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Doenças e práticas terapêuticas entre os Teréna de Mato Grosso do Sul1 1 O presente artigo é produto do relatório de Pós-Doutorado de Dulce L. B. Ribas, desenvolvido na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, na área de Ciências Humanas e subárea de Antropologia da Saúde.

Resumo

Este artigo propõe-se a descrever as visões sobre saúde e doença, enfatizando a identificação, as interpretações diagnósticas e as práticas tera pêuticas relacionadas à doença crônica entre os Teréna da Terra Indígena Buriti de Mato Grosso do Sul. Realizou-se um estudo qualitativo por meio de entrevista semiestruturada com 24 indígenas e de observação participante, com registro em diário de campo, entre março e agosto de 2010. Para os Teréna, o entendimento de saúde e doença compõe questões de sua vida cotidiana: redução na disponi bilidade de terra, mudanças climáticas, influências do meio urbano e quebra de regras. Quanto aos processos terapêuticos, observou-se a busca pelo aconselhamento e pelo cuidado familiar e religioso, e o atendimento biomédico obtido no posto de saúde, sendo estes vistos como complementares. Os es quemas interpretativos mencionados pelos Teréna para a causalidade da hipertensão arterial indicam relação com as condições de vida, contaminações do meio ambiente, mudanças na dieta alimentar, feitiços e desobediência aos mais velhos. As expe riências vivenciadas pelos Teréna no entendimento de suas doenças e na busca pela cura são processos resultantes dos saberes locais, da participação de diversos atores envolvidos e dos recursos e tecno logias disponíveis, todos inscritos em um contexto cultural e social dinâmico.

Palavras-chave:
Saúde dos Povos Indígenas; Índios Sul-Americanos; Itinerários Terapêuticos

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