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EFICIÊNCIA DO HERBICIDA OXADIARGYL NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ARROZ (Oryza sativa L.) IRRIGADO

WEED CONTROL EFFICIENCY OF THE HERBICIDE OXADIARGYL IN IRRIGATED RICE (Oryza sativa L.)

Resumos

Visando avaliar a eficiência agronômica do herbicida oxadiargyl no controle de plantas daninhas ocorrentes na cultura do arroz (Oryza sativa L.) irrigado, semeado em solo drenado, instalou-se ensaio em condição de campo no município de Mococa, SP, em novembro de 1993. O produto foi aplicado em pré-emergência da cultura e das plantas daninhas, nas doses de 320, 400, 480 e 560 g/ha e como padrão utilizou-se duas formulações de oxadiazon, ambas em doses de 1.000 g./ha. Os resultados obtidos permitem concluir: o herbicida oxadiargyl é eficiente no controle da tiririca-do-brejo (Cyperus iria) nas quatro doses testadas e do capim-arroz (Echinochloa colonum) e capim-macho (Ischaemum rugosum) nas três maiores doses; o herbicida oxadiargyl causa leve fitointoxicação à cultura quando aplicado nas duas maiores doses, com os sintomas desaparecendo aos 60 dias após a aplicação; em função do controle das plantas daninhas, o herbicida oxadiargyl aumenta significativamente a produção de grãos de arroz em relação à testemunha não-capinada.

arroz irrigado; herbicida; plantas daninhas; oxadiargyl


In order to evaluate the agronomical efficiency of the herbicide oxadiargyl on weed control in irrigated rice (Oryza sativa L.), sowm in a drained field, an experiment was established in Mococa, SP, Brazil, in November 1993. The product was applied in pre-emergence conditions of the crop and weeds, at rates of 320, 400, 480 and 560g/ha, plus a control product (oxadiazon), used in two formulations at rates of 1,000g/ha. The results allowed to conclude that: oxadiargyl is highly efficient against Cyperus iria at all rates tested; and against Echinochloa colonum and Ischaemum rugosum at rates of 400, 480 and 560g/ha. Oxadiargyl caused light phytotoxicity to the rice plants, when applied at rates of 480 and 560g/ha, but the symptoms disappeared 60 days after application. Due to weed control, oxadiargyl caused an increase in rice yield as compared to the non-weeded control.

Oryza sativa; weed control; herbicide; Oxadiargyl; rice


EFICIÊNCIA DO HERBICIDA OXADIARGYL NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ARROZ (Oryza sativa L.) IRRIGADO

Geraldo José Aparecido Dario1,*; Paulo Boller Gallo2

1Depto. de Produção Vegetal - ESALQ/USP, C.P. 9, CEP: 13418-900, Piracicaba, SP.

2Engenheiro Agrônomo - Estação Experimental do Instituto Agronômico de Campinas - C.P. 58, CEP: 13730-000, Mococa, SP.

* e-mail: gjadario@carpa.ciagri.usp.br

RESUMO: Visando avaliar a eficiência agronômica do herbicida oxadiargyl no controle de plantas daninhas ocorrentes na cultura do arroz (Oryza sativa L.) irrigado, semeado em solo drenado, instalou-se ensaio em condição de campo no município de Mococa, SP, em novembro de 1993. O produto foi aplicado em pré-emergência da cultura e das plantas daninhas, nas doses de 320, 400, 480 e 560 g/ha e como padrão utilizou-se duas formulações de oxadiazon, ambas em doses de 1.000 g./ha. Os resultados obtidos permitem concluir: o herbicida oxadiargyl é eficiente no controle da tiririca-do-brejo (Cyperus iria) nas quatro doses testadas e do capim-arroz (Echinochloa colonum) e capim-macho (Ischaemum rugosum) nas três maiores doses; o herbicida oxadiargyl causa leve fitointoxicação à cultura quando aplicado nas duas maiores doses, com os sintomas desaparecendo aos 60 dias após a aplicação; em função do controle das plantas daninhas, o herbicida oxadiargyl aumenta significativamente a produção de grãos de arroz em relação à testemunha não-capinada.

Palavras-chave: arroz irrigado, herbicida, plantas daninhas, oxadiargyl

WEED CONTROL EFFICIENCY OF THE HERBICIDE OXADIARGYL IN IRRIGATED RICE (Oryza sativa L.)

ABSTRACT: In order to evaluate the agronomical efficiency of the herbicide oxadiargyl on weed control in irrigated rice (Oryza sativa L.), sowm in a drained field, an experiment was established in Mococa, SP, Brazil, in November 1993. The product was applied in pre-emergence conditions of the crop and weeds, at rates of 320, 400, 480 and 560g/ha, plus a control product (oxadiazon), used in two formulations at rates of 1,000g/ha. The results allowed to conclude that: oxadiargyl is highly efficient against Cyperus iria at all rates tested; and against Echinochloa colonum and Ischaemum rugosum at rates of 400, 480 and 560g/ha. Oxadiargyl caused light phytotoxicity to the rice plants, when applied at rates of 480 and 560g/ha, but the symptoms disappeared 60 days after application. Due to weed control, oxadiargyl caused an increase in rice yield as compared to the non-weeded control.

Key words: Oryza sativa, weed control, herbicide, Oxadiargyl, rice

INTRODUÇÃO

O arroz (Oryza sativa L.), é um dos cereais mais cultivados do mundo, constituindo a base da alimentação de mais da metade da população, sendo para alguns povos, especialmente a Ásia, um alimento de sobrevivência (Pereira,1973).

No Brasil, a cultura do arroz é cultivada em todo território, ocupando uma área de aproximadamente 4,2 milhões de hectares e apresentando uma produção em torno de 10 milhões de toneladas.

A utilização contínua destas áreas com a cultura do arroz tem apresentado alguns problemas, especialmente o aumento da incidência de plantas daninhas, que têm sido um dos fatores limitantes da produção (Silveira Filho, 1992). No arroz irrigado, as plantas infestantes provocam, além dos efeitos diretos da competição, reduções na eficiência da colheita e na qualidade dos grãos colhidos, além de também causarem prejuízos por obstruírem canais de irrigação e drenagem e depreciarem o valor comercial das sementes e das terras de cultivo (Machado, 1991).

Os prejuízos causados pelas plantas daninhas estão relacionados a diversos fatores, dentre os quais a ocorrência no período crítico de competição, que varia conforme a espécie, mas em geral situa-se entre 15 a 30 dias após o plantio da cultura , com o controle, provavelmente já não sendo econômico a partir do trigésimo dia após o plantio.

Segundo dados apresentados pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos da América do Norte, citados por Blanco (1976), as perdas de produção ocasionadas pela competição de plantas daninhas em culturas de arroz na América do Sul são estimadas em aproximadamente 11,0%, podendo chegar a 54,4%.

Andrade (1988), em ensaio realizado no município de Capão do Leão, trabalhando com sete herbicidas diferentes, observou que as perdas causadas pela matocompetição foram de até 92,0%.

O método químico de controle de plantas daninhas na cultura do arroz tem sido o preferido pelos produtores (Machado, 1991), tendo em vista a praticidade e eficiência do uso de herbicidas, a pequena necessidade de mão-de-obra, o controle efetivo nas linhas e entre-linhas e o efeito residual.

Segundo Medeiros (1995), os herbicidas aplicados em pré-emergência oferecem a vantagem de impedir a competição inicial das plantas daninhas com o arroz. O autor ainda descreve que diversos herbicidas têm sido testados e utilizados com sucesso na cultura do arroz irrigado, destacando o oxadiazon entre os de aplicação em pré-emergência.

O presente trabalho tem como objetivo testar uma nova molécula de herbicida, do mesmo grupo químico que o oxadiazon, (oxadiazole), de uso comum em lavouras de arroz.

O oxardiargyl tem estrutura química diferente do oxadiazon, e o produto comercial estará disponível ao agricultor na formulação de grânulos dispersíveis em água, sendo que o oxadiazon é comercializado nas formulações concentrado emulsionável e suspensão concentrada, portanto o produto em teste apresenta facilidade de manipulação, menor grau de toxidez e menor risco ao aplicador.

MATERIAL E MÉTODO

O ensaio foi conduzido em condições de campo em solo de várzea (TABELA 1), na Estação Experimental do Instituto Agronômico de Campinas, Bairro Canoas, município de Mococa, Estado de São Paulo, utilizando-se do cultivar IAC-242.

A semeadura foi realizada em solo drenado, na densidade equivalente a 100 Kg de sementes/ha, no dia 03 de novembro de 1993, com a emergência ocorrendo quatorze dias após.

A adubação de base constou da aplicação do equivalente a 400 Kg/ha da fórmula 4-14-8 no dia da semeadura e de uma adubação nitrogenada em cobertura aos 42 dias após a emergência, quando foi aplicado o equivalente a 200 Kg/ha de sulfato de amônio. A irrigação iniciou-se 24 dias após a emergência das plântulas de arroz.

Para o controle das doenças comuns à cultura foi realizada uma aplicação de tebuconazole, fungicida sistêmico do grupo dos triazóis, na dose de 250 g/ha.

As parcelas foram constituídas de dez linhas de plantas de arroz com 5 m de comprimento, espaçadas de 0,35m, perfazendo uma área de 17,5 m2.

O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos ao acaso, com oito tratamentos e quatro repetições, estando os tratamentos apresentados na TABELA 2.

As pulverizações com os herbicidas foram realizadas, em todos os tratamentos, no dia 06 de novembro de 1993, em pré-emergência da cultura e das plantas daninhas.

Foi utilizado um pulverizador costal de pressão constante a gás carbônico, dotado de uma barra pulverizadora com sete bicos jato plano de uso ampliado XR Teejet 015 F 80, espaçados em 0,5m, numa pressão constante de 3,0 atm e com gasto de calda equivalente a 400 l/ha.

As avaliações foram realizadas aos 30, 45 e 60 dias após a aplicação dos produtos, utilizando-se de escala visual de controle em porcentagem (0 = nenhum controle e 100 = controle total das plantas daninhas). A avaliação de controle do capim-macho (Ischaemum rugosum) foi realizada somente no final do ciclo (154 dias), em virtude de sua ocorrência tardia.

Para a análise de variância, os dados de porcentagem foram transformados em arc sen porcentagem e os resultados analisados segundo o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

A fitointoxicação dos herbicidas às plantas de arroz foi avaliada visualmente utilizando-se a escala de 1 a 9 do E.W.R.C. (European Weed Research Council) onde 1=sem fitointoxicação e 9=morte da planta. As parcelas não tratadas foram usadas para efeito comparativo.

Os resultados da produção de grãos foram obtidos através da colheita de toda a parcela, sendo os grãos trilhados e secos, e o peso corrigido a 12,5% de umidade e transformado em Kg/ha.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Analisando-se a eficiência dos herbicidas no controle da tiririca-do-brejo (Cyperus iria) (TABELA 3), verifica-se que todos os tratamentos, nas três épocas analisadas, apresentaram-se eficientes, diferindo significativamente do tratamento testemunha.

Nas TABELAS 4 e 5, onde são apresentados os resultados de controle do capim-arroz (Echinochloa colonum) e capim-macho (Ischaemum rugosum) onde pode ser observado que, com exceção do tratamento com herbicida oxadiargyl na dose de 320 g/ha, os demais tratamentos, em todas as épocas avaliadas, apresentaram controle das respectivas plantas daninhas.

Observou-se também que o herbicida oxadiargyl nas doses maiores apresentou leve fitointoxicação à cultura, manifestada através de deficiente desenvolvimento das plantas, porém com os sintomas desaparecendo aos 60 dias após a aplicação (TABELA 5).

Na TABELA 6 são apresentados os resultados dos rendimentos da cultura, onde pode-se observar que a aplicação dos herbicidas, em conseqüência do controle das plantas daninhas, aumentou consideravelmente a produção de grãos, com destaque para as três maiores doses de oxadiargyl.

CONCLUSÃO

Nas condições do presente ensaio, os resultados obtidos permitem concluir: o herbicida oxadiargyl é eficiente no controle da tiririca-do-brejo (Cyperus iria) nas doses de 320, 400, 480 e 560 g/ha e do capim-arroz (Echinochloa colonum) e capim-macho (Ischaemum rugosum) nas doses de 400, 480 e 560 g/ha; o herbicida oxadiargyl apresenta leve fitointoxicação à cultura quando aplicado nas doses de 480 e 560 g/ha, com os sintomas desaparecendo aos 60 dias após a aplicação; o controle das plantas daninhas pelo herbicida oxadiargyl, quando aplicado em condições de pré-emergência das plantas daninhas e do arroz irrigado, semeado em solo drenado, aumenta significativamente a produção de grãos em relação à testemunha não-capinada.

Recebido para publicação em 09.06.98

Aceito para publicação em 07.07.98

  • ANDRADE, V.A. de. Ensaio preliminar de herbicidas, em arroz irrigado. In: REUNIĂO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 17., Pelotas, 1988. Anais Pelotas: CPATB / EMBRAPA, 1988. p.281-283.
  • BLANCO, H.G. Plantas daninhas e matocompetiçăo Piracicaba: ESALQ/USP, 1976. 35p. (Mimeografado).
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  • MEDEIROS, R.D. de. Efeitos do manejo de água e de sistemas de controle de plantas daninhas em arroz (Oriza sativa L.) irrigado. Piracicaba, 1995. 144p. Dissertaçăo (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de Săo Paulo.
  • PEREIRA, U.J. O arroz no mundo. Lavoura Arrozeira, v.26, n.273, p.4-13, 1973.
  • SILVEIRA FILHO, A. Integraçăo de métodos cultural, manual, e químico no controle de plantas daninhas e na produçăo de arroz (Oriza sativa L.), irrigado por submersăo e em várzez úmida. Piracicaba, 1992. 155p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de Săo Paulo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jun 1999
  • Data do Fascículo
    1999

Histórico

  • Aceito
    07 Jul 1998
  • Recebido
    09 Jun 1998
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