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Morte e vida no debate sobre aborto: uma análise a partir da audiência pública sobre a ADPF 4421 1 Artigo submetido para publicação no dossiê “Crises contemporâneas: políticas sociais, desigualdades e saúde”, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública (FSP/USP), e financiado pela bolsa de doutorado da CAPES (88882.333568/2019-01).

Resumo

Partindo da premissa de que as pautas sobre direitos reprodutivos constituem uma gama de disputas políticas no campo da sexualidade e da reprodução, este artigo examina o debate travado na audiência pública sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, ocorrida em agosto de 2018. A ação propõe a descriminalização do aborto induzido pela própria gestante ou com seu consentimento, até a 12ª. semana de gestação. Na audiência convocada pelo Supremo Tribunal Federal, 50 exposições de amici curiae foram realizadas, catalisando os atuais argumentos acionados no debate público sobre aborto no Brasil. O conteúdo da audiência pública (personagens, lugares, imagens, áudios, textos e vídeo) é tomado como material empírico desta pesquisa. Considerando a centralidade do argumento de defesa da vida/combate à morte, tanto nas exposições favoráveis quanto naquelas contrárias à ADPF, examinamos os distintos enquadramentos utilizados pelos atores políticos em cena, ao debater a problemática do aborto em termos de um embate entre morte e vida. Mais do que uma polissemia dos termos, trata-se de um embate que explicita hierarquias em relação à reprodução e à vida das mulheres.

Palavras-chave:
Descriminalização do Aborto; ADPF 442; Justiça Reprodutiva; Direitos Sexuais e Reprodutivos; Feminismo Interseccional

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