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Caracterização dos grupos de pesquisa em educação em enfermagem do estado de são paulo1 1 Este estudo é parte dos resultados da dissertação intitulada - Produção do conhecimento dos grupos de pesquisa em educação em enfermagem do Estado de São Paulo, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2011.

Resumos

Pesquisa documental, exploratório-descritiva, de natureza quantitativa. Teve como objetivo caracterizar os grupos de pesquisa em educação em enfermagem no Estado de São Paulo, a conformação dos seus pesquisadores e as produções científicas. A coleta de dados ocorreu no Diretório de Grupos do CNPq, no Censo 2008, e nos Currículos Lattes. São Paulo possui 12 Grupos de Pesquisa em Educação em Enfermagem com 94 pesquisadores, sendo que 91,5% possuem titulação de pós-doutorado, doutorado ou mestrado. No total, os grupos deste estado apresentam 875 artigos científicos, 62 livros, 191 capítulos de livros e 96 trabalhos completos em anais de eventos. Verificou-se que 88,8% dos artigos científicos foram publicados em periódicos brasileiros com Qualis/CAPES A2. São Paulo destaca-se no cenário brasileiro por possuir elevada produção científica em relação às demais regiões. Estes fatos estão relacionados ao alto investimento que o mesmo recebe por meio dos recursos federais e estaduais.

Grupos de pesquisa; Educação em enfermagem; Recursos financeiros


The aim of this documentary, quantitative, exploratory and descriptive study was to characterize research groups in nursing education in the state of São Paulo and the conformity of its researchers and scientific works. Data were collected in Directory Groups of CNPq, in the 2008 census and in the Lattes platform. São Paulo has 12 Research Groups in Nursing Education, with 94 researchers, of which 91.5% are research fellows, or have a Ph.D or a master's degree. These groups have published 875 scientific articles, 62 books, 191 book chapters and 96 full papers in event annals. A total of 88.8% of scientific articles were published in Brazilian journals with Qualis/CAPES A2. São Paulo stands out in the Brazilian setting for having the largest number of research groups, qualified researchers and high-quality publications. These facts are directly related to high federal and state investments.

Research groups; Nursing education; Financial resources


Esta investigación documental y cuantitativo exploratorio y descriptivo. Tiene como objetivo caracterizar los grupos de investigación en educación en enfermería en el Estado de São Paulo, la conformación de sus investigadores y las producciones científicas. Los datos fueron recolectados en los grupos del Directorio del Censo de CNPq 2008 y en el curriculun lattes. São Paulo cuenta con 12 Grupos de Investigación en Educación en Enfermería con 94 investigadores, 91,5% tiene titulación post-doctoral, doctorado o maestría. En total, los grupos en este estado tienen 875 artículos científicos, 62 libros, 191 capítulos de libros y 96 artículos completos en actas de congresos. Se encontró que el 88,8% de los artículos científicos fueron publicados en revistas con Qualis/CAPES A2. São Paulo se destaca por poseer una elevada producción científica brasileña en comparación con otras regiones. Estos hechos están relacionados con la alta inversión que recibe a través de los recursos federales y estatales.

Grupos de investigación; Educación en enfermería; Recursos financieros


INTRODUÇÃO

A criação e a consolidação da Pós-Graduação (PG) no Brasil obtiveram como componente fundamental o desenvolvimento dos Planos Nacionais de Pós-Graduação. Sendo assim, pode-se afirmar que cada plano foi responsável por uma parcela importante na evolução da PG brasileira: I- capacitação de recursos humanos das Instituições de Ensino Superior (IES), II- preocupação com a qualidade e desempenho, III- importância da integração e aprimoramento das pesquisas científicas e tecnológicas, IV- destaque à internacionalização, flexibilização das PGs, e melhoraria no modo de avaliação, e V- introdução do princípio de indução estratégica e aprimoramento da avaliação qualitativa na PG. O plano 2011-2020 tem a intenção de dar continuidade aos planos anteriores, favorecendo a integração entre ensino e sociedade, destacando a internacionalização e congregando novas políticas, estratégias e ações para o desenvolvimento educacional, econômico, científico e tecnológico do país.11. Brasil . Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Plano Nacional de Pós-Graduação: PNPG 2011-2020. Brasília (DF): CAPES; 2010.

Com essa breve retrospectiva, pode-se dizer que a PG retrata uma fração consolidada da educação brasileira que, nas últimas décadas, tem contribuído decisivamente para a formação de recursos humanos qualificados e para a consolidação do ensino no país. Na área da saúde, os cursos de Pós-Graduação em Enfermagem cresceram significativamente, estimulando dessa forma a pesquisa, bem como a produção científica nacional.22. Almeida MCP, Rodrigues RAP, Furegato ARF, Scochi CGS. A pós-graduação na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP: evolução histórica e sua contribuição para o desenvolvimento da enfermagem. Rev Latino Am Enfermagem. 2002 Mai-Jun; 10 (3):276-87. Os Programas de Pós-Graduação(PPGs) possibilitam a consolidação de base científica, a formação de profissionais capacitados para suprir as demandas sociais, bem como a solução de problemas de cunho regional e nacional, mediante o domínio do conhecimento na área que exercem suas práticas.33. Marziale MHP. A construção do conhecimento da enfermagem no paradigma reflexivo-compreensivo. Rev Latino Am Enfermagem. 2006 Jul-Ago; 14 (4):469.

Historicamente, o Brasil possui disparidades entre as regiões no que diz respeito à infraestrutura, corpo docente qualificado e recursos para o desenvolvimento de pesquisas dentro dos PPGs. Os mesmos foram inicialmente implantados em universidades das Regiões Sul e Sudeste, concentrando assim o apoio às pesquisas e garantindo, consequentemente, a produção científica na área.44. Barreira IA. A pesquisa em enfermagem no Brasil e sua posição em agência federal de fomento. Rev Latino Am Enfermagem. 1993 Jan; 1 (1):51-7.

A produção científica em enfermagem aprimora-se atualmente a partir do desenvolvimento de pesquisas que contribuem com o conhecimento e a prática em diversas áreas da saúde. Neste sentido, os periódicos científicos especializados são meios importantes de divulgação, dando credibilidade e reconhecimento a estas produções.55. Marziale MHP. Produção científica da enfermagem brasileira: a busca pelo impacto internacional. Rev Latino Am Enfermagem. 2005 Mai-Jun; 13 (3):285-6.

Estudos têm demonstrado a distribuição não equitativa da produção cientifica na área de educação em enfermagem nas diferentes regiões geográficas do Brasil.66. Lino MM, Backes VMS, Canever BP, Ferraz F, Prado ML. Perfil da produção científica e tecnológica dos grupos de pesquisa em educação em enfermagem da Região Sul do Brasil. Rev Latino Am Enfermagem. [online]. 2010 Mai-Jun; [Acesso: 2012 Ago 26] 18(3):[08telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692010000300022&lng=en&nrm=iso
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7. Schveitzer MC, Backes VMS, Lino MM, Canever BP, Gomes DC. Grupos de pesquisa em educação em enfermagem: caracterização de três regiões brasileiras. Texto Contexto Enferm. 2011; 20 (Esp):117-23.
- 88. Gomes DC, Backes VMS, Lino MM, Canever BP, Ferraz F, Schveitzer MC. Produção científica em educação em enfermagem: grupos de pesquisa Rio de Janeiro e Minas Gerais. Rev Gaúcha Enferm. 2011 Jun; 32 (2):330-7. Esta assimetria também aparece no número e qualificação dos pesquisadores e na concentração de PPGs (mestrado e doutorado) na Região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo). Na mesma Região, há uma forte concentração da produção científica no Estado de São Paulo, o que reproduz a concentração também de indicadores econômicos. Este fator supõe que indicadores econômicos favoráveis aliados a aportes financeiros significativos em ciência e tecnologia garantem um desenvolvimento significativo da produção científica, com destaque no cenário nacional e internacional.

Nesse sentido, este estudo se propõe a caracterizar os grupos de pesquisa em educação em enfermagem do Estado de São Paulo, com relação ao quantitativo de grupos de pesquisa, de pesquisadores e da produção vinculada aos mesmos, confrontando tais dados com a política de investimentos em Ciência & Tecnologia no Brasil. Justifica-se a importância em realizar esta caracterização em São Paulo, visto que as demais regiões do Brasil já foram mapeadas em outros estudos, como referido anteriormente e também pela sua reconhecida posição de evidência no cenário brasileiro.

MÉTODO

Pesquisa do tipo documental, exploratório-descritiva, de natureza quantitativa. Os dados foram coletados do Censo 2008 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir das seguintes etapas: acesso ao site do CNPq, em seguida no Banco de Dados e Estatísticas, depois em Grupos de Pesquisa - Censos e, por fim em plano tabular. Foram escolhidas as seguintes variáveis: área de atuação, por UF, Por instituição, e selecionada a área "Enfermagem". O período da coleta ocorreu no mês de janeiro de 2011.

A partir desta busca foi possível obter um panorama dos grupos de pesquisa em enfermagem no Brasil e extrair os seguintes itens: número total de grupos de pesquisa em Enfermagem; identificação dos Grupos de Pesquisa de Educação em Enfermagem (GPEEs), sendo que era necessário apresentar a palavra "educação", ou sinônimos (ensino/formação), no nome do grupo. Em relação aos pesquisadores foram coletadas a quantidade, a formação, a titulação e a atuação profissional dos mesmos.

Após a obtenção destes dados, foi realizada a busca de toda produção científica dos pesquisadores inseridos nos GPEEs do Estado de São Paulo, a partir dos currículos Lattes/CNPq no período de 2004 a 2010.

Para fazer parte do corpus dos resultados, esta busca incluiu os indicadores de produção científica considerado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a saber: artigos científicos, livros, capítulos de livros e trabalhos completos em anais de eventos. O montante desta produção foi armazenado em livrarias e organizado por ano de publicação, e conforme a Instituição de Ensino Superior (IES) de origem, utilizando-se o gerenciador bibliográfico EndNote(r). Cabe destacar que foram excluídas as produções duplicadas quando em multiautoria.

Além da distribuição quantitativa da produção de artigos científicos, foi constatada a qualificação dos periódicos em que os mesmos foram publicados, Qualis/CAPES (2009), correspondente ao Censo de 2008. Esta avaliação ocorre anualmente sendo que os periódicos são divididos em indicativos de qualidade, a saber: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C, sendo A1 de maior qualificação e, C, o de menor.

Os resultados foram analisados através de estatística descritiva simples e discutidos com literatura pertinente. Visto que os dados coletados são de domínio público, este estudo dispensou a submissão e análise de um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, no entanto, os preceitos éticos para análise e divulgação dos dados da pesquisa foram assegurados.

RESULTADOS

Atualmente, no Brasil, estão registrados no diretório do CNPq - Censo 2008 (CNPQ, 2008), 373 grupos de pesquisa em enfermagem. No que se refere à temática "Educação em Enfermagem" foram encontrados 51 grupos de pesquisa em educação em enfermagem, sendo que a Região Sudeste constitui-se de 21 GPEEs. Destaca-se que os GPEEs foram identificados a partir da palavra "educação/ensino/formação", que está presente no nome do grupo, sendo que cada GPEE possui seu foco na "educação em enfermagem" e pode pesquisar temas diversos, como observa-se no título dos grupos de pesquisa (quadro 1).

No Estado de São Paulo encontram-se 12 GPEEs; constituindo-se, dessa forma, no Estado mais representativo, com 23,5% dos GPEEs existentes no Brasil. Estes grupos estão vinculados a seis IES, sendo que oito estão concentrados em IESs públicas estaduais e quatro em IES privadas (quadro 1).

Quadro 1
Grupos de pesquisa em educação em enfermagem do Estado de São Paulo, Censo 2008, CNPq, Brasil Fonte: Censo 2008 CNPq.

No Estado de São Paulo existem registrados 94 pesquisadores nos GPEEs. Desse total, 84 são da área de enfermagem e 10 são de outras áreas do conhecimento como: medicina, pedagogia, serviço social, física e estatística. Com relação à formação, quatro pesquisadores possuem titulação de pós-doutor, 67 têm doutorado, 16 possuem mestrado, quatro têm o título de especialização e três possuem a graduação ou ainda são acadêmicos. Cabe ressaltar que, do total, 10 pesquisadores possuem titulações na área da educação. No que se refere à atuação desses pesquisadores, 74 atuam somente na docência, 11 trabalham apenas na assistência, sete atuam na docência e assistência e dois são acadêmicos de enfermagem. É importante mencionar que a busca foi realizada no Censo 2008/CNPQ, entendendo-se que os pesquisadores alimentam o ambiente com os dados dos integrantes dos grupos de pesquisa atualizados.

A produção científica dos GPEE do Estado de São Paulo, no período de 2004-2010, apresenta-se na tabela 1 a seguir:

Tabela 1
Produção científica dos grupos de pesquisas em educação em enfermagem do Estado de São Paulo, de acordo com a Plataforma Lattes/CNPq, Brasil, 2011

Nesse estudo, optou-se por apresentar o panorama da qualificação dos periódicos em que os artigos científicos foram publicados, visto que, atualmente, eles configuram-se como importantes disseminadores na produção do conhecimento da área (Tabela 2).

Tabela 2
Artigos científicos dos grupos de pesquisas em educação em enfermagem do Estado de São Paulo, segundo Qualis/CAPES para a área de Enfermagem, 2004-2010, Plataforma Lattes/CNPq, Brasil, 2011

Cabe destacar que, do montante de artigos produzidos pelos GPEEs, do Estado de São Paulo, 29,32% foram publicados em periódicos com alto impacto (A2 Internacional, QUALIS/CAPES, 2009). Dentre estes, 244 correspondem a periódicos brasileiros específicos de enfermagem, distribuídos entre quatro periódicos científicos, a saber: Revista Latino-Americana de Enfermagem, Revista Escola Enfermagem USP e Revista Acta Paulista de Enfermagem, todas editadas no Estado de São Paulo, e Revista Texto & Contexto Enfermagem, editada no Estado de Santa Catarina (Tabela 3).

Tabela 3
Artigos científicos dos Grupos de Pesquisa em Educação em Enfermagem do Estado de São Paulo, segundo periódico Qualis A2, 2004-2010. Qualis Periódicos-Enfermagem CAPES, Brasil, 2009

DISCUSSÃO

No contexto brasileiro, o Estado de São Paulo destaca-se como importante cenário de desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas em diversas áreas, inclusive na área de enfermagem, gerando elevado número de produções científicas publicadas em periódicos com significativo poder de impacto.

Uma das justificativas acontece em decorrência do processo histórico de oferta de Cursos de Graduação em Enfermagem no Estado. No Brasil, existem em atividade 952 Cursos de Graduação em Enfermagem. Destes, 181 estão concentrados no Estado de São Paulo, sendo que 11 pertencem a IES públicas (estaduais e privadas) e 70 pertencem a IES privadas.99. Ministério da Educação (BR), Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados. Brasília (DF): MEC; 2011.

Outro aspecto relevante, diz respeito ao número de PPGs. No Brasil, em 2011, existem 51 programas em funcionamento, sendo que 24 estão concentrados na Região Sudeste. Em São Paulo, encontram-se 12 PPGs, constituindo-se no Estado com o maior número de programas do Brasil. Esse cenário, também, contribui para o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado, favorecendo uma demanda real por serviços qualificados.1010. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior [página na Internet]. Cursos recomendados. Brasília (DF): CAPES; 2011. [acesso 2011 Ago 18]. Disponível em: http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/Projeto RelacaoCursosServlet?acao=pesquisarArea&codigo GrandeArea=40000001&descricaoGrandeArea= CI%CANCIAS+DA+SA%DADE+
Disponível em: http://conteudoweb.capes....

O primeiro Curso de Graduação em Enfermagem implantado no Estado foi em 1942, conhecido como Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) e destaca-se, no cenário desse estudo, por abarcar quatro GPEEs e 36 pesquisadores, sendo que 20 possuem a titulação de doutorado. A Escola é responsável por uma parcela importante na produção do conhecimento, através dos Cursos de Graduação, Pós-Graduação (especialização, mestrado, doutorado) e da extensão universitária.1111. Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. [página na Internet]. São Paulo (SP): EE/USP, 2011. [acesso 2011 Ago 18]. Disponível em: http://www.ee.usp.br/eeusp/historico.asp
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Outra Escola que se destaca é a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP), que foi criada em 1951, anexada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP). A EERP/USP conta com três GPEEs e 25 pesquisadores, sendo que 23 possuem a titulação de doutorado. Desde 1988, a EERP/USP foi designada "Centro colaborador para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem", pela Organização Mundial da Saúde, em reconhecimento ao seu destaque na produção científica e em atividades de ensino, pesquisa e extensão, reafirmando articulações nacionais e internacionais.1212. Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo [página na Internet]. São Paulo (SP): EERP/USP; 2011. [acesso 2011 Ago 18]. Disponível em: http://www.eerp.usp.br/whocc/
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Outro quesito a ser destacado é que as duas escolas gerenciam os seus financiamentos; sendo assim, possuem uma infraestrutura diferenciada de outras realidades. Por meio da articulação com instituições governamentais e não-governamentais, assessorias e convênios, as escolas proporcionam uma gama de atividades voltadas para o ensino, pesquisa e prestação de serviços à população. Tanto a Escola de Enfermagem da USP, como a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, possuem uma gama de modalidades de bolsas para pesquisa, desde a graduação até a pós-graduação, como se pode observar a seguir: Programa de Iniciação Científica da Universidade de São Paulo (PICUSP), Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBIT), Bolsa de Treinamento Técnico, Bolsas de Mestrado, Bolsas de Doutorado e Bolsas Sanduíche e Estágio de Curta Duração. Os auxílios à pesquisa destinados aos estudantes de pós-graduação são obtidos pela CAPES, CNPq e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).1111. Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. [página na Internet]. São Paulo (SP): EE/USP, 2011. [acesso 2011 Ago 18]. Disponível em: http://www.ee.usp.br/eeusp/historico.asp
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- 1212. Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo [página na Internet]. São Paulo (SP): EERP/USP; 2011. [acesso 2011 Ago 18]. Disponível em: http://www.eerp.usp.br/whocc/
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Um dos aspectos cruciais para o avanço dos GPEEs são os investimentos financeiros aportados na atividade, por agências públicas ou privadas de fomento. Uma das principais agências públicas responsáveis por fomentar e financiar pesquisas científicas e tecnológicas, proporcionar intercâmbios e divulgação da ciência e tecnologia produzida pelo Estado de São Paulo é a FAPESP. Essa Agência foi criada em 1960 e possui autonomia prevista por Lei na Constituição do Estado de São Paulo de 1947.

A FAPESP possui um orçamento anual de 1% do total da receita tributária do Estado, sendo que o apoio às investigações vem por meio de bolsas, custeio e capital em todas as áreas do conhecimento. Essas bolsas estão disponíveis para estudantes da graduação e pós-graduação, e os auxílios podem ser usados por pesquisadores que possuam a titulação de doutor e IES do Estado de São Paulo. As bolsas e auxílios podem ser obtidos através das seguintes linhas de financiamento: linha regular, programas especiais e programas de pesquisa para inovação tecnológica. A FAPESP recebe, desde 1989, mensalmente, os recursos, que são repassados pelo Tesouro Estadual, rigorosamente. Dessa forma, proporciona estabilidade às linhas de fomento à pesquisa e, consequentemente, induz à criação de áreas de investigação, no intuito de promover o avanço da pesquisa no Estado.1313. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo [página na Internet]. São Paulo (SP): FAPESP; 2011 [acesso 2011 Ago 18]. Disponível em: www.fapesp.br
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Em 2010, a FAPESP financiou um total de 24 projetos para área de enfermagem, em que 15 pertenciam à Escola de Enfermagem da USP. Seus projetos faziam parte da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, um projeto da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e um projeto da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).1313. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo [página na Internet]. São Paulo (SP): FAPESP; 2011 [acesso 2011 Ago 18]. Disponível em: www.fapesp.br
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Destaca-se que algumas pesquisas já foram desenvolvidas acerca da produção científica dos grupos de pesquisa em educação em enfermagem no Brasil. No período de 1995 a 2008, a Região Sul apresentou uma produção de 1437 artigos científicos.66. Lino MM, Backes VMS, Canever BP, Ferraz F, Prado ML. Perfil da produção científica e tecnológica dos grupos de pesquisa em educação em enfermagem da Região Sul do Brasil. Rev Latino Am Enfermagem. [online]. 2010 Mai-Jun; [Acesso: 2012 Ago 26] 18(3):[08telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692010000300022&lng=en&nrm=iso
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No mesmo período, as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste produziram um total de 455 artigos científicos,77. Schveitzer MC, Backes VMS, Lino MM, Canever BP, Gomes DC. Grupos de pesquisa em educação em enfermagem: caracterização de três regiões brasileiras. Texto Contexto Enferm. 2011; 20 (Esp):117-23. e os Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais produziram um montante de 696 artigos científicos publicados no período de 1995 a 2009.88. Gomes DC, Backes VMS, Lino MM, Canever BP, Ferraz F, Schveitzer MC. Produção científica em educação em enfermagem: grupos de pesquisa Rio de Janeiro e Minas Gerais. Rev Gaúcha Enferm. 2011 Jun; 32 (2):330-7.

Sendo assim, destaca-se que os grupos de pesquisa em educação em enfermagem do Estado de São Paulo apresentam elevada produção científica; destacando-se em relação às demais regiões geográficas do Brasil,66. Lino MM, Backes VMS, Canever BP, Ferraz F, Prado ML. Perfil da produção científica e tecnológica dos grupos de pesquisa em educação em enfermagem da Região Sul do Brasil. Rev Latino Am Enfermagem. [online]. 2010 Mai-Jun; [Acesso: 2012 Ago 26] 18(3):[08telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692010000300022&lng=en&nrm=iso
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7. Schveitzer MC, Backes VMS, Lino MM, Canever BP, Gomes DC. Grupos de pesquisa em educação em enfermagem: caracterização de três regiões brasileiras. Texto Contexto Enferm. 2011; 20 (Esp):117-23.
- 88. Gomes DC, Backes VMS, Lino MM, Canever BP, Ferraz F, Schveitzer MC. Produção científica em educação em enfermagem: grupos de pesquisa Rio de Janeiro e Minas Gerais. Rev Gaúcha Enferm. 2011 Jun; 32 (2):330-7. e essa produção tem sido publicada em periódicos de alto impacto, sendo que a maioria desses periódicos pertencem ao próprio Estado. Esses fatores denotam uma endogenia desses grupos de pesquisa, evidenciando que a disponibilidade de divulgação e socialização do conhecimento também estão concentradas.

A alta produção e qualificação concentrada nos GPEEs, do Estado de São Paulo têm certamente, relação direta com o investimento feito no Estado em ciência e tecnologia, através da distribuição de programas, de recursos, de financiamentos de projetos e de bolsas pesquisador proporcionadas pelo apoio tanto do governo federal (CAPES e CNPq), quanto do governo estadual (FAPESP).

Os dados estatísticos revelam que, em 2010, o CNPq investiu R$ 970.361.304,00 em bolsas de Ciência e tecnologia no país, conforme as grandes áreas do conhecimento. Constata-se que, deste montante, 9,45% foram direcionados para a grande área das ciências da saúde, sendo que, destes, 8,58% correspondem à área da enfermagem. Do total desses investimentos, verifica-se, ainda, que 59,75% foram destinados à Região Sudeste, 20,40% à Região Nordeste, 14,73% à Região Sul, 4,4%, ao Centro-Oeste e 0,72 % à Região Norte. Especificamente o Estado de São Paulo recebeu R$ 3.853.592,00 (48,99%) do total de bolsas para a área de enfermagem, destacando-se como o Estado que mais recebeu recursos em todo o país.1414. Ministério da Cultura e Tecnologia (BR), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Relatório institucional [página na Internet]. Brasília (DF): CNPq; 2010. [acesso 2011 Ago 11]. Disponível em: www.cnpq.br/estatisticas/index.htm
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É notável a concentração elevada de investimentos públicos nas regiões, que possuem o maior número de docentes doutores, e onde existe o maior Produto Interno Bruto (PIB). Dessa forma, nesses locais são encontrados recursos humanos qualificados e com disponibilidade de boa infraestrutura.1515. Rodrigues RAP, Erdmann AL, Fernandes JD, Araújo TL. Pós-graduação em enfermagem no Brasil e no Nordeste. Rev Gaúcha Enferm. 2007 Out; 28 (1):7.

Dessa forma, constata-se que altos investimentos contribuem e resultam em alta produção. O Estado de São Paulo destaca-se por ter o maior número de cursos de graduação e PG em enfermagem do país, recebe significativa parcela de recursos, conta com alguns dos melhores periódicos científicos da área de enfermagem, possui pesquisadores com alta qualificação e apresenta a maior produção científica na área, comparado com as demais regiões brasileiras. Tais fatos são demonstrativos de que o investimento feito em ciência e tecnologia traduz-se em aumento da produção científica.

O desafio, então, é superar as iniquidades regionais para que todas as regiões brasileiras possam ter as mesmas oportunidades de formação e qualificação dos recursos humanos, de financiamentos, de intercâmbios, entre outros.

Uma das estratégias seria deslocar o investimento de modo que todos pudessem ter os mesmos recursos, para o desenvolvimento de pesquisas e publicações, que é a política do Governo Federal, quando lança editais de fomento, promovendo o investimento em áreas prioritárias, conhecidas como políticas indutoras. Sendo assim, todos os editais da CAPES e CNPq, destinam 30% das verbas para as Regiões Norte e Nordeste, no intuito de fomentar, favorecer e corrigir as desigualdades nessas regiões. Essas políticas indutoras demonstram que descentralizar o investimento também poderá equilibrar o desenvolvimento e a produção científica das demais regiões do Brasil.

Para que seja possível a transformação desse cenário brasileiro, é imprescindível a ampliação dos investimentos para todas as regiões, no intuito de desenvolver pesquisas na área da enfermagem. Assim, é preciso a união entre os governos em todos os níveis. 18 É necessário que sejam oferecidas melhores condições para as regiões que possuem essas assimetrias, através da consolidação dos PPG; sendo indispensável o incentivo, através de recursos, a ampliação de Programas de Mestrados e Doutorados Interinstitucionais (MINTER e DINTER) entre regiões, desenvolvimento de projetos de pesquisa entre as diferentes regiões, aumento de publicações em periódicos nacionais e internacionais, possibilidade de intercâmbios entre as regiões e fora do Brasil, como bolsas de doutorado sanduíche, participação em eventos da área, fortalecimento dos grupos de pesquisa, com a participação de docentes, discentes e enfermeiros assistenciais.1616. Marziale MHP, Mendes IAC. O investimento em pesquisas na área da saúde: termos de referência para o desenvolvimento científico e técnológico brasileiro. Rev Latino Am Enfermagem. 2006 Mar-Abr; 14 (2):149.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os grupos de pesquisa em educação em enfermagem do Estado de São Paulo têm elevada produção científica, destacando-se em relação às demais regiões do país, ao passo que angaria maior parcela de recursos. Assim, demonstra-se a importância de investimentos em Ciência & Tecnologia e como esses impactam a produção científica; consequentemente, no fortalecimento e na consolidação de uma profissão.

Para a ampliação da produção do conhecimento na área de enfermagem, no Brasil, é necessário criar estratégias de indução, em consonância com as políticas públicas; no intuito de transcender às disparidades regionais, promovendo o desenvolvimento da Ciência & Tecnologia, a qualificação de recursos humanos, a oportunidade de bolsas de estudos e a publicação das produções de forma igualitária de pesquisadores de todas as regiões do país, respeitando suas singularidades, fortalezas e fragilidades. Ademais, faz-se necessário o reconhecimento de possíveis lacunas relativas ao objeto de conhecimento da enfermagem, bem como a tradução/aplicação do conhecimento produzido na prática profissional de enfermagem.

REFERENCES

  • 1
    Brasil . Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Plano Nacional de Pós-Graduação: PNPG 2011-2020. Brasília (DF): CAPES; 2010.
  • 2
    Almeida MCP, Rodrigues RAP, Furegato ARF, Scochi CGS. A pós-graduação na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP: evolução histórica e sua contribuição para o desenvolvimento da enfermagem. Rev Latino Am Enfermagem. 2002 Mai-Jun; 10 (3):276-87.
  • 3
    Marziale MHP. A construção do conhecimento da enfermagem no paradigma reflexivo-compreensivo. Rev Latino Am Enfermagem. 2006 Jul-Ago; 14 (4):469.
  • 4
    Barreira IA. A pesquisa em enfermagem no Brasil e sua posição em agência federal de fomento. Rev Latino Am Enfermagem. 1993 Jan; 1 (1):51-7.
  • 5
    Marziale MHP. Produção científica da enfermagem brasileira: a busca pelo impacto internacional. Rev Latino Am Enfermagem. 2005 Mai-Jun; 13 (3):285-6.
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  • 16
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  • 1
    Este estudo é parte dos resultados da dissertação intitulada - Produção do conhecimento dos grupos de pesquisa em educação em enfermagem do Estado de São Paulo, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2011.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2014

Histórico

  • Recebido
    06 Dez 2011
  • Aceito
    25 Ago 2012
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