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EDITORIAL

Raphael de Paula Souza

A Faculdade de Higiene e Saúde Pública provem do "Laboratório de Higiene" criado em 1918, subordinado à Cadeira de Higiene da Faculdade de Medicina de São Paulo. Sua finalidade, além do ensino da higiene aos estudantes de medicina, se estendia ao preparo de pessoal especializado e à pesquisa no campo da saúde pública.

Em seu evolver, ainda que sob a mesma subordinação passa de Laboratório a Instituto de Higiene, para, poucos anos depois e já autônomo, adquirir fóros de Escola de Higiene e Saúde Pública de São Paulo. Após prolongado labor científico e docente, em 1945 transforma-se o Instituto em Faculdade de Higiene e Saúde Pública, um dos estabelecimentos de ensino superior da Universidade de São Paulo.

Desde cedo seus organizadores cuidam de promover o intercâmbio científico através da publicação de seus trabalhos. A novel organização, já em seus primórdios começa a dar conhecimento de suas atividades no campo da higiene com a publicação dos Boletins do Instituto de Higiene. O primeiro, de autoria de Samuel Taylor Darling, higienista de grande competência e orientador do "Laboratório", quando de sua criação, data de 1919. Sob a égide do então Instituto de Higiene de São Paulo, outros se seguiram. Com a criação da Faculdade de Higiene e Saúde Pública a série é interrompida em seu 88.° número.

A coleção é valiosa tanto pela qualidade de produção, quanto por retratar a evolução da sade pública em nosso meio. Todavia, a dispersão dos fascículos restringe-lhe o valor.

No intuito de contornar êste inconveniente e tornar mais estreitas suas relações com os demais meios científicos, procurou a Faculdade dar nova feição aos Boletins, enfeixando-os em uma publicação bi-anual, os Arquivos da Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Seu primeiro número vem à luz em junho de 1947. Sua apresentação é feita pela figura impar de Geraldo Horácio de Paula Souza, mestre de todos nós e cuja estatura, com o decorrer dos anos, mais se agiganta.

A política que traça para os Arquivos é sintetizada nos períodos finais dessa apresentação, retrata a formação de seu autor e evidencia a afinidade desta publicação com os Boletins:

"O primeiro dêles data de 1919 e versa sôbre "Medidas anti-maláricas" observadas na Malásia, fruto de experiências do Professor Samuel Taylor Darling, o grande higienista que orientou os primeiros passos desta Casa. Resumo de trabalhos procedidos nos antípodas, e trazidos ao nosso conhecimento pelo primeiro professor de Higiene da Faculdade de Medicina, é como que uma diretriz para o espírito dos higienistas da nossa terra. Mostrando-lhes que vivemos "num só mundo", põe em evidência que, sendo a Higiene, denominador comum de todos os povos, o que se passa nos pontos de nós mais afastados e com ela relacionado, precisa ser conhecido pelos que melhor querem servir o seu torrão natal.

Os Arquivos da Faculdade de Higiene e Saúde Pública que ora inicia sua vida, não perderão de vista as linhas mestras traçadas pelos iniciadores desta Instituição, promovendo a publicação dos trabalhos originais dos seus pesquisadores e estimulando a colaboração dos melhores elementos de nossa terra."

Embora sem a intenção de destinar os Arquivos exclusivamente aos trabalhos dos integrantes da Faculdade, sua estrutura faz com que, na realidade, se constitua em uma revista fechada. Por outro lado, sua distribuição e permuta, orientada especialmente para bibliotecas e sociedades científicas, reduz sua penetração em meios aos diversos núcleos interessados na saúde pública.

Os volumes dos Arquivos publicados em seus 20 anos de atividade, reunem 194 trabalhos originais. Em seu último volume englobando os dois números correspondentes ao ano de 1966, o atual Diretor da Faculdade, Prof. Rodolfo dos Santos Mascarenhas, dá por encerrada a segunda fase desta série de publicações. Embora fértil, a rigidez estrutural dos Arquivos impedia que a meta almejada pela Faculdade fôsse alcançada.

Com a Revista de Saúde Pública que ora se inicia, procura ela ampliar e atualizar seu órgão de comunicação no campo da saúde pública. Dando-lhe feição mais apropriada à época, oferece maior oportunidade para que nela sejam publicados trabalhos outros que não os da casa. Levando em conta a deficiência de periódicos referentes aos problemas de saúde pública, abre novas secções, ao lado da de Trabalhos Originais, tradicional que é, tais como a de Comunicações, a de Trabalhos de Revisão, Atualização e Divulgação, a de Resenhas de Livros e Revistas e a de Noticiário.

Tal como ocorreu quando da criação dos "Arquivos da Faculdade de Higiene e Saúde Pública", o aparecimento da Revista de Saúde Pública não significa quebra de continuidade. Ideais, princípios e finalidades são os mesmos. Tanto a Faculdade como a Revista, com o crescimento, passam por transformações, mantendo-se indestrutìvelmente ligadas a seu ponto de origem – o Laboratório de Higiene da Faculdade de Medicina. E por trilhar a mesma linha de ação, o que a Revista, sob nova forma, se propõe, é cooperar com mais eficiência para o progresso da saúde pública em nosso meio.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Set 2006
  • Data do Fascículo
    Jun 1967
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