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Concentración de la riqueza, millionariosy reproducción de la pobrezaen América Latina

Concentration of wealth, millionaires, and reproduction of poverty in Latin America

Resúmenes

Poverty and inequality increased in Latin America during the late 20th century and early 21st century. Studies by different international institutions show that the number of poor people has grown in both relative and absolute terms in nearly every country, while concentrations of wealth have reached unprecedented levels, causing deep changes in the social structure. Such multiplication of poverty and inequality is partly a result of the failure of practices adopted under pressure from international credit and development agencies on behalf of the so-called Washington Consensus (privatization, market liberalization). Changes in the world of work have resulted in mass unemployment and greater vulnerability for millions of Latin Americans. Alongside this, small groups of individuals and families have begun to concentrate increasing proportions of wealth, widening the gap between the extremes of income distribution in each country. This article discusses the changes in social structure in Latin America and the legitimising strategies employed by the wealthy on the subcontinent, especially charitable neo-philanthropic institutions funded by musicians and major businesspeople. Finally, the author aims to discuss the issue of inequalities from the viewpoint of class-domination relations - a perspective that has been gaining ground in social sciences and that should be extended to the political agenda.

Latin America; social structure; socioeconomic inequalities; philanthropy


Entre o fim do século XX e o início do atual, a pobreza e a desigualdade acentuaram-se na América Latina. Estudos de diferentes organismos internacionais indicam que o número de pobres cresceu em termos absolutos e relativos em quase todos os países, ao passo que a concentração de riqueza atingiu patamares inéditos, provocando profundas mudanças na estrutura social. Em parte, a multiplicação da pobreza e das desigualdades é conseqüência do fracasso das práticas adotadas sob pressão das agências internacionais de crédito e desenvolvimento em nome do chamado Consenso de Washington (privatizações, liberalização dos mercados). Transformações no mundo do trabalho resultaram em desemprego em massa e vulnerabilidade crescente para milhões de latino-americanos. Paralelamente, pequenos grupos de indivíduos e famílias passaram a concentrar parcelas cada vez mais expressivas da riqueza, ampliando o fosso entre os extremos da distribuição da renda em cada país. Este artigo discute as transformações da estrutura social da América Latina e as estratégias de legitimação da riqueza empregadas pelos ricos no subcontinente, em especial a neofilantropia de instituições assistenciais financiadas por músicos e grandes empresários. Por fim, a autora propõe problematizar a questão das desigualdades sob a ótica das relações de dominação de classe, uma perspectiva que começa a ganhar espaço nas ciências sociais e que deveria ser estendida à agenda política.

América Latina; estrutura social; desigualdades socioeconômicas; filantropía


Latin America; social structure; socioeconomic inequalities; philanthropy

América Latina; estrutura social; desigualdades socioeconômicas; filantropía

DOSSIÊ RIQUEZA E DESIGUALDADES

Concentración de la riqueza, millionariosy reproducción de la pobrezaen América Latina

Concentration of wealth, millionaires, and reproduction of poverty in Latin America

Sonia Alvarez Leguizamón

Carrera de Antropología, Maestría en Políticas Sociales, Facultad de Humanidades, Universidad Nacional de Salta (UNSA). Argentina

RESUMO

Entre o fim do século XX e o início do atual, a pobreza e a desigualdade acentuaram-se na América Latina. Estudos de diferentes organismos internacionais indicam que o número de pobres cresceu em termos absolutos e relativos em quase todos os países, ao passo que a concentração de riqueza atingiu patamares inéditos, provocando profundas mudanças na estrutura social. Em parte, a multiplicação da pobreza e das desigualdades é conseqüência do fracasso das práticas adotadas sob pressão das agências internacionais de crédito e desenvolvimento em nome do chamado Consenso de Washington (privatizações, liberalização dos mercados). Transformações no mundo do trabalho resultaram em desemprego em massa e vulnerabilidade crescente para milhões de latino-americanos. Paralelamente, pequenos grupos de indivíduos e famílias passaram a concentrar parcelas cada vez mais expressivas da riqueza, ampliando o fosso entre os extremos da distribuição da renda em cada país. Este artigo discute as transformações da estrutura social da América Latina e as estratégias de legitimação da riqueza empregadas pelos ricos no subcontinente, em especial a neofilantropia de instituições assistenciais financiadas por músicos e grandes empresários. Por fim, a autora propõe problematizar a questão das desigualdades sob a ótica das relações de dominação de classe, uma perspectiva que começa a ganhar espaço nas ciências sociais e que deveria ser estendida à agenda política.

Palavras-chave: América Latina, estrutura social, desigualdades socioeconômicas, filantropía.

ABSTRACT

Poverty and inequality increased in Latin America during the late 20th century and early 21st century. Studies by different international institutions show that the number of poor people has grown in both relative and absolute terms in nearly every country, while concentrations of wealth have reached unprecedented levels, causing deep changes in the social structure. Such multiplication of poverty and inequality is partly a result of the failure of practices adopted under pressure from international credit and development agencies on behalf of the so-called Washington Consensus (privatization, market liberalization). Changes in the world of work have resulted in mass unemployment and greater vulnerability for millions of Latin Americans. Alongside this, small groups of individuals and families have begun to concentrate increasing proportions of wealth, widening the gap between the extremes of income distribution in each country. This article discusses the changes in social structure in Latin America and the legitimising strategies employed by the wealthy on the subcontinent, especially charitable neo-philanthropic institutions funded by musicians and major businesspeople. Finally, the author aims to discuss the issue of inequalities from the viewpoint of class-domination relations – a perspective that has been gaining ground in social sciences and that should be extended to the political agenda.

Key words: Latin America, social structure, socioeconomic inequalities, philanthropy

Este artículo1 1 El trabajo de investigación de archivo fue realizado por el alumno de la carrera de Antropología de la (UNSA) Sebastián Muñoz. pretende hacer breves reflexiones sobre algunos significados sociológicos y políticos de la concentración de la renta en América Latina, sobre todo en esta última etapa, donde la globalización y la transformación neoliberal de nuestros países y del capitalismo mundial ha producido, entre otros aspectos, no sólo más pobreza y exclusión, sino una concentración de la riqueza mucho mayor que en otros tiempos. Este proceso ha agudizado la desigualdad entre regiones, países, clases sociales y grupos considerados "minoritarios". La pobreza y la desigualdad, por otra parte, han sido problemas persistentes en la mayoría de los países de América Latina, desde su incorporación al mercado mundial y al capitalismo.

Se trata de analizar la producción de la pobreza, no desde el estudio de la pobreza misma, sino desde los procesos crecientes de concentración de la riqueza en nuestro subcontinente, ponerle nombre a la desigualdad (estudiando aspectos de los multimillonarios sobre alguna de sus formas de legitimación social) y, al mismo tiempo, observar los cambios en la estructura social producida por esa concentración de la riqueza. Nos preguntamos si poderemos decir algo nuevo sobre este tema, seguramente muy poco.

Quizás se trate de mostrar estas disparidades, hacerlas visibles al menos en la palabra y en la estructuración lógica de un pensamiento que interpela la creciente invisibilidad de estos temas. Como dice Cattani (2007), se ha producido un dislocamiento semántico en el pensamiento crítico radical latinoamericano entre los conceptos referidos a las desigualdades; los análisis de las clases pobres en las Ciencias Sociales latinoamericanas se preocupan por describir con crudeza en la adjetivación sus características, mientras sucede lo contrario para las clases ricas. Estas son ignoradas o consideradas abstracciones deslocalizadas de la realidad inmediata, o se refieren a ellas en forma mediada por las relaciones de poder e ignoran el análisis de su capacidad para influir sobre las decisiones políticas y económicas que afectan a millones de personas.

Producción de la pobreza en América Latina

En toda la historia de occidente, del capitalismo y del imperialismo actual, la pobreza y la concentración de la riqueza en el mundo jamás alcanzaran una dimensión de tal magnitud, como a finales del siglo XX y comienzos del presente. América Latina y Caribe, dentro del concierto de los conjuntos sociales y culturales de nuestro planeta, es uno de los espacios, luego de Africa, donde la gran mayoría de su población es pobre. A esto se suma que la desigualdad, o sea, la concentración de la riqueza, es la más extrema del mundo y que la riqueza se concentra en muy pocas manos. Este aspecto es uno de los factores de la producción, perpetuación y profundización de los procesos de empobrecimiento masivo de la población de nuestros países y ha venido a agudizar procesos de empobrecimiento masivo. Como sabemos, en estos últimos tiempos, las causas de la pobreza masiva en América Latina se deben a: 1) la imposibilidad de generar ingresos por la vía de la condición de asalariado formal, ante el creciente uso del capital intensivo en la producción y los procesos de desjuridización de las relaciones laborales (Castel, 1999); 2) la reforma del mercado de trabajo, la flexibilización laboral o, lo que es lo mismo, la falta de cobertura de derechos vinculados al trabajo, como la seguridad social, y c) la imposibilidad de acceso a otros medios de subsistencia básicos para generar medios para la reproducción de la vida, como lo son el acceso a la tierra, el agua o el crédito.

El informe de la Conferencia de las Naciones Unidas sobre Comercio y Desarrollo (Coronil, 2000) sintetiza de esta manera las actuales transformaciones: la brecha entre países llamados desarrollados y no desarrollados, así como dentro de los mismos países, se hace cada vez más grande (en 1965 el PIB promedio per capita del 20% de los ricos de la población mundial era treinta veces mayor que el de los 20% más pobres, y para 1990 esta diferencia se ha duplicado a sesenta veces); los ricos han ganado en todas partes y no sólo con relación a los sectores más pobres de la sociedad, sino también con relación a la clase media; las finanzas han ganado sobre la industria y los rentistas sobre los inversores; la participación del capital en el ingreso ha aumentado con relación a la asignada al trabajo; la incertidumbre del ingreso y el trabajo se extiende en todo el mundo; la brecha creciente entre el trabajo especializado y el no especializado se está convirtiendo en un problema mundial.

Después de 53 años de seguir las recetas del "desarrollo", la distancia entre los países ricos y pobres se ha ensanchado pavorosamente. En 1960 los países del norte eran 20 veces más ricos que los del sur. En 1980 eran 46 veces más. En 1970 el 20% más rico tenía ingresos equivalentes al 70% del producto social bruto, y en 1991 pasó al 85%. Las 358 personas más ricas entre los terrícolas tienen un ingreso anual equivalente al que percibe el 45% de la población mundial de mayor pobreza, los que equivalen a mil trescientos millones (Naciones Unidas, 1996).

Las políticas neoliberales desarrolladas en este período – desregulación de la movilidad del capital y de los impuestos a los excedentes y a la riqueza, desregulación de los intercambios comerciales internacionales, desmantelamiento de nuestros débiles estados de bienestar, flexibilización del trabajo, flexibilización y desregulación de la propiedad comunal de la tierra, reformas impositivas regresivas, disminución de la inversión social para la reproducción de la vida en el amplio sentido de la palabra (en áreas como salud, educación, vivienda) – han producido dos procesos concomitantes y mutuamente interdependientes: a) cada vez más pobreza junto a una mutación discursiva y práctica de las políticas y los derechos sociales y laborales y b) más riqueza y concentración de la misma en muy pocas manos.

Las mayores concentraciones de pobreza se encuentran en Centroamérica, la región andina y en el Nordeste brasileño (Echeverría; 2000). Además, al menos la mitad del crecimiento de la pobreza en los 80 (50 millones de pobres más) se debieron al deterioro de la distribución de los ingresos y en el último período de la era neoliberal, la década de los 90', la desigualdad y la concentración de la riqueza experimentaron un proceso más intenso aún y fue, además, la más importante del mundo. En esta década casi todos los países experimentaron un incremento de la desigualdad social (CEPAL 1997). El más dramático incremento de la concentración de la riqueza y de su contracara, la desigualdad, se produjo en México, pero también fue muy significativo en Argentina, Guatemala, Panamá, Perú y Venezuela (Korzeneniewics y Smith, 2000: 9). Así lo prueban recientes estudios del propio Banco Mundial (Ferranti, David et al, 2003; Banco Mundial, 2006), de otros organismos dependientes del Sistema de Naciones Unidas (CEPAL: 1997, 1994; Naciones Unidas 1996 y 2004, UNFPA, 2004; Carlos Filgueira y Andrés Peri, 2004, CELADE) y de académicos (Kenneth, Roberts; 2002; Korzeneniewics y Smith, 2000: 9, entre otros). Todas estas mediciones demuestran lo contrario de lo que los promotores de las transformaciones neoliberales en nuestros países afirmaban: que el crecimiento económico y las reformas neoliberales disminuirán la pobreza. El estudio del Banco Mundial sobre el tema del incremento y la persistencia de la desigualdad posee un nombre sugerente para provenir de un organismo que ha obviado e invisibilizado el análisis de la desigualdad y la concentración de la riqueza como causas de la producción de la pobreza más importantes. El informe se denomina "Desigualdad en América Latina y el Caribe: ¿ruptura con la historia?" En él se afirma que "la desigualdad es un aspecto predominante de las sociedades latinoamericanas en lo que se refiere a las diferencias de ingreso, el acceso a los servicios, el poder y la influencia y, en muchos países, el trato que se recibe de la policía y del sistema judicial. De acuerdo con las encuestas domiciliarias, el 10% más rico de los individuos recibe entre el 40% y el 47% del ingreso total en la mayor parte de las sociedades latinoamericanas, mientras que el 20% más pobre sólo recibe entre el 2% y el 4%". Uno de los elementos más destacados es que la "concentración" es "inusualmente alta" en el extremo superior de la escala", eufemismo para hablar de las clases que se apropian de esa riqueza. También comprueban que la inequidad en el consumo parece ser más alta en los países latinoamericanos que en otros, aunque, aparentemente, las diferencias con otras regiones no son tan acentuadas como en el caso de la desigualdad en los ingresos." (De Feranti et al, 2003).

En los 90' se delinea así una nueva burguesía local más asociada con el capital extranjero, de alta concentración de la renta y no necesariamente vinculada al mercado interno, como lo había sido la denominada "burguesia nacional" de décadas anteriores. Esta última había surgido a la vera del proceso sustitutivo de importaciones y tenía lazos estrechos con fuerzas políticas que habían llevado a cabo políticas de distribución de la riqueza, vía la mejora de los niveles de vida de los trabajadores vinculados, generalmente, con los servicios, la producción manufacturera industrial urbana o con las organizaciones obreras organizadas, vinculadas con la producción minera (como el caso de la COB Boliviana). Esto se produjo por la vía del aumento de los salarios reales, por la incorporación de sectores obreros al consumo masivo o por la incorporación de sistemas de seguridad social que aumentaban los derechos sociales. Dichas concesiones no fueron el fruto de una mera lógica invisible y abstracta de los capitalistas de la burguesía nacional, que tenían "buenas intenciones" con el objeto de distribuir la riqueza para ampliar el consumo interno, sino, sobre todo, fue el producto de las luchas sociales, llevadas a cabo por la clase obrera organizada en la mayoría de esos países. Este es el caso de Estados como Argentina, Uruguay y Chile, países que habían tenido un proceso de industrialización más temprana que el resto de los países latinoamericanos.

Los efectos de los planes de ajuste en la "era neoliberal" (durante los 80 y los 90) intensificaron y diversificaron la pobreza, surgiendo además nuevas formas de exclusión. El rebalse, que los desarrollistas habían vaticinado, no se produjo. Al contrario, tendió a aumentar relativamente la pobreza. La dependencia de los centros de mayor desarrollo económico se intensificó, tomando nuevas modalidades sobre todo vinculadas con la creciente transferencia de riquezas provocada por los flujos de la deuda por la enajenación de los recursos naturales y servicios básicos privatizados, básicamente por compañías europeas y americanas y por la política de subsidios a los productos agrícolas de la Unión Europea y de Estados Unidos de Norteamérica, que intensifican el deterioro de los términos del intercambio – temática esa que ya habían explicado la teoría de la dependencia y la CEPAL como una de las formas más radicales de exacción de excedente de parte de los países centrales a los periféricos, en la década de los 70' (dos Santos, 2002), y que ahora adquiere nuevas formas debido a la presión del imperio y los intereses de los países centrales, por la desregulación de los mercados internacionales sobre los países periféricos y, por el contrario, los subsidios que realizan los países centrales a sus productos primarios.

Junto a ello, la globalización neoliberal capitalista se traduce en un proceso creciente economización de lo social (Alvarez Leguizamón, 2005) y de intensa concentración de la riqueza. La globalización de la economía se ha convertido en el nuevo mito del rebalse que viene a complementar otro mito, el "trickle down" del desarrollo. La globalización desparramará beneficios a los países pobres y a los pobres de esos países. La aplicación de las recetas del consenso de Washington y la apertura de los mercados han llevado a una peculiar combinación de nuevas formas de integración global, con una intensificada polarización social, dentro de y entre las naciones, debido a que este proceso, puesto en marcha por fuerzas del mercado crecientemente no reguladas y móviles, ha polarizado las diferencias sociales$ tanto entre las naciones como dentro de ellas mismas (Coronil, 2000) y ha generado una creciente desigualdad y una concentración de la riqueza nunca vista.

Recientemente un informe de un Grupo Auditor del Banco Mundial, basado en otro informe de un "grupo independiente" de evaluación (IEG), afirma que las políticas de este organismo multilateral no han logrado reducir el número de pobres en los países que reciben sus créditos. Señala que sólo dos de cada cinco países que recibieron préstamos del organismo registraron un crecimiento continuado de su ingreso por habitante entre 2000 y 2005, y apenas uno de cada cinco desde 1995.

Aunque el informe no llama a un cambio de curso del Banco, implícitamente reconoce el fracaso de la institución, así como del FMI (Fondo Monetario Internacional) y otros prestamistas y donantes en la contribución a una forma significativa de reducir la pobreza en el último cuarto de siglo.

El lenguaje está manejado con mucho cuidado para no atacar directamente los fracasos de las ahora muy desacreditadas políticas de ajuste estructural del Consenso de Washington, causantes de pobreza, así como de la liberalización, de la privatización y de otras medidas de ajuste que todavía son requeridas en los préstamos de esas instituciones. (Doug Hellinger, 2006, cursivas y negritas nuestras)

En lo que hace a los efectos sobre la creciente pobreza de estos procesos a nivel latinoamericano, un documento de la CEPAL (2004: 6-7) sobre el "Panorama social de América Latina" afirma que en esta región en el 2002 convivíamos con 221 millones de personas pobres (44% de la población), de las cuales 97 millones se encontraban en condiciones de pobreza extrema o indigencia (19,4%), condenados a una muerte muy pronta porque no cuentan con los recursos mínimos de alimento y salud que permitan su sobrevivencia. El caso de Argentina es particular, ya que en vez de haberse reducido la pobreza extrema, como en países como Chile, ésta ha aumentado. En lo que respecta a la distribución de la riqueza medida en términos del índice de Gini, la Argentina es otro caso paradigmático. Pasó de ser uno de los países con un grado de desigualdad medio (entre 0,4700-0,5199), en el conjunto de los países latinoamericanos en 1990, a participar del grupo de países con mayor desigualdad de América Latina, junto con Brasil y Honduras, en el 2004 (0,5800-1).

En el último estudio del Banco Mundial que se acaba de poner en conocimiento relacionado con la pobreza, se informa que "aún" permanecen en la "pobreza más extrema" unos 47 millones de latinoamericanos. A pesar de la pobreza ser un fenómeno en aumento, el informe cree que es todavía "probable" que Latinoamérica y el Caribe logren reducir la pobreza a la mitad para 2015. Meta que forma parte de los denominados Objetivos de Desarrollo del Milenium (MDG) y que, por otro lado, algunos estudios ya consideran imposible. "Los que subsisten con menos de un dólar son cada vez más" dice el informe (World Bank, 2007).

Si hacemos el trabajo de llevar a equivalencias el valor de una canasta de consumo "tipo" a un dólar, veremos que una persona no puede subsistir en sus países con este monto y menos aún sus hijos y familiares. En un informe reciente, Mehrotra (2005) señala que, en el discurso internacional de las políticas para pobres, uno de los temas mas contenciosos es justamente esta medida internacional de las líneas de pobreza en un dólar al día por persona, en vez de las líneas de pobreza nacionales. Sin embargo, los llamados "Objetivos de Desarrollo del Milenium" han realizado sus cálculos para reducir la pobreza entre 1990 y 2015 en bases a esta medida. Las agencias internacionales han insistido en usar esta forma de medirla, a pesar de los problemas metodológicos que trae, arguyendo como única razón que esto permite la comparación entre países. Los resultados del estudio realizado por Mehorotra para Asia son, según el autor, "risibles". En un reporte en que estaba trabajando en el 2006, acerca del monitoreo de esos objetivos para el caso de Asia, descubrió "horribles anomalías": la pobreza creciente es mayor aún en base a las mediciones basadas en las canastas de consumo nacionales. Inclusive las calorías y proteínas necesarias para regenerar la energía gastada es una medida todavía mas precisa y se sabe ya que el dólar por día no sirve para ello (Mohammad Shafi, 1960).

Un trabajo reciente, que reflexiona también sobre la temática de la desigualdad persistente en América Latina, caracteriza nuestro subcontinente como poseedor del "síndrome de la caja vacía", término empleado por Fernando Fajnizylber (1990, citado por Korzeniewics; Roberto Patricio, 2000:8) para explicar el hecho de que, desde una perspectiva comparativa, el crecimiento económico en la región no ha sido acompañado por un significativo proceso de reducción de la pobreza y la desigualdad, como en otros casos. Esta nominación muestra la insistencia del discurso liberal, neoliberal y neokeynesiano, y en general el discurso del desarrollo, en la creencia mítica de que el crecimiento económico y el llamado "derrame" traen en si mismos prosperidad e igualan a los grupos sociales.

Afirma Korzeniewics (2000) que "las organizaciones multilaterales y las agencias supranacionales de desarrollo han desarrollado un nuevo y amplio consenso acerca de que la creciente pobreza y desigualdad constituyen el mayor obstáculo para el crecimiento económico y la construcción de sociedades más prosperas" (cursivas y traducción nuestra). La evidencia de una falta de relación entre prosperidad, bienestar y el llamado crecimiento económico no es ninguna novedad, y dicho de esta manera por cientistas sociales parece risible. Se sabe, desde hace mucho tiempo, que la tendencia propia del capitalismo es hacía la concentración del riqueza y su centralización, y que solo puede ser contrarrestada parcialmente con regulaciones políticas. El hecho de que ahora el discurso de estos organismos haya llegado a un consenso en aseverar que la desigualdad social es un obstáculo para el crecimiento económico muestra un cambio (en el lenguaje) en las mismas instituciones que habían promovido las reformas estructurales en nuestros países y que las siguen promoviendo como condición para renegociar deudas o como requisito para firmar tratados de libre comercio como el ALCA.

Si bien el actual discurso de estos organismos comienza a poner en el tapete, como una problematización social, a la desigualdad persistente en América Latina, como un problema para el "desarrollo", sin embargo sus estadísticas e informes, tanto relacionados con el aumento de la pobreza como con los procesos de desigualdad en los ingresos (pocas veces denominado con el nombre de concentración de la riqueza), no problematizan las modificaciones en la estructura social producidas por estos procesos crecientes de exclusión y división social de la sociedad en clases, de una manera cada vez más marcada y jerarquizada. Tampoco, por lo tanto, se preocupan por estudiar cuales son las clases sociales más favorecidas de estos cambios. Con respecto a las desfavorecidas, el discurso insiste en nominar a todos los estratos y clases sociales con la palabra pobres a secas.

Concentración de la riqueza y la transformación en la estructura social

La creciente concentración y centralización de la riqueza ha tenido un impacto profundo en la estructura social de América latina. Datos para hacerlo evidente sobran, generalmente producidos paradojalmente por aquellos organismos de crédito y/o "desarrollo" que incentivan la concentración de la riqueza o promueven la desigualdad, en forma indirecta con las políticas neoliberales que promueven.

Las privatizaciones; el desempleo creciente en las zonas rurales, por la expansión de la frontera agrícola – producida por nuevos productos de uso de capital intensivo y biotecnología, como en el caso paradigmático de la soja transgénica (en fuerte expansión en países como Argentina, Paraguay, Bolivia y sur de Brasil) –, y en zonas urbanas, cada vez más superpobladas; la desregulación entre el capital y el trabajo; la desindustrialización; y la creciente concentración de la tierra para uso agrícola están produciendo la expulsión de miles de campesinos y trabajadores urbanos, llevando a diásporas masivas de población que tienen consecuencias etnosociodemográficas de un impacto todavía poco estudiado, similar a la movilidad espacial coactiva de la etapa colonial de los esclavos y mitimaes, a las políticas migratorias blanqueadoras y civilizadoras, como la de Argentina, o a la migración interna masiva de las área industriales de la mayoría de los países con desarrollo industrial temprano, durante la denominada "etapa sustitutiva de importaciones".

Otro de los hallazgos de este último tiempo referidos a los cambios en la estructura social es que las estadísticas agregadas demuestran niveles más altos de los indicadores de pobreza en las ciudades y que la concentración de la riqueza es muy importante en el medio urbano (CEPAL, 1998). La migración campesina a las ciudades ha sido fruto de un proceso de concentración de la tierra cada vez más acentuado (Van Dam, Chris, 1999; FAO; 2002; Echeverría, Rubén, 1998, 2000), producto, entre otros aspectos, de las políticas de liberalización de las limitaciones a la venta de tierras comunitarias o ejidales en países como México, Ecuador o Perú. Por otro, aunque los sectores agrícolas de la mayoría de los países registraron un crecimiento considerable en el decenio de 1990, no están bajando los índices de marginación y pobreza rural (Echeverría, 2000). La distribución de la propiedad de la tierra expresada en coeficientes de Gini continúa siendo altamente inequitativa (FAO; 2002, cuadro 3).

A la par de la internacionalización del mercado y del aumento de la competencia, el trabajo se vuelve el blanco principal de una política de reducción de costos de producción. La seguridad contra el riesgo social se vuelve una política de foco individual, familiar o comunal, o se traslada al mercado para los "pudientes". La protección social ya no remite a una cuestión de derechos y queda ahora librada a la pertenencia a categorías o grupos sociales específicos que deben ser detectados por los expertos. En la focopolítica (Alvarez Leguizamón; 2004) no es la condición de ciudadano o de trabajador la categoría que ubica a las personas como sujetos de intervención, sino la de "grupos vulnerables" o "poblaciones objeto". Como contracara, los individuos y las familias experimentan una relativa autonomía con relación a las anteriores formas de tutela del Estado Protector y del contrato laboral, pero que se traduce, en estos casos, en un aumento de su vulnerabilidad social y de su desprotección. La reproducción social y la cohesión de quienes están en los márgenes o son expulsados del mercado queda en manos de la protección cercana y de la focopolítica de las organizaciones no gubernamentales, de la neobeneficencia o la neofilantropía empresaria y de millonarios. La perdida de los medios de subsistencia anteriores no se produce básicamente por la desposesión de medios de producción o instrumentos de trabajo, sino porque la condición la fuerza de trabajo no puede realizarse.

En Argentina se ha usado una expresión para hablar de los piqueteros (integrantes de el Moviendo de Trabajadores Desocupados de Argentina, que entre sus filas tiene a las más importantes víctimas de la transformación neoliberal): los nuevos recolectores. Esta comparación es gráfica para comprender la lógica de la reproducción de la vida de los que no tienen trabajo y a quienes, ante la imposibilidad de conseguir alimentos para la subsistencia, no queda otra posibilidad que la muerte en la ciudad. Sin embargo, la metáfora del recolector, aplicada a los trabajadores urbanos que no pueden covertirse en fuerza de trabajo y han sido desposeídos de sus medios de subsistencia vinculados con la tierra (Marx, C. (1973 [1894]), esconde el proceso más importante y brutal de la transformación neoliberal: el haber enajenado hasta de la posibilidad de vender la fuerza de trabajo en el mercado.

La reflexión sobre la crisis de la sociedad salarial, basada en el trabajo asalariado en Europa tiene muy poca aplicación al caso de América Latina, donde la condición de asalariado formal ha tenido una escasa cobertura en la mayoría de los países. Esta discusión, en realidad, es producto del reposicionamiento del poder económico con relación al poder político, en el que el capitalismo se emancipa del estado, se desterritorializa y se concentra, fijando nuevas reglas de juego económicas y, en consecuencia, políticas (Gorz, 2000). La sociedad salarial, según Castel (1999: 26), es aquella donde la mayoría de la gente es asalariada, pero además es una donde la mayoría de la gente extrae su renta, su estatus, su protección, su identidad, su existencia social, su reconocimiento social del lugar que ocupan como asalariados. Este lugar es el que permite acceder a otros sectores de actividad (esparcimiento, vacaciones pagas, la cultura, la educación, la salud). En los países latinoamericanos la asalarización no tuvo la extensión que alcanzó en los países europeos y menos aún la cobertura de la seguridad social vinculada al trabajo asalariado. En Argentina, y en otros países, con una relativa generalización, se realizó con fuerte incidencia en el trabajo precario (Galin y Novick, 1990), sin un correlato de formas permanentes de contrato de trabajo. Las formas de exclusión y precarización del mercado de trabajo mantuvieron, además de estos aspectos económicos, un carácter de segregación étnica. En algunos países, la precariedad del trabajo fue la regla, por ello la tematización sobre las diferentes formas de vulnerabilidad del trabajo atravesó el pensamiento social latinoamericano durante toda la segunda mitad del siglo XX (Alvarez Leguizamón, 2006).

Un estudio de Alejandro Portes y Nelly Hoffman (2003: 43), sobre los cambios en la estructura de clases en América Latina durante la era neoliberal, señala la falencia que tienen los diagnósticos de los organismos internacionales que producen datos o "indicadores" vinculados con aspectos sociales, puesto que no son analizados en términos de estructura social, lo que descontextualiza e invisibiliza las transformaciones estructurales. Los autores plantean entonces la necesidad de reintroducir y explicitar el abordaje de clases sociales en el análisis de las sociedades contemporáneas de América Latina. Para ellos, los estudios sistemáticos sobre la estructura de clases tienen la ventaja no sólo de analizar en términos agregados los niveles de vida, lo que muchas veces resulta superficial, sino de abordar como "ciertos grupos concientemente intentan estabilizar el orden social en defensa de sus privilegios" y otros grupos intentan subvertirlo a partir de las luchas sociales. Además, este abordaje pone el foco en las causas de la desigualdad y la pobreza, y no se queda en sus manifestaciones superficiales, como es común en las publicaciones oficiales de este tipo. A partir de una redefinición de la clásica concepción de clases sociales del marxismo, sobre la posesión de los medios de producción, incorporan como criterio el control sobre los medios de subsistencia (el trabajo de otros y sobre los recursos intelectuales). Para el caso de América Latina se observa la significancia de los trabajadores no incorporados en relaciones formales de trabajo y a los procesos de mercantilización de los trabajos legalmente regulados, que sobreviven en los márgenes, a través de formas variadas de subsistencia o economía semi clandestina – son los denominados como sector informal. "Esto trae aparejado que la comúnmente llamada clase proletaria no sea homogénea, sino que esté segmentada, debido a la limitaciones de incorporación en una economía legalizada, regularizada y monetarizada." Se sabe, sin embargo, que la presencia de la informalidad en las relaciones laborales ha sido una característica propia de los mercados de trabajo latinoamericanos rurales y urbanos y que la desregulación del trabajo, llamado eufemísticamente flexibilización, ha legalizado la informalidad (ver Alvarez Leguizamón, Sonia; 2007).

En base a estas reflexiones, los autores construyen una tipología de personas activas en relación al control sobre el capital, los medios de subsistencia, la fuerza de trabajo impersonal y burocráticamente organizada sobre trabajadores, basada en una graduación de tipos de "activos" a los que acceden los ocupados. La tipología se conforma por las siguientes clases y sub clases: capitalistas; ejecutivos, trabajadores de elite; petite bourgeoisie; proletariado formal no manual; proletariado formal manual; proletariado informal. En base a fuentes de la CEPAL (2000) e ILO (2000), construyen un cuadro sobre la estructura de clases de algunos países latinoamericanos, para el año 2000. Allí se observa que las clases dominantes (compuestas por capitalistas ejecutivos y profesionales) representan un porcentaje muy reducido de la población (1.4 en Brasil, 9.5 en Chile, 10.7 en Colombia, 5.0 en El Salvador, 5.7 en México, 11.2 en Panamá y 13.9 en Venezuela). Las clases subordinadas, definidas en términos amplios (proletarios formales no manuales y manuales y los trabajadores informales), llegan aproximadamente al 80% de la población de estos países. Dentro de las clases subordinadas, la capa más significativa es el proletariado informal (con más presencia en Brasil, con casi el 50%, el Salvador, México, Colombia y Panamá, con el 40%, y Chile, Costa Rica y Venezuela, alrededor del 30%). (Portes y Hoffmann, 2003: 52).

Los autores también prueban que un quinto de la fuerza de trabajo del presumible sector formal de la economía está compuesto por trabajadores no protegidos por la seguridad social. Basados en esta corrección, comprueban que los proletarios manuales formales fluctúan entre el 20 y 30% de la población trabajadora adulta y que no exceden el tercio de la población económicamente activa en ningún país. Realizan un análisis comparativo de la transformación de la estructura de clases urbana en Latinoamérica, para los países que tienen datos, entre 1980 y 1998. Allí constatan elementos de mayor importancia. Que se ha producido una baja constante en los trabajadores del sector público y los pequeños emprendedores y un estancamiento o crecimiento del sector informal, observable en todos los países de la región (Argentina, Bolivia, Brazil, Chile, Costa Rica, Ecuador, El Salvador, Honduras, México, Panamá, Paraguay, Uruguay, Venezuela). Observan que hubo una disminución paralela (no monotónica) de los proletarios formales en todos los países, pero más visible en aquellos donde la información llega a los años 80. Ejemplos de este tipo son: Brazil (50% en 1979 y 45% en 1997), Costa Rica (60% en 1981 y 50% en 1998) y Uruguay (56% en 1981 y 48% en 1998). En casi todos los casos, la tendencia a la disminución de proletarios formales se debe a la estagnación del sector privado como demandante de empleo, junto a la significativa contracción del sector público (Portes y Hoffman; 2003: 55). Los autores luego cruzan los datos sobre la estructura social de clases con los ingresos, en el período de las modificaciones neoliberales. Comprueban allí dos hechos evidentes. Primero, la enorme disparidad en ingresos entre las clases dominantes, especialmente los capitalistas (a pesar de que estos datos están subvaluados) y el resto de la población. En segundo término, la fuerte variación entre los países. Los ingresos promedios de las clases dominantes en relación a los trabajadores informales son 6 veces más en México, 10 veces en Chile y 11 en Brasil. Existen significativas variaciones entre países; por ejemplo, Costa Rica es el país más igualitario, y en el otro extremo están Brasil y Chile, con importantes diferencias en Brasil, donde el promedio de ingresos del sector informal de trabajadores es dos veces menos que los valores de los niveles de pobreza.

Un estudio de Klein and Tockman (2000 citado por Portes y Hoffman, 2003), donde se aborda la evolución de la desigualdad de los ingresos en nueve países de América Latina, vinculando el 20% de la población más rica con el del 40% de la población de menores ingresos, comprueba que en todos los países analizados (con la excepción de Panamá) los ingresos de la población en los quintiles más altos crece más rápido (o disminuye menos) que en los quintiles más bajos. Como consecuencia, el coeficiente de desigualdad entre los dos grupos y clases sociales ha crecido significativamente en ocho de los nueve países estudiados.

El resultado del análisis de las transformaciones de la estructura de clases en la era neoliberal muestra además que, en todo Latinoamérica, no se necesita estar desempleado para ser pobre, y, por otro lado, que la gran mayoría de la población trabajadora recibe salarios que los condenan a la pobreza, debido sobre todo a la concentración de la riqueza.

La extrema concentración de la renta se expresa además en el espacio urbano, donde las desigualdades, la precarización del empleo y la creciente concentración de la riqueza han producido una precarización cada vez mayor del trabajo urbano formal e informal (Portes y Roberts, 2005), profundizándose la desigualdad y la fragmentación social. En nuestras ciudades se produce un creciente aislamiento de los pobres, el que se expresa de varias formas según Queiroz Riveiro (2005): por el distanciamiento territorial (proceso de marginación de las clases sociales), por la construcción de enclaves territoriales de las clases dominantes (condominios-cerrados) y por la construcción de barreras simbólicas resultantes de la monopolización de la riqueza y del prestigio social de las clases altas o de la institucionalización de la falta de prestigio social de los pobres.

Esta transformación estructural de la sociedad se expresa no sólo en términos de clases sociales; también produce la formación de nuevos grupos cuya inscripción no es ya en términos de clase, ni de acceso a activos. Podríamos hablar de una casta, en la base de la sociedad, para la cual no hay posibilidades de integración social. Muchos de estos grupos constituyen nuevas formas de marginalidad, fuera de las expresiones tradicionales de pobreza y miseria. Estos son muchos de los fabelados, de los desocupados, de los sin techo, de los sin tierra o de aquellos que forman parte de grupos del crimen organizado y que se encuentran en guerra con la violencia policial o parapolicial en las grandes ciudades. No se encuadran en las clásicas tipologías de las ciencias sociales o de los funcionarios gubernamentales cuyo producto no es sólo la fuerte concentración de la riqueza, la invisibilidad de la pobreza y la miseria, la falta de acceso a activos o la indolencia de los gobernantes, sino que son casos que expresan estos nuevos tiempos, de fuerte exclusión y violencia social.

Ante esta realidad ¿que se puede decir de nuevo sobre las causas de la producción de la desigualdad y de la concentración de la riqueza? Es bueno recordar que hay una producción teórica importante sobre el tema de los vínculos entre los derechos y la idea de Justicia Social, desarrollos desde la filosofía política liberal, neoliberal y neoconservadora en este último tiempo, los que han ido naturalizando la creciente desregulación sobre la concentración del capital. Para Nozick, "la libertad personal y los derechos de propiedad asumen una prioridad absoluta sobre los 'derechos económicos'". Aún más, el Estado debe proteger estos últimos derechos por encima de los otros. Por otra parte, Rawls, en su teoría sobre la justicia, señala la primacía de ciertos derechos políticos, tales como el derecho a acceder a derechos económicos como el de propiedad y libertad. Al igual que Nozick, opina que el Estado debe "abstenerse de redistribuir el ingreso para no amenazar estos derechos" (Solimano; 2004). También es interesante que la economía política del bienestar, a través de Amartya Sen, haya reconocido, en diálogo con estos otros pensadores, que la pobreza implica falta de libertades para elegir en el mercado de bienes y servicios y, por ende, de capacidades para desarrollarse como personas humanas (Amartya Sen, 1981). Este pensamiento y su influencia sobre las ideas neoliberales y de la denominada "economía del bienestar" no ha hecho más que invisibilizar el principio básico que produce la concentración de la riqueza de manera cada vez más escalofriante, el de la utilidad indiscriminada y sin límites, la libre circulación del capital sin ninguna regulación (más aún si se trata de capitales provenientes de los países centrales o de los empresas multinacionales), la utilización de los recursos naturales no renovables de una manera no sustentable y sobre todo la expropiación de la riqueza generada en pocas manos.

Millionarios Latinoamericanos y nuevas estrategias de poder

El capitalismo no se expresa solo en forma macroestructural o macroeconómica. La nueva forma del capitalismo globalizado se muestra todos los días, en el día a día de la explotación capitalista. La riqueza es riqueza producida por la sociedad toda, que es apropiada en forma desmezurada por pocas empresas multinacionales y muy especialmente por pocos individuos.

James Petras (2007, traducción nuestra), realiza un interesante análisis sobre la clase dominante global (los billonarios del mundo,2 2 Antiguamente a billón equivalía a un billón, pero hoy en día equivale a mil millones. A trillion equivale a un millón de millones, es decir un billón (Diccionario Oxford Pocket, Edición Rioplantense, Español-Inglés , Ingles-Oxford University Press Español, 2002). en base a la información provista por Forbes), de las causas más importantes del origen de los millones o billones que hicieron, así como de las razones por las cuales muchos de ellos están en los primeros puestos, en el año 2006. Tiene en cuenta, para ello, los procesos socioeconómicos y políticos que sucedieron en los distintos subcontinentes, durante la década de los 90 y estos últimos años. Para el caso latinoamericano, su hipótesis es que los dos países con mayor concentración de la riqueza y mayor número de billonarios en Latinoamérica son México y Brazil (77%), países que son, a su vez, los que tuvieron privatizaciones de monopolios públicos de los más lucrativos, eficientes y grandes. Del total de 157,2 billones de dolares apropiados por 38 billonarios latinoamericanos, treinta son brasileños o mexicanos, con 120,3 billones. La riqueza de 38 familias e individuos excede a la riqueza de 200 millones de Latinoamericanos (0,00002 %). Otra hipótesis de Petras se vincula con los factores que contribuyeron a esta concentración: la implementación de impuestos regresivos agobiando a trabajadores y campesinos (habría que agregar que también se perjudicó la clase media y los pequeños productores), así como las exenciones y subsidios para el sector agro-minero exportador. Además, Petras considera que la principal causa del crecimiento de la pobreza, en América Latina, ha sido una política estatal (privatización, desregulación financiera y desnacionalización de empresas públicas) que seguía las recetas del llamado Consenso de Washington, lo que facilitó el crecimiento de la riqueza y de los millonarios. En el caso de México, las privatizaciones de la empresa nacional de telecomunicaciones a un precio muy bajo tuvo como resultado que el empresario mexicano Carlos Slim Helu cuadriplicara su riqueza. Slim se ha convertido en el tercer hombre más rico del mundo (con un patrimonio neto de 49 billones de dólares). Los mexicanos que siguen en la lista, Alfredo Harp Helu y Roberto Hernández Ramírez, se han beneficiado de la privatización de bancos y su subsecuente desnacionalización, con la venta de Banamez a Citicorp. Brasil tiene el mayor número de millonarios (20) de cualquier país de América Latina, con una riqueza neta de 46,2 billones, cifra mucho mayor de la que acceden los 80 millones de brasileños empobrecidos en áreas rurales y urbanas.

¿Cuales son las representaciones de los más ricos sobre el mundo y sobre los pobres? Saber esto ¿cambiaría las condiciones de desigualdad? Quizás mirar las causas que la producen y la manera en que adquieren legitimidad social, por medio de su prácticas filantropoempresarias, sea un camino más rápido.

Para comenzar a pensar en los vínculos entre legitimación social y filantropía multimillonaria (circunscrita a una de las formas públicas y globales de legitimación social de los millonarios), podríamos preguntarnos sobre las diferencias de estos estilos filantrópicos entre los más millonarios de USA y los más de Latinoamérica. Quizás podríamos decir que los primeros tienen una tradición más vieja de filantropía, no tanto benéfica como vinculada con la cultura y con el arte, como el caso Carnegie & Mellon (Universities) o como los más multimillonarios del mundo, Bill Gates y Warren Buffet. El primero, según la información suministrada por Forbes, se ha gastado 29 millones de dólares en su fundación, cuyos objetivos se vinculan con la erradicación de pandemias como la Malaria y el Sida en África. Sin embargo no ha bajado de su primer puesto en el ranking de los millonarios del mundo. Slim, el empresario mexicano, tercer multimillonario del mundo, es dueño de la empresa telefónica monopólica Telmex, de México, que adquirió en una privatización en 1991, como describe Petras. A partir de allí, lidera la mayor compañía de telefonía móvil en América Latina (Telcel), así como de provisión de servicios bancarios, de Internet, venta de seguros y equipos para la industria petrolera. En la misma fuente de información se relata un episodio entre Slim y Stiglitz (el ex-integrante del Banco Mundial, primer economista jefe y uno de los principales promotores de las transformaciones neoliberales más importantes, cuyos resultados ya conocemos). Stiglitz comentó sarcásticamente que en una reunión con Carlos Slim éste le preguntó ¿que debería hacer él por su país?, y Stiglitz le respondió: "¡Pagar impuestos, querido amigo!". Este comentario irónico está poniendo en el tapete el conocimiento que posee una figura de la talla de Stiglitz acerca de la evidente evasión impositiva que se produce en nuestros países, de parte los más ricos. De todas maneras, no se trata sólo de hacer cumplir con los regresivos sistemas impositivos de nuestros países, como opina Stiglitz, sino de ejercer una mayor regulación sobre esta concentración desmedida y modificar las condiciones que la reproducen.

Es interesante observar las características particulares que adquieren las prácticas filantropoempresarias y la de otros multimillonarios, como forma de legitimación social. Esta neofilantropía parece derivada de la vieja filantropía empresaria, que promocionaba aspectos culturales y que ahora pasa a preocuparse de los pobres africanos o a realizar acciones filantrópicas que relacionan la cultura con la pobreza. Por ejemplo, acciones dirigidas a los pobres "inteligentes" (como el caso del millonario Julio Mario Santo Domingo, de origen colombiano). Este ha donado 24 mil millones de pesos colombianos a la Universidad de los Andes (donde la matrícula puede llegar a valer hasta 8 millones de pesos por semestre) para becas a estudiantes pobres con altas calificaciones. Al mismo tiempo, a través de la venta de una de sus empresas (Bavaria) a Sab Millar, el grupo Santo Domingo dejó de pagar impuestos a Colombia, por la suma de mil doscientos millones de dólares. La donación significó sólo el 0.07% de lo que le hubiera correspondido ingresar al fisco del Estado colombiano.

Otras fuentes de esta neofilantropía provienen de algunos músicos multimillonarios, como el caso del irlandés Bono. La Fundación ALAS para América Latina, promovida por Shakira, está en sintonía con esta línea. Esta fundación es muy peculiar. Condensa o resume ambas tendencias neofilantrópicas, la de los millonarios empresarios y la de los millonarios músicos de América Latina. En la inauguración de ALAS, en la ciudad de Panamá, se realizó un acto mediático donde se pudo ver quienes integran esa iniciativa: músicos y multimillonarios latinoamericanos. En esa ocasión, Slim habló en nombre de los empresarios, declarando, paradojalmente, la guerra contra la pobreza: "Espero que la iniciativa crezca y se convierta en un frente común y con objetivos claros, como luchar contra la desnutrición. Estamos declarando hoy la guerra contra la pobreza y hay que hacerlo rápido".3 3 Noticias Televisa, 13 de Diciembre del 2006. www.esmas.com/noticierotelevisa/inernacionales/ 589149.html Este acto mediático, promovido por la prensa internacional que se ocupa de la vida íntima y pública de estos nuevos dioses del Olimpo, logra, por un acto de magia simbólico, eximirlos de culpa y cargo ante la opinión pública. Slim, el tercer multimillonario del mundo, le declara la guerra a la pobreza. Paradójico y cínico sin duda.

La fundación, además, se ha vinculado con el Programa Mundial de Alimentos (PMA) de las Naciones Unidas, firmando un acuerdo de cooperación "en un esfuerzo conjunto para combatir el hambre y la desnutrición que padecen millones de niños en la región". Se dice que este acuerdo permitiría la cooperación entre ALAS y el PMA en áreas que incluyen infraestructura, logística, recursos humanos y conocimientos, entre otras. Ya hemos comprobado la poca credibilidad que tienen los Objetivos del Milenio, en base a los datos de aumento de la pobreza, registrados luego del año 2000. Con estas acciones, de alto impacto en la opinión pública, estas organizaciones integradas por multimillonarios legitiman su riqueza y la alta concentración de los ingresos que poseen. Paradojalmente, se auto asignan funciones concientizadoras sobre gobiernos para disminuir, dicen, la pobreza, la desigualdad, la desnutrición y el hambre, que ellos mismos provocan en forma indirecta y, las más de las veces, directa. Intentan entonces distinguirse de los productores directos de pobreza. En este acto performativo, con objetivos loables, logran alto consenso en la población y, al mismo tiempo, por un acto de magia simbólica, se alejan de su participación activa en la producción de la pobreza. Nos quieren convencer que los gobiernos son los principales causantes de la producción de pobreza y que, con la cooperación de su fundación y organismos "de promoción del desarrollo" (de fuerte legitimación social), ellos ayudarán a estimular a que los gobiernos cumplan con los objetivos de reducción de la pobreza, que al mismo tiempo los empresarios millonarios (que forman parte de la fundación) producen día a día.

Shakira, en ocasión de la firma del convenio, vinculado con el cumplimiento de los objetivos del Milenio, sintetiza los elementos de este nuevo discurso filantrópico, basado en la creencia de que la reducción de la pobreza se producirá gracias a los Objetivos del Milenio. Dice Shakira: "La pobreza será historia". Además junto a ello considera que la "falta de educación" es la causa por la que se contraen enfermedades de tipo pandemia como el SIDA. Esta libre asociación entre falta de educación y enfermedades es una constante en los discursos civilizatorios, eugenésicos y filantrópicos (Alvarez Leguizamón, 2004).

Las fundaciones de este tipo adquieren legitimidad no sólo como estimuladoras sobre los Estados nacionales para que cumplan los Objetivos del Milenio, sino además como "colaboradoras" de las agencias de las Naciones Unidas para lograr este fin. Millonarios y músicos también millonarios, junto con programas de las NU destinados a disminuir el hambre en el mundo, realizan acciones conjuntas en base a deseos loables, pero poco creíbles.

La fundación ALAS y el BID recientemente han firmado un memorando de entendimiento general para desarrollar acciones concretas en la "educación inicial de América Latina". El componente educativo es un viejo campo de acción de las instituciones filantrópicas que creen que la falta de educación es la causa de la pobreza, además de usarla como elemento disciplinador (Donzelot, 1980). La insistencia en el elemento educativo, como forma de lograr disminuir las desigualdades, es muy ingenua. Los estudios analizados muestran que América Latina, junto con la creciente pobreza, ha aumentado significativamente sus tazas de escolaridad. Más allá de que se sabe que a mayor nivel educativo mayores ingresos, también existen datos que prueban que la educación no asegura empleos, ni tampoco empleos dignos, como lo demuestra el estudio de los cambios de la estructura social de Portes y Hoffman. El entendimiento con el BID, según sus voceros, traduce "la voluntad del banco de apoyar un proyecto concreto de acción social en materia de educación inicial". Sin embargo no se sabe todavía de que se trata.

También existe una nueva tendencia en esta "escalada filantrópica", la que está buscando réditos económicos, no sólo vinculados a la evasión de impuestos y a la búsqueda de legitimidad social, sino a la generación de ganancias. Es algo así como una concepción corregida de la obra benéfica. "Ya no se habla de caridad, sino de inversión social; la acción social no se financia con fundaciones, sino con fondos de capital riesgo; el concepto 'beneficio' no se desprecia, sino que se potencia." La frontera separadora entre filantropía y negocio está cada vez más borrosa. La nueva generación de filántropos, llamados filantroempresarios, ha triunfado en el capitalismo extremo, y en él creen que está la clave para conseguir los máximos resultados para la obra social.

Cierta historia social de las elites, en América Latina, ha mostrado la importancia que tienen las empresas familiares en relación al poder político (Bragoni, 1999), o también estudios sobre antropología política han estudiado los fuertes nexos entre las familias y el poder político, no sólo vistos en términos de acumulación de riqueza, sino también de la micropolítica, manifestada en luchas entre miembros de familias empresarias que se dirimen en el marco del poder político local, como es el caso del estudio realizado por el antropólogo Federico Neiburg (2001). Neiburgh analiza el caso de una crisis familiar entre miembros de una familia de bodegueros de la provincia de Salta, Argentina, a mediados del siglo XX: los "Michel Torino" (nombre de un conocido vino de la zona), quienes dirimen sus cuentas y la división de la empresa por medio del manejo del poder político y de la influencia de una rama de la familia sobre la prensa local, mediante una medida del gobernador de turno (perteneciente al partido político Peronista) de que se intervenga en un medio de prensa escrita, de propiedad de una de las ramas de la familia (de extracción Radical, partido opositor al peronismo de la época), lo que es una de las más importantes causas de que el conflicto sea favorable a la otra rama.

El ejemplo de la familia Vollmer, en Venezuela, resulta paradigmático de los cambios de la burguesía Latinoamérica y el origen de algunas de las empresas multimillonarias actuales: de la hacienda a la plantación, de allí a la agro-industria, a las finanzas o a la administración de empresas privatizadas. Alberto Vollmer, uno de los primeros millonarios de América Latina, posee la fundación que lleva su mismo nombre y que promueve "artes, ciencias y educación". Esta fundación tiene parte de sus colecciones artísticas en una "hacienda". En la historia de algunos de los actuales millonarios latinoamericanos, la propiedad de haciendas, institución social neocolonial basada en sistemas de semiservidumbre, es un elemento altamente significativo. Un estudio sobre empresas familiares (Monteferrante; 2007) muestra que "entre 65% y 90% de las empresas en el mundo son empresas familiares"; "de hecho, se calcula que 40% de las 500 empresas más grandes que aparecen en la revista Fortune - que da cuenta de los emporios económicos más importantes del mundo - son propiedad de familias o están controladas por ellas". Dice Monferrante que "usualmente cuando se habla de empresas familiares se tiene la percepción de que son pequeñas entidades económicas, con tecnología obsoleta, recursos financieros escasos y sistemas administrativos incipientes. Pero no es así. Resulta que grandes e importantes empresas internacionales son organizaciones de corte familiar, que de pequeñas y obsoletas no tienen nada. En Venezuela, grupos económicos de destacada trayectoria y crecimiento como Alfonzo Rivas y Cía., Central Madeirense, Clínica La Floresta, C.A., Ron Santa Teresa (de la familia Vollmer) y Don Perro son en realidad empresas familiares. Y también lo son otros grandes grupos como Empresas Polar y Grupo Cisneros, que no tienen nada que envidiarle a conglomerados económicos de otros países como Cargill, Ford, Wall Mart, Televisa y TV Azteca, que también son compañías dominadas por apellidos". En América Latina, los denominados grupos creados y controlados por familias constituyen la modalidad de propiedad que prevalece en la mayoría de los sectores industriales y de servicios. Alberto Vollmer, presidente de la empresa C.A Ron Santa Teresa, indica que él pertenece a la quinta generación desde los fundadores, "lo que quiere decir que superaron el mito de que la tercera acaba con la empresa"; según Montferrante, además Vollmer enfatiza que "la gente tiende a confundir las etapas de las empresas con las generaciones. Está la etapa del fundador, luego la sociedad de hermanos y después el consorcio de primos. Pero sucede que puede haber un fundador con dos hijos, y éstos, cuando llegan a la madurez, deciden dividir el negocio. Entonces cada uno regresa a la etapa del fundador. Lo que es difícil es que siga en manos de la misma familia sin dividirse, vender o quebrar".

Conclusion y agenda politica

Una interesante temática de estudio sobre la perpetración de la pobreza y de la reproducción de las jerarquías sociales en América Latina, que puede dar cuenta de la persistencia de la desigualdad en nuestro subcontinente, más allá de los análisis macroestructurales y de casos, que hemos realizado en este artículo, es la de la infrapolítica de los dominantes basada en la transcripción oculta. James Scott (1990) utiliza este último concepto, en el campo de lo que denomina infrapolítica, para explicar las formas del poder y de la resistencia cotidiana. Le interesa como la transcripción oculta es construida, sostenida y los propósitos a los que sirve. ¿Por que son tan importantes, en las relaciones de poder, la performance pública de la deferencia y la lealtad? Por ejemplo, en nuestro caso de los millonarios con la pobreza por medio de actos filantrópicos, ¿quien es la audiencia de este juego simbólico? Para Scott, la transcripción pública es el autorretrato de las elites dominantes, tal como ellas mismas se ven. Dado el poder usual de las elites dominantes para imponer performances a otros, el discurso de la transcripción pública es una discusión sin contrapeso (desbalanceada). Mientras está lejos de ser meramente un conjunto de mentiras y representaciones distorsionadas, es, por otra parte, una narrativa significativamente parcial y partidista. Está diseñada para impresionar, afirmar y naturalizar el poder de las elites dominantes y para ocultar o eufemizar la oscura línea de la dominación.

Es importante también estudiar las diferentes formas en que se perpetúa el poder económico, político, social y familiar a nivel local, quienes son y cómo los principales sujetos, sociedades o empresas familiares se apropian de la riqueza producida socialmente. Es hora de que las ciencias sociales latinoamericanas reactualicen esta tradición, en parte desarrollada por el enfoque de la dependencia, en sus estudios de caso (Alvarez Leguizamon, 2007). Es necesario revisitar esta tradición que muestra las relaciones y configuraciones sociales que reproducen y perpetúan la desigualdad, en un rango de jerarquías sociales que se mantiene en el largo tiempo, por la propia complejidad dinámica de procesos mutuamente interconectados y de diversa índole: socio-históricos, estructurales, contextuales y discursivos. Cuando nos referimos a "configuraciones sociales" de inclusión subordinada, estamos pensando (Alvarez L. 2005) en la idea de Elías (1996 [1969] y 1998a y b) de configuraciones sociales para explicar procesos históricos, donde existen relaciones de interdependencia entre grupos sociales, con diferenciales de poder que se mantienen en el largo tiempo. Estas conforman sistemas de interdependencia subordinada y vínculos recíprocos. En éstos, los sectores subordinados (grupos, clases, etnias) no están excluidos sino incluidos en forma subordinada. Si bien Elías estudia las diferenciales de poder, no sólo entre configuraciones (constituidas por clases o estamentos, como la de la nobleza y la plebe), sino también en términos de estatus o de establecidos y recién llegados, creemos que esta idea complementa la visión de las relaciones de dominación de clase y nos permite entender también los vínculos de interdependencia de la transcripción pública y oculta de las relaciones sociales más locales y micro como también las de las más globales y macro, así como las que se generan a partir del acceso o no a derechos, a bienes tangibles e intangibles, los que se materializan en diferentes formas de ciudadanía civil, social y política (Marshall, 1998) y que, a su vez reproducen la diferencia y la desigualdad en el largo tiempo.

Títulos de libros recientes muestran esta problematización de las ciencias sociales que debe ser puesta en primer lugar en la agenda social. Por ejemplo, el del sociólogo Charles Tilly (2000) en USA, "La Desigualdad Persistente", u otro proveniente de la nueva sociología francesa que tematiza sobre "La Nueva Era de las Desigualdades" (Fitoussi y Rosanvallon, 1996). Si bien la desigualdad es persistente, aparecen nuevas formas en que esta se manifiesta. Las nuevas potencian las viejas; ¿cuales son los mecanismos sociales socio-históricos, estructurales y contextuales que las producen?

En la mayoría de las campañas de los programas para "eliminar", "atacar", "disminuir" la pobreza en el mundo y en América Latina, no hay ninguna propuesta que se esté discutiendo, en el conjunto de las organizaciones supranacionales, y dentro de nuestros propios Estados, que tenga que ver con la regulación de la creciente concentración de la riqueza en pocas manos. Se trata de aportar a la idea de que estas tendencias no son inevitables y pueden revertirse, aunque sea de manera parcial. Esto implica, entre otros aspectos, intensificar la regulación social sobre las tendencias intrínsecas del capital a la acumulación de riqueza, concentración y centralización en pocas manos.

Sería conveniente incorporar en la agenda pública las temáticas vinculadas con la importancia de medidas regulatorias para disminuir los efectos perversos de la creciente concentración de la riqueza, no sólo a nivel nacional sino global, para frenar en parte los procesos de producción de la pobreza que esta centralización produce. Los efectos de las reformas estructurales han agudizado la concentración de la riqueza en América Latina como en ningún lugar del mundo, y, junto con ello, la producción de la pobreza en forma masiva. Ni la neofilantropía empresarial de los multimillonarios, ni las buenas intenciones de los organismos supranacionales de "desarrollo" han mostrado ser efectivos para reducirla. Solamente sirven para invisibilizar la creciente desigualdad y autolegitimarse, naturalizando la creciente desigualdad social.

Recebido: 15/05/2007

Aceite Final: 10/06/07

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  • 1
    El trabajo de investigación de archivo fue realizado por el alumno de la carrera de Antropología de la (UNSA) Sebastián Muñoz.
  • 2
    Antiguamente
    a billón equivalía a un billón, pero hoy en día equivale a mil millones.
    A trillion equivale a un millón de millones, es decir un billón (Diccionario Oxford Pocket, Edición Rioplantense, Español-Inglés , Ingles-Oxford University Press Español, 2002).
  • 3
    Noticias Televisa, 13 de Diciembre del 2006.
  • Fechas de Publicación

    • Publicación en esta colección
      12 Set 2007
    • Fecha del número
      Dic 2007

    Histórico

    • Acepto
      10 Jun 2007
    • Recibido
      15 Mayo 2007
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