A criação de novos cursos de Pós-graduação stricto sensu no Brasil tem apresentado uma curva crescente ao longo do tempo, desde 1976, início do processo de avaliação dos Cursos de Pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Entre os critérios da avaliação da CAPES, estão a infraestrutura, a proposta do programa, análise do corpo docente e discente e a produção intelectual. Os resultados obtidos através desta avaliação subsidiam a deliberação do Conselho Nacional de Educação/Ministério da Educação (CNE/MEC) sobre quais cursos obterão a renovação de reconhecimento para dar continuidade ao seu funcionamento.11 CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Avaliação. [acesso em 1 mar 2016]. Disponível em: http://www.capes.gov.br/avaliacao
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Dados de 2015 mostram que atualmente, a CAPES recomenda e reconhece 5.812 cursos, distribuídos em 3.226 cursos de Mestrado acadêmico, 589 Cursos de Mestrado Profissional e 1.997 Cursos de Doutorado. Em relação aos indicadores desses cursos que são avaliados pela CAPES, a produção intelectual dos programas de Pós-graduação apresentou um aumento de 34% na publicação de artigos em periódicos científicos e o número de estudantes que obtiveram título de mestre ou doutor saltou de 50.411, em 2010, para aproximadamente 62.000, em 2013. Mas como está a qualidade da produção advinda dessa nova realidade da Pós-graduação e dos pesquisadores no Brasil?
Com uma política forte de incentivo a produção científica e uma avaliação dos Programas de Pós-graduação predominantemente focada no aspecto quantitativo, o Brasil continuava em 2014 a ocupar o 13º lugar no ranking da produção científica mundial, de acordo com dados disponíveis no SCImago Journal & Country Rank. Entretanto, quando avaliado o impacto ou qualidade desta produção através do cites per document, o Brasil deixa de ocupar a 117ª posição e passa para a 182ª no ranking mundial de qualidade, em 2014. E isso não acontece somente com o Brasil, mas também com a maioria dos países que lideram o ranking quantitativo de produções.22 SCImago Journal & Country Rank. Country Rankings. [acesso em 8 mar 2016]. Disponível em: http://www.scimagojr.com/countryrank.php
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Assim, surgem os questionamentos a respeito das causas desse fenômeno e como melhorar os índices de qualidade, e também se esses índices são os mais adequados e confiáveis para mensurar a qualidade da produção científica.
Por outro lado o continuado estímulo para aumentar o número de publicações deu espaço a uma abertura acentuada de novas revistas pelas editoras mundiais, muitas das quais apresentando um fator de impacto baixo, e favorecendo o surgimento de negócios rentáveis.
Assim diante da necessidade de publicação dos autores o famoso temor de "publish or perish" versus o capitalismo das editoras, veio a consolidação das revistas de acesso aberto, onde, na maioria das vezes, é paga pelos autores uma taxa de publicação. Valor, aliás, que pode variar, conforme o tipo da revista, de US$ 8,00 a US$ 6.000,00. Uma publicação de Van Noorden na Revista Nature (2013) apresenta dados obtidos por uma empresa de consultoria, a Outsell, localizada na Califórnia, EUA, revelando que a indústria de publicação gerou US$ 9,4 bilhões em 2011 e publicou cerca de 1,8 milhões de artigos, do que deriva uma média de US$ 5 mil por artigo. De acordo com analistas que estimam as margens de lucro entre 20 e 30% obtém-se uma média de US$ 3.500 a 4.000 por artigo.33 Van Noorden R. Open access: the true cost of science publishing. Nature. 2013; 495 (7442): 4269.
Destaca-se que esse tipo de acesso aberto não traz prejuízos para a qualidade da revista ou para os autores. Porém, de olho no lucro, novas editoras vêm surgindo e criando revistas, principalmente de acesso aberto que oferecem vantagens, que por vezes não são reais. Assim, é que utilizam-se de nomes semelhantes às revistas de fator de impacto elevado (Journal Citation Reports) e às vezes divulgam um fator de impacto sem qualquer validade, podendo induzir os pesquisadores a acreditarem ser o do JCR. Além de não serem indexadas nas principais bases de dados, como PubMed, Scopus, Scielo e Embase, utilizam uma busca ativa por submissões, o chamado "call for papers", de forma insistente.
Dessa forma, enquanto melhores métodos de qualificação de uma revista ou artigo científico não forem desenvolvidos, nós pesquisadores, temos que avaliar com cuidado a escolha da revista na hora de publicar, discutindo o assunto com pesquisadores mais experientes. É fundamental pois: desconfiar sempre que receber um convite direcionado, por vezes, com seu nome ou com o título de alguma pesquisa sua publicada anteriormente, solicitando a submissão de outro artigo; procurar em quais bases de dados a revista escolhida encontra-se indexada; a pesquisa no WebQualis poderá ajudar na escolha44 CAPES. Qualis CAPES. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/p...
(qualis.capes.gov.br); e certificar-se quanto à credibilidade do fator de impacto divulgado - o Scimago (www.scimagojr.com) ou ISI Information Sciences Institute (não disponível gratuitamente) são fontes seguras de informação.
Referências
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1CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Avaliação. [acesso em 1 mar 2016]. Disponível em: http://www.capes.gov.br/avaliacao
» http://www.capes.gov.br/avaliacao -
2SCImago Journal & Country Rank. Country Rankings. [acesso em 8 mar 2016]. Disponível em: http://www.scimagojr.com/countryrank.php
» http://www.scimagojr.com/countryrank.php -
3Van Noorden R. Open access: the true cost of science publishing. Nature. 2013; 495 (7442): 4269.
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4CAPES. Qualis CAPES. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf
» https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jan-Mar 2016