Acessibilidade / Reportar erro

Imagem corporal em diferentes períodos da adolescência

Resumos

Objetivo:

Investigar a imagem corporal em diferentes períodos da adolescência.

Métodos:

Estudo transversal com estudantes de dez a 19 anos de escolas da rede pública de municípios de pequeno porte do interior da Zona da Mata Mineira. Aplicaram-se o Body Shape Questionnaire (BSQ), a Escala de Evaluación de Insatisfación Corporal para Adolescentes e a Escala de Silhueta para Adolescentes (ESA). Classificou-se o período da adolescência por meio da idade. A massa corporal e a estatura foram mensuradas para o cálculo do índice de massa corpórea e do estado nutricional. Os resultados foram avaliados por regressão logística.

Resultados:

Participaram 531 adolescentes (318 meninas). A média de idade foi de 15,6±2,2 anos e 84,6% eram eutróficos. A prevalência de insatisfação corporal variou de 28,9% (BSQ) a 78,9% (ESA). Indivíduos com excesso de peso apresentaram maior chance de insatisfação (BSQ: OR 3,66, p<0,001; ESA: OR 4,108, p<0,001). O mesmo ocorreu para meninas e indivíduos no período inicial da adolescência (p<0,05).

Conclusões:

A prevalência de insatisfação com a imagem corporal foi baixa entre os adolescentes das cidades pequenas de Minas Gerais, porém a maioria desejava uma silhueta diferente da atual. Os resultados mostraram maior insatisfação entre os participantes no período inicial da adolescência, assim como nos do sexo feminino e naqueles com excesso de peso.

imagem corporal; adolescente; sexo; estado nutricional; saúde do adolescente


Objective:

To analyze body image in different periods of adolescence.

Methods:

This cross-sectional study enrolled students aged ten to 19 years old of public schools in small districts of Minas Gerais, Southeast Brazil. The Body Shape Questionnaire (BSQ), the Body Dissatisfaction Assessment Scale for Teenagers and the Silhouette Scale for Teenagers (SST) were used. Adolescence phases were classified according to the subjects' ages. Weight and height were measured in order to calculate the body mass index and the nutritional status. Results were analyzed by logistic regression.

Results:

The study emolled 531 teenagers (318 females). The average age was 15.6±

2

.2 years and 84.6% were eutrophic. The prevalence of body dissatisfaction varied from 28.9% (BSQ) to 78.9% (SST). Overweight adolescents presented greater dissatisfaction (BSQ: OR 3.66, p<0.001; SST: OR 4.108, p<0.001). Dissatisfaction also occurred for females and those at the early adolescence (p<0.05).

Conclusions:

A low prevalence of dissatisfaction with the body image was observed among adolescents in small towns of Minas Gerais; however, most of them wished a different silhouette than the current one. The results showed that younger adolescents had higher dissatisfaction than their peers, as well as female and overweighed adolescents.

body image; adolescent; sex; nutritional status; adolescent health


Objetivo:

Investigar la imagen corporal en distintos periodos de la adolescencia.

Métodos:

Estudio transversal con estudiantes de diez a 19 años de escuelas de la red pública de municipios de pequeño porte del interior de la Zona de Bosque de Minas Gerais (Brasil). Se aplicaron el Body Shape Questionnaire (BSQ), la Escala de Evaluación de Insatisfacción Corporal para Adolescentes y la Escala de Silueta para Adolescentes (ESA). Se clasificó el periodo de la adolescencia por la edad. La masa corporal y la estatura fueron medidas para el cálculo del índice de masa corporal y del estado nutricional. Se realizaron análisis descriptivo, inferencias y regresión.

Resultados:

Participaron 531 adolescentes (318 muchachas). El promedio de edad fue de 15,6±2,2 años y 84,6% eran eutróficos. La prevalencia de insatisfacción corporal varió del 28,9% (BSQ) al 78,9% (ESA). Individuos con exceso de peso presentaron mayor posibilidad de insatisfacción (BSQ: OR 3,66, p<0,001; ESA: OR 4,108, p<0,001). Lo mismo pasó con muchachas e individuos en el periodo inicial de la adolescencia (p<0,05).

Conclusiones:

La prevalencia de insatisfacción con la imagen corporal fue baja entre los adolescentes de las ciudades pequeñas de Minas Gerais, pero la mayoría deseaba una silueta distinta de la actual. Los resultados mostraron mayor insatisfacción entre los participantes en el periodo inicial de la adolescencia, así como en los del sexo femenino y en aquellos con exceso de peso.

imagen corporal; adolescente; sexo; estado nutricional; salud del adolescente


Introdução

A adolescência é uma fase evolutiva do ser humano em que o processo de maturação biopsicossocial acontece de forma intensa( 11. Papalia DE, Feldman RD. Desenvolvimento humano. 12th ed. São Paulo: McGraw Hill/Artmed; 2013. ). A Organização Mundial da Saúde (OMS)( 22. World Health Organization. Nutrition in adolescence: issues and challenges for the health sector: issues in adolescent health and development. Geneva: WHO; 2005. ) adota o critério cronológico, definindo a adolescência como o período de vida de dez a 19 anos, 11 meses e 29 dias. Pode ser dividida em três períodos: inicial (de dez a 13 anos), intermediário (de 14 a 16 anos) e final (de 17 a 21 anos)( 33. WHO; UNICEF. Breastfeeding and maternal medication: recommendations for drugs in the 8th WHO Model List of Essential Drugs. Geneva: WHO; 1995. ). A infância e a adolescência são períodos do ciclo de vida marcados por grande vulnerabilidade, por representarem fases em que o ser humano está crescendo e se desenvolvendo, tanto física quanto intelectualmente( 44. McCabe MP, Ricciardelli LA. A longitudinal study of pubertal timing and extreme body change behaviors among adolescent boys and girls. Adolescence 2004;39:145-66. ).

Durante os períodos da adolescência, acontecem diversas alterações morfológicas em ambos os sexos( 55. Siervogel RM, Demerath EW, Schubert C, Remsberg KE, Chumlea WC, Sun S et al. Puberty and body composition. Horm Res 2003;60 (Suppl 1):36-45. ). Tais mudanças repentinas na aparência física podem influenciar na avaliação que o adolescente possui a respeito de sua imagem corporal( 66. Santos EM, Tassitano RM, Nascimento WM, Petribú MM, Cabral PC. Body satisfaction and associated factors among high school students. Rev Paul Pediatr 2011;29:214-23. ), que é um construto multidimensional envolvendo a acurácia da percepção que a pessoa possui quanto ao tamanho e às formas corporais, juntamente com os sentimentos que essa representação pode ocasionar( 44. McCabe MP, Ricciardelli LA. A longitudinal study of pubertal timing and extreme body change behaviors among adolescent boys and girls. Adolescence 2004;39:145-66. ). A preocupação com o peso é um dos principais fatores associados ao aumento da insatisfação corporal( 66. Santos EM, Tassitano RM, Nascimento WM, Petribú MM, Cabral PC. Body satisfaction and associated factors among high school students. Rev Paul Pediatr 2011;29:214-23. , 77. Del Duca GF, Garcia LM, Sousa TF, Oliveira ES, Nahas MV. Body weight dissatisfaction and associated factors among adolescents. Rev Paul Pediatr 2010;28:340-6. ). Observa-se que a forma física considerada atrativa pode não ser alcançada com êxito e, assim, algumas atitudes são tomadas para conquistar uma possível satisfação. No entanto, muitas vezes, tais atitudes são deletérias à saúde, como comportamentos alimentares não saudáveis e práticas inadequadas de controle de peso, como uso abusivo de diuréticos e laxantes, autoindução a vômitos e realização de atividade física extenuante( 88. Alves E, Vasconcelos Fde A, Calvo MC, Neves Jd. Prevalence of symptoms of anorexia nervosa and dissatisfaction with body image among female adolescents in Florianópolis, Santa Catarina state, Brazil. Cad Saude Publica 2008;24:503-12. ). Para avaliar esse sentimento negativo com a imagem corporal, o pesquisador pode utilizar instrumentos adaptados transculturalmente para a população adolescente. Os questionários e as escalas autoaplicáveis são mais adequados para se avaliarem os componentes da imagem corporal, tanto em investigações epidemiológicas quanto em estudos clínicos( 99. Thompson JK. The (mis)measurement of body image: ten strategies to improve assessment for applied and research purposes. Body Image 2004;1:7-14. ).

Algumas pesquisas(6-10) foram conduzidas em adolescentes brasileiros, porém ainda são poucos os estudos nacionais a investigarem a imagem corporal em diferentes períodos da adolescência( 1111. Pereira EF, Graup S, Lopes AS, Borgatto AF, Daronco LS. Body image perception in children and adolescents with different socio-economic status in the city of Florianópolis, in the state of Santa Catarina, Brazil. Rev Bras Saude Mater Infant 2009;9:253-62. ). Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi avaliar a imagem corporal de adolescentes moradores de cidades de pequeno porte de Minas Gerais, nos períodos inicial, intermediário e final da adolescência, conforme o sexo e o estado nutricional.

Método

O estudo realizado foi do tipo transversal descritivo observacional e a população foi constituída por adolescentes(2) de ambos os sexos, regularmente matriculados nas escolas da rede pública de municípios de pequeno porte( 1212. Brasil - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Série Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil. Brasília: IPEA; 2001. ) do interior da Zona da Mata Mineira. Encontraram-se nove municípios com população inferior a cinco mil habitantes na região supracitada( 1313. Brasil -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [homepage on the Internet]. Censo 2000 -cidades [cited 2009 May 5]. Available from: http:// www.ibge.com.br/cidadesat
Available from: http:// www.ibge.com.br/...
) e, a partir daí, o pesquisador responsável foi às escolas buscar o consentimento da direção para realizar a pesquisa e coletar as informações sobre o número de adolescentes, a idade e o sexo.

Realizou-se amostragem por conglomerados, tendo como universo nove escolas (conglomerados) e uma população finita de 1.015 alunos. Para calcular o tamanho da amostra, adotou-se o nível de significância de 5%, uma precisão absoluta de 5,5 pontos para mais ou para menos na variável resposta de referência - o escore do Body Shape Questionnaire (BSQ)14 - e a variabilidade máxima desse escore observada na literatura como sendo o desvio padrão esperado, que corresponde ao sexo feminino (desvio padrão: 34,3 pontos)( 1414. Conti MA, Cordás TA, Latorre MR. A study of the validity and reliability of the Brazilian version of the Body Shape Questionnaire (BSQ) among adolescents. Rev Bras Saude Mater Infant 2009;9:331-8. ). Desta forma, chegou-se ao tamanho mínimo de amostra igual a 129, já feita a correção para populações finitas.

Para permitir inferências independentes pelos três períodos da adolescência, considerando-se cada um como estrato, o tamanho amostral inicial obtido foi multiplicado por três (referente aos períodos da adolescência), o que gerou tamanho amostral mínimo de 387 alunos. As seguintes cidades foram selecionadas por amostragem aleatória simples (AAS): Goianá (n=191), Tabuleiro (n=207), Belmiro Braga (n=130) e Pequeri (n=124). O número final de alunos pesquisados foi de 651.

Destes 651 participantes avaliados, excluíram-se 120 indivíduos, dos quais oito moravam em outra cidade, dois faziam uso de remédio controlado, 27 alegaram não ter a permissão do responsável, 43 não entregaram o termo de consentimento livre e esclarecido devidamente assinado pelo responsável e 40 estavam presentes em apenas um dia da coleta de dados. Ao final, a pesquisa contou com a participação de 531 alunos, número maior do que o recomendado pelo cálculo amostral.

Os instrumentos selecionados para a avaliação da imagem corporal foram aqueles com adaptação transcultural para adolescentes brasileiros: o BSQ( 1414. Conti MA, Cordás TA, Latorre MR. A study of the validity and reliability of the Brazilian version of the Body Shape Questionnaire (BSQ) among adolescents. Rev Bras Saude Mater Infant 2009;9:331-8. ), a Escala de Evaluación de Insatisfación Corporal para Adolescentes (EEICA)( 1515. Conti MA, Slater B, Latorre MR. Validity and reproducibility of Escala de Evaluación da Insatisfación Corporal para Adolescentes. Rev Saude Publica 2009;43:515-24. ) e a Escala de Silhueta para Adolescentes (ESA)( 1616. Conti MA, Latorre MR. Study of validity and reliability of one contour rating scale to adolescence. Psicol Estud 2009;14:699-706. ).

O BSQ( 1414. Conti MA, Cordás TA, Latorre MR. A study of the validity and reliability of the Brazilian version of the Body Shape Questionnaire (BSQ) among adolescents. Rev Bras Saude Mater Infant 2009;9:331-8. ) é um questionário constituído por 34 questões de autorrelato na forma de escala Likert de pontos, com seis opções de respostas (1 - nunca a 6 - sempre), e quatro níveis de insatisfação com a aparência física, seguindo-se o modelo proposto por Cordás e Castilho( 1717. Cordás TA, Castilho S. Body image on the eating disorders - evaluation instruments: "Body Shape Questionnaire". Psiquiatr Biol 1994;2:17-21. ), conforme a pontuação: livre de insatisfação corporal - abaixo de 80 pontos; leve insatisfação - de 80 a 110 pontos; moderada insatisfação - de 110 a 140 pontos; e grave insatisfação - igual ou acima de 140 pontos.

A EEICA( 1515. Conti MA, Slater B, Latorre MR. Validity and reproducibility of Escala de Evaluación da Insatisfación Corporal para Adolescentes. Rev Saude Publica 2009;43:515-24. ) traz informações acerca da frequência de comportamentos relacionados ao cuidado e à percepção corporais e da influência familiar e social sobre a insatisfação corporal. A escala compõe-se de 32 questões de autorrelato na forma de escala Likert de pontos, com seis opções de resposta (1 - nunca a 6 - sempre). O escore varia de zero a 96 pontos e, quanto maior a pontuação, maior a insatisfação corporal.

A ESA( 1616. Conti MA, Latorre MR. Study of validity and reliability of one contour rating scale to adolescence. Psicol Estud 2009;14:699-706. ) consta de nove figuras de silhuetas para cada sexo. Realizou-se a categorização do nível de satisfação (NS) pela diferença de escolha entre a silhueta ideal (SI) e a silhueta atual (SA). Classificaram-se como satisfeitos os adolescentes cuja diferença foi igual a zero (NS=0) e como insatisfeitos aqueles em que a diferença foi diferente de zero (NS≠ 0).

A idade e o sexo foram autorreferidos e a classificação do índice de massa corpórea (IMC) [peso (kg)/estatura (m)2] foi utilizada como avaliação primária do estado nutricional. A categorização do período da adolescência foi realizada segundo o critério proposto pela OMS( 33. WHO; UNICEF. Breastfeeding and maternal medication: recommendations for drugs in the 8th WHO Model List of Essential Drugs. Geneva: WHO; 1995. ): período inicial (Pin) - dez a 13 anos; período intermediário (Pinter) - 14 a 16 anos; e período final (Pfin) - 17 a 21 anos. Coletaram-se os dados antropométricos com os adolescentes trajando uniforme para a aula de educação física e descalços, sendo pesados em balança eletrônica do tipo plataforma (G-Tech(r)), com capacidade de 150kg e graduação em 100g. Posicionandose o adolescente no meio da plataforma, aferiram-se duas medidas( 1818. Gordon CC, Chumlea WC, Roche AF. Stature, recumbent length, and weight. In: Lohman TG, Roche AF, Martorell R, editors. Anthropometric standardization reference manual. Champaing: Human Kinetics Books; 1988. p. 3-8. ). Posteriormente, cada aluno dirigiu-se ao estadiômetro fixado na parede, posicionando-se na posição ereta, encostando o dorso na parede, olhando para frente e com os pés juntos com os calcanhares encostados. Aferiram-se duas medidas para estatura, sendo considerada a média desse valor( 1818. Gordon CC, Chumlea WC, Roche AF. Stature, recumbent length, and weight. In: Lohman TG, Roche AF, Martorell R, editors. Anthropometric standardization reference manual. Champaing: Human Kinetics Books; 1988. p. 3-8. ). Categorizou-se o estado nutricional conforme os valores dos percentis quanto à idade e ao sexo( 1919. De Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ 2007;85:660-7. ): baixo IMC - percentis abaixo de 3; eutrofia - percentis entre 3 e 85; sobrepeso - percentis entre 85 e 97; e obesidade - percentil acima de 97.

Realizou-se análise descritiva por meio da frequência, dos valores médios e dos desvios padrão. Para a análise da insatisfação corporal, categorizou-se a adolescência por períodos, criando-se três estratos conforme o sexo. Para o masculino: Mpin (masculino período inicial), MPinter (masculino período intermediário) e MPfin (masculino período final); para o feminino: Fpin (feminino período inicial), FPinter (feminino período intermediário) e FPfin (feminino período final).

Como as variáveis numéricas não apresentaram normalidade pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, optou-se pela aplicação de testes não paramétricos. O teste do qui-quadrado, no caso de fatores ordinais, e o teste exato de Fisher, para o fator nominal, foram aplicados para se analisarem as associações do período da adolescência, do sexo e do estado nutricional com a frequência de sujeitos classificados como satisfeitos e insatisfeitos pela ESA e pelo BSQ.

A variação dos escores da insatisfação com a imagem corporal entre os diferentes períodos da adolescência e entre os grupos do estado nutricional foi avaliada pelo teste de Kruskall-Wallis e pelo teste post hoc de Bonferroni. Para comparar as médias dos escores dos instrumentos entre ambos os sexos e entre os grupos relacionados ao período da adolescência, aplicou-se o teste U de Mann-Whitney.

Por fim, ajustou-se um modelo de regressão logística binária para verificar quais das variáveis independentes analisadas apresentavam associação (risco ou proteção) significativa para com a classificação de insatisfação corporal da ESA e do BSQ, segundo a interpretação dos valores da Odds Ratio (OR) e da significância (p). Essas análises tiveram como base as variáveis sexo masculino, Pin e IMC baixo e eutróficos. Para atender ao requisito de dicotomia da variável resposta, o BSQ foi reorganizado em duas categorias: satisfeito (aquele classificado como livre de insatisfação corporal) e insatisfeito (aquele com algum nível de insatisfação: leve, moderada ou grave). O mesmo foi utilizado para a variável estado nutricional, que teve as quatro categorias agrupadas em duas: baixo peso e eutrofia; sobrepeso e obesidade. O software estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0, foi utilizado com nível de significância adotado de 5% para as respectivas análises.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora e sua execução está de acordo com as normas da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Resultados

A média de idade dos adolescentes foi de 15,6±2,2 anos; 158 (28,7%) encontravam-se no Pin, 290 (52,6%) no Pinter e 103 (18,7%) no Pfin. Do total de participantes, 233 (42,3%) eram do sexo masculino e 318 (57,7%) do feminino. Os resultados da avaliação do peso, da estatura, do IMC e da classificação do estado nutricional em relação ao período da adolescência estão disponíveis na Tabela 1.

Tabela 1
Análise descritiva das variáveis antropométricas em relação aos períodos da adolescência, Juiz de Fora - MG, 2010

Na avaliação do BSQ, 392 (71,1%) sujeitos estavam satisfeitos com sua imagem corporal, enquanto 159 (28,9%) estavam insatisfeitos - 100 (18,1%) com insatisfação leve, 41 (7,4%) com insatisfação moderada e 18 (3,3%) com grave insatisfação corporal. Já a avaliação da ESA mostrou que 116 (21,1%) adolescentes pesquisados estavam satisfeitos com sua imagem corporal (ESA=0), enquanto 435 (78,9%) mostraram-se insatisfeitos (ESA≠ 0).

Os escores médios de insatisfação corporal do BSQ, da EEICA e da ESA podem ser observados na Tabela 2. Constatou-se que os indivíduos no Pin eram mais insatisfeitos em comparação aos jovens no Pinter e no Pfin (EEICA e ESA - p<0,001). Também houve diferença entre os sexos, com maior insatisfação nos adolescentes do sexo feminino do que nos do masculino pela avaliação de todos os instrumentos (p<0,05). Os adolescentes com sobrepeso e obesidade também se mostraram mais insatisfeitos em comparação àqueles com IMC baixo (BSQ - p<0,001).

Tabela 2
Insatisfação com a imagem corporal em relação ao período da adolescência, sexo e estado nutricional, Juiz de Fora - MG, 2010

Especificamente as meninas no Pin da adolescência constituíram o grupo que apresentou maior prevalência de insatisfação com imagem corporal entre os três períodos observados (EEICA - p=0,002; ESA - p=0,005) (Tabela 3). Segundo a classificação do BSQ, adolescentes do sexo feminino no Pfin tiveram maior frequência de classificação livre e leve insatisfação em comparação àquelas no Pin.

Tabela 3
Valores de insatisfação corporal de acordo com o período da adolescência, segundo sexo, Juiz de Fora - MG, 2010

Já nos adolescentes do sexo masculino, a significância da variação de insatisfação corporal pela análise do BSQ apresentou valor p=0,05, sendo aqueles no Pin mais insatisfeitos do que aqueles no Pinter e no Pfin.

Dos 435 adolescentes classificados como insatisfeitos pela ESA, 60,8% desejaram uma silhueta menor do que a atual e 39,2%, uma silhueta maior do que a atual. Por fim, observou-se que alguns adolescentes classificados como eutróficos também manifestaram insatisfação corporal (BSQ - 25%; ESA - 76%), principalmente as meninas, sendo que 33% das adolescentes eutróficas revelaram insatisfação com sua imagem corporal (BSQ) (Tabela 2).

O modelo de regressão logística binária, a partir do estimador de risco, confirmou que os adolescentes no Pin, do sexo feminino e com sobrepeso e obesidade tiveram associação significativa com a insatisfação corporal (Tabela 4). O modelo segundo a ESA mostrou que adolescentes do sexo feminino apresentaram-se mais insatisfeitas do que os do sexo masculino (OR 1,49; p=0,063). Já os adolescentes no Pinter e no Pfin tiveram, respectivamente, 70% (OR 0,29; p<0,001) e 76% (OR 0,23; p<0,001) menos chance de estarem insatisfeitos quando comparados àqueles no Pin. Os adolescentes com sobrepeso e obesidade tiveram mais chance de estarem insatisfeitos em comparação aos indivíduos com baixo IMC e eutróficos (OR 4,10; p=0,003). O modelo segundo o BSQ mostrou que as adolescentes do sexo feminino tiveram mais chance de estarem insatisfeitas em comparação aos do sexo masculino (OR 2,89; p<0,001). Para o período da adolescência, os jovens no Pinter e no Pin mostraram, respectivamente, 56% (OR 0,65; p=0,050) e 45% (OR 0,43; p=0,000) menos chance de se sentirem insatisfeitos em comparação aos adolescentes no Pfin. Já os sujeitos com sobrepeso e obesidade mostraram-se mais insatisfeitos em comparação aos adolescentes com baixo IMC e eutróficos (OR 3,66; p<0,001).

Tabela 4
Modelo de regressão logística binária entre a classificação da imagem corporal da Escala de Silhueta para Adolescentes e do Body Shape Questionnaire quanto ao período da adolescência, sexo e estado nutricional

Discussão

Constatou-se que foi baixa a prevalência de insatisfação com a imagem corporal entre os adolescentes das cidades pequenas de Minas Gerais (BSQ) em comparação a adolescentes de outras regiões do Brasil( 1414. Conti MA, Cordás TA, Latorre MR. A study of the validity and reliability of the Brazilian version of the Body Shape Questionnaire (BSQ) among adolescents. Rev Bras Saude Mater Infant 2009;9:331-8.

15. Conti MA, Slater B, Latorre MR. Validity and reproducibility of Escala de Evaluación da Insatisfación Corporal para Adolescentes. Rev Saude Publica 2009;43:515-24.
- 1616. Conti MA, Latorre MR. Study of validity and reliability of one contour rating scale to adolescence. Psicol Estud 2009;14:699-706. ). Porém, os resultados evidenciaram alguns fatores relacionados à insatisfação, como período inicial da adolescência, sexo e excesso de peso. Quanto ao período inicial, essa insatisfação pode ter se manifestado pela dificuldade que os adolescentes possuem de criar uma identidade com a sua imagem corporal, em decorrência das alterações morfológicas e biopsicossociais que acontecem na puberdade( 2020. Smolak L. Body image in children and adolescents: where do we go from here? Body Image 2004;1:15-28. ). Nas adolescentes do sexo feminino, esse efeito pode ser ainda mais intenso, visto que podem se sentir mais suscetíveis às pressões socioculturais para alcançar uma aparência física ideal, muitas vezes difícil de ser obtida( 2121. Matias TS, Rolim MK, Kretzer FL, Schmoelz CP, Andrade A. Corporal satisfaction associated with physical activity practice during adolescence. Motriz 2010;16:370-8. ). Para Maloney et al ( 2222. Maloney MJ, McGuire J, Daniels SR, Specker B. Dieting behavior and eating attitudes in children. Pediatrics 1989;84:482-9. ), a adolescente na faixa etária de dez a 13 anos pode apresentar-se mais preocupada com sua imagem e suas atitudes corporais, voltando a atenção para a redução de peso. As adolescentes parecem aumentar suas expectativas pessoais após a menarca, mostrando-se mais insatisfeitas com as mudanças relacionadas ao acúmulo de gordura corporal( 44. McCabe MP, Ricciardelli LA. A longitudinal study of pubertal timing and extreme body change behaviors among adolescent boys and girls. Adolescence 2004;39:145-66. , 2323. Araújo CL, Dumith SC, Menezes AM, Hallal PC. Measured weight, self-perceived weight, and associated factors in adolescents. Rev Panam Salud Publica 2010;27:360-7. ). Já nos adolescentes do sexo masculino, a maioria desejou uma silhueta maior do que a real. É interessante observar, nesse grupo, que o processo maturacional caracteriza-se pela diminuição do acúmulo de gordura corporal e pelo aumento da massa livre de gordura( 2424. Castro IR, Levy RB, Cardoso LO, Passos MD, Sardinha LM, Tavares LF et al. Body image, nutritional status and practices for weight control among Brazilian adolescents. Cienc Saude Coletiva 2010;15 (Suppl 2):3099-4108. ).Talvez por isso essa insatisfação tenda a decair com o avanço da puberdade( 2424. Castro IR, Levy RB, Cardoso LO, Passos MD, Sardinha LM, Tavares LF et al. Body image, nutritional status and practices for weight control among Brazilian adolescents. Cienc Saude Coletiva 2010;15 (Suppl 2):3099-4108. , 2525. Presnell K, Bearman SK, Stice E. Risk factors for body dissatisfaction in adolescent boys and girls: a prospective study. Int J Eat Disord 2004;36:389-401. ). Enquanto para as meninas o padrão de corpo ideal é o magro, para os meninos o modelo propagado é de um corpo musculoso e esbelto( 2525. Presnell K, Bearman SK, Stice E. Risk factors for body dissatisfaction in adolescent boys and girls: a prospective study. Int J Eat Disord 2004;36:389-401. , 2626. Jones DC, Vigfusdottir TH, Lee Y. Body image and the appearance culture among adolescent girls and boys: an examination of friend conversations, peer criticism, appearance magazines, and the internalization of appearance ideals. J Adolescent Res 2004;19:323-39. ).

Nesta pesquisa, observou-se que adolescentes do sexo feminino tiveram maior insatisfação corporal em comparação aos seus pares pela análise de todos os instrumentos (BSQ, EEICA e ESA). Ademais, comprovou-se que apresentaram quase duas vezes mais chance de insatisfação corporal do que o sexo oposto (ESA - OR 1,494; p<0,001 e BSQ - OR 2,893; p<0,001). Jones et al ( 2626. Jones DC, Vigfusdottir TH, Lee Y. Body image and the appearance culture among adolescent girls and boys: an examination of friend conversations, peer criticism, appearance magazines, and the internalization of appearance ideals. J Adolescent Res 2004;19:323-39. ) advertem que a adolescente, mesmo quando tem o peso adequado ou abaixo do ideal, costuma sentir-se gorda ou desproporcional, caracterizando uma distorção perceptiva da imagem corporal.

Os adolescentes pesquisados com excesso de peso mostraram-se mais insatisfeitos com sua imagem corporal. De acordo com o modelo ajustado, esses jovens apresentaram quatro vezes a chance de estarem insatisfeitos com sua imagem corporal (ESA - OR 4,108; p<0,001 e BSQ - OR 3,66; p<0,001) em comparação aos seus pares. Esse resultado assemelha-se a outros já conhecidos e mostra a gravidade da situação, pois esses adolescentes são expostos ao risco de doenças como diabetes, hipercolesterolemia, entre outras, que podem causar sérios comprometimentos na esfera emocional, principalmente os relacionados à sua aceitação corporal( 77. Del Duca GF, Garcia LM, Sousa TF, Oliveira ES, Nahas MV. Body weight dissatisfaction and associated factors among adolescents. Rev Paul Pediatr 2010;28:340-6. , 2525. Presnell K, Bearman SK, Stice E. Risk factors for body dissatisfaction in adolescent boys and girls: a prospective study. Int J Eat Disord 2004;36:389-401. ).

Estudos como o de Mattos e Luz( 2727. Mattos RS, Luz MT. Surviving to the stigma of fat: a socio-anthropological study on obesity. Physis 2009;19:489-507. ) discutiram a obesidade na perspectiva das ciências humanas e sociais, ressaltando a relevância que o corpo magro possui na sociedade, parecendo ser o único tipo de corpo valorizado e reconhecido atualmente, gerando sofrimento e adoecimento nos sujeitos que não se enquadram no tipo corporal sem acúmulo de gordura. Segundo esses pesquisadores, o corpo "sarado" parece ser mais valorizado e reconhecido. Essa supervalorização da magreza transforma a gordura em um símbolo de falência moral e o obeso passa a ser cada vez mais estigmatizado como um ser indesejável na sociedade( 2727. Mattos RS, Luz MT. Surviving to the stigma of fat: a socio-anthropological study on obesity. Physis 2009;19:489-507. ).

Estudos no Brasil mostraram que a insatisfação corporal em adolescentes e crianças varia de 64 a 82%( 2828. Pelegrini A, Petroski The association between body dissatisfaction and nutritional status in adolescents EL. Hum Movt 2010;11:51-7. ). Conti et al ( 1414. Conti MA, Cordás TA, Latorre MR. A study of the validity and reliability of the Brazilian version of the Body Shape Questionnaire (BSQ) among adolescents. Rev Bras Saude Mater Infant 2009;9:331-8. ) encontraram média de 73,2±36,4 pontos do BSQ em adolescentes da região metropolitana de São Paulo. Nossos resultados com adolescentes de cidades pequenas da Zona da Mata Mineira apresentaram média de 67,6±30,0 pontos do BSQ. Del Duca et al ( 77. Del Duca GF, Garcia LM, Sousa TF, Oliveira ES, Nahas MV. Body weight dissatisfaction and associated factors among adolescents. Rev Paul Pediatr 2010;28:340-6. ) avaliaram 5.028 adolescentes de escolas públicas de Santa Catarina e verificaram que 52,9% selecionaram uma silhueta ideal diferente da silhueta selecionada como real; destes, 16,7% (IC95% 15,7-17,7) estavam insatisfeitos com seu peso e gostariam de aumentá-lo e 36,2% (IC95% 34,9-37,5) gostariam de diminuí-lo. Com os adolescentes das cidades de Minas Gerais estudados nesta pesquisa, 78,9% estavam insatisfeitos com sua imagem corporal de acordo com a ESA. Destes, 60,8% queriam uma silhueta menor do que a atual, o que demonstra o desejo por um tipo corporal mais magro também nos adolescentes de cidades rurais.

Os resultados apontam que a insatisfação corporal é uma realidade na vida do adolescente, sendo as mudanças morfológicas ocorridas durante a adolescência, o sexo e o estado nutricional fatores associados a esse sentimento negativo da imagem corporal. Todavia, o estudo apresentou algumas limitações metodológicas que merecem ser realçadas, como o desenho do tipo transversal, o qual não permitiu que fossem realizadas inferências de causalidade. Mesmo assim, foi relevante verificar fatores que podem influenciar a insatisfação com a imagem corporal dos adolescentes de cidades pequenas. Estudos epidemiológicos e de base escolar são essenciais para oferecer informações acerca da dinâmica do adolescente, auxiliando os educadores e profissionais da área da saúde com o tema em questão.

Constatou-se que foi baixa a prevalência de insatisfação com a imagem corporal nos adolescentes das cidades pequenas de Minas Gerais, porém a maioria desejou uma silhueta diferente da real. Os jovens na fase inicial da adolescência revelaram maior insatisfação em relação aos outros períodos, assim como os do sexo feminino e aqueles com excesso de peso. Pesquisas como esta podem fornecer informações sobre os principais fatores associados à insatisfação corporal de adolescentes, bem como ajudar a planejar estratégias para evitar comportamentos adotados em consequência à insatisfação, que podem ser prejudiciais à saúde do adolescente quando este busca, a todo custo, uma aparência física considerada ideal.

Agradecimentos

A todas as escolas, pela disponibilidade e incentivo para que os alunos participassem desta pesquisa.

References

  • 1
    Papalia DE, Feldman RD. Desenvolvimento humano. 12th ed. São Paulo: McGraw Hill/Artmed; 2013.
  • 2
    World Health Organization. Nutrition in adolescence: issues and challenges for the health sector: issues in adolescent health and development. Geneva: WHO; 2005.
  • 3
    WHO; UNICEF. Breastfeeding and maternal medication: recommendations for drugs in the 8th WHO Model List of Essential Drugs. Geneva: WHO; 1995.
  • 4
    McCabe MP, Ricciardelli LA. A longitudinal study of pubertal timing and extreme body change behaviors among adolescent boys and girls. Adolescence 2004;39:145-66.
  • 5
    Siervogel RM, Demerath EW, Schubert C, Remsberg KE, Chumlea WC, Sun S et al. Puberty and body composition. Horm Res 2003;60 (Suppl 1):36-45.
  • 6
    Santos EM, Tassitano RM, Nascimento WM, Petribú MM, Cabral PC. Body satisfaction and associated factors among high school students. Rev Paul Pediatr 2011;29:214-23.
  • 7
    Del Duca GF, Garcia LM, Sousa TF, Oliveira ES, Nahas MV. Body weight dissatisfaction and associated factors among adolescents. Rev Paul Pediatr 2010;28:340-6.
  • 8
    Alves E, Vasconcelos Fde A, Calvo MC, Neves Jd. Prevalence of symptoms of anorexia nervosa and dissatisfaction with body image among female adolescents in Florianópolis, Santa Catarina state, Brazil. Cad Saude Publica 2008;24:503-12.
  • 9
    Thompson JK. The (mis)measurement of body image: ten strategies to improve assessment for applied and research purposes. Body Image 2004;1:7-14.
  • 10
    Pelegrini A, Petroski EL. The association between body dissatisfaction and nutritional status in adolescents. Human Moviment 2010;11:51-7.
  • 11
    Pereira EF, Graup S, Lopes AS, Borgatto AF, Daronco LS. Body image perception in children and adolescents with different socio-economic status in the city of Florianópolis, in the state of Santa Catarina, Brazil. Rev Bras Saude Mater Infant 2009;9:253-62.
  • 12
    Brasil - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Série Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil. Brasília: IPEA; 2001.
  • 13
    Brasil -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [homepage on the Internet]. Censo 2000 -cidades [cited 2009 May 5]. Available from: http:// www.ibge.com.br/cidadesat
    » Available from: http:// www.ibge.com.br/cidadesat
  • 14
    Conti MA, Cordás TA, Latorre MR. A study of the validity and reliability of the Brazilian version of the Body Shape Questionnaire (BSQ) among adolescents. Rev Bras Saude Mater Infant 2009;9:331-8.
  • 15
    Conti MA, Slater B, Latorre MR. Validity and reproducibility of Escala de Evaluación da Insatisfación Corporal para Adolescentes. Rev Saude Publica 2009;43:515-24.
  • 16
    Conti MA, Latorre MR. Study of validity and reliability of one contour rating scale to adolescence. Psicol Estud 2009;14:699-706.
  • 17
    Cordás TA, Castilho S. Body image on the eating disorders - evaluation instruments: "Body Shape Questionnaire". Psiquiatr Biol 1994;2:17-21.
  • 18
    Gordon CC, Chumlea WC, Roche AF. Stature, recumbent length, and weight. In: Lohman TG, Roche AF, Martorell R, editors. Anthropometric standardization reference manual. Champaing: Human Kinetics Books; 1988. p. 3-8.
  • 19
    De Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ 2007;85:660-7.
  • 20
    Smolak L. Body image in children and adolescents: where do we go from here? Body Image 2004;1:15-28.
  • 21
    Matias TS, Rolim MK, Kretzer FL, Schmoelz CP, Andrade A. Corporal satisfaction associated with physical activity practice during adolescence. Motriz 2010;16:370-8.
  • 22
    Maloney MJ, McGuire J, Daniels SR, Specker B. Dieting behavior and eating attitudes in children. Pediatrics 1989;84:482-9.
  • 23
    Araújo CL, Dumith SC, Menezes AM, Hallal PC. Measured weight, self-perceived weight, and associated factors in adolescents. Rev Panam Salud Publica 2010;27:360-7.
  • 24
    Castro IR, Levy RB, Cardoso LO, Passos MD, Sardinha LM, Tavares LF et al. Body image, nutritional status and practices for weight control among Brazilian adolescents. Cienc Saude Coletiva 2010;15 (Suppl 2):3099-4108.
  • 25
    Presnell K, Bearman SK, Stice E. Risk factors for body dissatisfaction in adolescent boys and girls: a prospective study. Int J Eat Disord 2004;36:389-401.
  • 26
    Jones DC, Vigfusdottir TH, Lee Y. Body image and the appearance culture among adolescent girls and boys: an examination of friend conversations, peer criticism, appearance magazines, and the internalization of appearance ideals. J Adolescent Res 2004;19:323-39.
  • 27
    Mattos RS, Luz MT. Surviving to the stigma of fat: a socio-anthropological study on obesity. Physis 2009;19:489-507.
  • 28
    Pelegrini A, Petroski The association between body dissatisfaction and nutritional status in adolescents EL. Hum Movt 2010;11:51-7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2014

Histórico

  • Recebido
    01 Ago 2013
  • Aceito
    06 Out 2013
Sociedade de Pediatria de São Paulo R. Maria Figueiredo, 595 - 10o andar, 04002-003 São Paulo - SP - Brasil, Tel./Fax: (11 55) 3284-0308; 3289-9809; 3284-0051 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rpp@spsp.org.br