O exercício profissional é problematizado com base em diferentes temas, como o sigilo profissional que, numa perspectiva ética, é revisitado por Simone Sobral Sampaio e Felipe Wingeter Rodrigues, considerando as exigências postas ao profissional na relação institucional e legal, bem como o domínio mediático da vida privada da população pobre na sociedade brasileira.
Já o artigo de Lélica Elis P. de Lacerda, tem como objetivo discutir o exercício profissional, tomando seu caráter sincrético no cotidiano, e por meio da análise ontológico-crítica, conectá-lo à historicidade, ressaltando a crise estrutural do capital e a transição histórica como solo fértil para necessidades sociais radicais em direção à emancipação humana.
Na área da saúde, Francis Sodré se propõe a refletir sobre as ações realizadas por assistentes sociais na atenção primária em Vitória/ES, focadas nas abordagens de promoção da saúde e prevenção de doenças.
A temática de gênero vem sendo cada vez mais trabalhada em diferentes estratégias pedagógicas nos cursos de Serviço Social, sugerindo-se a sua inclusão na graduação, como aponta Rita de Lourdes de Lima, com base em uma pesquisa feita em 32 universidades brasileiras.
Um outro conjunto de artigos que resulta de pesquisa, diz respeito a políticas e programas sociais. Com a temática de crianças abrigadas em Minas Gerais, Frederico Poley Martins procurou identificar junto a instituições que prestam serviços de acolhimento no estado de Minas Gerais, os principais motivos de encaminhamento, constatando distintas concentrações nas várias regiões do estado. Mantendo o olhar regional, o artigo de autoria de Emanuel Luiz P. da Silva, Mariangela Belfiore Wanderley e Marinalva de Sousa Conserva, tem como objetivo apresentar o conhecimento local das pescadoras artesanais do estuário do rio Paraíba, no estado da Paraíba, apontando a ausência de proteções no campo da garantia de direitos, de serviços e benefícios públicos a essas populações.
A contribuição de José Pablo Bentura, ao discutir os Programas de Transferência de Renda Condicionada, implementados no Uruguai a partir da criação do Ministério de Desarrollo Social (Mides) em 2005, aponta para o paradoxo contido no próprio programa: a busca por integração social acaba restrita aos limites impostos pela retórica neoliberal.
Um outro artigo, neste conjunto, trata da avaliação de programas e serviços sociais. Resultado de um projeto de Iniciação Científica, os autores Max Felipe Vianna Gasparini e Juarez Pereira Furtado, buscam desvendar as formas como a avaliação de programas e serviços sociais, especialmente no âmbito da assistência social, vem sendo constituída em nosso país, por meio de uma revisão sistemática nos bancos de dados e na bibliografia sobre o tema.
Ivete Simionatto, em artigo dedicado à memória de Carlos Nelson Coutinho, originalmente apresentado pela autora no XX Seminário Latinoamericano de Escuelas de Trabajo Social, realizado em 2012 em Córdoba, na Argentina, procurou refletir sobre o papel dos intelectuais na contemporaneidade, formas de sua inserção na vida pública, a importância das ideias na disputa do poder e o conhecimento e engajamento político dos intelectuais do Serviço Social nesse processo.
Duas resenhas completam este número. A do livro de Ricardo Antunes, A Educação em Mészáros: trabalho, alienação e emancipação, elaborada por Ricardo Lara. E a resenha da obra de Edlene Pimentel - Uma "nova questão social"? Raízes materiais e humano-sociais do pauperismo de ontem e de hoje.
Para finalizar, ressalta-se que este número traz importantes reflexões sobre o cotidiano do trabalho do assistente social e contribui para o fortalecimento do projeto ético-político do Serviço Social.
Editorial
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
04 Abr 2014 -
Data do Fascículo
Mar 2014
