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PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA PACIENTE EXPERTO: REVISÃO DE ESCOPO

RESUMO

Objetivo:

Mapear evidências sobre as perspectivas e desafios para implementação do Programa Paciente Experto.

Método:

Trata-se de uma scoping review, orientada a partir do método proposto pelo JBI, e seguiu as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews, com o protocolo de pesquisa registrado no Open Science Framework DOI:10.17605/OSF.IO/D7K6A. A busca pelos estudos foi realizada no mês de julho de 2022, e ocorreu nas bases de dados e em portais de teses e dissertações nacionais e internacionais.

Resultados:

A amostra final foi composta por seis artigos científicos, todos redigidos na língua inglesa. Entre as perspectivas para implementação, estão a qualificação dos profissionais de saúde, para identificar e qualificar pacientes expertos, o comprometimento da gestão com o programa, o uso das tecnologias móveis e a Prática Baseada em Evidência. Já os desafios são relacionados à falta de compreensão do termo "autogestão” e ao déficit de políticas públicas e investimento financeiro.

Conclusão:

Os resultados encontrados enfatizam a importância da implementação do Programa Paciente Experto para o contexto de saúde pública, principalmente, em relação à população portadora de doenças crônicas não transmissíveis.

DESCRITORES:
Participação do Paciente; Implementação de Plano de Saúde; Autogestão; Sistemas de Saúde; Revisão

ABSTRACT

Objective:

to map diverse evidence on perspectives and challenges for implementing the Expert Patient Program.

Method:

this is a scoping review, guided by the method proposed by the JBI and which followed the recommendations set forth in the Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews, with its research protocol registered in the Open Science Framework, with DOI:10.17605/OSF.IO/D7K6A. The search for studies was carried out in July 2022 in databases and in national and international portals of theses and dissertations.

Results:

the final sample consisted of six scientific articles, all written in English. Health professionals' qualification, to identify and qualify expert patients, management's commitment to the program, use of mobile technologies and Evidence-Based Practice are among the perspectives for implementation. The challenges are related to lack of understanding of the term "self-management" and to the deficit of public policies and financial investment.

Conclusion:

the results found emphasize the importance of implementing the Patient Expert Program for the public health context, mainly in relation to the population with chronic non-communicable diseases.

DESCRIPTORS:
Patient Participation; Health Plan Implementation; Self-management; Health Systems; Review

RESUMEN

Objetivo:

mapear diversa evidencia sobre las perspectivas y los desafíos para la implementación del Programa “Paciente Experto”.

Método:

revisión de alcance, orientada a partir del método propuesto por el JBI y en la que se siguieron las recomendaciones de Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews, con registro del protocolo de investigación en Open Science Framework (DOI:10.17605/OSF.IO/D7K6A). La búsqueda de estudio se realizó en julio de 2022, tanto en las bases de datos como en portales de tesis y disertaciones nacionales e internacionales.

Resultados:

la muestra final estuvo compuesta por seis artículos científicos, todos redactados en inglés. Entre las perspectivas para la implementación se incluyen las siguientes: calificación de los profesionales de la salud, para identificar y calificar pacientes expertos; compromiso de la gerencia con el programa; uso de las tecnologías móviles y Práctica Basada en Evidencia. Por el otro lado, los desafíos están relacionados con no comprender el término "autogestión" y con el déficit de políticas públicas e inversiones financieras.

Conclusión:

los resultados encontrados enfatizan la importancia de implementar el Programa “Paciente Experto” para el contexto de la salud pública, principalmente en relación con la población que padece enfermedades crónicas no transmisibles.

DESCRIPTORES:
Participación del Paciente; Implementación de un Plan de Salud. Autogestión; Sistemas de Salud; Revisión

INTRODUÇÃO

O aumento da expectativa de vida com a transição demográfica/epidemiológica, vivenciada em todo mundo, tem despertado novas necessidades em saúde, fato evidenciado pelas tendências de mortalidade mundial. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como causa de morte passou de quatro para sete dentre as 10 que mais fizeram vítimas fatais. No Brasil, as DCNT correspondem a 72% dos óbitos11. Martins TCF, Silva JHCM, Máximo GC, Guimarães RM. Transição da morbimortalidade no Brasil: um desafio aos 30 anos de SUS. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 17];26(10):4483-96. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-812320212610.10852021
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-22. Malta DC, Andrade SSCA, Oliveira TP, Moura L, Prado RR, Souza MFM. Probability of premature death for chronic non-communicable diseases, Brazil and Regions, projections to 2025. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2019 [cited 2022 Jul 17];22:e190030. Available from: http://doi.org/10.1590/1980-549720190030
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Com base nisso, a OMS incluiu, em seus programas, o incentivo à autogestão, termo que está associado às atividades realizadas pelos próprios indivíduos, para que possam viver bem com as condições crônicas e, mais importante, aumentar sua própria capacidade e confiança para lidar com essas questões33. World Health Organization. Sete das 10 principais causas de morte no mundo são doenças não transmissíveis. WHO [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 10]. Available from: https://news.un.org/pt/story/2020/12/1735642
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A promoção desse novo modelo de assistência estimula o paciente a sair do papel passivo para o ativo, como gerente do seu cuidado e condição de saúde, de maneira que ele consiga desenvolver a capacidade de tomar decisões sobre seu estado atual de doença, com vistas a gerar mudanças comportamentais em seus estilos de vida com promoção do autocuidado44. Contel JC. La atención integrada y el reto de la cronicidad. Enferm Clin [Internet]. 2018 [cited 2022 Jul 12];28(1):1-4. Available from: https://doi.org/10.1016/j.enfcli.2017.12.002
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A cultura de autogestão do cuidado é complexa e desafiadora, tanto para o paciente, seus familiares e cuidadores quanto para o profissional de saúde que, na maioria das vezes, segue as rotinas do sistema de saúde já posto44. Contel JC. La atención integrada y el reto de la cronicidad. Enferm Clin [Internet]. 2018 [cited 2022 Jul 12];28(1):1-4. Available from: https://doi.org/10.1016/j.enfcli.2017.12.002
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. Isso requer um rompimento com os paradigmas hegemônicos atualmente vivenciados nos serviços de saúde, com foco biologicista, direcionado para a atenção à doença e não ao indivíduo em sua completude e integralidade55. Cabral MFCT, Viana AL, Gontijo DT. Use of the complexity paradigm in the field of health: scope review. Esc Anna Nery [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 17];24(3):e20190235. Available from: http://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2019-0235
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Nesse contexto, os serviços e sistemas de saúde precisam estar aptos a efetuar um novo modelo de cuidado que implemente estratégias de autogestão como parte importante no enfrentamento das doenças crônicas, para estimular e desenvolver uma cultura de autorresponsabilidade que capacite, prepare o paciente e envolva os familiares/cuidadores. Há evidências de que, além dos benefícios para a saúde e o bem-estar, as estratégias de autogestão podem reduzir o impacto econômico do aumento das condições crônicas e proporcionar sistemas de saúde mais sustentáveis66. Dineen-Griffin S, Garcia-Cardenas V, Williams K, Benrimoj SI. Helping patients help themselves: a systematic review of self-management support strategies in primary health care practice. PLoS One [Internet]. 2019 [cited 2022 Jul 10];14(8):e0220116. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0220116
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Uma dessas estratégias é o Programa Paciente Experto, já consolidado em alguns países, como a Espanha, que visa, além de melhorar a experiência e a relação dos indivíduos com sua condição de saúde, criar uma rede de apoio entre pessoas que possuem características crônicas comuns, com condições semelhantes, para favorecer o alcance de metas individuais ou coletivas. Os pacientes adquirem um papel proativo e de liderança, e os profissionais de saúde exercem atividades passivas, de observação77. Achury-Saldaña DM, Restrepo L, Munar MK, Rodríguez I, Cely MC, Abril N, et al. Efecto de un programa de paciente experto en insuficiencia cardiaca. Enferm Glob [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 10];19(57):479-506. Available from: http://doi.org/10.6018/eglobal.19.1.361801
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O papel de observador é fundamental para a captação de possíveis pacientes expertos. Os profissionais são responsáveis por identificar as características essenciais, como autoconhecimento, responsabilidade, liderança, empatia, proatividade, entre outras, que possam contribuir na formação desse indivíduo, ativo, participativo e independente, dentro do sistema de saúde, que deseje e esteja apto a contribuir no processo de autoconhecimento de seus iguais88. Larson E, Sharma J, Bohrenc MA, Tunçalpd O. When the patient is the expert: measuring patient experience and satisfaction with care. Bull World Health Organ [Internet]. 2019 [cited 2022 Jul 17];97:563-9. Available from: http://doi.org/10.2471/BLT.18.225201
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Contudo, o processo de criação e/ou implementação de uma nova estratégia ou programa de saúde pública perpassa por diversas questões e readequações conceituais e culturais. A fase de implementação é considerada o momento crucial da materialização das políticas públicas e/ou modelos de saúde, tendo em vista que as propostas se corporificam em ação institucionalizada mediante a atuação dos agentes implementadores. É nessa etapa que ficam mais evidentes as perspectivas e desafios para implementação das ações e os processos produtivos podem ser avaliados e analisados99. Dalfior ET, Lima RCD, Andrade MAC. Implementação de políticas públicas: metodologia de análise sob o enfoque da política institucional. Saúde Debate [Internet]. 2015 [cited 2022 Jul 17];39:283-97. Available from: http://doi.org/10.5935/0103-1104.2015s005316
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A presente pesquisa poderá contribuir, de forma significativa, para a promoção em saúde, e seus resultados podem subsidiar a prática de profissionais que atuam em serviços que atendem pessoas com condições crônicas, ao permitir conhecer as principais perspectivas e desafios para implementação do Programa Paciente Experto.

Para tanto, objetivou-se mapear evidências sobre as perspectivas e desafios para implementação do Programa Paciente Experto.

MÉTODO

Trata-se de uma scoping review (ScR), elaborada com base nas orientações do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR),1010. Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil H. Chapter 11: Scoping Reviews. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI Manual for evidence synthesis [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 10]. Available from: https://doi.org/10.46658/jbimes-20-12
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com o protocolo de pesquisa registrado no Open Science Framework (OSF) (https://doi.org/10.17605/OSF.IO/D7K6A).

Esse tipo de estudo tem a finalidade de identificar, mapear e sintetizar as evidências e lacunas no conhecimento existentes em torno de um determinado campo de pesquisa. O processo de realização conserva o rigor metodológico por meio do seguinte delineamento: (1) identificação da questão de pesquisa; (2) identificação de estudos relevantes; (3) seleção dos estudos; (4) análise e extração de dados; e (5) síntese e apresentação dos dados.1010. Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil H. Chapter 11: Scoping Reviews. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI Manual for evidence synthesis [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 10]. Available from: https://doi.org/10.46658/jbimes-20-12
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-1111. Tricco AC, Lillie E, Zarin W, O’Brien KK, Colquhoun H, Levac D, et al. PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation. Ann Intern Med [Internet]. 2018 [cited 2022 Jul 01];169(7):467. Available from: https://doi.org/10.7326/M18-0850
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A etapa 1 consistiu na formulação da questão de pesquisa, e, para isso, utilizou-se a estratégia mnemônica PCC: (P (População) - Paciente; C (Conceito) - Implementação de plano de saúde; Autogestão; e C (Contexto) - Sistemas de saúde). Assim, a pergunta formulada foi: quais as perspectivas e desafios para implementação de um programa de autogestão do cuidado?

Na etapa 2, antes de realizar as buscas nas bases de dados, foram identificados os descritores que representam o objeto do estudo, mediante Medical Subject Headings (MeSH), para descritores em inglês, e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), para descritores em português. Os descritores selecionados foram: participação do paciente/patient participation; implementação de plano de saúde; autogestão/health plan implementation; self-management; sistemas de saúde/health systems.

Assim, posteriormente à seleção dos descritores, foi feita uma busca prévia aberta e ampla na literatura e na plataforma OSF como forma de garantir que revisões ou protocolos com o objeto de estudo em questão ou temática semelhante não foram publicados. A partir da não identificação, seguiu-se com as etapas para consolidação da ScR. Após isso, iniciou-se a seleção dos materiais nas bases de dados e na literatura cinzenta, por meio do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a partir da identificação na Comunidade Acadêmica Federada (CAFe), como forma de padronizar a coleta nas bases de dados elencadas, em junho de 2022.

A seleção dos estudos consistiu na leitura dos títulos e resumos dos textos resgatados nas bases de dados e repositórios de teses e dissertações. Para alcançar a etapa 3, houve uma triagem dos trabalhos, conforme critérios de elegibilidade, mediante a leitura de texto completo para conferir se respondiam à questão norteadora e para extração dos dados. As análises foram realizadas por pares, portanto, uma dupla de revisores, de forma independente, em mesmo dia e horário, e, em caso de discordância, houve discussão para consenso. Em casos de dúvidas, foi solicitado o parecer de um terceiro revisor especialista na área do objeto de estudo.

Quanto aos critérios de elegibilidade, foram incluídas publicações que respondem ao objetivo do estudo e à questão norteadora, em qualquer idioma, disponíveis na íntegra em meio eletrônico. Foram excluídos estudos em formato de editorial, carta ao editor e artigos de opinião. Os documentos duplicados foram considerados apenas uma vez. O único filtro aplicado foi o de “acesso aberto”.

As bases de dados utilizadas para busca dos estudos foram: PubMed; Scopus; Web of Science; Science Direct; Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); COCHRANE; The Education Resources Information Center (ERIC The National Library of Australia’s Trobe (Trove); Academic Archive Online (DIVA); DART-Europe E-Theses Portal; Electronic Theses Online Service (EThOS); Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP); National ETD Portal; Theses Canada; teses e dissertações da América Latina; banco de dissertações; e teses da CAPES.

Na etapa 4, realizou-se o processo de separação, sumarização e relatório dos dados essenciais encontrados, durante a leitura integral dos textos, determinando se eles cumpriam de fato os critérios de inclusão e de exclusão, com uso de uma planilha do software Excel Microsoft Office ®, que permitiu a síntese, interpretação dos dados e a análise estatística básica da extensão, natureza e distribuição dos estudos selecionados que compõem a amostra final1212. Aromataris E, Munn Z, editors. JBI Reviewer's Manual [Internet]. JBI; 2020 [cited 2022 Aug 15]. Available from: https://doi.org/10.46658/JBIRM-19-01
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Assim, os dados foram organizados nessa planilha, analisados e apresentados descritivamente por meio de figuras, quadros e gráficos que facilitam a visualização dos resultados, em cumprimento da etapa 5. Não houve necessidade de apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, por se tratar de uma pesquisa com materiais de domínio público que não envolveu seres humanos.

RESULTADOS

Originalmente, a busca identificou 236.047 estudos nas bases de dados e repositórios de dissertações e teses elencadas, porém apenas 230.758 estavam disponíveis na íntegra para análise. A Figura 1 representa o fluxo do processo de seleção, e a amostra final foi composta por seis estudos.

Figura 1 -
Fluxograma do processo de seleção adaptado do PRISMA-ScR. Natal/RN, Brasil, 2022 (n=06)

Quanto à caracterização da amostra que compôs esta revisão de escopo, os estudos foram publicados entre os anos de 2003 (1; 16,66%), 2015 (1; 16,66%), 2017 (1; 16,66%), 2019 (1; 16,66%) e 2021, com duas publicações (33,33%). Em relação ao idioma, todos estão redigidos em inglês (6; 100%).

Na Figura 2, estão distribuídos os países nos quais foram realizados os estudos.

Figura 2 -
Países que desenvolveram as publicações. Natal/RN, Brasil, 2022

O Quadro 1 apresenta a caracterização detalhada dos estudos selecionados e a síntese das perspectivas e desafios enfrentados para implementação do Programa Paciente Experto.

Quadro 1
Caracterização dos estudos quanto aos autores e ano de publicação, país de desenvolvimento da pesquisa, tipo de estudo, síntese perspectivas e desafios para a implementação do Programa Paciente Experto e nível de evidência. Natal/RN, Brasil, 2022 (n=06)

DISCUSSÃO

Na atualidade, é cada vez mais comum encontrar pessoas comprometidas com a promoção da saúde e que valorizam questões relacionadas ao bem-estar e continuidade do tratamento. Essa perspectiva não centraliza a responsabilidade de êxito apenas nos profissionais de saúde, mas inclui os pacientes e a população de um modo geral como agentes ativos, participativos e envolvidos nesse processo1919. Satur RV, Bastos AFV, Abreu NR. Os serviços de saúde e a autogestão da saúde dos usuários de plano público e de plano privado. Rev Gest Sist Saúde [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 20];9(2):269-82. Available from: https://periodicos.uninove.br/revistargss/article/view/14681
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Diante desse cenário, surge um novo protagonista, o paciente experto, que é definido como um indivíduo que assume de forma ativa a autogestão do seu processo de saúde-doença. Também é capaz de desenvolver e aprimorar habilidades necessárias para o autocuidado, buscar informações acerca de tratamentos e melhor forma de lidar com a doença, além de ser apto para auxiliar outros indivíduos em condições semelhantes, com papel educativo confiável2020. Bezerril MS, Moreno IM, Ayllón FS, Lira ALBC, Cogo ALP, Santos VEP. Analysis of the expert patient concept according to Walker and Avant’s model. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2022 [cited 2022 Jul 20];31:e20210167. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2021-0167en
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Liderado por pacientes portadores de DCNT, um programa de promoção da autogestão não se baseia em modelos tradicionais de ensino do paciente, mas na realização de atividades educativas sobre o manejo das condições de saúde pelo próprio paciente especialista, a partir da partilha de experiências e dicas necessárias para poder empoderar outros indivíduos para o autogerenciamento de sua doença crônica1313. Morsch P, Pelaez M, Veja E, Hommes C, Lorig K. Evidence-based programs for older persons in the Americas. Rev Panam Salud Publica [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 04];45:e91. Available from: https://doi.org/10.26633/RPSP.2021.91
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-1414. Pantoja T, Opiyo N, Lewin S, Paulsen E, Ciapponi A, Wiysonge CS, et al. Implementation strategies for health systems in low‐income countries: an overview of systematic reviews. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2017 [cited 2022 Jul 02];12(9):CD011086. Available from: https://doi.org/10.1002/14651858.CD011086.pub2
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,2121. Glasgow SM. The politics of self-craft: Expert patients and the public health management of chronic disease. SAGE Open [Internet]. 2012 [cited 2022 Jul 21];2(3). Available from: https://doi.org/10.1177/2158244012452575
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. Assim, o paciente experto possui condições potenciais para reformular o sistema de saúde e descentralizar o cuidado figurado na autoridade médica, pois a busca de informações sobre diagnósticos, doenças, sintomas, medicamentos, custos de internação e tratamento o torna mais ativo e conhecedor sobre sua doença e fatores relacionados a ela, além de ser capaz de educar outros pacientes com condições semelhantes2222. Garbin HBR, Pereira Neto AF, Guilam MCR. The internet, expert patients and medical practice: an analysis of the literature. Interface (Botucatu) [Internet]. 2008 [cited 2022 Jul 20];12(26):579-88. Available from: https://doi.org/10.1590/S1414-32832008000300010
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Desse modo, a gestão da saúde não ocorre de forma unilateral, mas compartilhada entre paciente e profissional, onde há o comprometimento mútuo na promoção da saúde, além de atribuir valores aos serviços de saúde e à corresponsabilização do paciente no manejo do seu estado crônico de saúde, para proporcionar melhores resultados ao tratamento1919. Satur RV, Bastos AFV, Abreu NR. Os serviços de saúde e a autogestão da saúde dos usuários de plano público e de plano privado. Rev Gest Sist Saúde [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 20];9(2):269-82. Available from: https://periodicos.uninove.br/revistargss/article/view/14681
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Frente a isso, surge a necessidade de capacitar os profissionais de saúde para que estejam aptos a identificar possíveis pacientes expertos e participar da sua formação como educador e especialista na promoção do autocuidado2020. Bezerril MS, Moreno IM, Ayllón FS, Lira ALBC, Cogo ALP, Santos VEP. Analysis of the expert patient concept according to Walker and Avant’s model. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2022 [cited 2022 Jul 20];31:e20210167. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2021-0167en
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É durante a educação formal que os profissionais de saúde e os pacientes expertos fazem um aprofundamento teórico e de experiência, para subsidiar o aporte educacional a ser transmitido aos outros pacientes aprendizes. Por isso, faz-se necessário que esses protagonistas do programa de autogestão do cuidado sejam capacitados e qualificado77. Achury-Saldaña DM, Restrepo L, Munar MK, Rodríguez I, Cely MC, Abril N, et al. Efecto de un programa de paciente experto en insuficiencia cardiaca. Enferm Glob [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 10];19(57):479-506. Available from: http://doi.org/10.6018/eglobal.19.1.361801
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. O desenvolvimento de um curso em parceria com as organizações governamentais e comunitárias, de caráter formativo, com o intuito de capacitar pacientes leigos em expertos, foi realizado de maneira colaborativa e culminou na satisfação desse público, melhorando a autogestão das doenças crônicas, o estado de saúde e reduzindo as demandas dos serviços1717. Dongbo F, Hua F, McGoowan P, Yi-e S, Lizhen Z, Huiqin Y, et al. Implementation and quantitative evaluation of chronic disease self-management programme in Shanghai, China: randomized controlled trial. Bull World Health Organ [Internet]. 2003 [cited 2022 Jul 04];81(10):174-82. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2572423/pdf/12764513.pdf
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Nesse ínterim, as ações educativas de promoção à autogestão configuram uma tecnologia leve e de baixo custo que poderá implicar mudanças satisfatórias no modelo de atenção à saúde do Sistema Único de Saúde e nos serviços de saúde brasileiros quanto ao monitoramento das DCNT2323. Aggio CM, Marcon SS, Galdino MJQ, Martins EAP, Lopes GK, Haddad MCFL. Efetividade do gerenciamento clínico por telemonitoramento para beneficiários com doenças crônicas na saúde suplementar. Saud Pesq [Internet]. 2022 [cited 2022 Jul 20];15(1):e9571. Available from: https://doi.org/10.17765/2176-9206.2022v15n1.e9571
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Dentre os resultados desta revisão, destacam-se dois estudos realizados na Holanda e nos Estados Unidos da América, respectivamente, que apresentam o uso de aplicativos como um instrumento para autogestão1515. Lewinski AA, Vaughn J, Diane A, Barnes A, Matthew J, CrowLey MD, et al. Perceptions of using multiple mobile health devices to support self‐management among adults with type 2 diabetes: a qualitative descriptive study. J Nurs Scholarsh [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 03];53(5):643-52. Available from: https://doi.org/10.1111/jnu.12667
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-1616. Wit LM, Uden-Kraan CFV, Lissenberg-Witte BI, Melissant HC, Fleuren MAH, Cuijpers P, et al. Adoption and implementation of a web-based self-management application “Oncokompas” in routine cancer care: a national pilot study. Support Care Cancer [Internet]. 2019 [cited 2022 Jul 04];27(8):2911-20. Available from: https://doi.org/10.1007/s00520-018-4591-5
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. O uso de aplicativos móveis se torna útil para o estímulo do autocuidado entre os pacientes e como recurso educacional a ser utilizado pelos profissionais de saúde2424. Galindo Neto NM, Sá GGM, Barbosa LU, Pereira JCN, Henriques AHB, Barros LM. Covid-19 and digital technology: mobile applications available for download in smartphones. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 21];29:e20200150. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2020-0150
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Nessa perspectiva, o emprego desses aplicativos em um programa de autogestão de cuidado implicará benefícios voltados para aumento da adesão à terapêutica recomendada, monitorar a regularidade das medicações, controlar os gastos com o tratamento, rastrear níveis glicêmicos, de pressão arterial, entre outros cuidado1515. Lewinski AA, Vaughn J, Diane A, Barnes A, Matthew J, CrowLey MD, et al. Perceptions of using multiple mobile health devices to support self‐management among adults with type 2 diabetes: a qualitative descriptive study. J Nurs Scholarsh [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 03];53(5):643-52. Available from: https://doi.org/10.1111/jnu.12667
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,1818. Harvey J, Dopson S, McManus RJ, Powell J. Factors influencing the adoption of self-management solutions: an interpretive synthesis of the literature on stakeholder experiences. Implement Sci [Internet]. 2015 [cited 2022 Jul 05];10(1):1-15. Available: Available: https://doi.org/10.1186/s13012-015-0350-x
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,2525. Nóbrega MPSS, Tibúrcio PC, Fernandes MC, Fernandes CSNN, Santos CSVB, Magalhães BMBS. Explorando o uso de aplicativos móveis para autogestão do tratamento em saúde mental: scoping review. Rev Enferm UFSM [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 21];11:e56. Available from: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/64393/pdf
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O registro e o monitoramento da rotina vivenciada pelo paciente possibilitam melhor acompanhamento pelos profissionais de saúde e a prática da autogestão apoiada, com a criação de metas e os métodos utilizados para poder alcançá-las1616. Wit LM, Uden-Kraan CFV, Lissenberg-Witte BI, Melissant HC, Fleuren MAH, Cuijpers P, et al. Adoption and implementation of a web-based self-management application “Oncokompas” in routine cancer care: a national pilot study. Support Care Cancer [Internet]. 2019 [cited 2022 Jul 04];27(8):2911-20. Available from: https://doi.org/10.1007/s00520-018-4591-5
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Logo, o telemonitoramento por aplicativos móveis poderá ser visto como uma possibilidade de melhoria da comunicação entre esses públicos e da promoção à autogestão, visto que compreende a interação, o compartilhamento de dados clínicos e comportamentais, o reconhecimento de problemas, a melhora da tomada de decisão, a definição de objetivos e a identificação de comportamentos modificáveis. Tudo isso irá auxiliar na adaptação e no melhor manejo de gerenciar as doenças crônicas2323. Aggio CM, Marcon SS, Galdino MJQ, Martins EAP, Lopes GK, Haddad MCFL. Efetividade do gerenciamento clínico por telemonitoramento para beneficiários com doenças crônicas na saúde suplementar. Saud Pesq [Internet]. 2022 [cited 2022 Jul 20];15(1):e9571. Available from: https://doi.org/10.17765/2176-9206.2022v15n1.e9571
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,2626. Paré G, Poba-Nzaou P, Sicotte C. Home telemonitoring for chronic disease management: an economic assessment. Int J Technol Assess Health Care [Internet]. 2013 [cited 2022 Jul 20];29(2):155-61. Available from: https://doi.org/10.1017/S0266462313000111
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Outro ponto levantado nos resultados desse estudo foi a contribuição da Prática Baseada em Evidência (PBE) para a implementação de um programa de autogestão do cuidado1313. Morsch P, Pelaez M, Veja E, Hommes C, Lorig K. Evidence-based programs for older persons in the Americas. Rev Panam Salud Publica [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 04];45:e91. Available from: https://doi.org/10.26633/RPSP.2021.91
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-1414. Pantoja T, Opiyo N, Lewin S, Paulsen E, Ciapponi A, Wiysonge CS, et al. Implementation strategies for health systems in low‐income countries: an overview of systematic reviews. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2017 [cited 2022 Jul 02];12(9):CD011086. Available from: https://doi.org/10.1002/14651858.CD011086.pub2
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. Conceituada como uma abordagem capaz de qualificar a assistência à saúde, pela busca de melhores evidências científicas existentes, com a implementação na prática e a avaliação dos resultados, a mesma incorpora a eles a competência clínica do profissional de saúde e as particularidades do paciente para a tomada de decisão2727. Galvão CM, Sawada NO. Prática baseada em evidências: estratégias para sua implementação na enfermagem. Rev Bras Enferm [Internet]. 2003 [cited 2022 Jul 21];56(1):57-60. Available from: https://doi.org/10.1590/S0034-71672003000100012
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Um estudo realizado nos Estados Unidos da América1313. Morsch P, Pelaez M, Veja E, Hommes C, Lorig K. Evidence-based programs for older persons in the Americas. Rev Panam Salud Publica [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 04];45:e91. Available from: https://doi.org/10.26633/RPSP.2021.91
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traz como missão da enfermagem o comprometimento com o programa de autogestão do cuidado; atrelado a isso, encontra-se a enfermagem baseada em evidência, em que são aplicados os conhecimentos técnicos e específicos relacionados ao autocuidado, somando-se nesse contexto por complementar e apoiar o paciente especialista durante a troca de experiência e dicas de como conviver com a doença no dia a dia, compartilhadas nas atividades educativas77. Achury-Saldaña DM, Restrepo L, Munar MK, Rodríguez I, Cely MC, Abril N, et al. Efecto de un programa de paciente experto en insuficiencia cardiaca. Enferm Glob [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 10];19(57):479-506. Available from: http://doi.org/10.6018/eglobal.19.1.361801
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,2828. Cruz DALM, Pimenta CAM. Prática baseada em evidências, aplicada ao raciocínio diagnóstico. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2005 [cited 2022 Jul 20];13(3):415-22. Available from: https://www.scielo.br/j/rlae/a/BvWsnhPBBKJxScyHcShGNQc/?format=pdf⟨=pt
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Vale enfatizar que a gestão dos sistemas de saúde deve estar comprometida e valorizar a formação de um paciente experto, pois conhecer a importância desse tipo de enfrentamento às DCNT pode impactar na tomada de decisão dos gestores quanto à definição de processos macro e micropolíticos na produção da linha de cuidado às pessoas com doenças crônicas2323. Aggio CM, Marcon SS, Galdino MJQ, Martins EAP, Lopes GK, Haddad MCFL. Efetividade do gerenciamento clínico por telemonitoramento para beneficiários com doenças crônicas na saúde suplementar. Saud Pesq [Internet]. 2022 [cited 2022 Jul 20];15(1):e9571. Available from: https://doi.org/10.17765/2176-9206.2022v15n1.e9571
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Um dos desafios enfrentados para a implementação de um programa de autogestão de cuidado é a definição e compreensão desse conceito para os profissionais de saúde envolvidos nesse processo1313. Morsch P, Pelaez M, Veja E, Hommes C, Lorig K. Evidence-based programs for older persons in the Americas. Rev Panam Salud Publica [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 04];45:e91. Available from: https://doi.org/10.26633/RPSP.2021.91
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,1616. Wit LM, Uden-Kraan CFV, Lissenberg-Witte BI, Melissant HC, Fleuren MAH, Cuijpers P, et al. Adoption and implementation of a web-based self-management application “Oncokompas” in routine cancer care: a national pilot study. Support Care Cancer [Internet]. 2019 [cited 2022 Jul 04];27(8):2911-20. Available from: https://doi.org/10.1007/s00520-018-4591-5
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Para a sua implementação, torna-se necessário que a definição de autogestão seja compreendida de forma clara e objetiva e diferenciada de autocuidado. Desse modo, o conceito de autocuidado está relacionado à capacidade reguladora que permite às pessoas realizarem atividades essenciais para preservação da vida, da saúde, do desenvolvimento e do bem-estar. Já a autogestão está relacionada ao controle de uma doença, principalmente crônica, em conjunto com sua família, comunidade e profissionais de saúde, à descoberta de mecanismos e à adoção de estratégias para atingir o controle2929. Wilkinson A, Whitehead L. Evolution of the concept of self-care and implications for nurses: a literature review. Int J Nurs Stud [Internet]. 2009 [cited 2020 Jul 20];46(8):1143-7. Available from: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2008.12.011
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Outrossim, a implementação de um programa de autogestão do cuidado constitui mudança de um paradigma no contexto brasileiro. O modelo hegemônico da saúde com enfoque no adoecimento e fragmentação do corpo humano em partes sofre uma transição para o conceito ampliado de saúde e a contemplação do ser em suas múltiplas esferas - bio-psico-social-espiritual-cultural -, articulando todos os atores envolvidos nos serviços de saúde, como pacientes, profissionais de saúde e a comunidade em geral3030. Schenker M, Costa DH. Advances and challenges of health care of the elderly population with chronic diseases in Primary Health Care. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2019 [cited 2022 Jul 20];24(4):1369-80. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232018244.01222019
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. Logo, mudanças desse gênero são consideradas desafiadoras para serviços de saúde tradicionais.

Então, isso requer transformações estruturais na forma de administrar os programas de saúde, além de exigir uma mudança da mentalidade e da atuação dos profissionais quanto à hegemonia do autoritarismo dos cuidados médicos e dar espaço para um novo perfil de paciente, considerado sujeito ativo, informado e conhecedor de sua doença e que desenvolve estratégias para autogerir seus cuidados3131. Trillo JMM. Importancia de la implicación del paciente en el autocontrol de su enfermedad: paciente experto. Importancia de las nuevas tecnologías como soporte al paciente autónomo. Aten Primaria [Internet]. 2010 [cited 2022 Jul 21];42(Suppl 1):41-7. Available from: https://www.elsevier.es/es-revista-atencion-primaria-27-pdf-S021265671070007X
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A dificuldade dos profissionais de saúde em aceitar esse novo papel atribuído ao paciente também está relacionada às mudanças, em suas práticas cotidianas, atreladas ao cuidado, e nem sempre eles estão preparados para isso1414. Pantoja T, Opiyo N, Lewin S, Paulsen E, Ciapponi A, Wiysonge CS, et al. Implementation strategies for health systems in low‐income countries: an overview of systematic reviews. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2017 [cited 2022 Jul 02];12(9):CD011086. Available from: https://doi.org/10.1002/14651858.CD011086.pub2
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Os desafios para a implementação de programas nos serviços de saúde também estão relacionados com a criação de políticas públicas, financiamento e gestão1313. Morsch P, Pelaez M, Veja E, Hommes C, Lorig K. Evidence-based programs for older persons in the Americas. Rev Panam Salud Publica [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 04];45:e91. Available from: https://doi.org/10.26633/RPSP.2021.91
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-1414. Pantoja T, Opiyo N, Lewin S, Paulsen E, Ciapponi A, Wiysonge CS, et al. Implementation strategies for health systems in low‐income countries: an overview of systematic reviews. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2017 [cited 2022 Jul 02];12(9):CD011086. Available from: https://doi.org/10.1002/14651858.CD011086.pub2
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,1818. Harvey J, Dopson S, McManus RJ, Powell J. Factors influencing the adoption of self-management solutions: an interpretive synthesis of the literature on stakeholder experiences. Implement Sci [Internet]. 2015 [cited 2022 Jul 05];10(1):1-15. Available: Available: https://doi.org/10.1186/s13012-015-0350-x
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, e dependem do envolvimento de diversos atores, como gestores, técnicos, políticos e agentes sociais, nas esferas municipais, estaduais e federais3232. Flexa R. Processo decisório em sistemas de saúde: uma revisão da literatura. Saude Soc [Internet]. 2018 [cited 2022 Jul 24];27(3):729-39. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-12902018170509
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O incentivo financeiro em programas centrados nas pessoas e na saúde é primordial para a promoção da gestão do cuidado, com ampliação da autonomia do paciente em fazer suas escolhas e mudarem a realidade que vive3333. Nossa PN. Aging, financing, and innovation in the health care system: a necessary discussion to maintain the right to health. Saúde Soc [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 24];29(2):e20008. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-12902020200081
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. Com isso, os programas de autogestão e formação de um paciente experto corroboram com a mudança paradigmática do modelo de saúde, e devem despertar o interesse da gestão quanto à importância da implementação para manejo das DCNT nos sistemas de saúde.

Portanto, faz-se necessário que os gestores dos serviços de saúde conheçam os cuidados prestados no âmbito das doenças crônicas e da longevidade, para geri-los com efetividade, de modo a promover o bem-estar e a autonomia, considerando a capacidade de literacia em saúde e as competências digitais desse público no curto e médio prazo3333. Nossa PN. Aging, financing, and innovation in the health care system: a necessary discussion to maintain the right to health. Saúde Soc [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 24];29(2):e20008. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-12902020200081
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Por conseguinte, destaca-se também o uso de tecnologias pelos pacientes expertos para autogestão do cuidado; porém, sua acessibilidade não acontece da mesma forma entre todos os pacientes, principalmente entre os mais idosos, mas é vista como uma possibilidade futura para populações mais jovens1515. Lewinski AA, Vaughn J, Diane A, Barnes A, Matthew J, CrowLey MD, et al. Perceptions of using multiple mobile health devices to support self‐management among adults with type 2 diabetes: a qualitative descriptive study. J Nurs Scholarsh [Internet]. 2021 [cited 2022 Jul 03];53(5):643-52. Available from: https://doi.org/10.1111/jnu.12667
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-1616. Wit LM, Uden-Kraan CFV, Lissenberg-Witte BI, Melissant HC, Fleuren MAH, Cuijpers P, et al. Adoption and implementation of a web-based self-management application “Oncokompas” in routine cancer care: a national pilot study. Support Care Cancer [Internet]. 2019 [cited 2022 Jul 04];27(8):2911-20. Available from: https://doi.org/10.1007/s00520-018-4591-5
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,3131. Trillo JMM. Importancia de la implicación del paciente en el autocontrol de su enfermedad: paciente experto. Importancia de las nuevas tecnologías como soporte al paciente autónomo. Aten Primaria [Internet]. 2010 [cited 2022 Jul 21];42(Suppl 1):41-7. Available from: https://www.elsevier.es/es-revista-atencion-primaria-27-pdf-S021265671070007X
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A utilização do telemonitoramento como instrumento tecnológico para o apoio à autogestão enfrenta outros desafios, como a iniciativa dos órgãos gestores e financiamento. Entretanto, mesmo que sejam necessários investimentos financeiros para a implementação, os benefícios para os pacientes com doenças crônicas superam os gastos relacionados3434. Paula AC, Maldonado JMSV, Gadelha CAG. Telemonitoring and business dynamics in health: challenges and opportunities for the Brazilian Unified Health System. Rev Saude Publica [Internet]. 2020 [cited 2022 Jul 21];54:65. Available from: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001996
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As contribuições deste estudo para as áreas da enfermagem e saúde se fundamentam no mapeamento de perspectivas fundamentais para nortear a implementação do programa de autogestão no Brasil, com a apresentação de experiências que, mesmo com desafios vivenciados, mostraram-se exitosas e possíveis de reprodução a nível nacional.

Este estudo apresenta limitações referentes ao predomínio de estudos com baixos níveis de evidência e por ainda não existir um programa modelo para autogestão do cuidado implementado no contexto brasileiro.

CONCLUSÃO

O presente estudo reuniu as principais evidências científicas sobre as perspectivas e os desafios para implementação de um programa de autogestão do cuidado. Os gestores do sistema, como também os profissionais de saúde, principalmente enfermeiros, precisam conhecer e compreender a importância do Programa Paciente Experto dentro da realidade dos serviços que atuam, com vistas à redução de morbimortalidade e ao aumento da qualidade de vida dos pacientes.

Portanto, conclui-se que, apesar dos desafios para a implementação desse programa, os resultados obtidos em outros países justificam a consolidação do mesmo, com a perspectiva de resultados satisfatórios futuros no que tange aos aspectos gerenciais do autocuidado e, principalmente, pelos resultados alcançados pelos pacientes envolvidos.

Desse modo, enseja-se que este trabalho possa incentivar a produção de novos estudos que exploram a temática do paciente experto no sistema de saúde brasileiro como forma de enfrentamento das DCNT e promoção ao incentivo ao autocuidado, autogerenciamento de sua condição de saúde e, portanto, incentivo à melhoria da qualidade de vida.

AGRADECIMENTO

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelas bolsas de estudos concedidas.

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NOTAS

  • ORIGEM DO ARTIGO

    Produzido para o componente curricular - Tópicos Especiais III, Paciente Experto: enfoque e perspectivas teóricas e filosóficas do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 2022.

Editado por

EDITORES

Editores Associados: Bruno Miguel Borges de Sousa Magalhães, Maria Lígia dos Reis Bellaguarda. Editor-chefe: Elisiane Lorenzini.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    04 Set 2022
  • Aceito
    14 Dez 2022
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