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Variações geográficas no padrão de mortalidade proporcional por doenças crônico-degenerativas no Brasil

Em razão de a mortalidade por doenças crônico -degenerativas estar aumentando no Brasil, com correspondente redução das doenças infecciosas, foi realizado estudo comparativo entre 17 capitais brasileiras em relação à mortalidade proporcional para as principais causas de morte em 1985. Foram calculados coeficientes de correlação entre a mortalidade proporcional decorrente de doença isquêmica do coração, doença cerebrovascular, câncer de pulmão, mama e estômago e 3 variáveis socioeconômicas, raça e a mortalidade proporcional por doenças infecciosas. A análise multivariada através de regressão linear incluiu como variáveis independentes os percentuais de: analfabetismo, casas com instalação domiciliar de água, renda média, população da cor branca, faixa etária e sexo. As variáveis dependentes foram as percentagens de óbito devido a cada uma das doenças crônico-degenerativas em estudo, por grupo de idade e sexo. Os resultados mostraram que as doenças crônico-degenerativas são importantes causas de morte em todas as regiões do país. A doença isquêmica do coração, a doença cerebrovascular e as neoplasias malignas foram responsáveis por mais do que 34% da mortalidade em todas as capitais estudadas. A mortalidade proporcional variou de forma marcante entre as capitais estudadas, com amplitudes de variação de 6,3-19,5% para a doença isquêmica do coração, 8,3-25,4% para a doença cerebrovascular, 2,3-10,4% para infecções e 12,2-21,5% para as neoplasias malignas. A mortalidade proporcional por infecções apresentou a maior correlação com os indicadores socioeconômicos (p < 0,001), sendo acompanhada pela doença isquêmica do coração (p < 0,05). O alto nível socioeconômico relacionou-se com menor percentagem de mortalidade por infecções e mais alta percentagem de doença isquêmica do coração, enquanto que a mortalidade por doença cerebrovascular e câncer de mama não se associaram com os indicadores socioeconômicos. Os modelos de análise multivariada explicaram 59% da variação entre as capitais, para a doença isquêmica do coração, 50% para a doença cerebrovascular, 28% para o câncer de pulmão, 24% para o câncer de mama e 40% para o câncer de estômago. As importantes diferenças geográficas encontradas para a mortalidade proporcional devido às doenças crônico-degenerativas não podem ser totalmente explicadas pela variação na mortalidade por doenças infecciosas e pelos fatores socioeconômicos estudados, sugerindo a existência de fatores de risco específicos.

Mortalidade; Doença crônica; Causa de morte; Distribuição espacial


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