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Editorial

Editorial

Esta edição de Religião e Sociedade, a exemplo da anterior, reúne textos sobre temas diversos. Tal diversidade se expressa não apenas nos temas, o que atesta a multiplicidade de interfaces que a religião evoca, mas também nas abordagens e na inserção institucional dos autores. Uma das apostas mais sistemáticas de Religião e Sociedade tem sido na internacionalização dos seus colaboradores e das situações enfocadas pelos textos.

Neste número, publicamos três textos de autores estrangeiros. Philippe Portier é um cientista político cujos trabalhos já conquistaram grande importância em língua francesa, a ponto de seu nome ter se tornado incontornável em discussões sobre temas como laicidade e relação entre Estado e religiões no panorama europeu. Com a publicação de seu artigo, Religião e Sociedade espera contribuir para fazer os leitores de língua portuguesa participar desses debates.

Joaquin Algranti e Martín Checa-Artasu são dois jovens pesquisadores, que nos trazem descrições e análises sobre situações em seus países, respectivamente, Argentina e México. Algranti traça um perfil dos "pavilhões evangélicos" em presídios da região bonairense, tema que levanta diálogos diretos com realidades similares no Brasil. Checa-Artasu trata de dois templos católicos mexicanos, acompanhando certas dimensões de suas histórias e de sua relação atual com a trama urbana - levantando temas e questões ainda pouco comuns entre os estudiosos da religião.

Bruno Reinhardt publica neste número alguns resultados de sua pesquisa de doutorado em andamento, que ocorre nos Estados Unidos. Temos aí um exemplo de inversão das tradicionais relações que sustentam projetos de conhecimento: um pesquisador formado no Brasil lança-se a tratar da realidade social de um país central em nossa geografia intelectual. Isso parece ter reflexos diretos nas questões privilegiadas, uma vez que o tema da religião civil é retomado por um viés que se importa com a política internacional dos Estados Unidos - mais especificamente, o monitoramento da situação mundial da liberdade religiosa.

Os demais artigos trazem contribuições relevantes para a discussão de temas que povoam o campo religioso brasileiro, tratando de suas configurações e reconfigurações. Carlos Smirdele nos apresenta dados inéditos sobre um survey realizado na região norte fluminense, com o interesse voltado a entender a visão e o comportamento político dos fiéis pentecostais. Eduardo Dullo discute os resultados de sua etnografia sobre um projeto de "inclusão social" mantido por uma instituição católica em São Paulo, procurando problematizar a noção de "ajuda" dentro do quadro providenciado pelo conceito de reciprocidade.

Rosa Melo e Isabela Oliveira compartilham o mesmo objeto de interesse, a saber: as religiões ayahuasqueiras. Melo dedica-se à União do Vegetal, propondo uma análise que acompanha narrativas e práticas com a preocupação de entender as características do transe e da relação do adepto com o mundo. Oliveira trabalha com diferentes centros daimistas, procurando apontar e compreender alguns pontos de tensão existentes entre eles, que remetem a formas distintas de considerar o que seja a tradição religiosa.

Se lembramos que as religiões ayahuasqueiras representam atualmente um dos vetores de transnacionalização religiosa a partir do Brasil, percebemos o quão complexa pode ser a noção de internacionalização, considerada em vários sentidos e modos possíveis. Religião e Sociedade procura acompanhar algumas de suas várias manifestações, além de ser um agente que ajuda a produzi-la.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Fev 2012
  • Data do Fascículo
    2011
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