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Mudanças urbanas e fragilidades da política de memória (A destruição do Monumento ao Trabalhador em Goiânia)* * Texto produzido no âmbito do estágio pós-doutoral realizado no Departamento de Sociologia da UnB, sob a supervisão do Dr. Brasilmar Ferreira Nunes. Apresentamos versões anteriores na Mesa-Redonda “Patrimônio, memória e cidades”, do II Seminário Neap: O trabalho da memória e processos de patrimonialização - Goiânia, 2 a 4 Set. 2014; e no GT “Urbanidades Disputadas”, do XII Congresso Luso-Afro-Brasileiro, XII Conlab/ 1º da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanidades em Língua Portuguesa - Lisboa, 1 a 5 Fev. 2015.

Resumo

O artigo trata da supressão da memória em formações urbanas contemporâneas, através de pesquisa sobre a destruição do Monumento ao Trabalhador, ocorrida em Goiânia entre 1969 e 1986. O explícito teor socialista impregnado ao monumento desde a sua origem atraiu ações visando ao seu desaparecimento material e à sua eliminação na memória dos goianienses. Em 1969, ativistas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) derramam piche fervido nos dois painéis que compunham a obra, cujas imagens evocavam as “Lutas dos trabalhadores” e o “Mundo do Trabalho”. Ausência de defesa do monumento e intervenções urbanísticas no espaço da praça em que ele se localizava concluíram a tarefa do CCC. Orientamos a pesquisa desse percurso com as noções de esquecimento institucional ou obrigatório (Paul Ricœur) e de legitimação política segundo o poder de fixação de versões que se opera no plano simbólico (Pierre Bourdieu). A análise vale-se da operacionalização de três categorias: repressão política, insensibilidade tecnocrática e omissão quanto à memória e à simbologia das lutas dos trabalhadores.

Palavras-chave:
supressão ideológica; imagens urbanas; política de memória; Goiânia

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