Resumos
Avaliaram-se as exigências de metionina+cistina de aves de reposição leves ou semipesadas de 1 a 4 semanas de idade alimentadas com ração farelada ou triturada. Utilizaram-se 800 aves Dekalb White (leves) com peso vivo inicial de 34,52 ± 0,26 g e 800 Bovans Goldline (semipesadas) com peso inicial de 36,41 ± 0,22 g. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 × 2 × 2, composto de cinco níveis de metionina + cistina total (0,65; 0,70; 0,75; 0,80 ou 0,85%), duas linhagens e duas formas físicas da ração, totalizando 20 tratamentos, cada um com quatro repetições de 20 aves. A ração basal foi suplementada com DL-metionina (99%) para proporcionar os cinco níveis de metionina + cistina total e foram mantidas isonutritivas quanto aos níveis de energia metabolizável (2.900 kcal/kg), proteína bruta (21%), cálcio (0,94%) e fósforo disponível (0,44%). Aos 28 dias de idade, foram avaliados os consumos de ração total e diário, os ganhos de peso total e diário e a conversão alimentar. Não houve efeito de interação níveis de metionina+cistina × linhagem × forma física da ração, todavia, isoladamente, os níveis de metionina+cistina afetaram de forma quadrática todas as características de desempenho. Os melhores resultados de desempenho foram obtidos com a linhagem semipesada. Em ambas as linhagens, a ração triturada promoveu maior ganho de peso e melhor conversão alimentar. Houve interação níveis de metionina+cistina × linhagem para o peso e a porcentagem de penas, que foram maiores nas aves semipesadas. Recomenda-se 0,78% de metionina+cistina para aves de reposição leves e semipesadas de 1 a 4 semanas de idade ou 146 mg/dia para as leves e 160 mg/dia para as semipesadas.
aminoácidos; crescimento; forma física; poedeiras comerciais
The objective of this study was to evaluate the total methionine+cystine requirements in function of crushed and ground diets and pullet strain (light and semi-heavy) from 1 to 4 weeks of age. One thousand and sixty 1-day-old pullets were used as follows: 800 Dekalb White pullets and 800 Bovans Goldline pullets, weighting 34.52 ± 0.26 g and 36.41 ± 0.22 g, respectively. The experimental design was completely randomized in a 5 × 2 × 2 factorial scheme (0.65; 0.70; 0.75; 0.80 and 0.85% total Met+Cys × pullet strain × two physical forms), with twenty treatments, four repetitions of twenty birds. The basal diet was supplemented with DL-Met (99%) to provide five total Met+Cys levels. The experimental rations presented the same contents for ME (2.900 kcal/kg), CP (21%), Ca (0.94%) and available P (0.44%). The total feed consumption (TFC), daily feed consumption (DFC), total weight gain (TWG), daily weight gain (DWG) and feed conversion (FC) were measured up to 28 days of age. The averages were analyzed through the F test and regression model. SH strain presented better TFC, DFC, TWG, DWG and FC. The crushed ration provided better TWG, DWG and FC for both strains. The Met+Cys levels affected TWG, DWG and FC in a linear way. Semi-heavy pullets presented better performance than light pullets. The ground diet improved TWG, DWG and FC of light and SH pullets from 1 to 4 weeks of age. Supplementation with 0.85% of Met+Cys is recommended for light and semi-heavy pullets from 1 to 4 weeks of age or average Met+Cys consumption of 159 and 174 mg, respectively.
amino acids; commercial laying hens; growth; physical form
MONOGÁSTRICOS
Exigência de metionina+cistina para aves de reposição leves e semipesadas de 1 a 4 semanas de idade alimentadas com rações farelada e triturada
Methionine+cystine requirements for light and semi-heavy pullets from 1 to 4 weeks of age fed crushed or ground rations
Edson Lindolfo da SilvaI; José Humberto Vilar da SilvaII; Antônio Gilberto BertechiniIII; Paulo Borges RodriguesIII; José Jordão FilhoIV; Luiz Eduardo Avelar PucciI
IPós-graduação em Zootecnia - UFLA - CEP: 37200-000 - Lavras, MG. Bolsista do CNPq
IIDepartamento de Agropecuária, UFPB - CEP: 58220-000 - Bananeiras, PB
IIIDepartamento de Zootecnia, UFLA - CEP: 37200-000 - Lavras, MG. Bolsista Pq do CNPq
IVDepartamento de Zootecnia, UFPB - CEP: 58397-000 - Areia, PB.
RESUMO
Avaliaram-se as exigências de metionina+cistina de aves de reposição leves ou semipesadas de 1 a 4 semanas de idade alimentadas com ração farelada ou triturada. Utilizaram-se 800 aves Dekalb White (leves) com peso vivo inicial de 34,52 ± 0,26 g e 800 Bovans Goldline (semipesadas) com peso inicial de 36,41 ± 0,22 g. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 × 2 × 2, composto de cinco níveis de metionina + cistina total (0,65; 0,70; 0,75; 0,80 ou 0,85%), duas linhagens e duas formas físicas da ração, totalizando 20 tratamentos, cada um com quatro repetições de 20 aves. A ração basal foi suplementada com DL-metionina (99%) para proporcionar os cinco níveis de metionina + cistina total e foram mantidas isonutritivas quanto aos níveis de energia metabolizável (2.900 kcal/kg), proteína bruta (21%), cálcio (0,94%) e fósforo disponível (0,44%). Aos 28 dias de idade, foram avaliados os consumos de ração total e diário, os ganhos de peso total e diário e a conversão alimentar. Não houve efeito de interação níveis de metionina+cistina × linhagem × forma física da ração, todavia, isoladamente, os níveis de metionina+cistina afetaram de forma quadrática todas as características de desempenho. Os melhores resultados de desempenho foram obtidos com a linhagem semipesada. Em ambas as linhagens, a ração triturada promoveu maior ganho de peso e melhor conversão alimentar. Houve interação níveis de metionina+cistina × linhagem para o peso e a porcentagem de penas, que foram maiores nas aves semipesadas. Recomenda-se 0,78% de metionina+cistina para aves de reposição leves e semipesadas de 1 a 4 semanas de idade ou 146 mg/dia para as leves e 160 mg/dia para as semipesadas.
Palavras-chave: aminoácidos, crescimento, forma física, poedeiras comerciais
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the total methionine+cystine requirements in function of crushed and ground diets and pullet strain (light and semi-heavy) from 1 to 4 weeks of age. One thousand and sixty 1-day-old pullets were used as follows: 800 Dekalb White pullets and 800 Bovans Goldline pullets, weighting 34.52 ± 0.26 g and 36.41 ± 0.22 g, respectively. The experimental design was completely randomized in a 5 × 2 × 2 factorial scheme (0.65; 0.70; 0.75; 0.80 and 0.85% total Met+Cys × pullet strain × two physical forms), with twenty treatments, four repetitions of twenty birds. The basal diet was supplemented with DL-Met (99%) to provide five total Met+Cys levels. The experimental rations presented the same contents for ME (2.900 kcal/kg), CP (21%), Ca (0.94%) and available P (0.44%). The total feed consumption (TFC), daily feed consumption (DFC), total weight gain (TWG), daily weight gain (DWG) and feed conversion (FC) were measured up to 28 days of age. The averages were analyzed through the F test and regression model. SH strain presented better TFC, DFC, TWG, DWG and FC. The crushed ration provided better TWG, DWG and FC for both strains. The Met+Cys levels affected TWG, DWG and FC in a linear way. Semi-heavy pullets presented better performance than light pullets. The ground diet improved TWG, DWG and FC of light and SH pullets from 1 to 4 weeks of age. Supplementation with 0.85% of Met+Cys is recommended for light and semi-heavy pullets from 1 to 4 weeks of age or average Met+Cys consumption of 159 and 174 mg, respectively.
Key Words: amino acids, commercial laying hens, growth, physical form
INTRODUÇÃO
A produção bem sucedida de ovos depende da forma como as frangas foram criadas durante as fases de crescimento, pois o peso ótimo ao início da postura e sua manutenção condicionam o desempenho da galinha poedeira por toda a fase de postura.
De acordo com Silva et al. (2000a), os processos anabólicos em aves de postura em crescimento são altamente dependentes do nível de ingestão de alimentos e de nutrientes disponíveis para garantir adequada deposição de tecido corporal, portanto, deve-se considerar que o atendimento das exigências dos aminoácidos para aves de reposição é uma etapa crítica na otimização do desempenho subseqüente, que pode ser afetado por fatores dietéticos, genéticos e ambientais.
É importante garantir nutrientes suficientes na ração inicial de frangas para assegurar aporte protéico (aminoácidos) e energético adequados até 8 semanas de idade, o que permite o crescimento normal e a deposição de nutrientes na carcaça. Também é imprescindível fazer o ajuste de nutrientes das rações considerando, além da idade das aves, as condições de temperatura, a troca das rações e as alterações dos níveis nutricionais para atingir peso corporal desejável.
Embora os aminoácidos sulfurosos sejam reconhecidos como os mais limitantes para aves criadas em ambiente tropical, escassas pesquisas têm sido realizadas para atualizar as exigências de frangas em todas as fases de crescimento. Na última edição publicada pelo NRC (1994), os níveis de metionina+cistina total recomendados para frangas leves e semipesadas de 1 a 4 semanas de idade foram, respectivamente, de 0,62 e de 0,59%, o que indica que frangas semipesadas são menos exigentes em aminoácidos sulfurosos em comparação às leves.
No Brasil, Rostagno et al. (2000) recomendaram valores mais elevados de metionina+cistina para as duas linhagens. Em publicação mais recente, Rostagno et al. (2005) aumentaram as especificações da tabela anterior, mas não alteraram as recomendações de níveis mais elevados de metionina+cistina para as frangas leves (0,71%) em relação às semipesadas (0,69%) na fase inicial.
Desta forma, realizou-se este trabalho com o objetivo de estimar as exigências de metionina+cistina total para frangas leves e semipesadas de 1 a 4 semanas de idade considerando a forma física da ração.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Pesquisas em Nutrição de Aves do Centro de Formação de Tecnólogos da Universidade Federal da Paraíba, SPNA/CFT/UFPB, situado na cidade de Bananeiras, Paraíba, no período de 15 de março a 12 de abril de 2006.
Utilizaram-se 800 aves Dekalb White (leves) com peso vivo inicial de 34,52 ± 0,26 g e 800 Bovans Goldline (semipesadas) com peso inicial de 36,41 ± 0,22 g. Em cada fase experimental, utilizou-se um grupo diferente de aves. Depois de identificadas por unidade experimental, as aves foram pesadas e alojadas em boxes de 1,0 × 1,5 m, dispostos em duas fileiras, totalmente fechados com tela plástica à prova de pássaros. O piso foi coberto com cama de maravalha e cada boxe continha uma lâmpada incandescente de 100 Watts para aquecer as aves nas primeiras semanas de vida, um comedouro tubular e um bebedouro pendular infantil. As aves foram debicadas aos 10 dias de idade e vacinadas conforme programa de vacinação convencional sugerido pelo manual da linhagem.
O galpão onde o experimento foi realizado era de alvenaria, com 24 m de comprimento por 9 m de largura, orientação Leste-Oeste, com laterais fechadas com telas de arame, muretas laterais de 0,40 m de altura, pé-direito de 2,80 m, sem lanternim, cobertura de telha de barro apoiada em duas águas, com beirais de 1,50 m.As cortinas do galpão permitiam abertura lateral, em movimento de cima para baixo, e eram reguladas de acordo com a temperatura ambiente ideal para aves em crescimento.As condições ambientais de temperatura e umidade relativa do ar foram registradas duas vezes ao dia utilizando-se aparelho termohigrômetro digital pré-fixado no centro do galpão, na altura dos boxes. As médias de temperatura e umidade relativa do ar mínimas e máximas foram, respectivamente, de 24,73 e 28,62ºC e, 75,31 e 97,18%, registradas às 8 e 16 h, respectivamente.
Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 × 2 × 2, composto de cinco níveis de metionina+cistina total, duas formas físicas da ração e duas linhagens, de modo que cada tratamento foi composto de quatro repetições de 20 aves. Uma ração basal foi formulada para atender às exigências de todos os nutrientes, segundo recomendações de Rostagno et al. (2005) e dos manuais das linhagens (GRANJA PLANALTO, 2005) (Tabelas 1 e 2), exceto metionina, que foi suplementada com DL-metionina (99%) em substituição ao amido (0,000; 0,050; 0,101; 0,151 e 0,202%), resultando em cinco níveis de metionina+cistina total (0,65; 0,70; 0,75; 0,80 e 0,85%), correspondentes aos níveis de 0,57; 0,62; 0,67; 0,72 e 0,77% de metionina+cistina digestível.
Na estimativa das exigências metionina+cistina total e digestível, tomaram-se como base os valores totais e digestíveis desses aminoácidos nos ingredintes, conforme descrito por Rostagno et al. (2005).O nível intermediário de metionina+cistina total utilizado foi o recomendado pelo manual da linhagem.As dietas experimentais foram isonutritivas e continham 2.900 kcal/kg de energia metabolizável, 21% de proteína bruta, 0,94% de cálcio e 0,44% de fósforo disponível. Como ligante dos péletes, adicionou-se caulim (inerte, 5,5%) à ração, antes de ser triturada. A ração triturada era inicialmente peletizada em prensa peletizadora equipada com motor de 6 HP, com temperatura média na saída do equipamento de 80ºC. Os péletes eram resfriados durante 20 minutos e, posteriormente, eram triturados e fornecidos às aves.
As aves foram alimentadas à vontade e submetidas a um programa de luz contínua. O desempenho no período de 1 a 4 semanas de idade foi avaliado semanalmente por meio dos consumos e ganhos de peso diário e total e da conversão alimentar.
O peso padrão das aves (%) em experimento foi calculado, ao final da quarta semana, com base no peso médio sugerido nos manuais das linhagens. A uniformidade (%U) foi calculada pela seguinte fórmula:
Ao final da primeira, segunda e quarta semanas, duas aves de cada parcela experimental foram selecionadas pelo peso vivo, abatidas e depenadas para pesagem das penas. Um grupo controle de 40 aves, metade da linhagem Dekalb White (33,52 ± 0,94 g) e metade da linhagem Bovans Goldline (37,16 ± 0,97 g), foi abatido com 1 dia de idade para estimativa do peso e da porcentagem de penas e o ganho de penas. O peso de penas foi obtido pela diferença entre o peso da aves com penas e o peso da carcaça totalmente depenada (manualmente) e limpa (sem penas): PP = ave com penas aves sem penas. O ganho de penas foi estimado pela diferença do peso de penas das aves do grupo controle e o das aves abatidas no final das quatro semanas.
Nas análises estatísticas, não havendo interação entre os fatores estudados, o resultado do teste F para forma física da ração e linhagem da ave foi considerado conclusivo.As exigências de metionina+cistina para aves de 1 a 4 semanas de idade foram estimadas por regressão, considerando o nível de significância, o coeficiente de determinação e a resposta biológica esperada das aves.Para maior objetividade da informação, apenas os efeitos de interação simples foram considerados na interpretação dos resultados. Os dados de desempenho foram analisados conforme o procedimento REGREAMD 1 do SAEG, versão 8.0. As análises foram realizadas utilizando-se o programa SAEG - Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (UFV, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os percentuais de peso-padrão obtidos nos níveis de 0,65; 0,70; 0,75; 0,80 e 0,85% de metionina+cistina foram: 93,32; 83,33; 75,22; 76,81 e 78,24% para as leves e 83,33; 90,12; 77,29; 83,41 e 81,29% para as semipesadas, respectivamente. Não foi observado efeito significativo (P>0,05) dos níveis de metinina+cistina sobre o peso-padrão das aves em experimento.
Não houve interação (P>0,05) níveis de metionina + cistina × linhagem × forma física da ração. Entretanto, os níveis de metionina+cistina total afetaram de forma quadrática (P≤0,001) os consumos de ração diário e total, os ganhos de peso diário e total e a conversão alimentar das pintainhas (Tabela 3). O maior consumo de ração total foi observado no nível de 0,77% de metionina+cistina (Figura 1A) e variou conforme a equação de regressão (ŷ = - 3168 + 15810x 10333x2; r2 = 0,89).
O consumo diário de ração também foi influenciado de forma quadrática (P≤0,001) pelos níveis de metionina+ cistina total da dieta (Figura 1A) e atingiu valor máximo no nível de 0,77%, de acordo com a equação de regressão (ŷ = -19,865 + 100,3x 64,909x2; r2 = 0,83). Esses resultados confirmam relatos de Cieslak & Benevenga (1984) de que o consumo de ração é importante na avaliação do efeito do desbalanço de aminoácidos, principal fator relacionado aos mais baixos consumos de ração nos níveis extremos de metionina+cistina.
Segundo Klasing (1998), a deficiência de um aminoácido essencial se manifesta na redução no consumo da ave, que torna a deficiência ainda mais severa.Desta forma, os níveis extremos de metionina+cistina utilizados nesta fase de criação tiveram influência negativa sobre o consumo de ração, o que confirma a hipótese de D'Mello (1994) sobre o desenvolvimento de anorexia nas aves consumindo rações desbalanceadas.
Os ganhos de peso total e diário diminuíram nos níveis mais baixo e alto de metionina+cistina (P≤0,001). O nível de 0,80% de metionina+cistina foi o que proporcionou os maiores ganhos de peso total e diário:ŷ = - 893 + 2856,5x 1780,6x2; r2 = 0,81 para o ganho de peso total; e ŷ = - 32,312 + 103,19x 64,396x2; r2 = 0,81 para o ganho de peso diário (Figura 1B).
A conversão alimentar foi influenciada de forma quadrática (P≤0,001) pelos níveis de metionina + cistina da ração e foi pior nas aves alimentadas com as rações com níveis mais baixos e mais altos de DL-metionina (Figura 1C), indicando exigência de 0,79% de metionina+cistina para a fase de 1 a 4 semanas, independentemente da linhagem e da forma fisica da ração.
A exigência média de metionina+cistina total para as aves das duas linhagens foi de 0,79% para maior ganho de peso (total ou diário) e melhor conversão alimentar. Esse valor foi similar ao recomendado pelos manuais das linhagens Dekalb White e Bovans Goldline, de 0,75% para a fase inicial de 1 a 4 semanas de idade, mas superior aos descritos por Rostagno et al. (2005), de 0,71 e 0,69%, pelo NRC (1994), de 0,62 e 0,59%, para aves leves e semipesadas no período de 1 a 6 semanas de idade. Estas variações podem ser atribuídas às diferenças na faixa etária das aves deste estudo, mais jovens que as utilizadas nos experimentos que deram origem às sugestões do NRC (1994) e Rostagno et al. (2005), avaliadas na fase de 1 a 6 semanas de idade. Ressalta-se ainda que as exigências descritas pelo NRC (1994) referem-se a aves de linhagens de mais de uma década atrás.
O maior teor de proteína da ração também pode ter determinado a maior exigência de metionina+cistina neste trabalho em relação aos níveis sugeridos pelo NRC (1994) e por Rostagno et al. (2005).
A linhagem semipesada apresentou maiores consumos de raçãototal e diário,maiores ganhos de peso total e diário e melhor conversão alimentar (P≤0,01) (Tabela 4).Os consumos e ganhos de peso obtidos neste trabalho diferem, em parte, dos obtidos por Silva et al. (2000a), que observaram melhores resultados em aves leves em comparação a aves semipesadas de 0 a 6 semanas. Os resultados de conversão alimentar, no entanto, foram melhores nas aves semipesadas.
Rodrigueiro et al. (2007), estimando as exigências nutricionais de lisina para aves leves e semipesadas de 1 a 3 e 4 a 6 semanas de idade, também observaram que aves da linhagem semipesada apresentaram melhor desempenho na fase inicial em comparação a aves da linhagem leve.De acordo com Leeson & Summers (1997), as aves semipesadas podem apresentar maiores exigências nutricionais, em virtude de sua maior exigência de mantença.
Neste trabalho, a conversão alimentar das aves semipesadas foi aproximadamente 4,5% melhor.Com base nesse resultado, pode-se inferir que o desempenho das frangas da linhagem semipesada foi superior ao das frangas leves, o que confirma as afirmações do NRC (1994) de que aves semipesadas consomem 10% a mais de ração em comparação às leves.
Comparando os resultados de consumo médio diário e conversão alimentar para as aves leves de 18,71 g e 2,24 kg/kg e para as aves semipesadas de 20,46 g e 2,14 kg/kg obtidos neste trabalho aos valores dos manuais das linhagens leve (16,75 g e 3,21 kg/kg) e semipesada (22,50 g e 2,72 kg/kg), constata-se que as aves leves tiveram consumo diário de ração 12% superior ao estimado pelo manual da linhagem.No entanto, as aves semipesadas apresentaram consumo diário 9% menor que o estipulado pelo manual de manejo da poedeira Bovans Goldline.
As conversões alimentares observadas neste estudo no período de 1 a 4 semanas foram 30 e 21% melhores que as sugeridas pelo manual das linhagens leves e semipesadas, respectivamente. Esses resultados indicam de que as informações técnicas para aves de postura comercial devem ser reavaliadas periodicamente.
Não houve efeito significativo (P>0,05) da forma física da dieta sobre os consumos de ração total e diário. Entretanto, a ração triturada proporcionou às aves leves e semipesadas de 1 a 4 semanas de vida maior ganho de peso total e diário e melhor conversão alimentar (P≤0,01) (Tabela 4). Stringhini et al. (2005) relataram que o uso de dietas pré-iniciais micropeletizadas até a segunda semana de idade favorece o desempenho e a biometria de órgãos digestórios de poedeiras semipesadas em diferentes idades.
Neste trabalho a ração triturada melhorou o ganho de peso das aves em 6,4% e a conversão alimentar em 6% em comparação à ração farelada, resultados que confirmam os obtidos por Nagano et al. (2003), Teixeira et al. (2007) e Bernardino et al (2007) com pintos de corte. A melhora de 6% na conversão alimentar nas aves alimentadas com ração triturada representa diminuição de 140 g de ração/ave em relação à ração farelada até 4 semanas de idade.
O melhor desempenho das aves alimentadas com a ração triturada está relacionado a vários fatores, entre eles, a maior disponibilidade dos nutrientes em uma fase em que o sistema digestório das aves ainda não está completamente desenvolvido, o que propicia uma vantagem econô-mica do uso de rações peletizadas para frangas nas primeiras idades. Segundo Falk (1985) e Moran Jr. (1987), a peletização (triturada) das rações melhora a eficiência alimentar das aves, em virtude da combinação de umidade, calor e pressão, que gelatinizam o amido ou rompem a estrutura das partículas dos alimentos, melhorando o aproveitamento dos nutrientes.Nos carboidratos, ocorre à desagregação dos grânulos deamilose e amilopectina, facilitando a ação enzimática, e nas proteínas ocorre alteração das estruturas terciárias, facilitando a digestão.
Exceto para o peso vivo e ganho de penas, houve efeito das interações níveis de metionina+cistina × linhagem e metionina+cistina × forma física da ração. Os níveis de metionina+cistina afetaram (P≤0,001) de forma linear o peso vivo das aves , que variou conforme a equação PV = 105,17 + 243,42x; r2 = 0,89 (Tabela 6). As aves semipesadas apresentaram maior peso vivo, peso e porcentagem de penas (P≤0,001) (Tabela 5). A ração triturada influenciou de forma positiva o peso vivo e o peso de penas das aves (P≤0,001), enquanto os níveis de metionina+cistina influenciaram de forma linear (P≤0,001) o ganho de penas, conforme a equação: GPN = 13,286 + 15,239x; r2 = 0,55 e a dieta farelada proporcionou maior ganho de penas (P≤0,001) nas aves leves e semipesadas.
As aves da linhagem semipesada apresentaram maior peso de penas nos níveis de metionina+cistina de 0,70; 0,75 e 0,85% e esse resultado indica que aves semipesadas têm maior volume de penas, característica que pode estar relacionada às raças ancestrais que deram origem a essa linhagem, como a Rhode Island Red.
Os níveis de metionina+cistina afetaram de forma quadrática (P≤0,05) o peso e a porcentagem de penas das aves da linhagem leve (Figura 2). A exigência média estimada com base nestas variáveis foi de 0,77% de metionina+ cistina, semelhante às recomendações do manual da linhagem Dekalb White (GRANJA PLANALTO, 2005).
A média estimada a partir do peso e da porcentagem de penas para a linhagem leve de 0,77% de metionina+cistina se aproxima da estimativa média obtida para o desempenho (0,79% de metionina+cistina) e confirma hipótese da influência de aminoácidos sulfurosos na síntese da proteína das penas (Leeson & Summers, 1997).
Os níveis de metionina+cistina afetaram de forma linear (P≤0,05) o peso e a porcentagem de penas da linhagem semipesada, independentemente da forma física da dieta. Houve efeito quadrático (P≤0,05) dos níveis de metionina+cistina sobre o peso e a porcentagem de penas nas aves alimentadas com a ração farelada. Os níveis de metionina+cistina influenciaram de forma linear o peso de penas na dieta triturada, mas não tiveram efeito significativo (P>0,05) sobre a porcentagem de penas nas aves alimentadas com a ração triturada.
A exigência média estimada foi de 0,78% de metionina+cistina, resultado superior ao de 0,75% recomendado pelo manual das linhagens Dekalb White e Bovans Goldline (GRANJA PLANALTO, 2005). Com base nesses resultados, pode-se inferir que a demanda em aminoácidos sulfurosos para aves apresentarem bom desenvolvimento de penas é superior à descrita nos manuais das linhagens e às estimativas obtidas pelo desempenho das aves, portanto o peso e a porcentagem de penas talvez sejam bons indicadores do perfil nutricional da ave e do atendimento das exigências de metionina+cistina.
CONCLUSÕES
Recomenda-se 0,79% de metionina+cistina total na dieta de aves de reposição leves e semipesadas de 1 a 4 semanas de idade, ou 148 e 162 mg de metionina+cistina total/dia para aves leves e semipesadas, respectivamente. O desempenho de aves semipesadas é maior que o de leves no período inicial de criação. A ração triturada influencia o ganho de peso total, o ganho de peso diário e a conversão alimentar de aves leves e semipesadas de 1 a 4 semanas de idade.
AGRADECIMENTOS
À Granja Planalto LTDA, pela doação das aves.
LITERATURA CITADA
Este artigo foi recebido em 6/11/2007 e aprovado em 31/7/2008.
Correspondências devem ser enviadas para: edsonlindolfo@yahoo.com.br
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
23 Mar 2009 -
Data do Fascículo
Mar 2009
Histórico
-
Recebido
06 Nov 2007 -
Aceito
31 Jul 2008