Em nossa época os museus digitais e as novas tecnologias da informação parecem oferecer novas oportunidades para a preservação do patrimônio e sua divulgação e visitação. Grupos historicamente subalternos enxergam novas possibilidades para a criação de museus e exposições comunitárias. Isto parece ser ainda mais valido no 'Sul Global' e, de forma especial, na África subsaariana e na diáspora africana na America do Sul - duas regiões do mundo onde museus presenciais e arquivos propriamente ditos, quando se trata tantos das minorias de cunho etno-racial quanto dos movimentos sociais, têm recebido poucos fundos, equipamentos e pessoal qualificado. Este texto descreve o processo de criação de um destes museus digitais, que enfoca o patrimônio e memória africana e afro-brasileira. Trata-se de um experimento tecnológico e político que foi desenvolvido em um pais que está vivenciando um processo de redescoberta e patrimonialização de um conjunto de elementos da cultura popular, no âmbito do qual o status do ícone África mudou de ser historicamente considerado um ônus para o progresso (pensado de forma ocidental) para um bônus para um pais que está se descobrindo tanto multicultural quanto pertencendo ao poderoso grupos dos nações BRICS.
Intangível; digital; tecnologia; identidade; divulgação; Afro-Brasileiros