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SOBREVIVENDO AO ABUSO SEXUAL NO COTIDIANO FAMILIAR: FORMAS DE RESISTÊNCIA UTILIZADAS POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES 1 1 Artigo extraído da tese - Quotidiano de mulheres do semiárido nordestino que sofreram abuso sexual no contexto familiar, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF) da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bolsa Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), em 2015.

RESUMO

Objetivo:

apreender formas de resistência utilizadas por crianças e adolescentes em um cotidiano familiar de abuso sexual.

Método:

pesquisa qualitativa desenvolvida em um Centro de Atendimento à Mulher em Situação de Violência no semiárido de Pernambuco, com dados coletados entre junho e novembro de 2014 por meio de entrevista com nove mulheres. O processo de análise fundamentou-se em noções da Sociologia Compreensiva e do Cotidiano, com dados organizados por afinidade, interpretados e categorizados.

Resultados:

emergiram as categorias: ritualização do abuso sexual de crianças e adolescentes no cotidiano familiar: aceitação da vida pela passividade; camuflagens para sobreviver ao vivido de abuso sexual: silêncio, astúcia e duplo jogo; e, entre o oculto e a revelação do abuso sexual. Pode-se perceber que os episódios de abuso ocorriam em segredo e sob a ameaça dos abusadores através de gestos ou palavras intimidadoras. As vítimas não entravam em confronto com eles e para chamar a atenção ou pedir auxílio usavam artimanhas como metáforas, risos e palavras irônicas, além de despistá-los com desculpas, escondendo-se, fingindo dormir ou fugindo para a rua.

Conclusão:

a centralidade subterrânea presente no abuso sexual desencadeou formas de resistência em oposição à opressão gerada pelo abusador em que, para aceitação da vida, as participantes desenvolveram diferentes mecanismos de sobrevivência, além de encontrar no trabalho voluntário, música e esporte, os respiradouros para aliviar o peso gerado pela ocultação do abuso.

DESCRITORES:
Sobrevivência; Abuso sexual na infância; Violência contra a mulher; Criança; Adolescente; Relações familiares; Atividades cotidianas

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