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Transição etária da incidência e mortalidade por tuberculose no Brasil

OBJETIVO: Antes da pandemia de Aids, a transição demográfica e os programas de controle estavam deslocando a incidência da tuberculose de adultos para idosos em diversos países. O objetivo do estudo é determinar se essa transição tem ocorrido no Brasil. MÉTODOS: Dados de incidência de tuberculose e de mortalidade decorrente dessa doença, derivados do Centro Nacional de Epidemiologia e Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS), e os dados populacionais oriundos da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística foram empregados para calcular medianas e coeficientes de incidência e mortalidade por faixa etária. RESULTADOS: Entre 1986 e 1996, a proporção de casos em idosos subiu de 10,5% para 12%, e a mediana de idade de 38 para 41 anos. O menor declínio do coeficiente de incidência ocorreu nas faixas de 30-49 anos e 60 anos e mais . Entre 1980 e 1996, a mediana de idade dos óbitos subiu de 53 para 55 anos. O declínio generalizado dos coeficientes de mortalidade observado entre 1986 e 1991 tornou-se menos expressivo, nas faixas de 30 anos e mais, entre 1991 e 1996. Houve correlação direta entre idade e mortalidade. A maior proporção de casos sem confirmação bacteriológica ocorreu em idosos. CONCLUSÕES: A incidência de tuberculose começa a ser deslocada para idosos. Por um lado, contribuem a eficácia da vacinação com BCG e redução do risco de infecção na comunidade. Por outro, o crescimento da população de adultos e idosos. O diagnóstico difícil nessa faixa etária determina elevada mortalidade. Nos próximos 50 anos deverá ocorrer redução progressiva dos casos associados à Aids em adultos, e expressivo aumento dos casos de reativação em idosos, cuja população saltará de 5% para 14% no Brasil. A proporção de idosos (5% para 14%) é estimativa dos demógrafos. Os casos associados a Aids e de reativação em idoso é uma conclusão baseada nas modificações incipientes reveladas por esta pesquisa.

Tuberculose; Saúde do idoso; Transição epidemiológica; Transição demográfica; Tuberculose; Vacina BCG; Síndrome de imunodeficiência adquirida; Necessidades e demanda de serviços de saúde; Planejamento em saúde; Fatores socioeconômicos


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