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TEORIA DO APEGO, INTERACIONISMO SIMBÓLICO E TEORIA FUNDAMENTADA NOS DADOS: ARTICULANDO REFERENCIAIS PARA A PESQUISA1 1 Artigo extraído da tese - Formação de vínculos e interação entre cuidadores e crianças em um abrigo, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em 2016.

TEORÍA DEL APEGO, INTERACCIONISMO SIMBÓLICO Y TEORÍA FUNDAMENTADA EN LOS DATOS: ARTICULANDO REFERENCIALES PARA LA INVESTIGACIÓN

RESUMO

Objetivo:

apresentar e refletir sobre a articulação entre a Teoria do Apego, o Interacionismo Simbólico e a Teoria Fundamentada nos Dados no estudo da formação de vínculos e interação entre cuidadores e crianças institucionalizadas.

Método:

os dados foram coletados de abril a julho de 2015, por meio de entrevista intensiva, observação estruturada e diário de campo, em um abrigo institucional que acolhe crianças de zero a oito anos, em um município do Sul do Brasil. Participaram da pesquisa 15 cuidadores e seis crianças.

Resultados:

a Teoria do Apego e o Interacionismo Simbólico possibilitaram compreender as implicações da formação e quebra de vínculos e as estratégias utilizadas pelos cuidadores nesta interação. A Teoria Fundamentada nos Dados conduziu a elaboração do modelo teórico "Percebendo o trabalho/cuidado com crianças institucionalizadas".

Conclusão:

a articulação entre a Teoria do Apego, o Interacionismo Simbólico e a Teoria Fundamentada mostrou-se consistente para o estudo desenvolvido, contribuindo para o cuidado no contexto do abrigamento infantil.

DESCRITORES:
Criança institucionalizada; Cuidadores; Relações interpessoais; Pesquisa qualitative; Enfermagem; Teoria fundamentada

RESUMEN

Objetivo:

presentar y reflexionar sobre la articulación entre la Teoría del Apego, el Interaccionismo Simbólico y la Teoría Fundamentada en los Datos en el estudio de la formación de vínculos e interacción entre cuidadores y niños institucionalizados.

Método:

los datos fueron recolectados de abril a julio de 2015, por medio de una entrevista intensiva, observación estructurada y diario de campo, en un refugio institucional que acoge a niños de cero a ocho años, en un municipio del sur de Brasil. Participaron en la investigación 15 cuidadores y seis niños.

Resultados:

la Teoría del Apego y el Interaccionismo Simbólico posibilitaron comprender las implicaciones de la formación y ruptura de vínculos y las estrategias utilizadas por los cuidadores en esta interacción. La Teoría Fundamentada en los Datos condujo la elaboración del modelo teórico "Percibiendo el trabajo / cuidado con niños institucionalizados".

Conclusión:

la articulación entre la Teoría del Apego, el Interaccionismo Simbólico y la Teoría Fundamentada se mostró consistente para el estudio desarrollado, contribuyendo para el cuidado en el contexto del abrigo infantil.

DESCRIPTORES:
Niño institucionalizado; Cuidadores; Relaciones interpersonales; Investigación cualitativa; Enfermería; Teoría fundamentada

ABSTRACT

Objective:

to present and reflect on the articulation between the Attachment Theory, Symbolic Interactionism and Grounded Theory in the study of bonding and interaction between caregivers and institutionalized children.

Method:

the data were collected between April and July 2015 through intensive interviews, structured observation and a field diary, at a shelter institution that welcomes children between zero and eight years old in a city in the South of Brazil. Fifteen caregivers and six children participated in the research.

Results:

the Attachment Theory and Symbolic Interactionism permitted understanding the implications of the establishment and rupture of bonds and the strategies the caregivers use in this interaction. The Grounded Theory guided the elaboration of the theoretical model "Perceiving the work/care for institutionalized children".

Conclusion:

the articulation among the Attachment Theory, Symbolic Interactionism and Grounded Theory demonstrated its consistency for the study developed, contributing to care in the context of children’s shelter.

DESCRIPTORS:
Child, institutionalized; Caregivers; Interpersonal relations; Qualitative research; Nursing; Grounded theory

INTRODUÇÃO

A interação é o meio utilizado para a socialização primária do indivíduo, cumprindo um papel fundamental no desenvolvimento humano, uma vez que este nasce sem saber nem conhecer. Assim, são os adultos que nortearão as ações da criança para que ela aprenda a lidar com as situações apresentadas na sua vida.11 Charon JM. Os símbolos, o Eu e a Mente: nossa natureza ativa. In: Charon JM. Sociologia. 5ª ed. São Paulo (SP): Saraiva; 2010. Isso é alcançado por ela quando imita o adulto, bem como pelas penalidades e recompensas que recebe e, também, pelas palavras que o adulto utiliza para identificar o mundo e tudo que está contido nele.11 Charon JM. Os símbolos, o Eu e a Mente: nossa natureza ativa. In: Charon JM. Sociologia. 5ª ed. São Paulo (SP): Saraiva; 2010. É por meio da interação com o adulto que a criança passa a conhecer o mundo a sua volta e socializar-se com os outros.

É por meio da interação com as figuras de apego, geralmente pais ou cuidadores, com as quais a criança se identifica, que ela cria sua autoimagem e sua percepção do mundo. Essas figuras passam a desempenhar um papel central no desenvolvimento evolutivo da personalidade da criança, atuando em sua maneira de sentir, pensar e agir.22 Abreu CN. Teoria do apego: fundamentos, pesquisas e implicações clínicas. São Paulo (SP): Casa do Psicólogo; 2005. Assim, quando os indivíduos interagem por um período de tempo, passam a compartilhar uma perspectiva, que irá conduzir sua visão acerca das suas vivências.11 Charon JM. Os símbolos, o Eu e a Mente: nossa natureza ativa. In: Charon JM. Sociologia. 5ª ed. São Paulo (SP): Saraiva; 2010. Portanto, desde crianças, os indivíduos são influenciados para aprender uma perspectiva sobre o mundo e as coisas nele contidas, a fim de utilizá-la como seu ponto de vista.

Quando a criança é privada da convivência familiar, por se encontrar em situação de risco pessoal e social, é necessário que seja encaminhada a uma instituição de acolhimento. A institucionalização de crianças é uma medida utilizada para sua proteção, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente.33 Brasil. Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente [Internet]. Brasília (DF): PR; 2016 [cited 2016 Nov 10]. Available from: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm.
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No entanto, na maioria das vezes, pode fragilizá-las e expô-las, uma vez que pode levar à ruptura dos vínculos que possuem com suas famílias e suas redes sociais e, consequentemente, ocasionar problemas relacionados ao desenvolvimento físico e emocional, agravando ainda mais a condição delas. Estudos apontam que a privação afetiva, a exposição a padrões de cuidado pouco estáveis e impessoais, juntamente com a ruptura de vínculos, podem afetar o desenvolvimento das crianças abrigadas, gerando sintomas físicos (perda de peso, inapetência, insônia, atraso motor) e emocionais (depressão).44 Golin G, Benetti SPC. O abrigamento precoce: vínculos iniciais e desenvolvimento infantil. In: Franco MHP, organizador. Formação e rompimento de vínculos: o dilema das perdas na atualidade. São Paulo (SP): Summus; 2010.

5 Fiamenghi Junior GA, Melani RH, Carvalho SG. Transtorno de Apego Reativo em crianças institucionalizadas. Psicol Argum. 2012; 30(70):431-9.
-66 Cavalcante LIC, Magalhães CM, Pontes FAR. Institucionalização precoce prolongada de crianças: discutindo aspectos decisivos para o desenvolvimento. Aletheia. 2007; 25:20-34.

Neste sentido, é imprescindível que os profissionais responsáveis pelos cuidados às crianças abrigadas estejam preparados para oferecer uma assistência humanizada e integral, a fim de favorecer seu desenvolvimento pleno. No entanto, para que os cuidadores consigam desempenhar efetivamente esses cuidados, é necessário oferecer a eles um respaldo psicológico e uma qualificação adequada, sendo estes fundamentais para que consigam lidar com as diversas dificuldades que surgem cotidianamente no âmbito da violência, não se desesperando ou revitimizando a vítima com atos precipitados e inseguros.77 Miura PO. Contribuição winnicottiana à terapêutica dos traumas de violência intrafamiliar: intervenção institucional. Psicol Rev. 2014; 23 (2):181-96.

Nos abrigos, os cuidadores assumem a responsabilidade pelos cuidados das crianças desempenhando o papel do adulto que, normalmente, é representado pelas figuras parentais. Neste contexto, insere-se o referencial teórico do Interacionismo Simbólico como possibilidade de significar as interações do cuidador com a criança institucionalizada. Traçando um paralelo deste com o conceito de apego,88 Bowlby J. Apego: a natureza do vínculo. 3ª ed. São Paulo (SP): Martins Fontes; 2009. destaca-se a necessidade de interação e estímulo social para o desenvolvimento do apego e a formação de vínculos.

A constituição do eu e a aquisição de símbolos são criadas na interação com outros indivíduos, sendo que se vê primeiro por meio das ações e palavras dos outros, que são um espelho para percepção da própria existência.11 Charon JM. Os símbolos, o Eu e a Mente: nossa natureza ativa. In: Charon JM. Sociologia. 5ª ed. São Paulo (SP): Saraiva; 2010. Nesse sentido, o Interacionismo Simbólico favorece a compreensão da experiência infantil, nos mais variados contextos, por meio "dos sentidos e práticas interativas entre a criança e seu cotidiano de cuidado",99 Luz JH, Martini JG. Compreendendo o significado de estar hospitalizado no cotidiano de crianças e adolescentes com doenças crônicas. Rev Bras Enferm. 2012; 65(6):916-21.:918 assim como entre ela e sua família, cuidadores e pares.

Ainda, a Teoria do Apego facilita a compreensão dos "relacionamentos íntimos iniciais, sua continuidade e como afetam o desenvolvimento afetivo da criança, seu estilo interpessoal e comportamento social".1010 Casellato G. Bullying escolar: onde mora o perigo? Uma reflexão com base na Teoria do Apego sobre a dinâmica agressor/agredido. Mundo Saúde. 2013; 36(1):41-8.:42 Além disso, essa teoria permite compreender o desenvolvimento infantil desde a dependência completa do cuidador para sobrevida da criança, até o desenvolvimento de um senso de individualidade, autorregulação do afeto, amor próprio e capacidade social.1010 Casellato G. Bullying escolar: onde mora o perigo? Uma reflexão com base na Teoria do Apego sobre a dinâmica agressor/agredido. Mundo Saúde. 2013; 36(1):41-8.

Com base no exposto, observa-se que a institucionalização pode afetar as crianças de diversas formas, podendo interferir no seu desenvolvimento e nos seus vínculos afetivos, sendo importante que os cuidadores estejam instrumentalizados para recebê-las e assisti-las.1111 Golin G, Benetti SPC, Donelli TMS. Um estudo sobre o acolhimento precoce inspirado no método Bick. Psicol Estud. 2011; 16(4):561-9. Então, propôs-se a questão norteadora: como a Teoria do Apego, o Interacionismo Simbólico e a Teoria Fundamentada nos Dados podem se articular no estudo da formação de vínculo e interação entre cuidadores e crianças no contexto de um abrigo? Objetivou-se apresentar e refletir sobre a articulação entre a Teoria do Apego, o Interacionismo Simbólico e a Teoria Fundamentada nos Dados no estudo da formação de vínculos e interação entre cuidadores e crianças institucionalizadas.

Considerando a importância da interação para a socialização primária e o desenvolvimento do indivíduo, conhecer o relacionamento interativo entre a díade cuidador-criança na primeira infância, a partir da compreensão do cuidador e da observação da criança, pode oferecer importantes contribuições para o cuidado a esse pequeno ser que já vivenciou, apesar de sua pouca idade, a ruptura do comportamento de apego e do vínculo com a mãe. Nesta perspectiva, a enfermagem poderá tecer estratégias de cuidado para intervir e facilitar a formação do vínculo, tão fundamental para o crescimento e desenvolvimento da criança, e para sua saúde psíquica na fase adulta, uma vez que mantém uma proximidade da população infantil em diversos contextos, como os hospitais, as unidades de saúde básica e os serviços especializados de atenção à saúde.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa que utilizou como referencial teórico a Teoria do Apego88 Bowlby J. Apego: a natureza do vínculo. 3ª ed. São Paulo (SP): Martins Fontes; 2009. e o Interacionismo Simbólico.11 Charon JM. Os símbolos, o Eu e a Mente: nossa natureza ativa. In: Charon JM. Sociologia. 5ª ed. São Paulo (SP): Saraiva; 2010. Além disso, utilizou-se como método a Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) ou Grounded Theory, conforme a perspectiva de Charmaz.1212 Charmaz K. A construção da teoria fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre (RS): Artmed; 2009.

A TFD concentra-se na elaboração de planos conceituais de teorias por meio da constituição da análise indutiva baseada nos dados.1212 Charmaz K. A construção da teoria fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre (RS): Artmed; 2009. Na TFD, os dados constituem a base e a análise deles é que irá formar os conceitos. Busca-se descobrir o que ocorre nos ambientes investigados e como é a vida dos pesquisados. Assim, os dados vão sendo construídos por meio da observação, da interação e do material coletado sobre o tópico ou sobre o ambiente em estudo.1212 Charmaz K. A construção da teoria fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre (RS): Artmed; 2009.

O cenário da pesquisa foi um abrigo institucional que recebe crianças do sexo masculino e feminino, de zero a oito anos de idade, localizado em um município do Sul do Estado do Rio Grande do Sul. É uma instituição que abriga crianças, encaminhadas pelo Juizado de Menores e Conselho Tutelar, que não podem permanecer com as suas famílias. Os participantes da pesquisa foram os profissionais envolvidos nos cuidados diretos às crianças de zero a três anos nos turnos da manhã, tarde e noite, totalizando 15 pessoas, bem como seis crianças de zero a três anos, sendo a seleção da amostra intencional. Compreendeu-se, neste os cuidados diretos como todas as atividades realizadas pelos cuidadores com as crianças que propiciam o contato físico e visual (alimentação, banho, troca de fraldas, auxílio para engatinhar e caminhar, atividades lúdicas e de aprendizagem, aconchegar ao colo, embalar, entre outras).

A escolha por crianças de zero a três anos e dos profissionais que desenvolvem o cuidado delas se deu porque é nesta fase que se desenvolve o comportamento de apego e o vínculo com a figura principal de cuidado.88 Bowlby J. Apego: a natureza do vínculo. 3ª ed. São Paulo (SP): Martins Fontes; 2009. Os critérios de inclusão no estudo foram para os cuidadores: trabalhar na instituição há pelo menos três meses e prestar cuidados diretos às crianças de zero a três anos abrigadas na instituição; e, para as crianças: ter idade entre zero e três anos, estar na instituição há pelo menos um mês. Enquanto isso, os critérios de exclusão para os cuidadores foram: pertencer à equipe técnica e ser cuidadora de crianças maiores de três anos; e para as crianças: serem adotadas no período da coleta, saindo do abrigo.

Os dados foram coletados no período de abril a julho de 2015. Antes de iniciar a coleta dos dados, a pesquisadora fez uma visita de aproximação na instituição, onde conheceu o ambiente e os profissionais que ali trabalhavam, explicando acerca da pesquisa e sobre os procedimentos a serem adotados. A coleta dos dados ocorreu por meio de uma entrevista intensiva1212 Charmaz K. A construção da teoria fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre (RS): Artmed; 2009. (conversa guiada que possibilita uma análise detalhada de um tema ou experiência) com os cuidadores, da observação estruturada da interação de cada cuidador com cada criança, ou seja, faz-se uma análise de como ocorre a interação da díade (cuidador-criança). A observação ocorreu em um período de acompanhamento de três meses, observando-se a interação de cada cuidador com as seis crianças, em diferentes momentos de cuidado e lazer. Além disso, os dados foram complementados com informações sobre o histórico das crianças presentes na instituição, fornecidas pela equipe técnica do abrigo (psicóloga, assistente social e responsável legal) e pelas notas de campo.

Os dados foram gravados e posteriormente transcritos para sua análise integral. Assim, conforme prevê a TFD, a transcrição dos dados ocorreu concomitantemente com a análise inicial, de forma que, a cada nova entrevista ou observação, avaliaram as informações, codificando-as e categorizando-as, voltando posteriormente ao campo para continuar e complementar a coleta.

Para análise dos dados, realizou-se a codificação inicial e, após, a codificação focalizada, sendo que a teoria surgiu com a interpretação reflexiva da pesquisadora sobre o contexto investigado.1313 Santos JLG, Erdmann AL, Sousa FGM, Lanzoni GMM, Leite ALSF. Methodological perspectives in the use of grounded theory in nursing and health research. Esc Anna Nery [Internet]. 2016 [cited 2016 Dec 10]; 20(3):e20160056. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/1414-8145-ean-20-03-20160056.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/1414-...
Dessa forma, a partir da seleção dos códigos, elaboraram as categorias, sendo que a codificação definiu a estrutura analítica, tecendo um elo entre a coleta de dados e o desenvolvimento da teoria.1212 Charmaz K. A construção da teoria fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre (RS): Artmed; 2009.

Quanto aos preceitos éticos, foi atendida a Resolução nº 466 de dezembro de 2012, solicitando-se uma carta de anuência à instituição coparticipante e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos participantes. O projeto obteve aprovação no Comitê de Ética por meio da Plataforma Brasil, sob o número CAEE 42696915.9.0000.5316, e o Parecer número 1.035.995.

RESULTADOS

Os participantes da pesquisa foram 15 cuidadoras mulheres, com idades entre 22 e 58 anos, grau de instrução do ensino fundamental completo ao ensino superior completo. Quanto à renda familiar as participantes declararam ser de dois a quatro salários mínimos e o tempo de serviço na instituição variou de oito meses a 12 anos.

A partir da análise, construiu-se o modelo teórico: Percebendo o trabalho/cuidado com crianças institucionalizadas. O referido modelo foi delimitado por três categorias e suas subcategorias, sendo elas: Vivenciando o impacto da realidade (Sendo institucionalizado; Se apegando e se desapegando); Trabalhando com o cuidado (Cuidando e educando; Trabalhando com o desconhecido; Ficando oculta; Aprendendo na interação com as crianças); e Enfrentando o cotidiano do trabalho (Faltando estrutura e materiais; Faltando pessoal e capacitação; Trabalhando em equipe).

O apego e o desapego, conforme pode-se observar na figura 1, estão entrelaçados com todas as categorias e subcategorias, sendo o elo central entre cuidadores e crianças no contexto do abrigo.

Figura 1
Modelo teórico explanatório "Percebendo o trabalho/cuidado com crianças institucionalizadas", articulando categorias e subcategorias

DISCUSSÃO

Com base no modelo teórico apresentado, é possível observar que as categorias centrais Vivenciando o impacto da realidade, Trabalhando com o cuidado e Enfrentando o cotidiano do trabalho, assim como os fenômenos secundários contidos nestes, articulam-se em torno do apego e do desapego. Portanto, o trabalho/cuidado com crianças institucionalizadas é uma atividade que se relaciona diretamente com a formação de vínculo e apego entre cuidadores e crianças.

O desenvolvimento adequado do comportamento de apego é imprescindível para a saúde mental dos seres humanos, existindo uma correlação forte entre o padrão de apego de uma criança e o padrão de cuidados maternos recebidos.88 Bowlby J. Apego: a natureza do vínculo. 3ª ed. São Paulo (SP): Martins Fontes; 2009. Portanto, os bebês precisam de cuidados que preencham suas necessidades psicológicas e emocionais, além das relacionadas com as necessidades físicas.1414 Winnicott DW. A criança e o seu mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro (RJ): LTC; 2014. Complementarmente, a elaboração do vínculo é fomentada por manifestações emocionais, que surgem nas relações afetivas mediadas e interpretadas por parceiros sociais que atribuem sentidos junto à criança.1515 Amorim KS, Costa CA, Rodrigues LA, Moura GG, Ferreira LDIPM. O bebê e a construção de significações, em relações afetivas e contextos culturais diversos. Temas Psicol. 2012; 20(2):309-26.

A Teoria do Apego e o Interacionismo Simbólico constituíram-se em referenciais teóricos adequados para a elaboração e discussão dos resultados, pois subsidiam todos os fenômenos apresentados. Por meio da Teoria do Apego, foi possível compreender que Vivenciando o impacto da realidade é permeado por diversas experiências de formação e ruptura de vínculos, gerando um ciclo que se inicia na institucionalização infantil e, nem sempre, é rompido na desinstitucionalização, pois tanto o cuidador quanto a criança vão, algumas vezes, lembrar por um longo período de tempo da relação vivenciada.

Muitas variáveis estão imbricadas no universo das mães sociais, sendo uma das mais importantes "o paradoxo vivido diariamente por elas quanto à necessidade e ao medo do estabelecimento de vínculos com as crianças, que podem ser rompidos a qualquer instante".1616 Tomás DN, Vectore C. Perfil mediacional de mães sociais que atuam em instituições de acolhimento. Psicol Ciênc Prof. 2012; 32(3):576-87.:584

O ambiente conhecido pela criança, antes da institucionalização, é aquele ao qual está habituada, com sua família que, mesmo não oferecendo as condições mais adequadas para o seu desenvolvimento físico, emocional e social, é a realidade que ela conhece. Dessa forma, a partir da institucionalização, ela passa a conviver com pessoas estranhas e com perspectivas diferentes daquelas a que estava acostumada. Portanto, os cuidados oferecidos nas instituições devem fornecer às crianças amparo, apoio e orientação, de forma que o acolhimento represente um espaço em que encontrem não só bem-estar, mas também seja preparada para desenvolver sua autonomia e independência.1717 Moura GG, Amorim KS. A (in)visibilidade dos bebês na discussão sobre acolhimento institucional. Psicol Estud. 2013; 18(2):235-45.

A criança sempre que se separa, sem desejar, da figura materna a quem é apegada, sente aflição, que se intensifica quando ela é colocada em um ambiente estranho, sob os cuidados de pessoas desconhecidas.88 Bowlby J. Apego: a natureza do vínculo. 3ª ed. São Paulo (SP): Martins Fontes; 2009. Assim, existe um desgaste emocional intenso das crianças institucionalizadas, em especial, no momento de adaptação à instituição, pois essa exige a aceitação imediata de hábitos, horários e regras que podem ser bem distintas das vivenciadas por elas no convívio com sua família.1818 Cavalcante LI, Corrêa LS. Perfil e trajetória de educadores em instituições de acolhimento infantil. Cad Pesqui. 2012; 42(146):494-517.

Destaca-se como uma das principais demandas psicológicas das crianças "a necessidade de maior constância nos cuidados, levando a um reconhecimento de sua individualidade".1919 Golin G, Benetti SPC. Acolhimento precoce e o vínculo na institucionalização. Psicol. Teor Pesqui. 2013; 29(3):241-8.:246 Deste modo, na ruptura com a família biológica, é preciso que o cuidador substituto ofereça um contato receptivo e estável às crianças, visando amenizar os traumas gerados pela privação materna e possibilitar o desenvolvimento do apego.

Estudo, que utilizou a Teoria do Apego, relacionou os problemas de comportamento na infância tardia aos papéis do apego materno precoce e à relação do professor com a criança.2020 O'Connor EE, Collins BA, Supplee L. Behavior problems in late childhood: the roles of early maternal attachment and teacher-child relationship trajetories. Attach Hum Dev [Internet]. 2012 [cited 2017 Mar 01]; 14(3):265-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012.672280
http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012....
Esse aponta que crianças com apegos evitantes e ambivalentes, comparadas com aquelas que têm apegos seguros, mostram níveis mais altos de externalização e/ou internalização de comportamentos. As relações professor-criança, assim como os comportamentos de externalização e internalização precoce, são importantes caminhos para indicar que os relacionamentos de apego materno precoce influenciam o desenvolvimento psicológico tardio das crianças. Contudo, a gênese dos problemas de comportamento, relacionados à desorganização do vínculo, não decorrem apenas da relação desregulada da díade mãe-filho, mas também de relações desfavoráveis entre o professor e a criança.2020 O'Connor EE, Collins BA, Supplee L. Behavior problems in late childhood: the roles of early maternal attachment and teacher-child relationship trajetories. Attach Hum Dev [Internet]. 2012 [cited 2017 Mar 01]; 14(3):265-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012.672280
http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012....

Existe uma associação importante entre o estabelecimento de um padrão de apego inseguro na infância e o desenvolvimento da depressão na adolescência, pois, na segunda, testam-se os vínculos formados na infância, uma vez que a constituição de uma nova identidade só acontece por meio de processos de compartilhamento e de interiorização.2121 Biazus CB, Ramires VRR. Depressão na adolescencia: uma problemática dos vínculos. Psicol Estud. 2012; 17(1):83-91. Deste modo, destaca-se a importância da vinculação afetiva segura para o desenvolvimento dos seres humanos, pois a qualidade do vínculo e do apego influencia o desenvolvimento emocional, cognitivo e social das crianças, futuros adultos, que, se criados em ambientes mais sensíveis, podem transformar-se em cidadãos mais justos e solidários, ao invés de reproduzir a cultura da violência.2222 Salinas-Quiroz F, Posada G. MBQS: método de evaluación para intervenciones en apego dirigidas a primera infancia. Rev Latinoam Cienc Soc Niñez Juv [Internet]. 2015 [cited 2017 Mar 01]; 13(2):1051-63. Available from: http://www.scielo.org.co/pdf/rlcs/v13n2/v13n2a36.pdf
http://www.scielo.org.co/pdf/rlcs/v13n2/...

O Interacionismo Simbólico mostrou-se efetivo para compreender a interação diária que ocorre entre criança e cuidador na vivência da categoria Trabalhando com o cuidado, uma vez que eles criam e recriam suas perspectivas e formas de agir no mundo com base na relação de uns com os outros. Deste modo, os significados acerca das coisas são manuseados e modificados por meio do processo interpretativo usado pela pessoa para lidar com as coisas com as quais se defronta.2323 Blumer H. Simbolic Interactionism: perspective and method [Internet]. Berkley (US): University of California Press, 1986 [cited 2016 Dec 10]. Available from: https://books.google.com.br/books?id=HVuognZFofoC&printsec=frontcover&dq=Symbolic+interactionism:+perspective+and+method&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=Symbolic%20interactionism%3A%20perspective%20and%20method&f=false
https://books.google.com.br/books?id=HVu...

Os cuidadores organizam o cuidado de acordo com suas experiências e conhecimentos, ajustando-o às necessidades específicas de cada criança. Dessa forma, o adulto interage com o ambiente com base em sua bagagem cultural, alterando-o conforme suas necessidades e também as da criança.2424 Corrêa LS, Cavalcante LIC. Educadores de abrigo: concepções sobre desenvolvimento e práticas de cuidado em situação de brincadeira. Rev Bras Crescimento Desenv Hum. 2013; 23(3):1-9. Portanto, é no desenvolvimento do trabalho e na interação com ela que o cuidador cria suas perspectivas de cuidado, influenciando e sendo influenciado pela convivência com os colegas e as crianças, na socialização diária. Essa elaboração e mudança de perspectiva podem ser observadas também na categoria Enfrentando o cotidiano do trabalho, no qual as relações com os colegas e com o ambiente influenciam diretamente na maneira com que o cuidado é organizado e implementado.

Complementarmente, é na interação com o adulto que a criança passa a adotar suas perspectivas, sendo os cuidadores uma referência para as crianças abrigadas, visto que a partir do cuidado que recebem, elas passam a reproduzi-lo umas com as outras. Logo, no caso das crianças institucionalizadas "o poder de ditar comportamentos e atitudes deve-se à força que tem o aprendizado pela imitação nessa idade".2525 Magalhães CMC, Costa LN, Cavalcante LIC. Percepção de educadores de abrigo: o seu trabalho e a criança institucionalizada. Rev Bras Crescimento Desenv Hum. 2011; 21(3):818-31.:25

A partir disto, pode- se compreender que o significado das coisas tem que ser formado, aprendido e transmitido por meio da interação social.2323 Blumer H. Simbolic Interactionism: perspective and method [Internet]. Berkley (US): University of California Press, 1986 [cited 2016 Dec 10]. Available from: https://books.google.com.br/books?id=HVuognZFofoC&printsec=frontcover&dq=Symbolic+interactionism:+perspective+and+method&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=Symbolic%20interactionism%3A%20perspective%20and%20method&f=false
https://books.google.com.br/books?id=HVu...
Assim, na interação social com o cuidador e com seus pares, a criança constrói seus modelos operacionais de mundo, constituindo um modelo de relacionamento, que delimita o que será experimentado nas relações futuras.22 Abreu CN. Teoria do apego: fundamentos, pesquisas e implicações clínicas. São Paulo (SP): Casa do Psicólogo; 2005.

O uso da Teoria Fundamentada nos Dados proporcionou a elaboração do modelo teórico aqui apresentado, sendo que, a partir da codificação e categorização, foi possível o estabelecimento da relação entre os fenômenos e, destes, com o referencial teórico da Teoria do Apego e do Interacionismo Simbólico. Estudo que também utilizou a Teoria Fundamentada nos Dados para elaborar um modelo teórico comprovou sua aplicabilidade para esta construção e reprodução em cenários que atendem à criança com doença crônica.2626 Santos LM, Valois HR, Santos SSBS, Carvalho ESS, Santana RCB, Sampaio SS. Aplicabilidade de modelo teórico a famílias de crianças com doença crônica em cuidados intensivos. Rev Bras Enferm. 2014: 67(2):187-94.

A TFD amplia e aprimora o conhecimento produzido nas pesquisas, mostrando ser um importante método para uso em pesquisas de saúde.2727 Nascimento JD, Lacerda MR, Girardon-Perlini NMO, Camargo TB, Gomes IM, Zantoni DCP. The experience of family care in transitional support houses. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016 [cited 2017 Mar 01]; 69(3):504-10. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n3/en_0034-7167-reben-69-03-0538.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n3/en_...
Assim, a TFD caracteriza-se como um valioso método para construção de novas teorias, sendo que "para a construção de uma Teoria Fundamentada nos Dados é essencial que o pesquisador possua uma sensibilidade teórica para compreender as sutilezas dos significados dos dados".2828 Mieto FSR, Bousso RS. A experiência materna em uma unidade de hemodiálise pediátrica. J Bras Nefrol. 2014; 36(4):460-8.:463

A efetividade da articulação entre a TFD e o Interacionismo Simbólico também é apresentada em outros estudos,2929 Andrade PR, Ohara CVS, Borba RIH, Ribeiro CA. Facing the difficult experience even with support: the underage adolescent experiencing motherhood [Internet]. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2015 [cited 2017 Mar 01]; 36(esp):111-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v36nspe/en_0102-6933-rgenf-36-spe-0111.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v36nspe/e...
-3030 Penna CMM, Queiróz ES. Conceptions and practices of nurses working with families. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 [cited 2017 Mar 01]; 24(4):941-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n4/0104-0707-tce-24-04-00941.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n4/0104-...
para construção de modelos teóricos. Contudo, não se encontrou articulação prévia entre a TFD, o Interacionismo Simbólico e a Teoria do Apego, somente estudos que avaliavam realidades a partir da Teoria do Apego individualmente.2020 O'Connor EE, Collins BA, Supplee L. Behavior problems in late childhood: the roles of early maternal attachment and teacher-child relationship trajetories. Attach Hum Dev [Internet]. 2012 [cited 2017 Mar 01]; 14(3):265-88. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012.672280
http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012....
-2121 Biazus CB, Ramires VRR. Depressão na adolescencia: uma problemática dos vínculos. Psicol Estud. 2012; 17(1):83-91.,3131 Schuengel C. Teacher-child relationships as a developmental issue. Attach Hum Dev [Internet]. 2012 [cited 2017 Mar 01]; 4(3):329-36. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012.675639
http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012....
No entanto, considera-se importante destacar que a Teoria do Apego oferece um modelo útil para entender o papel das relações no desenvolvimento.3131 Schuengel C. Teacher-child relationships as a developmental issue. Attach Hum Dev [Internet]. 2012 [cited 2017 Mar 01]; 4(3):329-36. Available from: http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012.675639
http://dx.doi.org/10.1080/14616734.2012....

Estudo aponta que a relativa ausência de pequisas baseadas na Teoria do Apego limita a compreensão das relações do cuidador com a criança, restringindo o conhecimento sobre o desenvolvimento infantil e dificultando a criação de programas de intervenção e políticas públicas sobre o desenvolvimento infantil.2222 Salinas-Quiroz F, Posada G. MBQS: método de evaluación para intervenciones en apego dirigidas a primera infancia. Rev Latinoam Cienc Soc Niñez Juv [Internet]. 2015 [cited 2017 Mar 01]; 13(2):1051-63. Available from: http://www.scielo.org.co/pdf/rlcs/v13n2/v13n2a36.pdf
http://www.scielo.org.co/pdf/rlcs/v13n2/...

O modelo teórico construído sobre a formação do vínculo e da interação entre cuidadores e crianças institucionalizadas traz contribuições para o cuidado de enfermagem no contexto do abrigamento infantil, demonstrando a importância da inserção do profissional enfermeiro nesse cenário. Espera-se que o modelo teórico desenvolvido possa ser aplicado também a outros contextos de abrigamento infantil. Contudo, sabe-se que, por se tratar de um processo com base na Teoria Fundamentada nos Dados, não visa ser conclusivo, mas está aberto a novas reformulações a partir de estudos que venham a enfatizar o trabalho/cuidado da criança institucionalizada, acrescentando novas perspectivas a esta realidade.

CONCLUSÃO

A articulação entre a Teoria do Apego e o Interacionismo Simbólico como referenciais teóricos e a Teoria Fundamentada nos Dados como método para o estudo da formação de vínculos e interação entre cuidadores e crianças institucionalizadas mostrou-se exitosa, pois permitiu a construção do modelo teórico Percebendo o trabalho/cuidado com crianças institucionalizadas.

Com a presente pesquisa foi possível compreender a formação e a ruptura de vínculos entre cuidadores e crianças, sendo que os referenciais utilizados mostraram-se pertinentes para construção do modelo teórico, correspondendo integralmente para atingir ao objetivo proposto. Portanto, ressalta-se a contribuição substancial desses referenciais na elaboração de pesquisas qualitativas.

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    Artigo extraído da tese - Formação de vínculos e interação entre cuidadores e crianças em um abrigo, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em 2016.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    27 Mar 2017
  • Aceito
    22 Ago 2017
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