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A INFLUÊNCIA DO ENSINO DA TÉCNICA RADIOGRÁFICA PERIAPICAL DO PARALELISMO PRELIMINARMENTE AO DA TÉCNICA RADIOGRÁFICA PERIAPICAL DA BISSETRIZ

THE INFLUENCE OF TEACHING THE PARALLELING PERIAPICAL RADIOGRAPHIC TECHNIQUE PRELIMINARILY TO THE BISECTING-ANGLE ONE

Resumos

Neste estudo, apresentamos uma avaliação dos alunos do curso de Odontologia, iniciantes na execução das técnicas radiográficas periapicais, da bissetriz e do paralelismo, conforme duas estratégias de ensino. A performance foi diferente em ambas as situações. Os melhores resultados da técnica da bissetriz foram encontrados quando utilizamos inicialmente o ensino da técnica do paralelismo.

Radiografia dentária; Educação em Odontologia


The present study evaluates dental students, which are beginners in executing radiographic periapical techniques, both paralleling and bisecting-angle, according to two teaching strategies. Performance levels were found to be different according to the utilized strategy. The best results regarding the bisecting-angle technique were found when the paralleling technique was taught first.

Radiography; Education


A INFLUÊNCIA DO ENSINO DA TÉCNICA RADIOGRÁFICA PERIAPICAL DO PARALELISMO PRELIMINARMENTE AO DA TÉCNICA RADIOGRÁFICA PERIAPICAL DA BISSETRIZ* * Parte da Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, em nível de Mestrado em Radiologia. ** Aluno do Curso de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração em Diagnóstico Bucal, sub-área em Radiologia, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. *** Professora Doutora da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. **** Professor Doutor da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNICID. † Professor Titular da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNIP.

THE INFLUENCE OF TEACHING THE PARALLELING PERIAPICAL RADIOGRAPHIC TECHNIQUE PRELIMINARILY TO THE BISECTING-ANGLE ONE

Celso BRANDT** * Parte da Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, em nível de Mestrado em Radiologia. ** Aluno do Curso de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração em Diagnóstico Bucal, sub-área em Radiologia, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. *** Professora Doutora da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. **** Professor Doutor da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNICID. † Professor Titular da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNIP.

Marlene FENYO-PEREIRA*** * Parte da Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, em nível de Mestrado em Radiologia. ** Aluno do Curso de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração em Diagnóstico Bucal, sub-área em Radiologia, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. *** Professora Doutora da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. **** Professor Doutor da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNICID. † Professor Titular da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNIP.

Claudio COSTA**** * Parte da Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, em nível de Mestrado em Radiologia. ** Aluno do Curso de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração em Diagnóstico Bucal, sub-área em Radiologia, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. *** Professora Doutora da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. **** Professor Doutor da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNICID. † Professor Titular da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNIP.

Osvaldo José VAROLI† * Parte da Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, em nível de Mestrado em Radiologia. ** Aluno do Curso de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração em Diagnóstico Bucal, sub-área em Radiologia, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. *** Professora Doutora da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. **** Professor Doutor da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNICID. † Professor Titular da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNIP.

BRANDT, C. et al. A influência do ensino da técnica radiográfica periapical do paralelismo preliminarmente ao da técnica radiográfica periapical da bissetriz. Rev Odontol Univ São Paulo, v.11, n.2, p.131-137, abr./jun. 1997.

Neste estudo, apresentamos uma avaliação dos alunos do curso de Odontologia, iniciantes na execução das técnicas radiográficas periapicais, da bissetriz e do paralelismo, conforme duas estratégias de ensino. A performance foi diferente em ambas as situações. Os melhores resultados da técnica da bissetriz foram encontrados quando utilizamos inicialmente o ensino da técnica do paralelismo.

UNITERMOS: Radiografia dentária; Educação em Odontologia.

INTRODUÇÃO

A radiografia periapical é imprescindível na elaboração do diagnóstico em Odontologia, sendo impossível identificar certas doenças bucais e elaborar planos de tratamento apropriados sem o seu concurso, podendo incorrer-se em danos irreversíveis aos dentes, ao osso alveolar e aos demais tecidos bucais, comprometendo o tratamento, aumentando o risco de falha e tornando-o mais dispendioso para o paciente.

Concordamos com a citação de GIBILISCO et al.14 (1986) que diz: "a obtenção de radiografias satisfatórias dos dentes e maxilares é um dos problemas técnicos mais difíceis e complicados em Radiologia".

Duas são as técnicas utilizadas para se obterem as radiografias periapicais: a técnica da bissetriz e a técnica do paralelismo.

O ensino das duas técnicas constitui-se em um dos objetivos da Disciplina de Radiologia Odontológica. Uma técnica radiográfica deveria ser suficientemente simples a ponto de poder ser transmitida e entendida no menor prazo de tempo possível.

As duas técnicas têm sido avaliadas segundo diferentes fatores, que podem influir no resultado final e conferir a elas um valor interpretativo que venha ter a maior significância possível, liberando, assim, dados que efetivamente tenham importância para serem plenamente utilizados no diagnóstico.

Estudos precisam ser encetados para identificação de fatores que afetam o apropriado treinamento dos estudantes em Radiologia Odontológica, bem como daqueles que podem impedir a transferência de dados observados no treinamento para a prática. Uma vez esses fatores identificados, métodos poderão ser desenvolvidos para permitir a implementação de estratégias educacionais apropriadas e corrigir influências negativas na alta qualidade da Radiologia Odontológica. A educação em Radiologia Odontológica necessita de melhoria.

REVISÃO DA LITERATURA

A História da Radiologia Odontológica pode ter seu início já em 1895, ano de descobrimento dos raios X, quando o Dr. Otto Walkhoff fez a primeira radiografia dentária, da sua própria boca, empregando uma placa fotográfica de vidro envolta em papel preto, com um tempo de exposição de 25 minutos.

Porém, foi CIESZYNSKI5 (1907), apud CIESZYNSKI4 (1924), que se destacou com a sua "regra da bissetriz" ou "regra de CIESZYNSKI", baseada em um antigo teorema geométrico que estabelece que dois triângulos são iguais quando eles têm dois ângulos iguais e um lado comum. A partir disso, ele idealizou a sua regra, que diz: "O ângulo formado pelo longo eixo do dente e o longo eixo do filme resultará em uma bissetriz na qual o feixe de raios X deverá incidir perpendicularmente". Contudo, em LIMA16 (1953) existe uma citação que atribui a SATHERLEE19 (1913) as primeiras bases teóricas para as tomadas de radiografias periapicais.

A técnica da bissetriz foi a primeira a ser desenvolvida. A técnica do paralelismo foi desenvolvida posteriormente, em especial por necessitar do emprego de distâncias focais maiores e, conseqüentemente, de um aumento do tempo de exposição, o que a tornou inexequível durante uma boa quantidade de tempo.

Mas foi com a técnica desenvolvida por McCORMACK17 (1920) e aperfeiçoada e divulgada por FITZGERALD9,10 (1947) que a técnica do paralelismo teve a sua aceitação e difusão na América e na Europa.

Em 1953, LIMA16 apresentou um estudo comparativo das técnicas da bissetriz e do paralelismo, afirmando que a segunda é uma técnica de fácil aprendizagem e concluiu que, quando é necessária a pesquisa de alterações sutis nas estruturas periapicais e periodontais, a técnica do paralelismo é superior à da bissetriz.

Em 1977, UPDGRAVE20 afirmou que, na produção de radiografias com exatidão, há necessidade de posicionador do filme e instrumento direcionador do feixe, para padronizar e simplificar a técnica de obtenção de radiografias que ofereçam um mínimo de distorção e facilitem, com isso, a interpretação.

Em 1978, AUN; BERNABÉ1 apresentaram um dispositivo capaz de viabilizar o uso da técnica do paralelismo no trans-operatório em Endodontia, permitindo radiografar o paciente sob isolamento absoluto através do dique de borracha.

Em 1979, LARHEIM; EGGEN15 afirmaram que a técnica da bissetriz pressupõe isometria, o que significa uma ampliação do tamanho da imagem reproduzida exatamente igual a 1 (hum); porém, nessa técnica, a expressão matemática da ampliação compreende algumas variáveis que dificultam ou impossibilitam controlá-las na prática. Afirmam, por outro lado, que VANDE VORDE; BJORNDAHL22 (1969), usando o instrumento XCP, de acordo com UPDEGRAVE21 (1959), estabeleceram que a média das ampliações era de 5,4%, aproximadamente o mesmo resultado de EGGEN8 (1970), apud LARHEIM, EGGEN15 (1979), que foi de 5,6%.

Em 1987, FORSBERG11, comparando as técnicas do paralelismo e da bissetriz para determinação do comprimento de trabalho em procedimentos endodônticos, concluiu que a técnica do paralelismo apresenta uma imagem que reproduz a distância entre o ápice e um instrumento endodôntico melhor do que a da técnica da bissetriz, de forma que a técnica do paralelismo é mais exata mesmo que haja diferença de 20 graus no ângulo de incidência.

Especificamente encontramos na literatura relatos que mostram a quantificação de erros cometidos pelos estudantes quando da execução de radiografias dentais.

Assim é que CRANDELL7, em 1958, encontrou em séries de "boca toda" uma média de erros de 1,48 para estudantes seniores e de 1,73 para estudantes júniores, significando 9,8 a 11,4% de erros por séries radiográficas. Concluiu dizendo que os alunos experimentam dificuldades no aprendizado das roentgenografias e que as causas de maior freqüência de erros são notadas e podem ser previstas no ensino. Erro no posicionamento do filme é a maior causa de repetições.

Já BEAN2 (1969) relata que a técnica do paralelismo deveria ser a primeira a ser ensinada, por ser mais facilmente compreendida, porém, não desenvolveu essa idéia. Concluiu dizendo que a técnica do paralelismo provou ser superior à da bissetriz em uma série de 84 pacientes e que o número de radiografias insatisfatórias ficou reduzido em 14%.

Em 1983, BRANDT3 fez uma análise comparativa entre as técnicas do paralelismo e da bissetriz executadas por alunos do curso de graduação, que utilizaremos como amostra inicial, em que obteve resultado que concorda com o que se encontra demonstrado pela maioria dos autores, sendo a técnica do paralelismo superior à da bissetriz em vários aspectos.

A sistemática de ensino empregada foi a tradicional para os alunos iniciantes; no primeiro semestre, foi ensinada a técnica pelo princípio da bissetriz e, no segundo, introduzida a técnica pelo princípio do paralelismo.

Em 1986, PATEL; GREER18 divulgaram um trabalho avaliando o progresso dos estudantes e acrescentaram que a angulação vertical incorreta foi mais predominante na mandíbula, na região anterior, que o corte cônico foi mais freqüente na área de molares inferiores e, o mais importante, que um mínimo de 20 a 25 radiografias foi necessário para se obter uma série completa de radiografias.

CONSOLO et al.6 (1990) avaliaram o desempenho de alunos de graduação utilizando dois métodos de ensino da técnica radiográfica periapical pelo método da bissetriz. Em um primeiro momento, os referidos alunos foram orientados a utilizar a tabela de ângulos verticais sugeridos para a obtenção das radiografias periapicais pela bissetriz. Em uma segunda etapa, esses mesmos alunos repetiram o procedimento orientando-se apenas pela regra da bissetriz. A conclusão dessa análise foi a de que o ângulo vertical inadequado foi o erro mais comum quando tomavam por base a tabela de ângulos e esse erro sofria um decréscimo quando se aplicava a regra da bissetriz.

Em 1992, GASPARINI et al.13 analisaram os erros radiográficos cometidos por alunos de graduação e de especialização num período de 14 (quatorze) anos. Constataram que 91,5% das radiografias apresentavam algum tipo de erro. Os erros mais freqüentes cometidos pelos alunos da graduação foram: posicionamento incorreto do filme (41,4%), alongamento da imagem (37,6%) e erro de angulação horizontal (17,48%). No que se refere aos alunos de especialização, os resultados foram: posicionamento incorreto do filme (57,2%), alongamento da imagem (31,2%) e posicionamento incorreto do picote (51,1%).

Observaram, também, que os índices mantiveram-se constantes com o decorrer dos anos.

Assim é que nos voltamos para estudar o problema de erros de técnica e comparar se a técnica do paralelismo, numa inovação, poderia ser mais eficiente que a técnica da bissetriz para o aprendizado quando ensinada em uma primeira abordagem.

PROPOSIÇÃO

Tomamos como objetivo deste estudo avaliar o desempenho dos alunos na execução das técnicas radiográficas periapicais do paralelismo e da bissetriz, comparando-as entre si. Considerando como referência os resultados divulgados anteriormente, verificaremos se houve influência do ensino prévio da técnica do paralelismo sobre os resultados obtidos na técnica da bissetriz introduzida posteriormente no aprendizado dos alunos.

MATERIAL E MÉTODOS

Material

Introduzimos, no ensino da Disciplina de Radiologia, a técnica do paralelismo no primeiro semestre do curso, antecedendo o ensino da técnica da bissetriz, que foi dado no segundo semestre.

Utilizamos 50 (cinqüenta) séries radiográficas periapicais de "boca toda" colhidas na etapa final das aulas práticas da Disciplina de Radiologia, que é ministrada durante o segundo ano do curso de Odontologia para alunos iniciantes da Faculdade de Odontologia da Universidade São Francisco, executadas em pacientes adultos de ambos os sexos, dentados, que procuraram o Serviço de Radiologia da Escola.

Foi tomada uma radiografia para cada uma das técnicas, descritas em FREITAS et al.12 (1994). Os alunos, num total de 192 (cursos diurno e noturno), não receberam qualquer orientação suplementar.

Foram empregados 8 (oito) aparelhos de raios X, modelo Spectro II (Dabi Atlante S/A - Ribeirão Preto - SP - Brasil), equipados com cilindro orientador aberto e de plástico opaco; filmes periapicais n 2 duplos da marca Agfa Gevaert e suportes para técnica do paralelismo da Hanshin Tecnical Lab. Os tempos de exposição foram de 0,5 e 0,7 segundos para as técnicas da bissetriz e do paralelismo, respectivamente.

Os filmes foram, então, processados pelo método visual e montados em armações apropriadas para observação sobre a luz de um negatoscópio de fabricação própria, confeccionado em madeira revestida com tinta branca, equipado com duas lâmpadas fluorescentes de 20 watts. Houve ainda o cuidado da colocação de uma máscara negra que permitia a difusão de luz apenas pela área que continha as radiografias. Foi utilizada uma lupa de aumento de 3 (três) vezes, para auxiliar a interpretação dos resultados.

Métodos

As radiografias foram analisadas uma a uma, sendo atribuído àquelas que apresentavam qualquer tipo de erro o escore insatisfatório, representado pela letra I; por outro lado, àquelas que estavam conforme o padrão adiante descrito, era atribuído o escore adequado, representado pela letra A. Esses dados foram reunidos em uma ficha especialmente ordenada para registrar todos os dados de acordo com a sistemática estabelecida pelo autor, considerando:

1. enquadramento da região no filme;

2. enquadramento do feixe de radiação;

3. tamanho longitudinal dos elementos dentais;

4. sobreposição das faces proximais.

DISCUSSÃO

A radiografia periapical faz parte do cotidiano da Radiologia Odontológica.

A sua introdução para os acadêmicos torna-se um pouco complexa em função da existência de dois diferentes métodos para as tomadas radiográficas, que teriam como produto a radiografia periapical. Esses métodos seriam: a técnica da bissetriz e a técnica do paralelismo.

Existe uma certa controvérsia no que se refere a qual dos dois métodos seria o mais indicado para o aluno iniciar-se na prática da Radiologia.

Assim é que nosso propósito foi o de avaliar o desempenho dos alunos quando ensinamos, em primeira instância, a técnica do paralelismo, em contrapartida a um trabalho realizado anteriormente, que iniciava com o aprendizado da técnica da bissetriz (BRANDT3, 1983).

O propósito de realizar essa avaliação de qual seria a técnica ideal para introduzir o aluno na execução das técnicas periapicais é que, se ensinarmos uma técnica que seja facilmente assimilada e que resulte em menor número de erros, estaremos trazendo benefícios aos pacientes de ambulatórios de escolas, no sentido de serem menos irradiados, ou seja, submetidos a uma menor quantidade de radiação.

Quando não se conhece o limiar da dose capaz de produzir uma mutação genética, qualquer quantidade de radiação que possa ser reduzida, especialmente no ensino, é relevante. O ato de se transmitir ao aprendiz e de este absorver as informações necessárias para executar as tomadas radiográficas envolve riscos.

Com a falta de prática, esse aluno incorre em muitos erros quando se inicia na prática da Radiologia (Figuras 1 e 2), resultando em diversas repetições e em aumento da dose de exposição aos raios X ao paciente.



Por outro lado, a técnica do paralelismo é aquela mais facilmente compreendida quando são transmitidas suas considerações teóricas.

A técnica da bissetriz, por envolver expressão matemática, requer mais raciocínio, sendo maior a abstração. No paralelismo, temos como abstração o longo eixo dos dentes, que é imaginado pela observação das coroas dentais; na bissetriz, além desse plano, o aprendiz necessita deduzir o plano bissetor.

A compreensão dos princípios e o seu transporte para a prática demandam outro caminho, exigindo que se desenvolva a habilidade de observação de certos aspectos, como os planos orientadores de posicionamento da cabeça do paciente, áreas de incidências, angulações vertical e horizontal, particularmente no desempenho da técnica da bissetriz.

O uso de uma técnica que ofereça a possibilidade de o aluno dirigir o feixe de radiação mediante um orientador do cone e que determine, numa só etapa, por meio da colocação do suporte porta-filmes, região a ser radiografada, poderia ser considerado como atividade que simplifica o aprendizado dos aspectos envolvidos na execução das radiografias pela técnica da bissetriz.

A introdução da técnica do paralelismo previamente pode significar um treinamento inicial para a aplicação da técnica da bissetriz, já que as duas técnicas devem ser dominadas para uma formação profissional adequada.

A sistemática de coleta da amostra permitiu que se excluíssem variáveis, utilizando o mesmo paciente para executar ambas as técnicas, impedindo essa interferência nos resultados; comparando-se um lado com o outro, torna-se dispensável colher séries completas pelas duas técnicas, o que aumentaria a dose aplicada ao paciente.

Iniciando o ensino de aprendizado da técnica periapical pela técnica do paralelismo, chegamos a resultados que comprovam ser realmente este o método mais facilmente assimilado pelos alunos, pois os valores a que chegamos demonstram, em praticamente todos os itens avaliados e as regiões em questão, um resultado superior da técnica do paralelismo sobre aqueles encontrados para a técnica da bissetriz (Tabela 1).

Com os resultados encontrados no presente trabalho, explicitados na Tabela 1, podemos comparar o percentual de eficiência de uma técnica sobre outra para cada um dos itens.

Comparando-se nossos resultados com o estudo realizado anteriormente (BRANDT3, 1983), no que se refere à freqüência total de radiografias insatisfatórias, conforme a técnica, teremos os percentuais apresentados na Tabela 3.

Observamos na Tabela 3 que os valores são muito próximos, considerando-se, assim, que a técnica do paralelismo mostra-se sempre mais acessível ao aprendizado, independente do fato de ela ser a primeira técnica a ser introduzida.

A incidência de mais de um tipo de erro nas radiografias avaliadas pelas duas técnicas tornou a técnica do paralelismo superior à da bissetriz para todas as regiões do ponto de vista do resultado final, em que se associaram todos os itens examinados. Isso ocorreu em ambas as situações de ensino.

A partir dessa mesma tabela, organizamos um quadro comparativo do desempenho dos alunos para a técnica da bissetriz (Tabela 2).

Notamos, então, que o desempenho dos alunos melhorou para todas as regiões, exceto para as regiões de pré-molares e molares inferiores, quando foi ensinada, primeiramente, a técnica do paralelismo.

Com respeito aos itens observados na avaliação dos resultados, em relação às duas estratégias de ensino, notamos que houve melhora no desempenho dos alunos nas duas técnicas quanto ao enquadramento do filme.

Com relação ao enquadramento do feixe, praticamente não houve erros no paralelismo, melhorando ligeiramente na técnica da bissetriz quando se ensinou primeiramente a técnica do paralelismo.

Na avaliação do tamanho longitudinal da imagem dos elementos dentais, o desempenho piorou nas duas técnicas, o mesmo ocorrendo para a sobreposição das imagens comparando-se as duas situações de ensino (Figuras 1e 2).

CONCLUSÕES

1. Os erros mais freqüentes durante o treinamento dos alunos foram: enquadramento do filme na região, particularmente para a região dos pré-molares inferiores, pela técnica da bissetriz; tamanho longitudinal das imagens dos dentes, também pela técnica da bissetriz, e sobreposição das faces proximais, pela técnica do paralelismo, para a região dos molares superiores.

2. De uma maneira geral, houve uma melhora no desempenho dos alunos quando das tomadas pela técnica da bissetriz com o ensino prévio da técnica do paralelismo.

BRANDT, C. et al. The influence of teaching the paralleling periapical radiographic technique preliminarily to the bisecting-angle one. Rev Odontol Univ São Paulo, v.11, n.2, p.131-137, abr./jun. 1997.

The present study evaluates dental students, which are beginners in executing radiographic periapical techniques, both paralleling and bisecting-angle, according to two teaching strategies. Performance levels were found to be different according to the utilized strategy. The best results regarding the bisecting-angle technique were found when the paralleling technique was taught first.

UNITERMS: Radiography, dental; Education, dental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AUN, C. E.; BERNABÉ, P. F. E. Adaptação da técnica do paralelismo para tomadas radiográficas durante o tratamento endodôntico. Rev Assoc Paul Cir Dent, v.32, n.2, p.118-127, mar./abr. 1978.

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3. BRANDT, C. Estudo comparativo do resultado radiográfico empregando as técnicas intrabucais periapicais da bissetriz e paralelismo no ensino de radiologia dentária - graduação. Estomat Cult, v.13, n.2, p.45-49, jul./dez. 1983.

4. CIESZYNSKI, A. Ueber die einstellung der roentgenrohre bei zahnaufnahmen. Corresp F zahnärzte, p.158, 1907. apud CIESZYNSKI, A. In defense of the rights of authorship of some fundamental rules of X-Ray technique and accessories. Dent Cosmos, v.66, n.6, p.656-664, June 1924.

5. CONSOLO, C. G. et al. Avaliação do desempenho de alunos de graduação na obtenção de radiografias pela técnica da bissetriz, durante os anos de 1986 e 1987. Rev Odontol Univ São Paulo, v.4, n.3, p.247-251, jul/set. 1990.

6. CRANDELL, C. E. Cause and frequency of intraoral x-ray errors by dental and hygiene students. J Dent Educ, v.22, n.3, p.189-196, May 1958.

7. EGGEN, S. Kalibreringstest av en standar disert intraoral Rontgenteknikk. SCANDINAVIUM SYMPOSIUM ON ORAL RADIOLOGY Bergen, May 1970. p.24-32, apud LARHEIM, T. A.; EGGEN, S. Determination of tooth length with a standardized paralleling technique and calibrate radiographic measuring film. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, v.48, n.4, p.374-378, Oct. 1979.

8. FITZGERALD, G. M. Dental roentgenography I: an investigation in adumbration, or the factors that control geometric unsharpness. J Am Dent Assoc, v.34, n.1, p.1-20, Jan. 1947.

9. FITZGERALD, G. M. Dental roentgenography II: vertical angulation, film placement and increased object-film distance. J Am Dent Assoc, v.34, n.3, p.160-170, Feb. 1947.

10. FORSBERG, J. A comparison of the paralleling and bisecting-angle radiographic techniques in endodontics. Int Endod J, v.20, n.4, p.177-182, July 1987.

11. FREITAS, A. Radiologia Odontológica 3. ed. São Paulo : Artes Médicas, 1994. p.125-140.

12. GASPARINI, D. et al. Análise de erros cometidos por alunos da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, no período de 1975 a 1988. Rev Odontol Univ São Paulo, v.6, n.3/4, p.107-114, jul./dez. 1992.

13. GIBILISCO, J. A. Técnicas radiográficas. In: GIBILISCO, J. A. Diagnóstico radiográfico de Stafne. 5. ed. Trad. por Sylvio Bevilacqua. Rio de Janeiro : Discos CBS, 1986. Cap.24, p.379-429.

14. LARHEIM, T. A.; EGGEN, S. Determination of tooth length with a standardized paralleling technique and calibrate radiographic measuring film. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, v.48, n.4, p.374-378, Oct. 1979.

15. LIMA, A. C. P. A técnica roentgenográfica dentária periapical do cone longo, comparada a do curto - contribuição ao seu estudo. São Paulo, 1953. 116p. Tese (Livre-Docência) - Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo.

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18. SATHERLEE, 1913. apud LIMA, A. C. P. A técnica roentgenográfica dentária periapical do cone longo, comparada a do curto - contribuição ao seu estudo. São Paulo, 1953. 116p. Tese (Livre-Docência) - Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo.

19. UPDEGRAVE, W. J. Dental radiography with the versatile intraoral positioner system. J Prevent Dent, v.4, n.3, p.14-19, May/June 1977.

20. UPDEGRAVE, W. J. Simplifying and proving intraoral dental roentgenography. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, v.12, n.6, p.704-716, June 1959.

21. VANDE VORDE, H. E.; BJORNADAHL, A. M. Estimating endodontic "working length" with paralleling radiographs. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, v.27, n.1, p.106-110, Jan. 1969.

Recebido para publicação em 21/10/96

Aceito para publicação em 18/12/96

  • 1
    AUN, C. E.; BERNABÉ, P. F. E. Adaptação da técnica do paralelismo para tomadas radiográficas durante o tratamento endodôntico. Rev Assoc Paul Cir Dent, v.32, n.2, p.118-127, mar./abr. 1978.
  • 2
    BEAN, L. R. Comparison of bisecting angle and paralleling methods of intraoral radiology. J Dent Educ, v.33, n.4, p.441-445, dez. 1969.
  • 3
    BRANDT, C. Estudo comparativo do resultado radiográfico empregando as técnicas intrabucais periapicais da bissetriz e paralelismo no ensino de radiologia dentária - graduação. Estomat Cult, v.13, n.2, p.45-49, jul./dez. 1983.
  • 4
    CIESZYNSKI, A. Ueber die einstellung der roentgenrohre bei zahnaufnahmen. Corresp F zahnärzte, p.158, 1907. apud CIESZYNSKI, A. In defense of the rights of authorship of some fundamental rules of X-Ray technique and accessories. Dent Cosmos, v.66, n.6, p.656-664, June 1924.
  • *
    Parte da Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, em nível de Mestrado em Radiologia.
    **
    Aluno do Curso de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração em Diagnóstico Bucal, sub-área em Radiologia, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
    ***
    Professora Doutora da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

    ****

    Professor Doutor da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNICID.
    †
    Professor Titular da Disciplina de Radiologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e da UNIP.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Mar 1999
    • Data do Fascículo
      Abr 1997

    Histórico

    • Recebido
      21 Out 1996
    • Aceito
      18 Dez 1996
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