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Editorial

Esta edição especial da Revista Urbe traz artigos selecionados durante o 7º CONGRESSO LUSO BRASILEIRO PARA O PLANEJAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL – PLURIS, ocorrido em Maceió/AL em outubro de 2016. Os artigos aqui apresentados discutem três temas principais do referido congresso, que são: Ambiente e Energia; Mobilidade e Transportes e Planejamento Regional e Urbano, cujas discussões trazem estreita relação com a gestão urbana, de interesse para a revista.

Dentro da temática “Ambiente e Energia”, os dois primeiros artigos relacionam configurações urbanas diferenciadas às consequências energéticas. No primeiro, Raffaela Germano de Lima e Leonardo Salazar Bittencourt analisam o comportamento da ventilação natural a partir da interferência de diferentes arranjos construtivos urbanos e mostram a influência de diferentes parâmetros — como gabarito e recuos — na distribuição e velocidade do vento no tecido urbano, o que ainda é desconsiderado na legislação urbanística da maioria das cidades brasileiras. No segundo artigo, Evelise Leite Didoné, Andreas Wagner e Fernando Oscar Ruttkay Pereira avaliam a influência do contexto urbano na radiação solar para a geração de energia com o uso de módulos fotovoltaicos na envoltória de edifícios de escritórios verticais em Florianópolis e Fortaleza.

Ainda sobre “Ambiente e Energia”, Iraci Pereira Stensjö, Camila Carvalho Ferreira e Rejane Magiag Loura partem da estimativa do consumo para aquecimento ou resfriamento em edificações para propor o cálculo do número de graus-dia aplicável em todo o território brasileiro, bem como um zoneamento nacional decorrente dessa classificação com vistas ao planejamento energético e urbano.

Mantendo a discussão sobre ambiente e energia na escala urbana, mas direcionando o enfoque para a percepção do usuário, Eduardo Krüger e Patricia Drach analisam os efeitos do uso prolongado de equipamentos de ar condicionado na sensação térmica devido a interferências na aclimatação de indivíduos expostos às mesmas condições térmicas no centro do Rio de Janeiro. Observaram que o uso frequente desses equipamentos impacta a percepção térmica dos usuários, interferindo na definição de limites de conforto para o índice UTCI - Universal Thermal Climate Index.

Quanto aos artigos relacionados ao tema “Mobilidade e Transportes”, Daniel Souto Rodrigues, Carlos Magalhães, Fernando Fonseca, António Armando Lima Sampaio Duarte e Paulo Jorge Gomes Ribeiro apresentam uma metodologia para avaliação da visibilidade dos sinais e o seu nível de conformidade em relação aos requisitos legais e regulamentares, aplicada a um conjunto de sinais na cidade de Guimarães, Portugal, a partir da análise multicritério e da definição de uma hierarquia de intervenções. Os resultados revelam problemas de visibilidade dos sinais, resultantes da estrutura urbana compacta e da presença de vegetação nas ruas, no contexto estudado atestando, portanto, a utilidade da metodologia proposta na gestão da sinalética rodoviária.

Em uma escala geográfica menor, mas igualmente importante para a temática de mobilidade e transportes, os autores Leonardo Dal Picolo Cadurin e Antônio Nélson Rodrigues da Silva apresentam um procedimento para caracterização da demanda potencial de um sistema de compartilhamento de bicicletas pedelecs no campus da Universidade de São Paulo, campus de São Carlos, a partir da aplicação de questionários com usuários que inclui ainda perguntas sobre aceitação dos meios de transportes existentes para deslocamentos no local. Os resultados obtidos sobre as preferências de uso constituem em importante informação para os gestores do campus, caso a implantação de um sistema desta natureza venha a ser efetivamente considerada.

Cristina de Araújo Lima e Rafaela Antunes Fortunato trazem a discussão do sistema BRT — Bus Rapid Transit — implantado desde os anos 1970 em Curitiba, em especial as consequências ambientais da ocupação no entorno dos terminais, já que há tendência de replicabilidade desse sistema de mobilidade curitibano para os municípios vizinhos. Os resultados apontam fatores positivos como o aumento da diversidade de atividades no entorno desses sistemas, mas também negativos, como o de exclusão socioespacial.

O artigo de Marcella Bernardo e Renato da Silva Lima dá início ao terceiro e último conjunto temático desta edição da Urbe. Nele, os autores propõem a utilização de um Sistema de Informação Geográfica (SIG) para otimizar um programa de coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos em São Lourenço/MG, permitindo a elaboração de roteiros de coleta mais eficazes. Da mesma forma, Daniele Gomes Ferreira, Eleonora Sad de Assis e Lutz Katzschner se utilizam de um SIG na adaptação de uma metodologia alemã para a construção de um mapa climático para a cidade de Belo Horizonte/ MG com vistas ao desenvolvimento de orientações a um planejamento urbano que promova o conforto humano.

Outros dois artigos discutem padrões de crescimento urbano em contextos diferentes. No primeiro, Mafalda Pacheco, Itziar Navarro-Amezketa e Teresa Heitor examinam os padrões de crescimento urbano de duas aldeias costeiras de pesca em Algarve, Portugal, face à demanda local por áreas de lazer e turismo, e discutem o rebatimento na qualidade do espaço público, informação importante para futuras intervenções urbanas nos locais estudados. O segundo, de autoria de José Augusto Rodrigues Massabki, Anna Silvia Palcheco Peixoto, Ilza Machado Kaiser e Gustavo Garcia Manzato, analisa os padrões da expansão urbana da Região Metropolitana de São Paulo, por meio da modelagem espacial, com vistas ao apoio para as tomadas de decisão no planejamento urbano, buscando práticas e políticas de incentivos ao desenvolvimento urbano sustentável. Foram utilizados nesta investigação plataformas de Sistema de Informação Geográfica (SIG) e de modelagem baseada em Autômatos Celulares.

Por fim, são apresentados, ainda, dois artigos dentro do tema “Planejamento Urbano e Regional”. Em um deles, Alice de Almeida Vasconcellos de Carvalho e Valério Augusto Soares de Medeiros exploram a relação entre a política habitacional e o espaço urbano, com base no impacto da construção de moradias por meio do Programa Minha Casa Minha Vida, confirmando a tendência de fragmentação do tecido urbano e segregação socioespacial que vem sendo, por sinal, uma característica das cidades do país há décadas. No último artigo da revista, António Rochette Cordeiro, Rui Gama e Cristina Barros apresentam um planejamento estratégico para Lousã, Portugal, tendo como princípios o ambiente nas suas múltiplas vertentes, como a climática, a pedológica ou a hidrológica; as acessibilidades e as conetividades; a habitação e as famílias; as condições de vida; a dinâmica econômica e o emprego; os dados patrimoniais e as dinâmicas paisagísticas, entre outros aspectos, que devem ser vistos de modo integrado.

Desejamos a todos uma boa leitura!

Gianna Melo Barbirato – UFAL/Maceió
Léa Cristina Lucas de Souza – UFSCar/São Carlos

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Out 2017
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