Resumo
O artigo foca a produção e reprodução das desigualdades sociais no Brasil e na África do Sul. O objetivo é interligar diferentes perspectivas teóricas e aplicá-las a uma análise comparativa das políticas relacionadas à desigualdade. Lançando mão do institucionalismo estratégico-relacional, são analisadas a herança histórica da formação discursiva e a institucionalização dos regimes de desigualdade nos dois países, de modo a informar a análise da conjuntura mais recente. Enquanto a África do Sul é um exemplo de discriminação racista formal, o regime de desigualdade do Brasil funcionou baseado em padrões mais informais. As heranças históricas distintas influenciam o foco atual das políticas relacionadas à igualdade, as quais tendem a ser predominantemente anti-racistas na África do Sul, enquanto no Brasil o foco foi reduzir da pobreza. A experiência brasileira tendeu mais ao discurso de um “interesse comum” e foi mais capaz de institucionalizar as políticas para a redução das desigualdades de renda. A África do Sul ainda é discursivamente dividida em “duas nações”. A ascensão social para os africanos ligados aos partidos governistas foi apenas parcialmente acompanhada por melhores condições de vida para a maioria pobre dos africanos. Ambos os países são significativamente estruturados pelas respectivas heranças históricas no que diz respeito tanto à criação como à redução das desigualdades. O discurso de “uma nação” no Brasil foi mais bem sucedido em promover políticas relacionadas à igualdade em comparação com o discurso de “duas nações” da África do Sul. A despeito de melhorias importantes, ambos os países se encontram atualmente em conjunturas críticas e as contradições societais estão começando a criar novas tendências de crise.
PALAVRAS-CHAVE:
Brasil; África do Sul; desigualdade; institucionalismo histórico; políticas sociais
Source: IPEA 2015.