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Editorial

A trajetória da conclusão de uma pesquisa até sua publicação em uma revista científica pode ser tortuosa, difícil e complexa. Quando se está envolvido com um estudo, na função de pesquisador, a proximidade com o experimento pode ser tão grande a ponto de prejudicar a clareza necessária para a produção de um texto que seja compreendido e apreciado por outros colegas pesquisadores e pelos clínicos da área. Na Fonoaudiologia são poucos os que se dedicam exclusivamente à investigação científica e a maior parte de nossa produção é de ciência aplicada, o que tem grande apelo ao leitor fonoaudiólogo clínico. Estamos amadurecendo como produtores e consumidores de ciência, os programas mais antigos de pós-graduação estão em sua terceira década de existência e o leitor tem se tornado mais sensível e crítico. Contudo, nossa posição é ainda distante das revistas privilegiadas pela inclusão nas plataformas de dados que oferecem ampla visibilidade nacional e internacional.

Para que um texto seja aprovado, a Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia conta com um corpo de revisores que analisam os manuscritos das áreas de sua competência, recebendo, cada artigo, no mínimo dois pareceres independentes, feitos a partir de um texto sem identificação de autoria ou da instituição de origem. Quando o tema é de grande especificidade, são convidados revisores ad hoc, com expertise comprovada no tema, para que o estudo submetido seja tratado com o devido valor. O poder final de decisão da aprovação ou rejeição de um manuscrito, evidentemente, está na mão do editor que pode, se achar necessário, solicitar pareceres adicionais para embasar sua deliberação. O processo da entrada de um artigo no sistema da revista à sua publicação eletrônica leva em média um ano e passa pela revisão inicial de duas atentas fonoaudiólogas contratadas, que analisam aspectos formais das normas de publicação e liberam os textos, após devidas correções, para que o editor designe os avaliadores. Após a primeira correção e análise dos pareceres pelo editor, o artigo é reencaminhado aos autores e submetido a uma ou mais rodadas de avaliação, sempre cega aos olhos dos autores e pareceristas, até que se chegue a um posicionamento definitivo sobre o manuscrito. O produto final é ainda avaliado por uma bibliotecária especializada na área da saúde, que faz importantes ajustes técnicos, e pelas redatoras da publicação, que se atentam às questões da linguagem. Todo esse processo é feito com uma profunda dedicação e seriedade, pois estamos lidando com um bem precioso, que é o conhecimento que produzimos e que representa nossa ciência.

As especialidades na Fonoaudiologia têm maturidade diferente e isso se espelha nos diferentes desenhos dos experimentos encaminhados, alguns mais bem controlados, no cuidadoso processo de seleção dos sujeitos ou das amostras avaliadas e na experiência de escrita científica dos autores. Artigos mais simples, como os de perfil populacional, são característicos de jovens pesquisadores ou de instituições de ensino que estão fazendo suas primeiras incursões na ciência; já os desenhos mais sofisticados, como os de intervenção, são geralmente provenientes de orientadores maduros e de instituições de ponta. Todos representam filhos queridos dos esforços de nossos colegas e são tratados com parcimônia pelos colaboradores da revista. Buscar uma representatividade regional em cada fascículo é um desafio pelo qual toda a equipe de trabalho luta diariamente, desdobrando-se para inserir contribuições de outros estados que não os tradicionais produtores da ciência.

Um aspecto bastante didático e que aproveito para compartilhar com o leitor é a constatação sobre qual a estratégia vencedora para publicar na Revista. O caminho mais bem sucedido e rápido para uma boa publicação é submeter o estudo, assim que concluído, à comissão científica do Congresso de Fonoaudiologia, que avalia os candidatos à inclusão no programa da reunião anual. A experiência de uma apresentação em pôster, tema livre ou ainda a submissão de um trabalho para concorrer a um prêmio científico (geralmente por indicação de um pesquisador sênior ou orientador na instituição) é de grande valor agregado, pois permite testar o quanto os objetivos, métodos, resultados e conclusões são claros para os ouvintes, com diferentes níveis de formação, o que representa uma prévia real da qualidade do texto que será enviado para publicação.

Assim sendo, aproveito para reforçar que estão abertas as inscrições para temas livres, pôsteres e trabalhos para concorrer a prêmios científicos, a serem selecionados para compor a grade do 19º Congresso Brasileiro e 8º Congresso Internacional de Fonoaudiologia. Convido todos os colegas a participarem dessa experiência de encaminhar um estudo para apresentação e posterior publicação em nossa revista. O prazo máximo é 30 de junho e se essa for sua primeira submissão, arrisque, faça o melhor e tenha a certeza de que você contará com o apoio de um grupo comprometido e generoso que quer ver a Fonoaudiologia crescer, com dignidade e responsabilidade. Maiores informações em nosso portal www.sbfa.org.br.

Vejo você em São Paulo, de 30 de outubro a 2 de novembro de 2011!

Cordialmente,

Mara Behlau

Presidente da SBFa

  • Editorial

    Dra. Mara Behlau
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Out 2011
    • Data do Fascículo
      Jun 2011
    Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia Al. Jaú, 684 - 7º andar, 01420-001 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (55 11) 3873-4211 - São Paulo - SP - Brazil
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