Accessibility / Report Error

Shakespeare no subúrbio: o carnaval na literatura e na aula de leitura

Resumos

Este artigo discute a teoria da carnavalização de Mikhail Bakhtin com o objetivo de apontar alguns de seus elementos em peças shakespeareanas e em processos interativos de aulas de leitura dessas mesmas peças em escolas públicas de ensino fundamental na periferia de Belo Horizonte, Brasil. Notamos a relevância do debate ideológico e formas de poder na literatura como uma oportunidade de ampliar a consciência crítica dos alunos e para criar uma "sala de aula subversiva". Salientamos também a relevância da perspectiva carnavalesca não como válvula de escape mas como um ponto de vista que pode ajudar a entender e que corporifica nosso sistema social.

ensino da literatura; carnaval; interaçã


This paper aims at discussing Mikhail Bakhtin's theory of Carnivalization in Shakespearean plays and in the interactive processes of reading classes of these same plays in fundamental public schools of poor neighborhood in Belo Horizonte, Brazil. We notice the importance of the debate of ideological questions and forms of power in literature as an opportunity to broaden students' critical conscience and to create a 'subversive classroom'. We also bring out the relevance of the carnivalesque perspective not as a escape valve but as a point of view that can help to understand and is part of our cultural system.

teaching literature; carnival; interaction


ARTIGOS

Shakespeare no subúrbio: o carnaval na literatura e na aula de leitura * * Este artigo é parte da dissertação de mestrado: "Shakespeare no subúrbio: crítica, polifonia e carnaval na aula de leitura", IEL - UNICAMP, 2000, orientada pela Profa. PH.D JoAnne Busnardo. 1 Discutimos, de forma mais ampliada, exemplos de relações entre o contexto social vivenciado pelos alunos e o texto literário em "Tema e significação: contribuições bakhtinianas para análise crítica dos processos interativos em aulas de leitura de textos shakespeareanos". Revista de Estudos da Linguagem, UFMG, 2004. 2 Lembraria ainda que Bakhtin (1997b) lista cartas entre os elementos simbólicos da cosmovisão carnavalesca. 3 Convenções para a transcrição do Corpu.

Míria Gomes de Oliveira

(Doutoranda - UFMG)

RESUMO

Este artigo discute a teoria da carnavalização de Mikhail Bakhtin com o objetivo de apontar alguns de seus elementos em peças shakespeareanas e em processos interativos de aulas de leitura dessas mesmas peças em escolas públicas de ensino fundamental na periferia de Belo Horizonte, Brasil. Notamos a relevância do debate ideológico e formas de poder na literatura como uma oportunidade de ampliar a consciência crítica dos alunos e para criar uma "sala de aula subversiva". Salientamos também a relevância da perspectiva carnavalesca não como válvula de escape mas como um ponto de vista que pode ajudar a entender e que corporifica nosso sistema social.

Palavras-chave: ensino da literatura, carnaval, interaçã.

ABSTRACT

This paper aims at discussing Mikhail Bakhtin's theory of Carnivalization in Shakespearean plays and in the interactive processes of reading classes of these same plays in fundamental public schools of poor neighborhood in Belo Horizonte, Brazil. We notice the importance of the debate of ideological questions and forms of power in literature as an opportunity to broaden students' critical conscience and to create a 'subversive classroom'. We also bring out the relevance of the carnivalesque perspective not as a escape valve but as a point of view that can help to understand and is part of our cultural system.

Key-words: teaching literature, carnival, interaction.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

P = Professora A= Aluno(a)

Ax, Ay , Az = diferentes alunos falam em um mesmo segmento

As = Vários alunos ao mesmo tempo

A + primeira letra do nome da personagem. Ex.: AH =Aluno que fez o papel de Hamlet

Itálico sublinhado e em negrito nas transcrições = Trechos do texto da peça

S. = Segmento Negrito = ênfase na entonação / = pausa breve

// = pausa longa (xxx) = incompreensível /.../ = corte na transcrição

[ ] fala simultânea

OLIVEIRA - Shakespeare no subúrbio: o carnaval na literatura...

Trabalhos em Lingüística Aplicada 44(1) - Jan./Jun. 2005

4 PP = professora de Português que esteve presente neste ensaio.

  • Adamson, W. (1980). Hegemony and revolution: a study of Antonio Gramsci's Political and Cultural theory Berkeley, University of California press.
  • Bakhtin, M. (1993). A cultura popular na Idade Média e no Renascimento São Paulo: Hucitec.
  • _______. (1997). Estética da Criação Verbal São Paulo: Martins Fontes.
  • _______. (1997b). Problemas da Poética de Dostoiévski Rio de Janeiro: Forense Universitária.
  • _______. (1988). Questões de Literatura e de Estética São Paulo: Hucitec.
  • Bristol, M. D. (1985). Carnival and Theater Cambrigde: Cambrigde University Press.
  • Dreyfus, H. L. & Rabinow, P. (1982). M. Foucault: Beyond Structutalism and Hermeneutics Berkeley: Harvester Press.
  • Freire, P. (1970). Cultural Action and Conscientization. Harvard Educational Review, vol. 40, no 3.
  • Freire, P & Macedo, D. (1987). Liretacy: Reading the World and the Word London : Routledge and Kegan Paive.
  • Giroux, H. & MacLaren, P. (1995). Formação do professor como uma contra-esfera pública: a pedagogia radical como uma forma de política cultural. In: Moreira, A. F & Silva, T.T. Currículo, Cultura e Sociedade São Paulo: Cortez.
  • Gorfain, P. (1998). Towards a Theory of Play an the Carnivalesque in Hamlet. In.: Knowles, Ronald. Shakespeare and Carnival. After Bakhtin London: Macmillan Press Ltd.
  • Hall, J. (1998). The Evacuations of Falstaff. (The Merry Wives of Windsor) In.: Knowles, Ronald. Shakespeare and Carnival. After Bakhtin London: Macmillan Press Ltd.
  • Lensmire, T. J. (1994). Writing Workshop as Carnival. Harvard Educational Review
  • Shakespeare, W. (1978). As Alegres Comadres de Windsor Trad. F. Carlos de Almeida Cunha Medeiros e Oscar Mendes. São Paulo: Abril Cultural.
  • _______. (1995). Hamlet, o príncipe da Dinamarca Trad. Barbara Heliodora.Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
  • _______. (, 1990). Noite de Reis ou o que quiserem Trad. Sergio Flaksman: Relume Dumará
  • _______. (1995). Sonho de uma noite de verão Trad. Barbara Heliodora.Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
  • _______. (1999). A Tempestade Trad. Barbara Heliodora. Rio de Janeiro: lacerda Ed.
  • Tennenhouse, L. (1986). Power on Display: The politics of Shakespeare's Genres Methuen & Co.
  • Vice, S. (1997). Introducing Bakhtin Manchester: Manchester University Press.
  • *
    Este artigo é parte da dissertação de mestrado: "Shakespeare no subúrbio: crítica, polifonia e carnaval na aula de leitura", IEL - UNICAMP, 2000, orientada pela Profa. PH.D JoAnne Busnardo.
    1 Discutimos, de forma mais ampliada, exemplos de relações entre o contexto social vivenciado pelos alunos e o texto literário em "Tema e significação: contribuições bakhtinianas para análise crítica dos processos interativos em aulas de leitura de textos shakespeareanos".
    Revista de Estudos da Linguagem, UFMG, 2004.
    2 Lembraria ainda que Bakhtin (1997b) lista
    cartas entre os elementos simbólicos da cosmovisão carnavalesca.
    3 Convenções para a transcrição do Corpu.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Nov 2013
    • Data do Fascículo
      Jun 2005
    UNICAMP. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) Unicamp/IEL/Setor de Publicações, Caixa Postal 6045, 13083-970 Campinas SP Brasil, Tel./Fax: (55 19) 3521-1527 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: spublic@iel.unicamp.br