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Mães que sofreram abuso sexual na infância têm maior chance de ter um filho vítima de violência sexual

Introdução:

A recorrência da exposição ao abuso sexual na infância (ASI) parece ser maior entre vítimas de abuso sexual. Nesse sentido, experiências relacionadas à violência sexual podem perpetuar-se dentro do próprio contexto familiar por diversas maneiras. Aqui, investigamos a associação entre ser exposto a ASI e ter um filho vítima de abuso sexual.

Método:

Usamos uma amostra com 123 mães, que foram divididas em 2 grupos: um composto por 41 mães de filhos abusados sexualmente e outro composto por 82 mães de filhos não abusados. O histórico da exposição à ASI foi avaliado por meio do Childhood Trauma Questionnaire - Short Form (CTQ) e usamos um modelo de regressão logística para estimar os valores preditivos em relação a ter ou não um filho exposto a violência sexual.

Resultados:

Mães de crianças vítimas de abuso sexual obtiveram maiores escores no CTQ, especialmente na subescala de abuso sexual (SA). Segundo nosso modelo de regressão logística, escores maiores no CTQ foram capazes de predizer significativamente a categoria de ser ou não mãe de uma criança vítima de violência sexual em nossa amostra (Wald = 7,074; p = 0,008; Exp(B) = 1,681). O número de anos de escolaridade reduziu a chance de ter um filho vítima de violência sexual (Wald = 18,994; p = 0,001; Exp(B) = 0,497).

Conclusão:

Nossos achados ressaltam a importância de um possível efeito intergeracional do abuso sexual. Intervenções familiares e preventivas contra maus-tratos na infância deveriam levar em consideração essa problemática.

Abuso sexual infantil; abuso sexual; violência familiar


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