores com 6-pétalas, cálice persistente no fruto; frutos 2,7-3 × 3-3,5 cm, globoides................................................................................2. Eschweilera ovata

Tratamento taxonômico

Lecythidaceae

1. Eschweilera alvimii Mori, Brittonia 33(3): 469. 1981.

Árvores 6-8 m alt.; ramos jovens glabros, domácias ausentes. Folhas 6,5-13,5 × 3,6-5,5 cm, distribuídas ao longo dos ramos, cartáceas, glabras, lanceoladas a elípticas, margem inteira, ápice agudo, base cuneada; venação primária convexa adaxialmente, secundária 8-10 pares, glândulas ausentes; pecíolo 6-10 mm compr., glabro. Inflorescência paniculada, glabra, eixo primário 4-6 cm compr., eixo secundário 0,5-0,6 cm compr.; brácteas ca. 3 mm compr., naviculares, glabras; bractéolas decíduas. Flores zigomorfas, 4-meras, cálice lobado, estames conatos em um anel assimétrico e prolongado unilateralmente, curvando-se sobre o ovário (Mori & Prance 1990Mori, S.A. & Prance, G.T. 1990. Lecythidaceae - Part II. The zygomorphic flowered New World genera (Couroupita, Corythophora, Bertholletia, Couratari, Eschweilera & Lecythis). Flora Neotropica 21: 1-375.). Frutos cápsulas lenhosas, 7-9 × 7-9 cm, turbinadas, cálice decíduo. Sementes não observadas.

Material examinado: Mata de Piedade, 23.VI.2010, fr., J.D. García-Gonzáles 1466 (UFP).

Materiais adicionais: ALAGOAS: Ibateguara, Usina Serra Grande, Coimbra, 9.IX.2002, fr., M. Oliveira & A. Grillo 1073 (UFP). PERNAMBUCO: Paudalho, PE-027, km 17, 23.VI.2010, fr., J.D. García-Gonzáles et al. 1493 (UFP).

Eschweilera Mart. ex DC. possui cerca de 85 espécies, ocorrendo desde o México até a Colômbia, Venezuela e Brasil (Prance & Mori 2003Prance, G.T. & Mori, S.A. 2003. Lecythidaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. VI. Springer-Verlag, Berlin. Pp. 221-232.). No Brasil, é representado por 50 espécies, sendo 21 endêmicas, presentes nos domínios da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Na Região Nordeste são citadas 11 espécies, sendo duas ocorrentes em Pernambuco (Melo et al. 2011Melo, A.; Amorim, B.S.; García-González, J.D.; Souza, J.A.N.; Pessoa, E.; Mendonça, E.; Chagas, M.; Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2011. Updated floristic inventory of the angiosperms of the Usina São José, Igarassu, Pernambuco, Brazil. Revista Nordestina de Biologia 20: 3-26.; BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
).

Eschweilera alvimii é endêmica da Floresta Atlântica no Nordeste do Brasil (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
) e ocorre desde as florestas de terras baixas do sul da Bahia até as florestas costeiras de Pernambuco (Mori & Prance 1990Mori, S.A. & Prance, G.T. 1990. Lecythidaceae - Part II. The zygomorphic flowered New World genera (Couroupita, Corythophora, Bertholletia, Couratari, Eschweilera & Lecythis). Flora Neotropica 21: 1-375.). De acordo com Venda et al. (2013)Venda, A.K.L.; Smith, N.P.; Judice, D.M.; Penedo, T.S.A. & Prieto, P.V. 2013. Lecythidaceae. In: Martinelli, G. & Moraes, M.A. (orgs.). Livro vermelho da flora do Brasil. Andrea Jackobsson, Rio de Janeiro. Pp. 607-611., é categorizada como "Em Perigo" devido à distribuição restrita e em geral fragmentada da Floresta Atlântica. Além disso, possui crescimento lento, que faz com que seu tempo de geração seja estimado em 80 anos, além de ser uma espécie de exploração madeireira (Venda et al. 2013Venda, A.K.L.; Smith, N.P.; Judice, D.M.; Penedo, T.S.A. & Prieto, P.V. 2013. Lecythidaceae. In: Martinelli, G. & Moraes, M.A. (orgs.). Livro vermelho da flora do Brasil. Andrea Jackobsson, Rio de Janeiro. Pp. 607-611.). Na USJ, é rara e ocorre no interior de fragmentos maiores que 300 ha.

Diferencia-se de G. augusta pelas folhas distribuídas ao longo dos ramos, flores zigomorfas com cálice lobado, estames conatos em um anel assimétrico e prolongado unilateralmente, curvando-se sobre o ovário, e cápsula lenhosa (vs. folhas concentradas na extremidade dos ramos, flores actinomorfas com cálice inteiro, estames conatos em um anel simétrico e fruto bacáceo); de E. ovata pelos frutos maiores, com 7-9 × 7-9 cm, flores tetrâmeras (Mori & Prance 1990Mori, S.A. & Prance, G.T. 1990. Lecythidaceae - Part II. The zygomorphic flowered New World genera (Couroupita, Corythophora, Bertholletia, Couratari, Eschweilera & Lecythis). Flora Neotropica 21: 1-375.) e cálice decíduo no fruto (vs. 2,7-3 × 3-3,5 cm, flores hexâmeras e cálice persistente); e de L. pisonis pelas folhas com margem inteira e frutos com 2,7-9 × 3,3-9 cm (vs. margem crenada e frutos 15,5-20 × 15,5-20 cm).

Ilustrações em Mori & Prance (1990)Mori, S.A. & Prance, G.T. 1990. Lecythidaceae - Part II. The zygomorphic flowered New World genera (Couroupita, Corythophora, Bertholletia, Couratari, Eschweilera & Lecythis). Flora Neotropica 21: 1-375..

2. Eschweilera ovata (Cambess.) Mart. ex Miers, Trans. Linn. Soc. London 30(2): 257. 1874. Fig. 1a,b

Figura 1
a-f. Lecythidaceae - a-b. Eschweilera ovata (Cambess.) Mart. ex Miers. - a. inflorescência; b. frutos imaturos; c-d. Gustavia augusta L. - c. flor; d. fruto; e-f. Lecythis pisonis - e. inflorescência; f. fruto. g-j. Marcgraviaceae - g-h. Marcgravia coriacea L. - g. inflorescência; h. frutos; i-j. Soroubea gruianensis Aubl. - i. ramo com inflorescência; j. detalhe da flor. l-m. Primulaceae. Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze - l. detalhe da face abaxial das folhas; m. ramo com frutos maduros. (a-d,f,h,j: B.S. Amorim; e,g,i: Arquivo MTV; l,m: D. Araújo).
Figure 1
a-f. Lecythidaceae - a-b. Eschweilera ovata (Cambess.) Mart. ex Miers. - a. inflorescence; b. imature fruits; c-d. Gustavia augusta L. - c. flower; d. fruit; e-f. Lecythis pisonis - e. inflorescence; f. fruit. g-j. Marcgraviaceae - g-h. Marcgravia coriacea L. - g. inflorescence; h. fruits; i-j. Soroubea gruianensis Aubl. - i. stem with inflorescence; j. detail of flower. l-m. Primulaceae. Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze - l. detail of abaxial leaf surface; m. stem with mature fruits. (a-d,f,h,j: B.S. Amorim; e,g,i: MTV archive; l,m: D. Araújo).

Arvoretas 3-5 m alt.; ramos jovens glabros, superfície farinácea, domácias ausentes. Folhas 7-13,5 × 3,5-6,2 cm, distribuídas ao longo dos ramos, cartáceas, glabras, elípticas, margem inteira, ápice rotundo a acuminado, base cuneada; venação primária convexa adaxialmente, secundária 8-10 pares, glândulas ausentes; pecíolo 4-10 mm compr., glabro. Inflorescência em racemo ou panícula, puberulenta, tricomas inconspícuos, eixo primário 3,5-7 cm compr., eixo secundário 1-1,5 cm compr.; brácteas 3-4 mm compr., naviculares, glabras; bractéolas decíduas. Flores zigomorfas, 6-meras; lobos do cálice 6, 4-5 mm compr., lanceolados, ápice arredondado, glabros, corola ca. 2 × 1,5 cm, obovada, glabra; estames ca. 4 mm compr., conatos em um anel assimétrico, prolongado unilateralmente e curvando-se sobre o ovário; estilete não observado. Frutos cápsulas lenhosas, 2,7-3 × 3-3,5 cm, globoides, cálice persistente. Sementes 1 a muitas por fruto, ca. 2 × 1 cm, obovoides, glabras, arilo lateral, embrião com cotilédones indiferenciados.

Materiais examinados selecionados: Mata de BR, 4.III.2008, fl., P.G.A. Mendes et al. 66 (PEUFR, UFP); Mata de Chave, 24.XI.2009, fl., E. Pessoa et al. 117 (UFP); Mata de Macacos, 19.XII.2007, fl., A. Alves-Araújo et al. 725 (IPA, UFP); 1.IV.2003, fr., G.J. Bezerra et al. 192 (PEUFR, UFP); Mata de Pezinho, 8.XII.2007, fl., P.Y. Ojima 107 (IPA, UFP); Mata de Piedade, 24.II.2004, fl., I.M.M. Sá e Silva et al. 288 (PEUFR, UFP); Mata de Zambana, 28.IX.2008, fl., M.A.M. Silva et al. 40 (PEUFR, UFP).

Eschweilera ovata ocorre no Domínio Atlântico, desde a Paraíba até Minas Gerais e Espírito Santo (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Na USJ é comum na borda dos fragmentos. Diferencia-se de G. augusta pelas folhas distribuídas ao longo dos ramos, flores zigomorfas com cálice lobado, estames conatos em um anel assimétrico e prolongado unilateralmente, curvando-se sobre o ovário, e cápsula lenhosa (vs. folhas na extremidade dos ramos, flores actinomorfas com cálice inteiro, estames conatos em um anel simétrico e fruto bacáceo); de L. pisonis pelas folhas com margem inteira e frutos com 2,7-9 × 3,3-9 cm (vs. margem crenada e frutos com 15,5-20 × 15,5-20 cm); e de E. alvimii, como indicado nos comentários desta espécie.

3. Gustavia augusta L., Pl. surin 12: 17-18. 1775. Fig. 1c,d

Arvoretas 3-6 m alt.; ramos glabros, domácias presentes. Folhas 16-33 × 5,1-9,2 cm, concentradas nas partes terminais dos ramos, cartáceas, glabras em ambas as faces, obovadas, margem inteira a serreada, ápice acuminado, base cuneada; venação primária convexa adaxialmente, secundária 14-16 pares, glândulas ausentes; sésseis. Inflorescência em racemo, glabra, domácias presentes, eixo primário 1-2 cm compr., eixo secundário 4-5 cm compr.; brácteas ca. 2 mm compr., rotundas a lanceoladas, glabras; bractéolas ca. 3 mm compr., rotunda a lanceoladas, glabras. Flores actinomorfas, 6-meras; cálice inteiro; corola 4-6,5 × 2-3,7 cm, obovada, glabra; estames 0,6-2 mm compr., conatos em um anel simétrico, não curvado sobre o ovário; estilete não observado. Frutos bacáceos, 3,5-6 × 3,5-6 cm, globoides, ápice truncado, cálice decíduo. Sementes não observadas.

Materiais examinados selecionados: Mata de BR, 21.XI.2008, fl., A. Alves-Araújo et al. 1077 (UFP); Mata do Engenho Campinas, 18.IX.2007, fl., L.M. Nascimento et al. 613 (PEUFR, UFP); Mata de Pezinho, 18.XII.2008, fl. T.L. Costa 42 (PEUFR, UFP); Mata de Piedade, 12.IX.2007, fl., A. Melo et al. 143 (UFP); 27.II.2009, fr., J.A.N. Souza et al. 574 (UFP).

Gustavia L. tem cerca de 40 espécies, ocorrendo desde a Costa Rica até a Amazônia e leste do Brasil, onde 75% das espécies ocorrem na Amazônia extra-brasileira (Prance & Mori 1979Prance, G.T. & Mori, S.A. 1979. Lecythidaceae. Part I. The actinomorphic-flowered New World Lecythidaceae (Asteranthos, Gustavia, Grias, Allantoma, and Cariniana). Flora Neotropica 21: 1-270., 2003Prance, G.T. & Mori, S.A. 2003. Lecythidaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. VI. Springer-Verlag, Berlin. Pp. 221-232.; Mori 2004Mori, S.A. 2004. Lecythidaceae. In: Smith, N.; Mori, S.A.; Henderson, A.; Stevenson, D.Wm. & Heald, S.V. (eds.). Flowering Plants of the Neotropics. Princeton University Press., Princeton. Pp. 207-209.). No Brasil é representado por 10 espécies, sendo quatro endêmicas, com ocorrência nas Florestas Amazônica e Atlântica (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Apenas G. augusta é citada para Pernambuco (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
).

Gustavia augusta ocorre nas Guianas, Suriname e Brasil, onde neste último está presente na Amazônia e na porção norte da Floresta Atlântica (Mori et al. 2010Mori, S.A.; Smith, N.P. & Prance, G.T. 2010 (onward). The Lecythidaceae Pages. The New York Botanical Garden, Bronx, New York. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/lp/index.php>. Acesso em 7 agosto 2015.
http://sweetgum.nybg.org/lp/index.php...
), apresentando distribuição disjunta. Na Floresta Atlântica, ocorre do Ceará a Bahia (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
) e na USJ é ocasional, encontrada no interior e na borda dos fragmentos. Diferencia-se de Eschweilera e Lecythis pelas folhas concentradas na extremidade dos ramos, flores actinomorfas com cálice inteiro, estames conatos em um anel simétrico e frutos bacáceos.

Ilustrações em Prance & Mori (1979)Prance, G.T. & Mori, S.A. 1979. Lecythidaceae. Part I. The actinomorphic-flowered New World Lecythidaceae (Asteranthos, Gustavia, Grias, Allantoma, and Cariniana). Flora Neotropica 21: 1-270..

4. Lecythis pisonis Cambess. in St.-Hil., Fl. Bras. merid. 2: 377. 1829. Fig. 1e,f

Árvore a arvoreta 6-15 m alt.; ramos glabros, domácias presentes. Folhas 7,5-11,5 × 3,5-6 cm, distribuídas ao longo dos ramos, membranáceas, glabras em ambas as faces, elípticas, margem crenada, ápice acuminado, base cuneada; venação primária convexa adaxialmente, secundária 12-14 pares, glândulas ausentes; pecíolo 5-8 mm compr., glabro. Inflorescência em racemo, glabra, domácias presentes, eixo primário 13-17 cm compr., eixo secundário 0,5-1 cm compr.; brácteas decíduas; bractéolas ca. 2 mm compr., lanceoladas, glabras. Flores zigomorfas, 6-meras; lobos do cálice 5-6 mm compr., rotundos, ápice arredondado, glabros; corola ca. 2 × 1,1 cm, obovada, glabra; estames 1-2 mm compr., conatos em um anel assimétrico, prolongado unilateralmente e curvando-se sobre o ovário; estilete não observado. Frutos cápsulas lenhosas, 15,5-20 × 15,5-20 cm, globoides, cálice decíduo. Sementes 1 a muitas por fruto, 3-4 × 3-4 cm, fusiformes, glabras, arilo basal, embrião com cotilédones indiferenciados.

Materiais examinados selecionados: Mata de BR, 20.IX.2008, fl., P.G.A. Mendes et al. 106 (PEUFR, UFP); Mata de Chave, 20.VI.2009, fr., J.A.N. Souza et al. 505 (UFP); Mata de Pezinho, 4.X.2007, fl., A. Alves-Araújo et al. 568 (IPA, UFP); Mata de Piedade, 4.X.2007, fl., A. Alves-Araújo et al. 568 (UFP); 24.II.2009, fr., J.A.N. Souza et al. 561 (UFP).

Lecythis Loefl. possui 26 espécies, com ocorrência desde a América Central até a Região Sudeste do Brasil (Prance & Mori 2003Prance, G.T. & Mori, S.A. 2003. Lecythidaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. VI. Springer-Verlag, Berlin. Pp. 221-232.), sendo este último país representado por 22 espécies, onde 13 são endêmicas (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Na Floresta Atlântica ocorrem cinco espécies, onde duas são endêmicas e as demais são disjuntas com a Amazônia ou o Cerrado; duas espécies são citadas para Pernambuco (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
).

Lecythis pisonis é endêmica do Brasil, ocorrendo na Amazônia e na Floresta Atlântica, do Rio Grande do Norte até São Paulo (Smith et al. 2015). Na USJ é uma espécie rara, encontrada no interior dos fragmentos, podendo ser encontrada como árvores emergentes no dossel. Diferencia-se das demais espécies pelas folhas com margem crenada (inteira em G. augusta, E. alvimii e E. ovata) e frutos maiores (15,5-20 × 15,5-20 cm vs. 7-9 × 7-9 cm em E. alvimii, 2,7-3 × 3-3,5 cm em E. ovata e 3,5-6 × 3,5-6 cm em G. augusta).

Ilustrações em Mori & Prance (1990)Mori, S.A. & Prance, G.T. 1990. Lecythidaceae - Part II. The zygomorphic flowered New World genera (Couroupita, Corythophora, Bertholletia, Couratari, Eschweilera & Lecythis). Flora Neotropica 21: 1-375..

Marcgraviaceae

5. Marcgravia coriacea Vahl, Eclog. Amer. 2: 39. 1798. Fig. 1g,h

Arbusto escandente ou hemiepífita; ramos com lenticelas uniformemente distribuídas. Folhas 10-12 × 3,4-4 cm, coriáceas, glabras, ovadas, margem levemente crenada, ápice agudo ou atenuado a truncado, base obtusa a atenuada, glândulas irregularmente distribuídas na face abaxial; venação inconspícua; pecíolo 0,5-1 cm compr., glabro. Inflorescência umbeliforme, 11-19 ramos; nectários extraflorais 5, 5,5-7 cm compr., inseridos na porção central da inflorescência, saciformes, dilatados, coriáceos, verdes, não auriculados, pedicelados, pedicelos 15-18 mm compr., lenticelados; bractéolas ausentes. Flores com inserção obliqua no pedicelo; sépalas 4, persistentes nos frutos, conatas na base, imbricadas; pétalas 4, fusionadas; estames ca. 30, unisseriados, filetes livres, anteras rimosas; pistilo ovado, estigma mamiforme; ovário com 9 pseudolóculos; óvulos numerosos. Frutos cápsulas septífragas, 0,8-1,1 × 0,7-1,1 cm, globoides.

Materiais examinados: Mata da Zambana, 19.X.2007, fr., A. Alves-Araújo et al. 686 (UFP); 22.XII.2007, fr., D. Araújo et al. 568 (UFP, HUEFS); 7.III.2002, fr., M. Oliveira & M.F.A. Lucena 811 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Igarassu, Refúgio Ecológico Charles Darwin, 9. XII.1996, fl. e fr., M.F.A Lucena & M. Falcão 228 (PEUFR).

Marcgravia L. possui 600 espécies distribuídas na região Neotropical (Dressler 2001Dressler, S. 2001. Marcgraviaceae. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 6. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 248-260.; Teixeira et al. 2013Teixeira, M.R.; Fiaschi, P. & Amorim, A.M. 2013. Flora da Bahia: Marcgraviaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 13:1-15.). No Brasil, estão registradas 19 espécies com ocorrência nos domínios da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica, três delas no Nordeste, sendo duas em Pernambuco (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
).

Marcgravia coriacea é uma espécie amplamente distribuída na América do Sul, e no Brasil está presente na Amazônia, Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica (Dressler 2001Dressler, S. 2001. Marcgraviaceae. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 6. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 248-260.; Teixeira et al. 2013Teixeira, M.R.; Fiaschi, P. & Amorim, A.M. 2013. Flora da Bahia: Marcgraviaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 13:1-15.). Segundo BFG (2015)BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
, no Brasil, está registrada na Região Norte (Acre, Amapá, Amazonas e Pará), Nordeste (Bahia, Maranhão e Pernambuco), Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul) e Sudeste (Espírito Santo). Na área de estudo é conhecida apenas para um dos fragmentos florestais, com ocorrência nas bordas dos fragmentos. Floresce e frutifica entre setembro e março.

As espécies do gênero Marcgravia são reconhecidas por suas inflorescências umbeliformes, com nectários extraflorais inseridos na porção central da inflorescência. Essas características também distingue M. coriacea de Soroubea guianensis Aubl.

Ilustrações em Teixeira et al. (2013)Teixeira, M.R.; Fiaschi, P. & Amorim, A.M. 2013. Flora da Bahia: Marcgraviaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 13:1-15..

6. Souroubea guianensis Aubl., Hist. pl. Guiane 1: 244, t. 97. 1775. Fig. 1i,j

Hemiepífita ou liana; ramos lisos. Folhas 7-10,5 × 3,1-4,9 cm, coriáceas, glabras, ovadas a elípticas, margem levemente crenada, ápice e base atenuados, glândulas distribuídas irregularmente na face abaxial; venação inconspícua; pecíolo 0,2-0,4 cm compr., glabro. Inflorescência racemosa, 8-10 ramos; nectários extraflorais 8-10, 1,2-1,4 cm compr., inseridos na base do cálice, saciformes, dilatados, cartáceos, vermelhos, biauriculados, sésseis; bractéolas 2, sepaloides, opostas. Flores com inserção reta no pedicelo; sépalas 5, persistentes nos frutos, livres, imbricadas; pétalas 5, livres; estames 5, unisseriados, filetes livres, anteras rimosas; pistilo ovado, estigma mamiforme; ovário com 5 pseudolóculos; óvulos numerosos. Frutos cápsulas septífragas, 0,4-0,6 × 0,3-0,4 cm, globoides.

Materiais examinados: Mata da Zambana, 22.XII.2007, fl. e fr., D. Araújo et al. 567 (UFP); 18.X.2007, fr., A. Alves-Araújo et al. 636 (UFP).

Souroubea Aubl. possui aproximadamente 20 espécies e ocorre desde o México até a Bolívia (Dressler 2001Dressler, S. 2001. Marcgraviaceae. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 6. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 248-260.; Teixeira et al. 2013Teixeira, M.R.; Fiaschi, P. & Amorim, A.M. 2013. Flora da Bahia: Marcgraviaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 13:1-15.; BFG 2015)BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
. BFG (2015)BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
reconhece cinco espécies para o Brasil, sendo que apenas uma é registrada para o Nordeste.

Souroubea guianensis ocorre amplamente na América do Sul, mas sua distribuição é disjunta entre o Norte da América do Sul (Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Amazônia Brasileira) e a costa leste do Brasil, de Pernambuco e Alagoas a Bahia (Machado & Lopes 2000Machado, I.C. & Lopes, A.V. 2000. Souroubea guianensis Aubl.: Quest for its legitimate pollinator and the first record of tapetal oil in the Marcgraviaceae. Annals of Botany 85: 705-711. DOI: 10.1006/anbo.2000.1120.; Dressler 2001Dressler, S. 2001. Marcgraviaceae. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 6. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 248-260.; BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Na área de estudo foi encontrada em apenas um dos fragmentos florestais, ocorrendo em áreas de bordas e clareiras naturais. Floresce e frutifica entre os meses de setembro e janeiro, em período similar ao registrado em outras áreas de terras baixas de Pernambuco (Machado & Lopes 2000Machado, I.C. & Lopes, A.V. 2000. Souroubea guianensis Aubl.: Quest for its legitimate pollinator and the first record of tapetal oil in the Marcgraviaceae. Annals of Botany 85: 705-711. DOI: 10.1006/anbo.2000.1120.) e da Bahia (Teixeira et al. 2013Teixeira, M.R.; Fiaschi, P. & Amorim, A.M. 2013. Flora da Bahia: Marcgraviaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 13:1-15.).

Possui inflorescência racemosa e com nectário extrafloral inserido na base das flores, biauriculado, que é diagnóstico do gênero e a diferencia de M. coriacea.

Ilustrações em Teixeira et al. (2013)Teixeira, M.R.; Fiaschi, P. & Amorim, A.M. 2013. Flora da Bahia: Marcgraviaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 13:1-15..

Primulaceae

7. Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze, Revis. gen. pl. 2: 402. 1891. Fig. 1l,m

Árvore de até 10 m alt., ramos glabros, cilíndricos, fissuras tênues. Folhas (5,8-)7,6-13 × (2,8-)3,3-6 cm, glabras, coriáceas, obovadas, margem inteira, em geral revoluta, ápice arredondado a levemente agudo, raramente emarginado, base cuneada; nervuras secundárias por vezes nítidas na face adaxial, imperceptíveis na face abaxial; glândulas punctiformes presentes e lineares ausentes na face adaxial, face adaxial por vezes lustrosa; pecíolo 0,5-1,3 cm compr., fissuras tênues, glabro. Inflorescência umbeliforme, axilar, 5-10 flores; brácteas com até 1 mm compr., deltoides a ovadas, margem por vezes ciliada, ápice levemente agudo a arredondado. Flores 3-5 mm compr., 5-meras; glândulas marrons ou negras no pedicelo, cálice e corola; pedicelo 1-2 mm compr., glabro; sépalas verdes, com até 1 mm compr., deltoides, margem inteira a levemente ciliada, ápice agudo; pétalas brancas, 1,5-2 mm compr., lanceoladas, margem levemente ciliada, ápice agudo; estames alternipétalos, anteras 5,1-1,5 mm compr., adnatas às pétalas, ovário 1-2 × 1-2 mm, globoide. Frutos drupas, 4-5 × 4-5 mm, globoides, levemente verrucosos.

Materiais examinados selecionados: Mata de Jaripiá, 30.XII.2008, fr., L.V. Cunha 328 (HST); Mata de Macacos, 17.VI.2011, fr., D.S. Correia et al. 46 (UFP); Mata de Piedade, 27.VI.2003, fl., A. Melquíades & B. Lucena 260 (PEUFR, UFP); 26.I.2011, fl., D. Cavalcanti et al. 219 (UFP); 19.XII.2007, fr., A. Alves-Araújo et al. 712 (UFP); Mata de Zambana, 4.IX.2007, fl., A. Alves-Araújo et al. 544 (UFP).

Myrsine L. possui cerca de 300 espécies e distribuição pantropical (Ståhl & Anderberg 2004Ståhl, B. & Anderberg, A.A. 2004. Myrsinaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. 6. Springer, Berlin . Pp. 266-281.). No Brasil, ocorrem 25 espécies nos domínios da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica, com maior riqueza neste último, com 23, sendo 10 endêmicas (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Nove espécies estão citadas para o Nordeste e quatro delas em Pernambuco (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
).

Myrsine guianensis ocorre na Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil, onde neste último possui ampla distribuição (Pipoly III & Ricketson 2001Pipoly III, J.J. & Ricketson, J.M. 2001. Myrsinaceae. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Host, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 6. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 748-775.; BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). No Nordeste, só não há registro nos estados do Piauí e Maranhão (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Na USJ foi encontrada no interior dos maiores fragmentos florestais. Diferencia-se de M. umbellata pela ausência de glândulas lineares na folha.

Ilustrações em Pipoly III & Ricketson (2001)Pipoly III, J.J. & Ricketson, J.M. 2001. Myrsinaceae. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Host, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 6. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 748-775..

8. Myrsine umbellata Mart., Flora 24 (Beibl. 2): 18. 1841.

Árvore de até 15 m alt., ramos glabros, cilíndricos, fissuras tênues. Folhas (5-)6,3-15,1 × 2,5-5,8 cm, glabras, coriáceas, elípticas a obovadas, margem inteira, ápice agudo, base cuneada; nervura principal impressa na face adaxial, saliente na abaxial, até 1,5 mm larg. na base da folha, nervuras secundárias pouco evidentes em ambas as faces; glândulas punctiformes e lineares presentes na face abaxial; pecíolo 0,3-0,4 cm compr., glabro. Inflorescência umbeliforme, axilar, 3-10-flores; brácteas deltoides, margem fimbriada, ápice agudo. Flores não vistas, 5-meras; pedicelo persistente no fruto, 1-3 mm compr., glabro; sépalas persistentes no fruto, até 0,5 mm compr., oblongas, margem eciliada a levemente ciliada, ápice agudo; estames alternipétalos. Frutos drupas, 2,5-3,5 × 2,5-3 mm, globoides, glândulas lineares presentes, castanhas.

Materiais examinados: Mata dos Macacos, s.d., fr., A.G. Silva 557 (PEUFR); Mata de Zambana, 28.VII.2007, fr., A. Alves-Araújo et al. 468 (UFP).

Amplamente distribuída no Brasil, desde Pernambuco ao Rio Grande do Sul, presente nos domínios da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica (Freitas 2015Freitas, M.F. & Kinoshita, L.S. 2015. Myrsine (Myrsinoideae- Primulaceae) no sudeste e sul do Brasil. Rodriguésia 66: 167-189. DOI: 10.1590/2175-7860201566109.). Na USJ é rara e pode ser facilmente diferenciada de M. guianensis principalmente pela presença de glândulas lineares na face abaxial da folha, além da nervura principal proeminente com até 1,5 mm de espessura na base da face abaxial da folha.

Ilustrações em Freitas & Kinoshita (2015)Freitas, M.F. & Kinoshita, L.S. 2015. Myrsine (Myrsinoideae- Primulaceae) no sudeste e sul do Brasil. Rodriguésia 66: 167-189. DOI: 10.1590/2175-7860201566109..

Lista de exsicatas

  • Alves-Araújo, A. 468(8), 544(7), 568(4), 636(6), 686(5), 712(8), 769(2), 1077(3), 1227(3); Araújo, D. 567(6), 568(5); Bezerra, G.J. 26(2), 153(2), 180(2), 192 (2); Cavalcanti, A.D.C. 199(2); Cavalcanti, D. 51(2), 219(7); Correia, D.S. 46(7); Costa, T.L. 2(2), 28(3), 36(2), 42(3); Cunha, L.V. 328 (7); Falcão, M. 54(2); Freire, S.G. 118(2); García-Gonzáles, J.D. 1466 (1), 1493(1); Gomes, J.S. 18(2), 58(4), 85(2), 107(3), 132(4), 135(3), 221(7); Lucena, M.F.A. 275(2); Melo, A. 94(2), 143 (3), 326(3); Melquíades, A, 66(2), 79(2), 134(2), 148(2), 154(2), 260(7); Mendes, P.G.A. 106(4); Nascimento, L.M. 613(3), 648(2), 762(7); Oliveira, A.P.P. 10(4), 14(2), 36(3), 43(2); Oliveira, M. 811(5), 1073(1); Pessoa, E. 117(2); Rocha, K.D. 30(2), 137(4); Sá e Silva, I.M.M. 21(2), 76(2), 81(7), 228(2), 236(2), 288(2), 310(2); Silva, H.C.H. 161 (2), 243(4), 245(2), 268(4), 343(4), 390(2), 391(2), 398(2), 407(7); Silva-Filha, J.S. 5(2); Silva-Junior, J.F. 5(2); Souza, J.A.N. 301(2), 505(4), 561(4), 574(3), 612(3).

Agradecimentos

Ao Projeto "Sustentabilidade de remanescentes de Floresta Atlântica em Pernambuco e suas implicações para a conservação e desenvolvimento local" (CNPq-BMBF), o apoio logístico e financeiro. Aos proprietários da Usina São José/Grupo Cavalcante Petribú, o apoio logístico. À U.S. National Science Foundation (DEB-0946618), Velux Stiftung, Beneficia Foundation e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o financiamento de parte das coletas botânicas e a bolsa de pesquisa concedida à terceira autora. À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do estado de Pernambuco (FACEPE), a bolsa de Doutorado ao primeiro autor. Aos curadores e funcionários dos herbários citados, a disponibilização do material analisado. E à equipe do Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal.

Referências

  • Alves, M.; Alves-Araújo, A.; Amorim, B.; Araújo, A.; Araújo, D.; Araújo, M.F.; Buril, M.T.; Costa-Lima, J.; Garcia-González, J.; Gomes-Costa, G.; Melo, A.; Novaes, J.; Oliveira, S.; Pessoa, E.; Pontes, T. & Rodrigues, J. 2013. Inventário de Angiospermas dos fragmentos de Mata Atlântica da Usina São José, Igarassu, Pernambuco. In: Buril, M.T.; Melo, A.; Alves-Araújo, A. & Alves, M. (eds.). Plantas da Mata Atlântica: guia de árvores e arbustos da Usina São José (Pernambuco). Editora Livro Rápido, Olinda. Pp. 133-158.
  • Alves-Araújo, A.; Araújo, D.; Marques, J.; Melo, A.; Maciel, J.; Irapuãn, J.; Pontes, T.; Lucena, M.F.A.; Bocage, A.L. & Alves, M. 2008. Diversity of Angiosperms in fragments of Atlantic Forest in the state of Pernambuco, northeastern Brazil. Bioremediation, Biodiversity & Bioavailability 2: 14-26.
  • Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2010. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Sapotaceae. Rodriguésia 61: 303-318.
  • Anderberg, A.A. 2004. Primulaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. 6. Springer, Berlin. Pp. 313-319.
  • APG IV. 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-20.
  • BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411.
    » https://doi.org/10.1590/2175-7860201566411
  • Buril, M.T.; Thomas, W.W. & Alves, M. 2014. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Rutaceae, Simaroubaceae e Picramniaceae. Rodriguésia 65: 701-710. DOI: 10.1590/2175-7860201465309.
    » https://doi.org/10.1590/2175-7860201465309
  • Costa-Lima, J.L. & Alves, M. 2015. Flora da Usina São José: Erythroxylaceae. Rodriguésia 66: 285-295. DOI: 10.1590/2175-7860201566118.
    » https://doi.org/10.1590/2175-7860201566118
  • Dressler, S. 2001. Marcgraviaceae. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 6. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 248-260.
  • Freitas, M.F. & Kinoshita, L.S. 2015. Myrsine (Myrsinoideae- Primulaceae) no sudeste e sul do Brasil. Rodriguésia 66: 167-189. DOI: 10.1590/2175-7860201566109.
  • Harris, J.G. & Harris, M.W. 2001. Plant identification terminology: an illustrated glossary. 2nd ed. Spring Lake Publishing, Utah. 216p.
  • Maciel, J.R. & Alves, M. 2014. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Poaceae. Rodriguésia 65: 355-367. DOI: 10.1590/S2175-78602014000200005.
    » https://doi.org/10.1590/S2175-78602014000200005
  • Machado, I.C. & Lopes, A.V. 2000. Souroubea guianensis Aubl.: Quest for its legitimate pollinator and the first record of tapetal oil in the Marcgraviaceae. Annals of Botany 85: 705-711. DOI: 10.1006/anbo.2000.1120.
  • Melo, A.; Amorim, B.S.; García-González, J.D.; Souza, J.A.N.; Pessoa, E.; Mendonça, E.; Chagas, M.; Alves-Araújo, A. & Alves, M. 2011. Updated floristic inventory of the angiosperms of the Usina São José, Igarassu, Pernambuco, Brazil. Revista Nordestina de Biologia 20: 3-26.
  • Mori, S.A. 2002. Lecythidaceae. In: Mori, S.A.; Cremers, G.; Gracie, C.A.; Granville, J.-J.; Heald, S.V.; Hoff, M. & Michell, J.D. (eds.). Guide to the vascular plants of Central French Guiana. Part 2: Dicotyledons. The New York Botanical Garden Press, New York. Pp. 385-397.
  • Mori, S.A. 2004. Lecythidaceae. In: Smith, N.; Mori, S.A.; Henderson, A.; Stevenson, D.Wm. & Heald, S.V. (eds.). Flowering Plants of the Neotropics. Princeton University Press., Princeton. Pp. 207-209.
  • Mori, S.A. & Prance, G.T. 1990. Lecythidaceae - Part II. The zygomorphic flowered New World genera (Couroupita, Corythophora, Bertholletia, Couratari, Eschweilera & Lecythis). Flora Neotropica 21: 1-375.
  • Mori, S.A.; Smith, N.P. & Prance, G.T. 2010 (onward). The Lecythidaceae Pages. The New York Botanical Garden, Bronx, New York. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/lp/index.php>. Acesso em 7 agosto 2015.
    » http://sweetgum.nybg.org/lp/index.php
  • Peixoto, A.L. & Maia, L.C. (orgs.). 2013. Manual de procedimentos de herbário. In: Neto, P.C.G.; Lima, J.R.; Barbosa, M.R.V.; Barbosa, M.A.; Menezes, M.; Pôrto, K.C. & Gibertoni, B.T. Editora Universitária da UFPE, Recife. 102p.
  • Pipoly III, J.J. & Ricketson, J.M. 2001. Myrsinaceae. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Host, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 6. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 748-775.
  • Prance, G.T. & Mori, S.A. 1979. Lecythidaceae. Part I. The actinomorphic-flowered New World Lecythidaceae (Asteranthos, Gustavia, Grias, Allantoma, and Cariniana). Flora Neotropica 21: 1-270.
  • Prance, G.T. & Mori, S.A. 2003. Lecythidaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. VI. Springer-Verlag, Berlin. Pp. 221-232.
  • Ståhl, B. 2004. Theoprastaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. 6. Springer, Berlin . Pp. 472-478.
  • Ståhl, B. & Anderberg, A.A. 2004. Myrsinaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Vol. 6. Springer, Berlin . Pp. 266-281.
  • Stevens, P.F. 2001 (onwards). Angiosperm Phylogeny website. Version 12, July 2012 [and more or less continuously updated since]. Available at <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Access on 7 August 2015.
    » http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/
  • Teixeira, M.R.; Fiaschi, P. & Amorim, A.M. 2013. Flora da Bahia: Marcgraviaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 13:1-15.
  • Thiers, B. [continuously updated]. Index Herbariorum: A global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden's Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/ih/>. Acesso em 25 fevereiro 2015.
    » http://sweetgum.nybg.org/ih/
  • Trindade, M.B.; Lins-e-Silva, A.C.B.; Silva, H.P.; Figueira, S.B. & Schessl, M. 2008. Fragmentation of the Atlantic rainforest in the northern coastal region in Pernambuco, Brazil: recent changes and implications for conservation. Bioremediation, Biodiversity and Bioavailability 2: 5-13.
  • Venda, A.K.L.; Smith, N.P.; Judice, D.M.; Penedo, T.S.A. & Prieto, P.V. 2013. Lecythidaceae. In: Martinelli, G. & Moraes, M.A. (orgs.). Livro vermelho da flora do Brasil. Andrea Jackobsson, Rio de Janeiro. Pp. 607-611.
  • Ward, N.M. & Price, R.A. 2002. Phylogenetic relationships of Marcgraviaceae: insights from three chloroplast genes. Systematic Botany 27: 149-160. DOI: 10.1043/0363-6445-27.1.149.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    08 Jun 2015
  • Aceito
    26 Fev 2016
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br