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Editorial

Editorial

Lourdes Bandeira; Sergio B. F. Tavolaro; Tânia Mara C. Almeida

Iniciamos este Editorial informando ao nosso público leitor que, próxima de completar três décadas de existência, a revista Sociedade e Estado logrou alcançar o conceito A1 no Qualis da área de Sociologia, posição máxima de reconhecimento acadêmico no Brasil. Para todas as pessoas que, ao longo desses quase 30 anos, se dedicaram e continuam a devotar suas valiosas energias com vistas à construção e manutenção da qualidade da revista, esta é uma recompensa prestimosa. Gostaríamos, pois, de compartilhar nossa alegria bem como dividir os méritos dessa conquista com todas/os as/os pesquisadoras/es e funcionárias/os que nos auxiliaram a alcançar este patamar de excelência acadêmica. Aproveitamos a ocasião para reafirmar nosso compromisso e responsabilidade com a qualidade deste órgão de divulgação de produção científica. Agora, mais do que nunca, esforços serão feitos para que a Sociedade e Estado logre conferir visibilidade ao que de melhor é produzido nas ciências sociais.

Abrimos o presente número com o dossiê Interacionismo simbólico: gênese, desenvolvimento e seu impacto na sociologia contemporânea. Organizado e apresentado por Carlos Benedito C. Martins (UnB), o dossiê traz ao público leitor um rico conjunto de quatro artigos ao longo dos quais o próprio organizador, acompanhado de Carlos Gadea (Unisinos), Jordão H. Nunes (UFG) e José M. Rasia (UFPR), fazem uma rigorosa apreciação do legado, bem como da atualidade do Interacionismo Simbólico. Além de resgatarem os primórdios dessa influente abordagem teórico-metodológica no Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, os autores salientam seu fôlego renovado e seu alcance para além do universo acadêmico norte-americano.

Este número de Sociedade e Estado traz outros cinco artigos com temas e abordagens bastante variados, expressivos da agenda de pesquisa atual nas ciências sociais. Abilio Vergara Figueroa, em El potencial simbólico del trabajo estético del cuerpo, realiza uma ousada reflexão acerca das relações entre corpo e cidade à luz das novas formas de sociabilidade que acompanham a globalização e o surgi mento de tecnologías e modalidades de biopolíticas no mundo contemporâneo. É sua intenção investigar um certo paradoxo que habita aquelas relações: ao mesmo tempo em que o corpo ganhou novas posibilidades de uso e exposição pelos movimentos sociais, é tornado cada vez mais insignificante, em virtude da expansão crescente da violencia urbana e do consumismo massificante.

A temática da violência volta a ser abordada em A polícia corrupta e violenta: os dilemas civilizatórios nas práticas policiais, por Antonio dos Santos Pinheiro (Urca). Dessa vez, porém, o foco de atenção são as práticas policiais, investigadas a partir da análise de processos de denúncias encaminhados entre 2001 e 2007 à Corregedoria das Polícias em Fortaleza (CE), envolvendo policiais (tanto militares como civis) em atos criminosos, os quais são classificados como transgressões disciplinares. No artigo seguinte, intitulado Organização e intensificação do tempo de trabalho, Ana Claudia Moreira Cardoso (Pesquisadora do Cresppa) se debruça sobre a pesquisa "Enquete europeia sobre condições de trabalho", para realizar uma avaliação de transformações recentes observadas no tempo de trabalho. Ela o faz a partir de três variáveis, a saber: flexibilidade, duração e intensidade do trabalho. Com vistas a compreender as causas, as determinações, bem como as consequências da intensificação do trabalho verificada nas últimas décadas, a autora acredita ser possível oferecer "uma contribuição estratégica ao apontar a necessidade de incluir no debate, entre os diversos atores sociais, a relação entre a organização do trabalho e o processo de intensificação, considerando ainda as suas consequências para a saúde dos trabalhadores".

Já em Direito e Inclusão da Pessoa com Deficiência: Uma Análise Orientada pela Teoria do Reconhecimento Social de Axel Honneth, Mariana Moron Saes Braga (Unesp) e Aluisio Almeida Schumacher (Unesp) investigam a legislação que, desde o final da década de 1980, define a obrigatoriedade da inclusão de pessoas com deficiência em escolas e empresas. Conforme pode-se deduzir pelo título do artigo, tal análise é realizada à luz dos insights de Axel Honneth, cujos trabalhos ganharam considerável interesse e difusão no Brasil e no exterior nas últimas décadas. Vale observar que os autores esforçam-se, ainda, para identificar as condições necessárias para que escolas e empresas possam implementar a legislação mencionada de maneira adequada e consequente.

Por fim, Silvana Aparecida Mariano (UEL) e Cássia Maria Carloto (UEL), no artigo Aspectos Diferenciais da Inserção de Mulheres Negras no Programa Bolsa Família, apresentam uma interessante discussão de uma pesquisa realizada entre mulheres titulares do Programa Bolsa Família-PBF, nos municípios de Uberlândia (MG) e Londrina (PR). Ao investigarem como a variável raça/etnia influencia nas experiências dessas beneficiárias, as autoras conferem relevo à diversidade que permeia a situação de pobreza no Brasil. Seus resultados sugerem que "o PBF exerce mais influência no cotidiano das mulheres negras, em comparação com as brancas. Contudo, tal influência não gera o impacto de equalizar a situação entre esses dois grupos de mulheres".

Este número conta também com um relato da pesquisa Gestão da Informação Pública: um estudo sobre o Portal Transparência Goiás, no qual as autoras Rosana Campos (UFSM), Denise Paiva (UFG) e Suely Gomes (UFG) analisam, de maneira meticulosa, as medidas tomadas pelo governo do Estado de Goiás para proporcionar transparência à gestão pública por meio de um portal eletrônico. Trazemos, ainda, uma resenha de Raphael Lana Seabra (UniCeub), do livro O capitalismo dependente latino-americano 40 anos depois, de autoria de Vânia Bambirra.

Como de costume, o público leitor terá a oportunidade de conferir os resumos de todas as dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas no Programa de Pós-Graduação em Sociologia, entre dezembro de 2012 e maio de 2013.

Nunca é demais agradecer as/os pareceristas que, gentilmente, têm atendido às solicitações da Sociedade e Estado; sua inestimável colaboração tem sido peça fundamental para a garantia da qualidade de cada um dos números desta prestigiada publicação. Cabe também registrar o incrível apoio que a equipe da re-vista vem recebendo do Departamento de Sociologia, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, do Instituto de Ciências Sociais, do Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação e da Diretoria de Desenvolvimento Social da Universidade de Brasília. Ao CNPq também expressamos nosso agradecimento.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Nov 2013
  • Data do Fascículo
    Ago 2013
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