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Tomografia computadorizada versus avaliação clínica no diagnóstico e tratamento das infecções cervicais profundas

CONTEXTO: Infecções profundas do pescoço têm um potencial alto para complicações graves e morte, se não corretamente diagnosticadas e tratadas. A diferença entre resultados de avaliação clínica e tomográfica pode demonstrar que a avaliação clínica isolada subestima a extensão de doença, o que pode conduzir a tratamento conservador e a pior prognóstico. OBJETIVO: Comparar achados clínicos à tomografia computadorizada de pescoço em relação aos espaços cervicais envolvidos e determinar as características clínicas e radiológicas principais associadas com infecção de espaço profundo de pescoço. TIPO DE ESTUDO: Estudo retrospectivo não randomizado. LOCAL: Departamento de Otorrinolaringologia - Cabeça e Pescoço, Universidade Estatal de Campinas, Brasil, um centro universitário, terciário. MÉTODOS: Foi avaliado prontuário médico de 65 pacientes com infecções profundas de pescoço. Foram analisados idade, gênero, queixas clínicas, exames físicos, resultados de raios-x e tomografia computadorizada, microbiologia, tratamento e resultados. Foram avaliados os sinais clínicos e sintomas, estratificados em ordem de freqüência. A freqüência de espaços cervicais profundos envolvidos nesta infecção também foram avaliados clínico e tomograficamente. Todos resultados clínicos e tomográficos foram comparados com a observação cirúrgica em relação aos espaços cervicais afetados por infecção. RESULTADOS: Os resultados clínicos mais freqüentes foram inchaço cervical, dor local, eritema cutâneo local e aumento localizado de temperatura. O local mais afetado de acordo com a avaliação física foi o triângulo de submandibular (49,2%), mas, à tomografia computadorizada cervical, foi o espaço látero-faríngeo (65%). Mais de um espaço cervical profundo foi acometido, de acordo com a tomografia computadorizada cervical, em 90% dos pacientes, como demonstrado pela extensão do edema e aumento de captação de tecidos moles, e em geral apenas um espaço à avaliação clínica isolada. DISCUSSÃO: Os sintomas clínicos mais freqüentes das infecções cervicais profundas foram dor cervical, aumento de volume cervical e febre. Sinais importantes da tomografia computadorizada, para avaliação desta infecção, foram aumento de captação de contraste em tecidos moles do pescoço e edema. O espaço profundo do pescoço mais afetado pela infecção foi o laterofaríngeo, pela tomografia computadorizada do pescoço. O espaço submandibular foi o mais freqüente, ao exame físico, mas foi o segundo mais freqüente, de acordo com a tomografia computadorizada do pescoço, uma vez que o láterofaríngeo é um espaço difícil de ser examinado. Este exame é o mais importante para avaliação correta dos espaços cervicais envolvidos para a sua correta drenagem cirúrgica. CONCLUSÕES: Os achados clínicos mais freqüentes foram massa cervical, dor de pescoço, eritema de pele local e aumento de temperatura local. Avaliação com tomografia computadorizada cervical, demonstrou o espaço láterofaríngeo como o espaço cervical mais afetado. Mais de um espaço profundo de pescoço esteve acometido em 90% dos pacientes à tomografia computadorizada cervical. Avaliação clínica subestima a extensão de infecção profunda do pescoço em 70% de pacientes.

Drenagem; Abscesso; Infecção; Pescoço; Tomógrafos computadorizados


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