Acessibilidade / Reportar erro

A dinâmica demográfica de Luanda no contexto do tráfico de escravos do Atlântico Sul, 1781-1844

Resumos

Este artigo objetiva, em primeiro lugar, reconstruir a história demográfica de Luanda entre 1781 e 1844, por meio do manejo de um grande número de censos coevos, apontando, em última instância, para a possibilidade de reconstituir a história da população de certas regiões do continente africano para o período anterior a 1900. Em segundo lugar, no caso específico deste centro urbano, o maior exportador de escravos da costa ocidental, indica-se que a sua história populacional não pode ser apreendida unicamente por meio do manejo de variáveis como os altos graus de mortalidade, resultantes das secas, das vagas de fome, das epidemias e do próprio processo de escravização. Deve se levar em conta, ainda, a dinâmica demográfica dos portos escravistas no âmbito maior do sistema do Atlântico Sul, particularmente a economia política de seu maior mercado, o Rio de Janeiro.


The objective of this article is two-fold. First, to reconstruct the demographic history of Luanda from 1781 to 1844 by drawing upon a relatively large number of censuses, thereby showing that it is indeed possible to reconstruct the pre-1900 population history of certain areas of the African continent. Second, in the case of this urban centre, the premier port along the whole western coast of Africa for the export of slaves to the Americas, its population history can not be explained solely by factors such as high levels of mortality resulting from drought, famine, and disease, or slave flight. Rather, the demographic dynamics of this slaving port need to be understood within the broader context of the South Atlantic complex, particularly the political economy of its major market, Rio de Janeiro, on the opposite side of the ocean.


Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • 1
    Veja, em particular, Raymond F. Betts, "Dakar: Ville Impériale (1857-1960)" em R.Ross e G.J. Telkamp, ed. Colonial Cities: Essays on Urbanism in a Colonial Context. Dordrecht, 1985, pp. 193-206; Antônio Carreira, "Um Evolução Demográfica de Cabo Verde" Boletim Cultural da Guiné Portuguesa. Vol. 24, 1969, pp. 474-500; idem, "A Ilha de Maio - Alguns Aspectos Sociais e Demográficos". Revista do Centro de Estudos Demográficos. Vol. 18, 1970, pp. 145-168; idem, "A Ilha de Maio - Demografia e Problemas Sociais e Econômicos". Revista do Centro de Estudos de Demográficos.Vol. 19, 1971, pp. 31-73; idem, Cabo Verde: Formação e Extinção de Uma Sociedade Escravocrata (14601878).Lisboa, 1983 (2a edição originalmente publicada em 1972); idem, "O primeiro 'Censo' de População da Capitania das Ilhas do Cabo Verde (1731)". Revista de História e Economia Social. No. 13, 1984, pp. 51-66; Henry J. Dubester, Population Census and Other Officila Demographic Statistics of Africa (não incluindo Africa Britânica): An Annotated Bibliography. Washington, 1950; Marie Hélène-Baylac, "La compete à Gorée de 1677 à 1798". Revue française d'Histoire d'Outre-Mer. Vol. LVII, 1970, pp. 377-420; Robert R. Kuczynski, Demographic Survey of the British Colonial Empire. Vols. 1 e 2. Londres, 19481949; John R. Pinfold, African Population Cesus Reports: A Bibliography and Checklist. Munich, 1985; Robert Ross, "The White Population of South Africa in the Eighteenth Century ". Population Studies. Vol. 29, 1975, pp. 217-230; idem, "Cape Town (17501850): Synthesis in the Dialectic of Continents" em R. Ross e G.J. Telkamp, ed. Colonial Cities: Essays on Urbanism in a Colonial Context. Dordrecht, 1985, pp. 105-121; University of Texas, Population Research Center, International Census Bibliography: África. Austin, 1965; e José C. Venâncio, "Espaço e Dinâmica Populacional em Luanda no Século XVIII". Revista de História Econômica e Social. no 14, 1984, pp. 67-97.
  • 2
    Estes documentos fazem parte uma coleção de alguns dos 350 censos populacionaisabrangendo Luanda, Benguela e as subdivisões militares-administrativas internas em Angola sob domínio efetivo ou nominal português de 1773 até a metade de 1840. Os primeiros detalhes sobre esta coleção apareceram em José C. Curto, "The Angolan Manuscript Collection of the Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa: Toward a Working Guide". History of Africa. Vol. 15, 1988, pp. 163-189; e idem, "Demografia histórica e os efeitos faz tráfico de escravos na África: uma análise dos principais estudos quantitativos" Revista de Estudos Africanos. Nos 14/15, 1991, pág. 274. Uma descrição completa destes censos populacionais angolanos é também encontrado em, "Sources for the Pre-1900 Population History of Sub-Saharan Africa: The Case of Angola, 1773-1845". Annales de démographie historique. 1994, pp. 319-338.
  • 3
    Em Portugal, a produção de registros de paróquias sobre estatísticas vitais requerido peloConselho de Trent em 1563 foi institucionalizado pelo Constituições de Coimbra de 1591. Mais tarde naquela mesma década, requisito foi estendido para as colônias portuguesas. Veja Maria L. Marcílio, "Dos Registos Paroquiais À Demografia Histórica no Brasil". Anais de História. Vol. 2, 1971, pp. 85-86 e M. Felix, "Les registres paroissiaux et l 'état civil au o Portugal". Archivum. Vol. 8, 1958, pp. 89-94. No caso de Luanda, porém, os registros conhecidos mais antigos em batismos, casamentos, e enterros datam por volta do final de 1730s. Veja Carlos Pacheco, José da Silva Maia Ferreira: o homem e uma sua época. Luanda, 1990, pág. 273. Com respeito a registros batismais, mais especificamente, documentação existe com certeza partes do Reino vizinho de Kongo desde o início do 1600s em diante. Veja Thornton, "Demografia e História".
  • 4
    A primeira contagem era realmente feita por Jesuítas em 1594. Veja "História da Resi-dência de Padres da Companhia de Jesus, 1-05-1594" em António Brásio, ed. Monumenta Missionaria Africana. 1as séries. Vol. IV, 1954, pág. 565. Com o século XVII, por outro lado, esta informação se tornou responsabilidade de cada governador recentemente designado, veja "Regimento do Governador de Angola (Manuel Pereira Forjaz) 26-03-1607" em Brásio, Monumenta Missionaria Africana. 1as séries. Vol. V, 1955, pp. 266-267 e a "Relação da gente de guerra, artilharia e munições da Angola (agosto e setembro 1625?)" em Beatrix Heintze, ed. Fontes para um XVII de História de Angola do Século XVII: Memórias, Relações, e outros Manuscritos da Coletânea Documental de Fernão de Sousa, 16221635. Stuttgart, 1985. Vol. eu, pp. 165-169.
  • 5
    O anônimo "Estabelecimento e Resgates Portugueses na Costa Ocidental da África, 1607"em Luciano Cordeiro, ed. Viagens, Explorações e Conquistas dos Portugueses: Coleção de Documentos, Lisboa, 1881, pág. 22, menciona mais ou menos 300 residentes europeus em 1607; Garcia Repara Castello Branco, "Da Mina ao Cabo Negro: 1574-1620" em ibid, pág. 31, lista cerca de 400 em 1620; Diogini de Carli da Piancenza e Michel da Reggio, "A Voyage to Congo in the years 1666 e 1667" em John Churchill, ed. Uma Coleção de Viagens e Viaja. Londres, 1732, Vol. I, pp. 485-519, fornece 3.000 em meados de 1660; Giuseppe da Modena, em Evaristo Gatti, Sulle Terre e sui Mari. Parme, 1931, pág. 111, mostra 5.000 em 1711; e Rosario Del Parco em L. Jadin, " Aperçu Situação de la situation au Royaume du Congo". Bulletin de l'Institut Historique Belge de Roma. Vol. XXXV, 1963, pág. 359, registra 500 por volta de 1760.
  • 6
    No caso específico de estimativas agregadas de população existem três exceções. O nãoassinado "Mapa das regiões circunvizinhas de Luanda com uma minuciosa descrição" em Heintze, Fontes para a História de Angola do Século. Vol. eu, pp. 163-164, atinge um não plausível grande total de 40.000 pessoas em 1622. Esta mesma quantidade improvável está também publicada por um missionário no final de 1670. Veja a carta de Fra Paolo Francesco Del Porto-Mauricio, 8-05-1679, em E. de Jonghe e Th. Simar, eds. Arquivos Congolaises, Bruxelas, 1919, pág. 100. Finalmente, Antonio Zuchelli, Relazione Del Viaggio e Missione di Congo. Veneza, 1712, pág. 102, indica 50.000 residentes no fim de 1690, dos quais 40.000 são listados como pretos, 6.000 como mulatos e 4.000 como brancos.
  • 7
    Para motivos principais que ocasionaram a implementação de censo em Angola ver Curto,"Sources for the Pre-1900 Population History of Sub-Saharan Africa", pág. 322.
  • 8
    Veja Carlos de Couto, Os Capitães-Mores em Angola no Século XVIII: Subsídio para o Estado de Sua Actuação. Luanda, 1972, pág. 110.
  • 9
    "Mappa das pessoas que Rezidem nesta Cidade de São Paulo d'Assumpção, R. no deAngolla, nas quaes senão comprehendem Mellitares {1773}" Arquivo Histórico Ultramarino, Angola, Cx. 57, Doc. 34. Conforme a terminologia usada no AHU, Cx. denota caixa ou box, enquanto Doc. se refere a documento
  • 10
    Note que em 1777 e 1778, as enumerações relacionadas às colônias eram realizadas emAngola: "Mappa de todos de Moradores, e Habitantes deste Reyno de Angola, e suas conquistas ... 1777" AHU, Angola, Cx. 61, Doc. 87; e "Mappa de todos de Moradores, e Habitantes deste Reyno de Angola, e suas conquistas ... 1778" AHU, Angola, Cx. 62, Doc. 67. Estes censos estão disponíveis em Arquivos das Colônias. Vol. 3, 1918, pp. 176 e 178, respectivamente. Teoricamente, cada um cobriu Luanda e seu interior. Veja Curto, "Demografia histórica e os efeitos faz tráfico de escravos na África" pág. 255. Uma análise das contagens de população de 1777-1778 é encontrada em John K. Thornton, "The Slave Trade in Eighteenth Century Angola: Efects on Demographic Structures". Canadian Journal of African Studies. Vol. 14. 1980. pp. 417-427.
  • 11
    "Relação dos Habitantes desta Cidade de São Paulo d 'Assumpção do Reyno de Angollano ano de 1781" AHU, Angola, Cx. 64, Doc. 64. O diretivas que ordenavam esta produção, porém, não foram localizadas no meio da documentação angolana do AHU.
  • 12
    Para os motivos atrás da reativação do censo em Angola ver Curto, "Sources for the Pré-1900 Population History of Sub-Saharan Africa" 327.
  • 13
    Sousa Coutinho para o Governador Manuel de Almeida e Vasconcelos. 14-09-1796,Arquivo Histórico Nacional de Angola (a seguir de AHN), Códice 253, fls. 102v-104v. Veja também Governador Miguel de Melo para Sousa Coutinho, 3-12-1797 e 21-101797, Arquivos de Angola. 2a série. Vol. XVI, nos66-67, 1959, pág. 151 e 2a série. Vol. IVS, nos37-40, 1938, pp. 19-23, respectivamente. Caio Prado, Jr., The Colonial Background of Modern Brazil. Berkeley, 1967, pág. 26, informa que em torno da mesma época, semelhantes, se não exatamente, instruções estavam também remetidas para os Governadores do Brasil. A diretivo de 1796 representou deste modo uma tentativa para reavivar os censos no reino português do Atlântico Sul.
  • 14
    "Mappa das 10 Companhias de que se compoem o Terço da Ordenança desta Cidadede São Paulo d'Assumpção ... em observencia das Reaes de Sua Magestade de que ele Sargento Mor, & Commandante de Abreu Castello Branco Pimentel, demonstrando-se igualmente todos de fogos um elle respectivos {1796}" AHU, Angola, Cx. 86, Doc. 6.
  • 15
    "Mappa do Estado actual das 10 Companhias de que se compoem o Terço da Orde-nança desta Cidade {São Paulo d 'Assumpção, 1797} bem como dos Indevidos que Servem nas Tropas pagas desta mesma Cidade a final a demonstracção que produzio a Revista passada em 1o de Janeiro do Corrente anno por que Ordem do Ilmo. e Exmo. Snr. Dom de Mello" AHU, Angola, Cx. 91, Doc. 41.
  • 16
    Veja tabela I. Uma dos extraordinários achados no Arquivo Histórico da BibliotecaMunicipal de Luanda (em seguida AHBML), Códice 45, contém os censos anual pertinentes à 6a vizinhança da cidade, Nossa Senhora do Rosario, entre 1822 e 1832. Isto sugere que os censos de grande abrangência de Luanda foram também empreendidos em 1822, 1824, 1827, e 1828. Veja também a nota de rodapé em seguida.
  • 17
    Certas contagens estão disponíveis para alguns dos anos perdidos. Raimundo da Cu-nha Matos. Compendio Histórico das Possessões da Coroa de Portugal nos Mares e Continentes da África Oriental e Ocidental. Rio de Janeiro, 1963 (mas escritas durante meados dos anos 30 - séc. XIX), pág. 332, baseia-se em um relatório da Comissão Ultramarina da corte portuguesa, fornecendo informações quantitativas sobre a população de brancos e mulatos de Luanda em 1821. Porém, estas contagens são exatamente as mesmas que as encontradas para o censo de 1819. Fundamentado em informações fornecidas por Contam António de Saldanha da Gama, Governador da Angola durante 1807-1810, T. Edward Bowdich. An Account of the Discoveries of the Portuguese in the Interior of Angola and Mozambique, London,1824, pág. 8, por outro lado, coloca a população de Luanda em aproximadamente 8.000, incluindo 1.500 tropas do governo. Cunha Matos. Compêndio Histórico das Possessões da Coroa de Portugal, pág. 333, fornece também dados na população de capital colonial de Angola em 1828: 5.128 habitantes. Outras contagens para 1.828 são fornecidas por Jean Baptiste Douville, Voyage au Congo et dans I'Interieur de I'Afrique équinoxale...1828, 1829, 1830, Paris, 1832, Vol. I. Na pág. 39 ele lista uns total de 5152 habitantes. Mas na pág. 258, Douville fornece números razoavelmente diferentes: população total 5.200, inclusive 2.050 homens e 3.150 mulheres, dos quais 1.700 são dados como escravizados. O quase idênticos totais globais apresentados por Cunha Matos e Douville para 1.828 estavam provavelmente retirados de um censo não é mais existente nos arquivos de Portugal ou Angola. No entanto, outras contagens relativas a 1833-1834, são fornecidas por Joaquim de Carvalho e Menezes, um mulato de Luanda exilado na metrópole, em sua Memoria Geografica e Politica das Possessões Portuguezas n'Ocidental da África, que diz Respeito aos Reinos de Angola, Benguela e suas Dependencias. Lisboa, 1834, pág. 8. De acordo com esta fonte, o capital colonial da Angola tinha uma população entre 11.000 e 12.000 habitantes. Destes, 2.000 eram brancos e 2.000 a 3.000 eram mulatos, enquanto o remanescente era, provavelmente , formado por negros. Esta estimativa está totalmente fora das figuras de censo apresentadas na tabela III abaixo para 1830-1832. A razão para esta diferença pode ser porque Carvalho e Menezes incluíram em sua estimativa escravos transientes e prisioneiros esperando para serem embarcados através do Atlântico. Outra fonte contemporânea, Tito Omboni, Viaggi nell'a África Occidentale: Médico de Già di Consiglio Nel Regno d'a Angola e Sue Dipendenze Membro Della R. Accademia Peloritana di Messina. Milan, 1855, pág. 107, apresenta a população permanente de Luanda, em 1834, em aproximadamente 6000, uma contagem relativamente semelhante às encontradas nos censos do início da década.
  • 18
    Para melhores informações sobre estes desenvolvimentos, vejam especialmente JosephC. Miller, "Imports at Luanda, Angola, 1785-1823" em G. Liesegang, H. Pasch, e A. Jones, eds. Figuring African Trade: Proceedings of the Symposium on the Quantification and Structure of the Import and Export and Long Distance Trade of Africa in the 19th Century (c. 1800-1913). Berlim, 1983, pp. 180-183.
  • 19
    Veja, por exemplo, Maria de Morais Gomes, "Angola no Tempo do Governador Nicolaude Abreu Castelo Branco (1824-1830)" M. A. não publicada, tese, Universidade de Lisboa, 1964; e Manuel dos A. Silva Rebelo, Relações Entre Angola e Brasil, 1808-1830. Lisboa, 1970, pp. 221-306. A proibição da escravidão no Atlântico Sul tornou-se efetiva em março de 1830.
  • 20
    Os estudos chave para este período são: Mário de Oliveira, Alguns Aspectos da Administração de Angola em Época de Reformas (1834-1851). Lisboa, 1981, especialmente pp. 67102; e Anne Stamm, "L'Angola À ONU Tournant de Filho Histoire 1838-1848," dissertação de doutorado não publicada, École Pratique des Hautes Études (Paris), 196?
  • 21
    Veja a sinopse desta diretiva, datada 30-11-1835, em de Oliveira, Alguns Aspectos da Administração de Angola, pág. 322.
  • 22
    "Instruções com que veiu o Senhor Governador Geral Lourenço Germack Possollo",28-10-1843, Arquivos de Angola, 1st series, no 15, 1936, pp. 708 e 712.
  • 23
    Veja a sinopse desta carta, datada 19-08-1844, em de Oliveira, Alguns Aspectos da Administração de Angola, pág. 329.
  • 24
    Veja José C. Curto, "The Anatomy of a Demographic Explosion: Luanda, 1844-1850,"International Journal of African Historical Studies, Vol. 32, 1999, pág. 385. Esta última conta de população pré-1850 é agora encontrada exclusivamente em forma impressa como parte de um resumo dos censos que foram executados em cada cidade portuária, presídio e distrito da colônia durante o início de 1845. O resumo primeiramente apareceu sob o título de "Mappa da População de Angola [1845]" em José de Lima, Ensaios Sobre a Statistica das Possessões Portuguezas. Lisboa, 1846, Vol. III, Parte I, pág. 4-A. Foi subseqüentemente reproduzido em Tito Omboni, Viaggi Nell 'África Occidentale: Gia Médico di Consiglio Nel Regno d'a Angola e Sue Dipendenze Membro Della R. Accademia Peloritana di Messina. Milan, 1855, pág. 409. Uma reprodução mais prontamente disponível e recente está incluída em René Pélissier, Les Guerres Grises: résistance et révoltes en Angola (1845-1941). Montamets, 1977, pág. 32.
  • 25
    Veja as instruções do Governador António de Lencastre, 10-07-1772, em Couto, Os Capitães-Mores em Angola no SéculoXVIII. pág. 110 e a carta de Rodrigo de Sousa Coutinho para o Governador Miguel António de Mello, 21-10-1797, AHN, Códice 254, fls. 27v31, publicado em Arquivos de Angola, 1st series, nos 37-40, 1938, pp. 19-23.
  • 26
    Veja Douville, Viagem au Congo, Vol. I., pág. 13.
  • 27
    Estas listas nominais não são geralmente encontradas entre os censos existentes emLuanda. As exceções são: a contagem parcial de 1773 e "Alistamento do 6o Bairro (mappa de fogos, habitantes, etc.) 1823-32," AHBML, Códice 45. Outras informações indicam claramente que aquelas listas nominais estavam na mesma base das contagens população. Veja, por exemplo, os comentários anexados por António de Faria para "Mappa de toda a Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpcção de Loanda e de suas diferentes Corporações, de Empregos, Estados, e Condições das Pessoas ... em todo o Anno de 1802", "Mappa de toda um Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpcção de Loanda e de suas diferentes Corporações, de Empregos, Estados, e Condiçoes das Pessoas ... em todo o Anno de 1803", "Mappa de toda um Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpcção de Loanda e de suas diferentes Corporações, de Empregos, Estados, e Condiçoes das Pessoas ... em todo o Anno de 1805", "Mappa de toda um Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpcção de Loanda e de suas diferentes Corporações, de Empregos, Estados, e Condiçoes das Pessoas ... em todo o Anno de 1806", e "Mappa de toda um Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpcção de Loanda e de suas diferentes Corporações, de Empregos, Estados, e Condiçoes das Pessoas ... em todo o Anno de 1807" em AHU, Angola: Cx. 105, Doc. 44; Cx. 109, Doc. 49; Cx. 117, Doc. 27; Cx. 118, Doc. 21; e Cx. 119, Doc. 6, respectivamente. As listas nominais foram também a base de contagem de população contemporânea no Brasil. Para o caso de São Paulo, veja Maria L. Marcílio, "Tendências e Estruturas dos Domicílios na Capitania de São Paulo (1765-1828) Segundo as Listas Nominativas de Habitantes," Estudos Econômicos (Universidade de São Paulo). Vol. 2, 1978, pp. 132-133.
  • 28
    Como é claro nas informações fornecidas sobre o pessoal pertencente aos setores deadministração, eclesiástico e militar. Veja tabela V.
  • 29
    Á todos indivíduos que viajavam no Atlântico Sul Português de 1720 em diante e atodos que viajavam dentro da colônia de Angola a partir de 1761, era exigidos a apresentação de passaportes. Veja Dauril Alden, "Manuel Luís Vieira: An Entrepreneur in Rio de Janeiro during Brazil's Eighteenth Century Agricultural Renaissence," Historical American Hispanic Review. Vol. 39, 1959, pp. 528-529; e Pacheco, José da Silva Maia Ferreira, pp. 72-74, 257-258, e 277. O registro de passaportes em Luanda, porém, apenas se tornou uma operação administrativa distinta depois da meados da década de quarenta do século XIX. Anteriormente, os passaportes eram registrados em duas séries de registros: Portarias (documentos contendo ordens do governo ou instruções) e Bandos (proclamações públicas emitidas pelo governo). Veja Joseph C. Miller, "The Archives of Luanda, Angola" International Journal of African Historical Studies. Vol. 7, 1974, pp. 579-580. Com respeito ao registro de pessoas que desembarcavam em Luanda, o sistema pode ter sido semelhante ao em operação no Rio de Janeiro onde, de acordo com Corcino Medeiros dos Santos, "Passageiros em Trânsito pelo Porto do Rio de Janeiro," Estudos Históricos (Marília). No11, 1972, pág. 83, do capitão de qualquer navio entrando o porto era exigida a declaração, para o chefe da embarcação encarregada do registro, o número de passageiros a bordo, como também sua cidadania, lugar de residência e idade. Nenhuma informações veio a tona sobre como os indivíduos vindos do interior que entravam em Luanda era realmente registrado.
  • 30
    Comentários anexados ao "Mappa do Estado da Povoação da Cidade de São Paulo deAssumpção, Capital faz Reyno de Angola, [1798] o qual tirou por Ordem do Illmo. e Exmo. Snr. Governador e Cappam. Geral faça dito Reyno, Dom de Mello" AHU, Angola, Cx. 91, Doc. 41; a "Mappa de toda um Povoação da Cidade de São Paulo da Assumpção, Capital faz Reino de Angola, e de suas differentes Corporações, Empregos, Estados e Condiçoes das Pessoas em todo o Anno de 1799" AHU, Angola, Cx. 94, Doc. 1; e a "Mappa de toda um Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpcção de Loanda e de suas diferentes Corporações, de Empregos, Estados, e Condiçoes das Pessoas ... em todo o Anno de 1802" AHU, Angola, Cx. 105, Doc. 44, todos mencionam padres de paróquia como os compiladores dos dados em nascimentos, casamentos e óbitos. Veja também a correspondência a seguir do Governador Melo: para Sousa Coutinho, 14-04-1800; para idem, 17-08-1801; para a Coroa, 28-08-1801; e para Visconde de Anadia, 16-071802 em, respectivamente, Arquivos de Angola. 2as séries, Nos 66-67, 1959, pág. 175 e nos 103-106, 1969, pp. 47, 56-58, e 147. Para o registro de batismos contemporâneos, casamentos e enterros disponíveis em Luanda ver Pacheco, José da Silva Maia Ferreira, pág. 273. 31 Veja Tabela I.
  • 31
    "Mappa das pessoas que Rezidem nesta Cidade ... nas quaes senão compreendem Mellitares {27-03-1773}" e a lista de tropas do governo com a mesma data em AHU, Angola, Cx. 57, Doc. 34. Os dados sobre mulheres excluídas, a informação gerada sobre militares e homens civis com porte de arma estava especificada nas 1772 instruções dadas a Governador de Lencastre. Veja de Couto, Os Capitães-Mores em Angola no Século XVIII. pág. 110.
  • 32
    Estas omissões não foram detectadas em todas as discussões publicadas sobre este cen-so: Couto, Os Capitães-Mores em Angola no Século XVIII, pág. 109; Herbert S. Klein, "The Portuguese Slave Trade from Angola in the 18th Century ". Journal of Economic History. Vol. 32, 1972, pág. 909; Venâncio, "Espaço e Dinâmica Populacional" pp. 71, e 85-86; e Joseph C. Miller, Way of Death: Merchant Capitalism and the Angolan Slave Trade, 17301830. Madison, 1988, pp. 271 e 292-293. Note também que os dados para um dos grupos enumerados, mulheres livres, são altamente suspeitos. Apenas 73 mulheres livres eram então encontradas residindo em Luanda, representando 3,4% das 612 tropas do governo e das 1519 dos civis livres e escravizados contabilizados. Destes, 37 estavam listados como brancos, 32 como mulatos e apenas 4 como negros. Contando mulatos e mulheres livres negras, somente, formavam 8,8% e 8,4%, respectivamente, das 9755 pessoas enumeradas em 1781, logo nós pode-se concluir seguramente que a contagem de 1773 de mulheres livres era extremamente parcial. Como resultado, este censo não pode estar em nossa análise subseqüente.
  • 33
    Veja "Relação dos Habitantes desta Cidade ... no anno de 1781" AHU, Angola, Cx.64, Doc. 64. Estas categorias demográficas são exatamente as mesmas que as encontradas nos censos de larga abrangência de 1777-1778. Veja "População de Angola, 1778" Arquivos das Colonias. Vol. 3, 1918, pp. 175-177 e "População de Angola, 1779" Ib., pp. 177-178. Conseqüentemente, contagens em 1781 podem bem ter seguido as diretivas organizacionais escritas cinco anos antes.
  • 34
    "Mappa das 10 Companhias de que se compoem o Terço da Ordenança desta Cidade... demonstrando-se igualmente todos de fogos um elle respectivos [1796]" AHU, Angola, Cx. 86, Doc. 6.
  • 35
    Embora ambas realidades sócias-políticas e profissionais tenham sido cobertas, esteagrupamento ilustra as ambigüidades do tipo de classificação de censo atribuiudo para população colonial da Luanda.
  • 36
    Obviamente estas categorias excluíam os escravos exportados de Luanda, bem comoseus números, com a exceção de 1781, que excedida muito o total populacional ao longo do período.
  • 37
    Veja "Mappa do Estado real das 10 Companhias de que se compoem o Terço da Orde-nança ... bem como dos Indevidos que Servem nas Tropas pagas desta mesma Cidade e um final um demonstracção que produzio uma Revista passada {1797}" e "Mappa da Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpção {1798}", ambos em AHU, Angola, Cx. 91, Doc. 41. As diretivas organizacionais para estes censos estão anexadas ao aviso do
  • 38
    Rodrigo de Sousa Coutinho (notificação oficial) de 21-10-1797 para governador Melo, Arquivos de Angola, 1a série, nos 37-40, 1938, pp. 19-23, mas ainda precisam ser encontradas.
  • 39
    Note que no caso dos censos de 1826 e 1844, os dados estão atualmente disponíveisapenas sob forma de resumo. Conseqüentemente, as categorias demográficas contidas nestes resumos não são como detalhadas como os outros retornos pós-1796. Veja Tabela II.
  • 40
    Um caminho semelhante para mais completo e periódico estavam também foi impostonos censos realizados no Brasil durante o fim da década de XVIII. Veja Maria L. Marcílio, " Les Origens des Recensements du Brésil," em Stefan Pascu, ed., Populatie si Societate IV. Cluj-Napoca, 1980, pp. 26-32.
  • 41
    Veja Tabela III.
  • 42
    Observações que acompanham os censos citados na nota de rodapé # 30 acima. Vejatambém o resumo de carta do governador Melo para Sousa Coutinho, 14-04-1800, Arquivos de Angola. 2a série, nos 66/67, 1959, pág. 175.
  • 43
    Governador Melo para Sousa Coutinho, 17-08-1801, Arquivos de Angola. 2a Série. Nos 103-106, 1969, pág. 47 e idem para the King, 25-08-1801, em ibid., pp. 56-58. Estes problemas não eram peculiares a Luanda nem a outras partes do império. Eles existiam também na metrópole. Veja Albert Silbert, Le Portugal Mediterranéen uma Barbatana de La de l 'Regime de Anncien: XVIIIe - début du XIXe Siècle. Paris, 1966, Vol. eu, pp. 106-113.
  • 44
    Arquivo da Arquidiocese de Luanda, Bispado de Angola, Provisões e Oficios, Manda-dos, Pastorais, Livro 10. Veja também governador Melo para Visconde de Anadia, 16-071802, Arquivos de Angola. 2a Série, nos 103-106, 1969, pág. 147 e Freiras de Manuel Gabriel, Angola de Cristianismo. Queluz, 1978, pág. 180.
  • 45
    "Mappa de toda um Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpcção de Loanda e desuas diferentes Corporações, de Empregos, Estados, e Condiçoes das Pessoas ... em todo o Anno de 1807" em AHU, Angola, Cx. 119, Doc. 6.
  • 46
    Veja Tabela III.
  • 47
    Com relação à alta mortalidade ocorrida neste Hospital veja: Francisco Damião Cosme,"Tractado das Queixas Endemicas e Mais Fats Nesta Conquista (Loanda 14 Agosto 1770)" Studia, nos 20-22, 1967, pág. 218; e José de Azeredo, Ensaios sobre Algumas Enfermidades d 'a Angola. Luanda, 1967, (originalmente publicada em Lisboa, 1799) pp. viii-ix. Cosme era o médico chefe da colônia de Angola na 1760s, enquanto Azeredo ocupou o mesmo posto na última década do século XVIII. De acordo com os números encontrados em Stamm, "L 'a Angola à un Tournant de Son Histoire," pág. 48, a taxa de mortalidade no Hospital de L uanda durante 1836-1838 era de 34 para 1.000 pacientes.
  • 48
    António Brasio, "Como Misericórdias de Angola" Studia. Vol. 4, 1959, pág. 121. No princípio de 1805, por exemplo, cerca de mais de 200 soldados doentes estavam recebendo cuidados nesta instituição, mas havia a expectativa de que apenas alguns iriam se recuperar. Veja a carta de Governador Fernando de Noranha, 7-02-1805, para Visconde de Anadia, em Arquivos de Angola. 2a série, nos 75-78, 1962, pp. 113-114.
  • 49
    Veja o resumo da carta do Governador Melo para Sousa Coutinho, 15-04-1799, emCoimbra, Ofícios para o Reino (1726-1801), pág. 162 e as observações anexadas ao: "Mappa da Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpção [1798]" AHU, Angola, Cx. 91, Doc. 41; "Mappa de toda um Povoação da Cidade de São Paulo da Assumpção em 1799" AHU, Angola, Cx. 94, Doc. 1; e "Mappa de toda um Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpcção de Loanda em 1802" AHU, Angola, Cx. 105, Doc. 44.
  • 50
    Veja "Mappa da Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpção [1798]" AHU, An-gola, Cx. 91, Doc. 41; "Mappa de toda a Povoação da Cidade de São Paulo da Assumpção em 1799" AHU, Angola, Cx. 94, Doc. 1; e "Mappa de toda a Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpção de Loanda em 1802" AHU, Angola, Cx. 105, Doc. 44.
  • 51
    Veja Dauril Alden, "The Population of Brazil in the Late Eighteenth Century: Apreliminary study " Hispanic American Historical Review. Vol. 43, 1963, pág. 181; Thales de Azevedo, Povoamento da Cidade do Salvador. Sãõ Paulo, 1969, 2a edição, pág. 185; e Mary C. Karasch, Slave Life in Rio de Janeiro, 1808-1850. Princeton, 1987, pp. 63-64.
  • 52
    Seus números podem ser deduzidos somando uma taxa de mortalidade hipotética co-brindo a mortalidade de cativos enquanto estes esperaram remessa para exportação anual de escravos, para o que uma grande quantidade de documentação existe. A mais recente avaliação da exportação anual de escravos é encontrado em José C. Curto, "A Quantitative Re-assessement of the Legal Portuguese Slave Trade from Luanda, 1710-1830". African Economic History. Vol. 20, 1992, pp. 1-25.
  • 53
    Para que os dados em cada retorno fosse internamente coerente, todas os números de-vem ser conferidos novamente.
  • 54
    Miller, Way of Death, pág. 292.
  • 55
    Lima, Ensaios Sobre uma Statistica das Possui Portuguezas, Vol. III, pág. 63.
  • 56
    Neste ponto crucial, veja também: Pacheco, José da Silva Maia Ferreira, pág. 174; de Oliveira, Alguns Aspectos da Administração de Angola, pág. 36; e Manuel de Almeida, "Migrações Forçadas e Dinâmica Demográfica (O Caso Particular da Angola)," dissertação de Ph. D não publicada., Universidade de Lisboa, 1993, pág. 415.
  • 57
    "Mappa de toda a Povoação da Cidade de São Paulo de Assumpcção de Loanda e desuas diferentes Corporações, de Empregos, Estados, e Condiçoes das Pessoas ... em todo o Anno de 1807" AHU, Angola: Cx. 119, Doc. 6
  • 58
    Governador de Noronha para Conselho Ultramarino, 28-03-1805, Arquivos de Angola. 2a série, Vol. XIX, nos 75-78, pág. 118. Sobre a natureza aproximada dos censos portugueses sobre o fim do século XVIII e o início do século XIX veja: José de Barros, "Memórias sobre como Causas da Differente de Portugal em Diversos Tempos da Monarchia" em Memórias da Academia Real das Sciências de Lisboa. Vol. 1, pp. 43-47; Adrien Balbi, Essai Statistique sur le Royaumme de Portugal et d'Algarve. Paris, 1822, Vol. eu, pág. 187; Silbert, Le Portugal Mediterranéen, Vol. eu, pp. 106-113. e Joel Serrão, Fontes de demografia Portuguesa, 1800-1862. Lisboa, 1973, pp. 9-161.
  • 59
    Isto aparece quando analisando o "Erro de fechamento" coluna na tabela e seus índicesrelacionados (porcentagem dos resultados prévios do censo, média, divergência normal e coeficiente de variação). Esta medida, usado para avaliar a cobertura de censos modernos, relaciona os resultados de censos (neste caso o "Fim de população de ano") com a população esperada (figuras de população prévio + aumento líquidas durante o período entre censos).
  • 60
    Os padres de paróquia responsáveis por manter registros de nascimentos e óbitos co-brou uma taxa para batismos e enterros, que os pobres de Luanda não puderam pagar. Veja "Angola no fim do século XVIII: Documentos", Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa. Vol. 6, 1886, pp. 298; e Jean Baptiste Douville, Viagem au o Congo et dans l'intérieur de l'Afrique équinoxale...1828, 1829, 1830. Paris, 1832, Vol I. pp. 15-16. Pode muito bem ser que estas taxas sejam a raiz do preconceito.
  • 61
    Uma avaliação recente da população do Centro-oeste africano sugere que não existianenhum declínio durante este período. Veja Miller, Way of Death. pp. 140-169. Outros demógrafos e historiadores, por outro lado, concluíram que a população da região estava realmente decrescendo: John Fage, "The Efect of the Export Slave Trade on African Populations" em R.J.A.R. Rathbone e R.P. Moss, eds. The Population Factor in African Studies. Londres, 1975, pp. 15-23; John K. Thornton, "The Demographic Effect on the Slave Trade on Western Africa, 1500-1850" em C. Fyfe e D. McMaster, eds. African Historical Demography, II: Procedings of a Seminar Held in the Center of African Studies, University of Edinburgh, 24 e 25 de abril, 1981. Edinburgh, 1981, pp. 691-720; John C. Caldwell, "The Social Repercussions of Colonial Rule: Demographic Aspects", UNESCO, The General History of Africa. Berkeley, 1985, Vol. VII, pp. 458-486; e Patrick Manning, "The Impact of Slave Trade Exports on the Population of the Western Coast of Africa, 1700-1850" em S. Daget, ed. De la traite à l 'esclavage: Actes du Colloque Internacional sur la traite des noirs, Nantes 1985. Nantes, 1988, Vol. II, pp. 111-134. Em cada caso, porém, os cálculos feitos por estes estudiosos são todos baseados em hipotéticas taxas anuais positivas de aumento: Fage adotou 1.6, Thornton 2, Miller 2.5, Caldwell 3.5, e Manning 5 por mil. Conseqüentemente, quando lidos em comparação com as conclusões variadas baseadas nestas taxas hipotéticas, nossos dados não só documentam o despovoamento em Luanda por de um longo período de tempo, mas também estabelecem que as perdas eram de proporções notáveis.
  • 62
    Esta perda da população feminina é ainda mais apreciável se nós tomarmos o valor de1781 como nossa base. Fazendo isto, eleva-se a a taxa anual de crescimento para -1,28% ao ano ao longo do período inteiro.
  • 63
    A razão de masculinidade é o índice da relação numérica entre homens e mulheres emqualquer sociedade. Dá-nos o número de homens por cada 100 mulheres.
  • 64
    Em 1815, por exemplo, o exército formava 90 % do pessoal administrativo ou 25% dapopulação total.
  • 65
    Note que diferentemente da população civil, o pessoal administrativo não está divididonos censos de acordo com classes sócio-econômicas definidas por cor.
  • 66
    Negros, que durante a primeira década do início do século XIX já constituia 90% dapopulação de escravos, viu sua representação dentro deste grupo aumentar para quase 100% no início da década de trinta do respectivo século, devido ao desaparecimento virtual de mulatos escravizados, cuja proporção caiu para correspondentemente de 10% para apenas 0,2%, na capital colonial de Angola. Além disso, de acordo com uma lista detalhada de funcionários públicos e eclesiásticos em 1799, os escravos não estavam presentes dentro de qualquer um destes dois grupos de residentes da Luanda. Veja, "Angola no Fim do Século XVIII ", pp. 281-294. Semelhantemente, embora cativos foram usados como pessoal militar pela administração colonial portuguesa em guerras contra autoridades políticas africanas ao longo do interior, escravos não parecem ter sido parte dos soldados sediados neste Centro Urbano Costeiro do Centro-oeste Africano. Veja Carpinteiro de rodas de Douglas L., "The Portuguese Army in Angola", Journal of Modern African Studies. Vol. 7, 1969, pp. 426-427.
  • 67
    Veja Douglas L.Wheeler, "A note on Smallpox inAngola, 1670-1875" Studia, nos 1314, 1964, pp. 351-362; Jill R. Dias, "Famine and Disease in the History of Angola, c. 1830-1930". Journal of African History. Vol. 22, 1982, pp. 349-378; Joseph C. Miller, "The Significance of Drought, Disease and Famine in the Agriculturally Marginal Zones of West-Central Africa". Journal of African History. Vol. 23, 1982, pp. 17-61; e Dauril Alden e Joseph C. Miller, "Unwanted Cargoes: The Origins and Dissemintation of Smallpox via the Slave Trade from Africa to Brazil, c. 1560-1830" em Kenneth F. Kiple, ed. The African Exchange: Toward a Biological History of Black People. Durham, 1988, pp. 35-109.
  • 68
    Veja Miller, "The significance of Drought, Disease and Famine", pp. 33-59.
  • 69
    Compare, por exemplo, as informações qualitativas em Miller The significance ofDrought, Disease and Famine ", pp. 51-59 com o número anual de mortes encontrada na Tabela III abaixo. Os censos só listam anormais altas taxas de mortalidade durante 1812 e 1825. Semelhantemente, em uma carta para a Coroa portuguesa, 3-10-1818, Arquivos de Angola. Vol XVIII, Nos. 71/74, 1961, pp. 218-219, Governador Luiz da Motta Fêo e Torres informava que o número de mortes diminuiu significativamente em Luanda depois da chegada de José de Mello como o médico-chefe. Uma vez mais, porém, isto não é sustentado pelos dados de registro vital nos censos.
  • 70
    Entre as numerosas referências sobre fugas de escravos ver: Governador Francisco deSousa Coutinho para Francisco de Mendonça Furtado, 5-12-1769, Biblioteca de Lisboa, Códice 8553, fls. 27-33; Governador Barão de Mossamedes para Jaga Cassange, 26-071789, Arquivos de Angola. Vol. II, no 14, 1936, pág. 568; Governador Fernando de Noronha para Visconde de Anadia, 8-11-1803, AHU, Angola, Cx. 108, Doc. 33; a requisição dos donos de escravos de Luanda não datada do início do século XIX exigindo que o Governador da Angola tomasse os passos necessários para eliminar uma sociedade exiladas entre os rios Bengo e Dande, AHU, Angola, Cx. 180, Doc. 49; e a atestação do Conselho Municipal de Luanda, 15-09-1817, em João de Castello Branco e Torres, Memórias Contendo uma Biographia faz Vício Almirante da Motta Feo e Torres, uma História dos Governadores e Gêneros de Capitaes da Angola desde 1575 até 1825, e uma Descripção Geográphica e Politica de Angola e Benguella. Paris, 1825, pág. 56. Estudos deste problema endêmico em Luanda, e em outro lugar em Angola, inclua: Beatrix Heintze, "Asiles toujours menacés: fuites d'esclaves en a Angola au XVIIe siècle," em Katia de Queiros Mattoso, ed. Esclavages: Histoire d'une diversité de l'océan Indien à l'Atlantique sud. Paris: L'Harmattan, 1997, pág. 101-122; Aida Freudenthal, "Os quilombos da Angola nenhum XIX de século: um recusa da escravidão," Estudos afro-asiáticos (Centro de Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro), No 32, 1997, pp. 109-34; e W.G. Clarence-Smith, "Runaway Slaves and Social Bandits in Southern Angola, 1875-1913," em G. Heuman, ed. Out of the House of Bondage, Ronaways, Resistence and Marronage in África and the New World. Londres: Frank Cass, 1986, pág. 23-33.
  • 71
    Joseph C. Miller, "The Slave Trade in Congo and Angola" em M.L. Kilson e R.I. Rotberg,eds. The African Diaspora: Interpretive Essays. Cambridge, Mass., 1976, pp. 75-113; idem, Way of Death; e Curto, "Re-assessment of the Legal Slave Trade from Luanda" pp. 3-25.
  • 72
    Mary C. Karasch, "The Brazilian Slavers and the Illegal Slave Trade, 1836-1851," tese de M. A. Inédito, Universidade de Wisconsin, 1967; e, Roquinaldo Amaral Ferreira, "Dos Sertões ao Atlântico: Trafico de Escravos e Comercio Licito na Angola, 1830-1860," tese de M. A. Inédito, Universidade Federal faz Rio de Janeiro, 1996. Veja também: Philip Curtin, The Atlantic Slave Trade: A Census. Madison, 1969, pp. 231-264; e, com os dados mais recentes, David Eltis, "The Volume and Structure of the Transatlantic Slave Trade: A Reassessment," William e Mary Trimestral, a se tornar acessível.
  • 73
    Karasch, Slave Life in Rio de Janeiro, pp. 5, 9, 19, e 200; Henry Koster, Travels in Brazil.Londres, 1816, pág. 418; F. Friedrich von Weech, Riesen über a Inglaterra und o Portugal nach Brasilien und guarida vereiningten Staaten des La Plata Stromes während guarida Jahren 1823 bis 1827. Munich, 1831, Vol. 2, pág. 92; e "a Angola nenhum XVIII de Fim do Século", pág. 298.
  • 74
    Curto, "Re-assessment of the Legal Portuguese Slave Trade from Luanda". Todo os dadossobre a exportação de escravos em seguida listada é tirados desta mesma fonte.
  • 75
    Sobre a retomada da economia de plantação brasileira ver Dauril Alden, "Late colonialBrazil, 1750-1808," em Bethell, ed., Colonial Brazil, pp. 310-336; Lang, Portuguese Brazil, pp. 185-187; Caio Prado Jr., História Econômica do Brasil. São Paulo, 1970, pp. 79-87; e Simonsen, História Econômica do Brasil, pp. 363-364.
  • 76
    Veja Karasch, Slave Life in Rio de Janeiro, pp. 5, 9, 19, e 200; Koster, Travels in Brazil,pág. 418; John Luccock, Notes on Rio de Janeiro and the Southern Parts of Brazil: Taken during a Residence of Tem Years in that Country, from 1808 to 1818. Londres, 1820, pág. 106; e von Weech, Riesen über a Inglaterra und Portugal nach Brasilien, Vol. 2, pág. 92.
  • 77
    A existência de tais escravos em Luanda tem sido omitida. Conhecidos como ladinos, os cativos experientes não apenas eram trabalhadores experimentes em diversos tipos de comércios, mas ao invés de escravos vindos do interior, eram também educados para falar o Português, Luso-africano ou estilo de vida colonial. Para uma breve discussão sobre este grupo de residentes ver Miller, Way of Death, pp. 270-273.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2002
Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro Largo de São Francisco de Paula, n. 1., CEP 20051-070, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21) 2252-8033 R.202, Fax: (55 21) 2221-0341 R.202 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: topoi@revistatopoi.org