Acessibilidade / Reportar erro

Multiplicidade e instabilidade ontológica nos corações não-humanos

Resumo

O artigo reflete sobre as relações entre corpos biológicos e artefatos tecnológicos, a partir da pesquisa etnográfica sobre o desenvolvimento de tecnologias de assistência circulatória, conhecidas como corações artificiais. Para compreender as corporeidades que tais dispositivos mecânicos ajudam a produzir, buscamos aqui caracterizar dois tipos de corpos instituídos a partir de práticas médicas e biotecnologias projetadas para pacientes com insuficiência cardíaca avançada. Os corpos imunológicos, produzidos a partir dos transplantes de coração, serão contrastados aos corpos biônicos, compostos pelo arranjo com corações artificiais. Propomos que é preciso considerar que cada uma dessas tecnologias se coproduz com distintas naturezas, sustentadas em materialidades, práticas, moralidades e pressupostos específicos. A atenção dada às práticas e à materialidade permitirá destacar os diversos entrelaçamentos materiais-semióticos. Resgatar a trajetória de desenvolvimento desse campo nos permitirá explorar o imaginário a partir do qual tais intervenções emergem, assim como as transformações ocorridas, ressaltando o vínculo ao corpo-máquina tecido no âmbito biomédico.

Palavras-chave:
Constituição corporal; Biotecnologia; Transplante de Coração; Insuficiência Cardíaca; Coração Artificial

Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública. Av. dr. Arnaldo, 715, Prédio da Biblioteca, 2º andar sala 2, 01246-904 São Paulo - SP - Brasil, Tel./Fax: +55 11 3061-7880 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: saudesoc@usp.br