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Entrevista com Vilson J. Leffa

Interview with Vilson J. Leffa


O professor Vilson J. Leffa doutorou-se em Linguística Aplicada pela Universidade do Texas, em 1984, e realizou estágio pós-doutoral na Universidade de Bristol, na Inglaterra, entre 1989 e 1990. Trabalhou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), foi pesquisador visitante da Universidade da Califórnia, em Irvine, e atualmente é professor voluntário na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde atua no Programa de Pós-Graduação em Letras. Com seu vasto trabalho nas áreas de Linguística Aplicada, formação de professores de línguas e, nas últimas décadas, ensino de línguas mediado por computador e tecnologias digitais, consolidou-se como referência nacional e internacional.

A produção acadêmica do prof. Leffa é reflexo de sua profícua atuação: publicou mais de 80 artigos em periódicos, no Brasil e no exterior, e escreveu e organizou vários livros, dentre os quais cabe destacar Língua estrangeira: ensino e aprendizagem (2016a LEFFA, V. J. Língua estrangeira: ensino e aprendizagem. Pelotas: EDUCAT, 2016a.), Aspectos da leitura: uma perspectiva psicolinguística (1996 LEFFA, J. V. Aspectos da leitura: uma perspectiva psicolingüística. Porto Alegre: Sagra- Luzzatto, 1996.) e O professor de línguas estrangeiras: construindo a profissão (2008 LEFFA, J. V. (Org.) O professor de línguas estrangeiras: construindo a profissão. 2. ed. Pelotas: Educat, 2008.). Com mais de 4 décadas de atuação no Ensino Superior, contribuiu para a formação de muitos docentes e pesquisadores, tendo orientado 50 dissertações de mestrado, 21 teses de doutorado e 5 estágios de pós-doutorado, além das orientações ainda em andamento.

Nesta entrevista, realizada por webconferência em março de 2022, às vésperas das celebrações referentes aos seus 80 anos, o professor Vilson Leffa brinda docentes e estudiosos com suas experiências e ponderações. A formação de professores de línguas na atualidade e questões referentes às concepções de língua/linguagens são alguns dos principais temas debatidos 1 1 A transcrição das respostas, a revisão da entrevista e o acréscimo de grifos e referências bibliográficas ficaram por conta dos entrevistadores. Uma leitura posterior foi realizada pelo prof. Vilson Leffa, para aprovação da versão final do texto. . A partir de questões do passado e do presente, na entrevista há um destaque especial ao futuro, com reflexões sobre o sistema ELO em Nuvem, conselhos para futuros linguistas aplicados e digressões sobre o canal no YouTube intitulado “ELA – Epifanias em Linguística Aplicada”, que o prof. Leffa produz e alimenta semanalmente com conteúdos que contribuem para a popularização de temas e tópicos importantes da área.

Entrevistadores: Professor Vilson Leffa, como o senhor vê a formação de professores de línguas na atualidade? Considerando aspectos como concepções de língua/linguagens e abordagens de ensino, o que difere a sua formação inicial da formação inicial dos professores de línguas hoje?

Leffa: Eu acho que no passado a visão de língua se restringia a “um conjunto de frases”. Então existiam frases – estruturas básicas – e o que o professor tinha que fazer era ensinar ao aluno essas estruturas, às vezes muito afastadas da realidade. Eram essas frases que serviriam de apoio para as outras frases que o aluno poderia construir. Esse foi o momento em que eu comecei a lecionar. Antes, creio que havia uma ênfase maior no léxico, na aprendizagem do vocabulário, principalmente com o Método da Gramática e Tradução, mais tradução de palavras que de frases. Eu já peguei a fase do ensino da frase. Daí se evoluiu, basicamente, para a ênfase no gênero.

Eu vejo “gênero” como a preocupação de usar a língua para fazer coisas. É para isso que usamos as palavras, de acordo com Austin (1962AUSTIN, J. L. How to Do Things with Words: The William James Lectures delivered at Harvard University in 1955, London: Oxford University Press, 1962.), não é? É a ideia de que usamos a língua para agir no mundo, para agir sobre o outro. Vejo aí uma mudança da língua como sistema, principalmente sintático, que evolui para língua como ação. É uma evolução que caminha para a noção de língua como ferramenta, como um sistema que usamos para agir no mundo.

Em termos de abordagem, eu acho que temos três grandes abordagens: a Abordagem Direta, a Abordagem Comunicativa e o Pós-Método ( LEFFA, 2016aLEFFA, V. J. Língua estrangeira: ensino e aprendizagem. Pelotas: EDUCAT, 2016a.). Entre a Abordagem Direta (ou Método Direto) e a Abordagem Comunicativa, existiram outras propostas, incluindo um período de grande influência norte- americana. Foi nesse período que surgiu, por exemplo, o que alguns definem como “Método do Exército”, uma proposta que teve sua origem nas forças armadas americanas e que depois migrou para as universidades, onde recebeu o nome de Abordagem Audiolingual, ou Método Audiolingual. Nele, o foco estava no ouvir e no falar, sem preocupação com a leitura e a escrita. O pressuposto era de que se o aluno aprendesse a falar a língua, a leitura viria quase que automaticamente, por simples transferência das estratégias de leitura da língua materna.

Além disso, há um termo novo, que eu tenho ouvido recentemente, que é “translinguagem”. E o que seria? É um termo traduzido do inglês, de Translanguaging. A tradução já não é muito autêntica, pois “translinguagem” dá a ideia de um substantivo, enquanto “translanguaging” dá também a ideia de um verbo no gerúndio. Não havia essa palavra em português, como não havia em inglês, e criamos o neologismo “translinguagem”; para fugir de termos como “translinguando”, ou “translinguajeando”.

O que seria, enfim, essa translinguagem? É ir além da língua materna. Porque antes achava-se que para ensinar a língua-alvo na sala de aula, o melhor caminho seria não usar a língua materna do aluno. Mas isso foi mudando. E agora temos o que alguns chamam de “método salada mista” para o ensino de línguas, misturando a língua alvo e a materna. A translinguagem é então esse ir além da própria língua, de uma maneira que me parece natural; como é o caso, por exemplo, do portunhol. Sei que alguns colegas vão torcer o nariz, mas vejo o portunhol como uma mistura saudável e democrática. Mais do que uma mistura, o portunhol é uma fusão de línguas e culturas, eliminando, no mínimo, questões de subalternidade ao criar um sistema linguístico único.

E acho que com o tempo essa proposta “trans” de ensino de línguas vai chegar também, se já não chegou, ao ensino de línguas de sinais, onde o aprendiz também vive uma situação de translinguagem, usando dois sistemas como um sistema único. E isso se expande em todos os sentidos, indo além do aspecto meramente verbal, incluindo aí linguagens imagéticas, onomatopaicas, midiáticas etc.

Essa ideia da translinguagem – como força capaz de fundir línguas, culturas e até metodologias de ensino em um movimento integrador e único – pode ser a maior contribuição que a pedagogia das línguas tem para oferecer neste momento obstinadamente polarizado em que vivemos.

Em resumo, essas são as mudanças que eu noto; mudanças que afetam tanto nossa visão de língua/linguagens como também nossa visão de métodos/abordagens.

Entrevistadores: Ao longo da sua carreira, o senhor foi-se adaptando e seguindo novos caminhos, buscando novos temas, novas teorias, novas tecnologias etc. Como o senhor escolhe esses caminhos a seguir?

Leffa: Peço licença para ser bem franco aqui, abrindo o coração. Escolho novos caminhos pela insatisfação com os resultados que eu obtenho, que me deixam agoniado, e que eu tento melhorar de alguma maneira. Então tudo começa pela insatisfação. Eu penso: “tem que funcionar isso aqui, poxa! Por que não funciona?”. Um exemplo do que, para mim, é um mistério: “por que uma aula que eu dava antes e que funcionava muito bem, de repente não funciona mais?”. Numa sala de aula era um sucesso, numa outra, um fracasso. E eu me perguntava: “por que isso?”. É questão de contexto, é necessário ver o contexto, talvez os alunos tivessem necessidades diferentes, sei lá. Esses mistérios que eu tento resolver a partir da insatisfação me levam a mudar. Os erros me fazer mudar. A teoria, a gente chama de “tentativa e erro”, não é “tentativa e acerto”. Então a gente vai errando e vai aprendendo. Eu contrariava o que se dizia antigamente: “na língua a gente não aprende com os erros, aprende os erros”. Era uma frase contra a ideia de que se deveria deixar o aluno errar. Isso mudou. Erremos! A gente vai errando e vai aprendendo.

Então eu penso que vou me adaptando com a insatisfação com os resultados e, também, com o que eu chamo de “persistência sem teimosia”. Eu acho que eu sou uma pessoa persistente. Já me disseram isso. Já me falaram isso até sobre o ELO 2 2 Sistema disponível em: < https://www.elo.pro.br/cloud/index.php>. Na sequência, há mais informações sobre o ELO. . Chegavam para mim e falavam: “nossa, professor, como o senhor é persistente, o senhor não desiste nunca!”. Realmente, sou persistente, mas tomando sempre o cuidado de não ser teimoso; porque, se eu for teimoso, aí eu tenho um problema. A persistência é uma qualidade, a teimosia não.

Entrevistadores: O senhor mencionou o sistema ELO (Ensino de Línguas Online). Atualmente, o senhor segue trabalhando com o ELO em Nuvem, um Sistema de Autoria Aberto em constante atualização 3 3 O ELO é um sistema de autoria, isto é, de produção de recursos para o ensino de línguas, que anteriormente contava com uma versão off-line, de instalação do software em computadores. Desde 2011, o ELO conta com uma versão “em Nuvem”, de forma totalmente online ( LEFFA, 2012; LEFFA, COSTA; BEVILÁQUA, 2019). Mais recentemente, o ELO começou a ser entendido como um Sistema de Autoria Aberto (SAA), conceito cunhado em Beviláqua et al. (2017) para designar sistemas abertos e gratuitos de produção colaborativa e licenciamento de Recursos Educacionais Abertos (REA), facilitando práticas de reusar, revisar, redistribuir e remixar atividades e módulos para o ensino de línguas. 3. Quais são suas intenções para o ELO no futuro? Gostaríamos de uma contextualização sobre o surgimento do ELO, o atual ELO em Nuvem e o que podemos esperar para o futuro desse sistema.

Leffa: Essa pergunta é uma pergunta que me atinge em cheio, pois tenho me preocupado com isso ultimamente. Porque estou fazendo 80 anos, já estou aposentado...

O ELO é uma ferramenta em constante atualização. E só não é atualizado com mais frequência e rapidez por problemas de falta de recursos humanos. Nunca pensei que iria encontrar um problema desse tamanho durante a pandemia de COVID-19. Se vocês prestarem atenção nos noticiários, por exemplo, onde mais está faltando mão de obra é na área de Informática.

O ELO, no início, usando aquele meu fascínio por codificar, era codificado por mim. Eu mesmo fazia essa parte. Mas nessa versão em nuvem, online, eu passei o trabalho adiante, não tinha mais tempo para codificar. Então deixei essa parte para os bolsistas da área da Informática. Já faz uns 10 anos isso. O problema maior do ELO, então, é achar gente para continuar o trabalho.

Para o futuro, tenho pensado bastante no assunto, e vejo três possibilidades: (1) pensar grande, (2) pensar pequeno e (3) não pensar. Não pensar implica em considerar que tudo tem um início, um meio e um fim, e o ELO está chegando ao fim. É uma coisa que vai desaparecer, inevitavelmente. Pensar pequeno, que é o que estou fazendo agora, significa renovar e garantir o ELO por mais três anos, o que acabei de fazer. A maior despesa do ELO no momento é sua hospedagem em um servidor, a um custo que considero baixo, com excelente relação custo/ benefício. Tenho o cuidado de não abrir muito, não permitindo, por exemplo, que as pessoas salvem vídeos no ELO. Isso a gente já modificou, para procurar mantê-lo funcionando como está, aparentemente sem problemas de acesso e sem engarrafamento. Então por três anos o ELO funcionará assim. E pensar grande... eu não sei. Pensar grande seria expandir o ELO e, talvez, monetizar. As pessoas me dizem que dá para fazer isso. Assim, de alguma maneira, o ELO seria autossuficiente, no sentido de se manter por si mesmo, talvez até com algum lucro.

Entrevistadores: Recentemente, o senhor criou um canal no YouTube chamado “ELA - Epifanias em Linguística Aplicada 4 4 Disponível em: < https://www.youtube.com/channel/UCQd5W6_ju5LwYjyf5f5FGxg>. ”. Como surgiu essa ideia? Quais as suas aspirações com esse canal? Como o senhor percebe esta tendência crescente de popularização do conhecimento por meio de vídeos?

Leffa: Pois é. Mais uma vez, um fruto da minha insatisfação.

Eu, sinceramente, não tenho uma opinião muito negativa a meu respeito (*risos). Alguns textos meus, que eu releio anos depois, eu até releio com certo prazer. Às vezes, vejo algumas besteiras, coisas que eu hoje já não diria mais. Mas em outros textos vejo que foram razoavelmente expressas certas ideias, expressas de modo adequado, e que trouxeram alguma contribuição. Estou sendo um pouco exibido, eu sei, mas eu me vejo assim, em termos de escrita e produção textual.

Em termos de palestras, algumas palestras foram boas, eu gostei de algumas. Mas a maioria das falas que eu faço pela internet me deixa extremamente estressado. Por vezes são palestras para as quais eu me esforço, procuro selecionar slides, invisto bastante na produção, mas na hora de apresentar, não acontece do modo como eu queria. Então essa insatisfação com palestras online foi o que me levou a tentar produzir vídeos no YouTube.

Para mim, produzir vídeos é um desafio. É uma maneira de tentar corrigir um defeito que eu tenho: eu não consigo falar quando vou apresentar alguma pesquisa em uma palestra online. Eu não consigo me adaptar, não tem jeito. Não gosto de falar para aquele silêncio, eu me sinto uma voz clamando no deserto. Não ouço absolutamente nada, não vejo reação nenhuma, não sei se as pessoas estão me ouvindo. Tenho a sensação de que o sistema caiu e que não há mais ninguém me ouvindo.

Agora, fazendo vídeos, com edição posterior, é diferente. Acho que no fundo eu até gosto porque tenho controle de tudo. Se algo der errado eu posso retomar. O que eu mais curto é editar o que eu falei. Corta aqui, põe uma imagem lá, bota um som diferente... É um começo. Pelos próximos meses eu vou seguir investindo nesse nicho.

O meu desafio é dizer algo que interessa não só a quem está começando a carreira de professor, mas que também não seja totalmente inútil a quem já é da área e conhece o tema.

Entrevistadores: Há alguns anos, o senhor escreveu um popular texto sobre a Linguística Aplicada e seu compromisso com a sociedade 5 5 Estamos fazendo alusão ao texto “A Linguística Aplicada e seu compromisso com a sociedade”, apresentado no VI Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada (CBLA), realizado na Universidade Federal de Minas Gerais, em outubro de 2001. . Na sua opinião, as definições de Linguística Aplicada foram atualizadas desde então? O compromisso social da área se mantém?

Leffa: Esse texto ( LEFFA, 2001LEFFA, V. J. A Linguística Aplicada e seu compromisso com a sociedade. 2001. In: VI Congresso Brasileiro de Linguística Aplica (CBLA). Anais... Belo Horizonte: UFMG. 2001. Disponível em: <https://leffa.pro.br/textos/trabalhos/la_sociedade.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2022.
https://leffa.pro.br/textos/trabalhos/la...
) é um dos meus textos mais citados. É um texto de uma apresentação de um congresso realizado em Belo Horizonte. Acho até que o texto é do século passado. Não é? Eu fui reler esse texto, pois já não lembrava bem o que eu disse lá.

Eu acho que as coisas vão mudando, sim. Acho que estamos partindo agora da questão social para algo sobre o qual tenho um especialista na minha frente 6 6 O prof. Leffa refere-se a um dos entrevistadores, que é seu orientando: o prof. André Firpo Beviláqua, cuja tese de doutorado versa sobre o tema. : o ensino crítico de línguas. A principal mudança foi essa. É a ideia que eu já falei: não basta descrever o mundo, precisamos é modificá-lo. Precisamos partir da ideia de que um outro mundo é possível ( LEFFA, 2016bLEFFA, V. J. Uma outra aprendizagem é possível: colaboração em massa, recursos educacionais abertos e ensino de línguas. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 55, n. 2, p. 353-377, 2016b.).

Temos que partir também da ideia de que, pelo ensino crítico de línguas, a pessoa seja preparada para perceber as armadilhas às quais ela está sendo submetida, muitas vezes, inadvertidamente. É o caso das armadilhas dos textos que os autores escrevem com a intenção de fazer prevalecer seu ponto de vista, e que nem sempre é necessariamente o ponto de vista correto. Aquele texto pode ser de uma visão pessoal, uma tentativa de subordinar, de criar um subalterno. Então, essa visão crítica da língua, para mim, na minha percepção, é o que cresceu mais na área da Linguística Aplicada, por sua preocupação com a transformação social.

Entrevistadores: Se o senhor pudesse dar um conselho para futuras gerações de linguistas aplicados, qual conselho o senhor daria?

Leffa: O meu conselho principal é: duvide sempre. Só não duvide de mim (*risos). Estou brincando.

Duvide sempre! Tem que duvidar. Quem disse isso é um cara chamado René Descartes. Ele é um dos teóricos mais criticados na área das ciências, por ter feito isso de separar o sujeito do objeto. Mas foi o cara que disse: duvide sempre! Precisamos questionar, construtivamente. Por que o autor disse o que disse? O que está por trás? A que interesses ele está servindo? O que está no fundo ou qual é a mensagem que ele está tentando passar? Acho que é isso. Precisamos duvidar sempre.

Também aconselho a pesquisar. Pesquisar e ter iniciativa própria. Às vezes as pessoas são muito dependentes dos outros. É preferível que se arrisquem mais, que sejam mais independentes, mesmo cometendo erros às vezes.

O maior prazer que eu tive, como pesquisador, foi não ter sido obrigado a aprender certas coisas. O meu maior prazer é descobrir aquilo sobre o qual eu estava mais interessado e achar aí uma solução. Um exemplo pessoal foi a Teoria da Atividade, baseada em Vygotsky. Antes de ler Vygotsky (1978VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1978.) e Engeström (1999ENGESTRÖM, Y. Activity theory and individual and social transformation. In: ENGESTRÖM, Y.; MIETTINEN, R.; PUNAMÄKI, R. L. Perspectives on Activity Theory. Cambridge: Cambridge University Press. 1999. p. 19-38.), antes de ler esse pessoal, eu estava de certa maneira preocupado com a ideia de ação. Eu queria teorizar sobre a ação, pensar a importância de fazer e de ter um objetivo na ação. Um dia eu começo a ler Vygotsky, e então eu penso: “Meu Deus, era isso o que eu queria dizer!”. Não há palavras para descrever o prazer em a gente descobrir alguém que pensou alguma coisa parecida e, é claro, de modo mais inteligente, pois desenvolveu aquilo melhor do que eu desenvolveria. Isso é, para mim, um exemplo da importância de a pessoa pesquisar e tentar descobrir por si. Claro que as pessoas não vão descobrir tudo por conta própria, mas a busca leva a esses encontros interessantes. Não tem prazer maior do que encontrar uma pessoa que, de certa maneira, se conecta com o que a gente está pensando.

Referências

  • AUSTIN, J. L. How to Do Things with Words: The William James Lectures delivered at Harvard University in 1955, London: Oxford University Press, 1962.
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  • ENGESTRÖM, Y. Activity theory and individual and social transformation. In: ENGESTRÖM, Y.; MIETTINEN, R.; PUNAMÄKI, R. L. Perspectives on Activity Theory. Cambridge: Cambridge University Press. 1999. p. 19-38.
  • LEFFA, J. V. Aspectos da leitura: uma perspectiva psicolingüística. Porto Alegre: Sagra- Luzzatto, 1996.
  • LEFFA, V. J. A Linguística Aplicada e seu compromisso com a sociedade. 2001. In: VI Congresso Brasileiro de Linguística Aplica (CBLA). Anais... Belo Horizonte: UFMG. 2001. Disponível em: <https://leffa.pro.br/textos/trabalhos/la_sociedade.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2022.
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  • LEFFA, J. V. (Org.) O professor de línguas estrangeiras: construindo a profissão. 2. ed. Pelotas: Educat, 2008.
  • LEFFA, V. J. Sistemas de autoria para a produção de objetos de aprendizagem. In: BRAGA, J. (Org.) Integrando tecnologias no ensino de Inglês nos anos finais do Ensino Fundamental. São Paulo: Edições SM, 2012. p. 174-191.
  • LEFFA, V. J. Língua estrangeira: ensino e aprendizagem. Pelotas: EDUCAT, 2016a.
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  • LEFFA, V. J.; COSTA, A. R.; BEVILÁQUA, A. F. O prazer da autoria na elaboração de materiais didáticos para o ensino de línguas. In: FINARDI, K. R.; TÍLIO, R.; BORGES, V.; DELLAGNELO, A.; RAMOS FILHO, E. (Org.) Transitando e transpondo n(a) Linguística Aplicada. Campinas: Pontes, 2019. p. 267-297.
  • VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1978.
  • 1
    A transcrição das respostas, a revisão da entrevista e o acréscimo de grifos e referências bibliográficas ficaram por conta dos entrevistadores. Uma leitura posterior foi realizada pelo prof. Vilson Leffa, para aprovação da versão final do texto.
  • 2
    Sistema disponível em: < https://www.elo.pro.br/cloud/index.php>. Na sequência, há mais informações sobre o ELO.
  • 3
    O ELO é um sistema de autoria, isto é, de produção de recursos para o ensino de línguas, que anteriormente contava com uma versão off-line, de instalação do software em computadores. Desde 2011, o ELO conta com uma versão “em Nuvem”, de forma totalmente online ( LEFFA, 2012LEFFA, V. J. Sistemas de autoria para a produção de objetos de aprendizagem. In: BRAGA, J. (Org.) Integrando tecnologias no ensino de Inglês nos anos finais do Ensino Fundamental. São Paulo: Edições SM, 2012. p. 174-191.; LEFFA, COSTA; BEVILÁQUA, 2019LEFFA, V. J.; COSTA, A. R.; BEVILÁQUA, A. F. O prazer da autoria na elaboração de materiais didáticos para o ensino de línguas. In: FINARDI, K. R.; TÍLIO, R.; BORGES, V.; DELLAGNELO, A.; RAMOS FILHO, E. (Org.) Transitando e transpondo n(a) Linguística Aplicada. Campinas: Pontes, 2019. p. 267-297.). Mais recentemente, o ELO começou a ser entendido como um Sistema de Autoria Aberto (SAA), conceito cunhado em Beviláqua et al. (2017BEVILÁQUA, A. F.; LEFFA, V. J.; COSTA, A. R.; FIALHO, V. R. Ensino de Línguas Online: um Sistema de Autoria Aberto para a produção e adaptação de Recursos Educacionais Abertos. Calidoscópio, São Leopoldo, v. 15, n. 1, p. 190-200, 2017.) para designar sistemas abertos e gratuitos de produção colaborativa e licenciamento de Recursos Educacionais Abertos (REA), facilitando práticas de reusar, revisar, redistribuir e remixar atividades e módulos para o ensino de línguas.
  • 4
  • 5
    Estamos fazendo alusão ao texto “A Linguística Aplicada e seu compromisso com a sociedade”, apresentado no VI Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada (CBLA), realizado na Universidade Federal de Minas Gerais, em outubro de 2001.
  • 6
    O prof. Leffa refere-se a um dos entrevistadores, que é seu orientando: o prof. André Firpo Beviláqua, cuja tese de doutorado versa sobre o tema.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2022

Histórico

  • Recebido
    17 Ago 2022
  • Aceito
    05 Set 2022
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