Acessibilidade / Reportar erro

Industrialismo, ecologia e democracia. Exploração em torno da participação de três atores sociais face ao esgotamento do produtivismo* * Este ensaio foi o ponto de partida de projeto de pesquisa sobre espaço público, industrialislllo c interesses pnvados no Brasil, ora em desenvolvimento. Foi escrito entre ] 987/88, recebcu algumas alterações para essa edição; originalmente corresponde ao texto que apresentei e discuti na primeira retmião do grupo de trabalho "Ecologia Política e Sociedade’’ da ANPOCS (V[l Encontro Nacional) em 1988. Leram esse texto e o discutiram comigo - pelo que agradeço muito - I der Sader (i.m.); Olgária Mattos; José Carlos Bruni; Maria Celia Paoli; Maria Amlinda An-uda e Oswaldo Será. (Certamente, eventuais afinnações e dados equivocados são de millha total responsabilidade)

Resumos

O industrialismo, em escala mundial, é um complexo de apropriação dos recursos sociais pertencentes ao meio-ambiente, à produção científica e ao esforço reprodutivo de sociedades integradas ou, aos mercados. Tal processo equivale à "grande transfonmação" ou a produção em massa no mercado, que engendra um ritmo de vida dependente do "ethos" político de um regime produtivista capaz de induzir, no quadro contemporaneo brasileiro, ao entrechoque de duas praticas relacionadas com a democracia: a primeira postula uma participação funcional reforçadora do produtivismo, e a segunda sua confluência (problemática) com culturas políticas que valorizam os processos de participação e mudança não-planejadas. O artigo discute essas questões à luz do perfil e responsabilidade de três atores sociais no Brasil (trabalhadores/capitalistas; ecologistas e comunidade científica), e lança essa "cartografia" para cenários de reorganização societaria em fomlações industrialistas do hemisfério Norte, deixando em aberto a pergunta sobre os riscos de um comportamento reflexivo desses atores face a essa reorganização.

Brasil: industrialismo; ecologia; democracia; atores sociais; participação política


This article attempts to interpret some dimensions of hldustrialism as a social regime that engender a speficic political "ethos", the productivism, whicll aims a global appropriation of social resources belonging to the environunent, scientific production and reproductive efforts of societies subordinated, or not, to the markets In Brazilian contemporary society this appropriation or ‘’the great transfonmation’’ of these resources, generates two processes related to democracy firstly, a functional political participation which deepen productivism, and secondly, an expanded participatory process opened to the nonplalmed changes This article explores the profiles and responsabilities of three social actors in Brazil (capitalists/workers, ecologists and scientific community) when they face thedifficlllt interplay oí such twined process Related to these questions are explored some post-industrialist scenaries of Northenz societies searching for its `’leit-motifs’’ ororiented-vallles, andone question is openedconceming thedilenuna ofthe three actors hz Brazil facing up such reorganization

Brazil industrialism; political ecology; democracy; social actors; citizensllip


Texto completo disponível em PDF.

  • *
    Este ensaio foi o ponto de partida de projeto de pesquisa sobre espaço público, industrialislllo c interesses pnvados no Brasil, ora em desenvolvimento. Foi escrito entre ] 987/88, recebcu algumas alterações para essa edição; originalmente corresponde ao texto que apresentei e discuti na primeira retmião do grupo de trabalho "Ecologia Política e Sociedade’’ da ANPOCS (V[l Encontro Nacional) em 1988. Leram esse texto e o discutiram comigo - pelo que agradeço muito - I der Sader (i.m.); Olgária Mattos; José Carlos Bruni; Maria Celia Paoli; Maria Amlinda An-uda e Oswaldo Será. (Certamente, eventuais afinnações e dados equivocados são de millha total responsabilidade)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ARENDT, Hannah A condição humana Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1987.
  • ARON, Raymond. Dezoito lições sobre a sociedade industrial Trad. Sergio Bath. Brasília/São Paulo; Ed. Universidade de Brasília/Martins Fontes, 1981.
  • BADHAM, Richard. The sociology of industrial and post industrial society. The Journal of the International Sociological Association Londres, Sage Publications, vol. 32, n° 1, Spring 1984.
  • BARTHOLO, Jr. A crise do industrialismo - Gênese, riscos e oportunidades. In: BURSZTYN, MARCEL et alli. Que Crise é Esta São Paulo, CNPq/Brasiliense, 1984. p. 69-101.
  • BORMANN, Albert. Tecnology and Democracy. In: DURBIN, P. (ed.) Research in Philosophy & Tecnology, vol. 7, Greenwich, CT: Jai Press, 1984.
  • CAPRA, Fritof. O Ponto de Mutação Trad. Alvaro Cabral. São Paulo, Editora Cultrix, 1986.
  • CARDOSO, Irene de Arruda R. A Universidade e o poder. Revista da Universidade de São Paulo São Paulo (6): 59-70, juUset, 1987.
  • CHAUI, Marilena. Um retrato sem retoques da classe média brasileira. Revista Pau Brasil, DAEE. São Paulo, nov/dez - 1985 (65-79)
  • _______. Produtividade e humanidades. Tempo Social Revista de Sociologia da USP, São Paulo, 1(2): 45-71, 2°sem. 1989
  • DINIZ,Eli. O empresariado e o momento político: entre a nostalgia do passado e o temor do futuro. In: Ciências Sociais Hoje 1986 São Paulo, Cortês/ANPOCS, 1986.
  • DOMMERGUES, Pierre et alii - Les sindicats françaises et americains face aux mutations tecnologiques Paris, Ed. Antropos, 1984.
  • FOUCAULT, Michel. Microfsica do poder Rio de Janeiro, Ed. Graal, 1979.
  • FAUSTO, Ruy. "A Pós-Grande Indústria" nos Grundisse (e para além deles). Lua Nova, São Paulo, n° 19, nov/ 1989. p. 47-68.
  • GORZ, André. Adeus ao proletariado - Para alem do socialismo, Rio de Janeiro, Forense, 1982.
  • GUTIERREZ, Fernando Calderón. Os movimentos sociais frente à crise In: SCHERER WARREN, I. & KRISCHKE, P. (orgs). Uma revolução no cotidiano. Os novos movimentos sociais na América Latina São Paulo, Brasiliense, 1987. p. 191-213.
  • HABERMAS, Jürgen. La technique et la sciense comme "ideologie" Paris, Gallimard, 1973.
  • HELLER, Agnes. Para mudar a vida - Felicidade liberdade e democracia Trad. Carlos Nelson Coutinho. São Paulo, Brasiliense, 1982.
  • _______. O cotidiano e a história Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1985.
  • HERRERA, Amilcar. A grande jornada Trad. Doraci Fenreira Gonçalves. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1982.
  • _______. Microeletrônica e progresso tecnológico. Rev. Análise & Conjuntura, Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte 2/3 (2 e 1): 13-20, dez/1987 - abr/1988.
  • JAGUARIBE, H. e alli. Brasil, sociedade democrática Rio de Janeiro, José Olympio, 1985.
  • LEITE LOPES, J. Ciência e libertação Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978.
  • MAFFESOLI, Michel. A sombra de Dionísio - Contribuição a uma sociologia da orgia Rio de Janeiro, Graal, 1985.
  • MORIN, Edgar. Pour sortir du XX Siècle Paris, Fernand Nathan, 1981.
  • MARX, Karl. Grundisse - (1857/58) México, Fondo de Cultura Econômica, 1978.
  • NEDER, Ricardo Toledo et alii. A crise do industrialismo: novas tecnologias, capital e trabalho. Revista Humanidade Brasília, Ed. UnB, n° 14 (90-96), ago/set, 1987.
  • NEDER, Ricardo Toledo et alii. "Automação e movimento sindical no Brasil" São Paulo, Editora Hucitec, 1988.
  • NOBLE, David. America by design New York, Knopf, 1979.
  • PADUA, J. Augusto. O nascimento da política verde no Brasil: fatores exógenos e endógenos. Paper apresentado no GT Ecologia, Política e Sociedade, xm Encontro Anual da ANPOCS, Caxambú, outubro de 1989 (mimeo).
  • POLANYI, Karl. A grande transformação - As origens da nossa época Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1980.
  • SAHLINS, Marshall. Cultura y razón práctica Barcelona, Ed. Gedisa, 1988.
  • SACHS, Wolfgang. Ecoindustrialismo, alta tecnologia e a busca de alternativas para o progresso. Rev. Análise & Conjuntura Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte 3(3), 127-131, set/dez - 1988.
  • SCHWARTZMAN, Simon. A força do novo: por uma sociologia dos conhecimentos modennos no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, Cortez/ANPOCS, vol. 2, out/1987.
  • SANTOS, Wanderley G. dos. A pós-revolução brasileira. In: JAGUARIEBE, H. et alii , Brasil, sociedade democrática Rio de Janeiro, José Olympio, 1985. p. 293-311.
  • SATOSHI, Kamata. Japon, l'envers du miracle Paris, Maspero, 1982.
  • TIEZZI, Enzo e BAROSI, Riccardo. Ecologia e recursos energéticos no debate político na Itália. Revista Lua Nova, São Paulo, CEDEC, abr/jun, 1987.
  • TOURAINE, Alain. O pós-socialismo Trad. Antonio Rollo Lucas. Lisboa, Afrontamento 1981.
  • _______. Anti Nuclear Protest New York, Cambridge University Press, 1983.
  • WEFFORT, Francisco. Por que democracia? São Paulo, Brasiliense, 1986.
  • WINNER, Landgon. Mythinformation in the High-tech era. Bulletion of Science, Technology & Society, vol 6: 582-586, 1984.
  • VIOLA, Eduardo. O movimento ecológico no Brasil (1974-1986): do ambientalismo à ecopolítica. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, Cortez/ANPOCS, (3-1), fev. de 1987.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Dec 1991

Histórico

  • Recebido
    Dez 1990
Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, 05508-010, São Paulo - SP, Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: temposoc@edu.usp.br