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EXAMINANDO O USO DOS SISTEMAS DE MEMÓRIA DE TRADUÇÃO NA SALA DE AULA DE TRADUÇÃO

EXAMINING THE USE OF TRANSLATION MEMORY SYSTEMS IN THE TRANSLATION CLASSROOM

Resumo

Este artigo tem como objetivo refletir sobre o impacto dos sistemas de memória de tradução na sala de aula de ensino de tradução. Foram utilizados textos jurídico-administrativos como insumo à atividade tradutória dos alunos de um curso de graduação em tradução no eixo inglês-português. As atividades foram realizadas com o aporte do sistema Wordfast Classic 6.13. Os dados coletados revelam que as memórias de tradução, quando não sujeitas à reflexão do tradutor-aprendiz, podem afetar negativamente a sua tomada de decisão.

Palavras-chave
Tecnologias da Tradução; Sistemas de Memória de Tradução; Formação de Tradutores

Abstract

This paper reports on the use of translation memory systems in the translation classroom. Legal texts were used as input for a translation activity in an undergraduate English-Portuguese translation course. The translation activity was performed in Wordfast Classic 6.13. The collected data reveal that translation memory, when not reflectively challenged by translator trainees, may negatively affect their decision-making.

Keywords
Translation Technologies; Translation Memory Systems; Translator Training

1. Introdução

Os sistemas de memória de tradução (doravante SMT) são, atualmente, ferramentas bastante populares entre pesquisadores, professores, alunos e profissionais da área de tradução (LAGOUDAKI, 2006LAGOUDAKI, E. Translation memory systems: enlightening user’s perspective. Londres: Imperial College, 2006.; PYM; BIAU GIL, 2006PYM, A.; BIAU GIL, J. R. Technology and translation (pedagogical overview). In: PYM, A.; PEREKRESTENKO, A.; STARINK, B. (Ed.). Translation technology and its teaching. Tarragona: Universistat Rovira I Virgili and Intercultural Studies Group, 2006, pp. 89-96.; PYM 2011PYM, A. What technology does to translating. The International Journal for Translation and Interpreting Research, v. 3, n. 1, 2011 pp. 1-9. Disponível em: <http://www.trans-int.org/index.php/transint/article/view/121/81>. Acesso em: 10 jan. 2015.
http://www.trans-int.org/index.php/trans...
; LeBLANC, 2013LeBLANC, M. Translators on translation memory (TM): results of an ethnographic study in three translation services and agencies. The International Journal of Translation & Interpreting, v. 5, n. 2, 2013, pp. 1-13.). A popularidade desses sistemas, comumente denominados memórias de tradução, deve-se ao fato de que o tradutor pode ter seu trabalho facilitado ao reutilizar, em projetos futuros, segmentos já traduzidos e armazenados no banco de dados dos SMTs. Basicamente, o banco de dados, ou a memória, armazena pares de segmentos bilíngues, isto é, segmentos de um texto em língua A e seu correspondente em língua B.

Uma vez que os SMTs têm seu uso bastante disseminado na indústria da língua e, cada vez mais, as instituições que ofertam cursos de formação de tradutores em nível de graduação ou especialização têm incorporado essa tecnologia às disciplinas de suas matrizes curriculares, este trabalho busca refletir sobre os efeitos da produtividade com o uso de SMTs na manutenção da qualidade do trabalho de tradução. Mais especificamente, este estudo, de paradigma qualitativo, apoia-se nos pressupostos da pesquisa-ação para averiguar como os alunos de um curso de graduação em tradução percebem a inserção dessa tecnologia em sua prática tradutória e como interagem com ela na produção de suas traduções. Parte-se da problemática de que os alunos-tradutores são passíveis de confiar cegamente nos SMTs (BOWKER, 2005BOWKER, L. Productivity vs. quality: a pilot study on the impact of translation memory systems. Localisation Focus, v. 4, n. 1, 2005, pp. 13-20.) e reproduzir na íntegra, em suas traduções, os segmentos disponibilizados por esses sistemas, o que exige o desenvolvimento de suas competências instrumentais (PACTE, 2005PACTE. Investigating translation competence: conceptual and methodological issues. Meta, v. 50, n. 2, 2005, pp. 609-619.) e de sua capacidade de metareflexão (ALVES, 2005ALVES, F. Ritmo cognitivo, meta-função e experiência: parâmetros de análise processual no desempenho de tradutores novatos e experientes. In: ALVES, F.; MAGALHÃES, C. M.; PAGANO, A. S. (Org.). Competência em tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005, pp. 109-169.) sobre o uso e o impacto dessa tecnologia em seu fazer tradutório.

Conforme argumenta Bowker (2015, p. 90)______. Computer-aided Translation: Translator Training. In: SIN-WAI, C. (Ed.) Routledge encyclopedia of translation technology. Londres: Routledge, 2015, pp. 88-104., “integrar ferramentas de auxílio à tradução no programa de treinamento de tradutores pode exigir uma mudança fundamental na maneira como vemos – e, portanto, em como ensinamos – tradução” . Nesse sentido, este trabalho busca colaborar para a elaboração de estratégias de trabalho com os SMTs e para o desenvolvimento de um olhar crítico em relação à influência que esses sistemas podem exercer na produção final do tradutor. Uma pesquisa-ação como a ora proposta pode contribuir para o desenho de atividades de prática deliberada (SHREVE, 2006SHREVE, G. M. The deliberate practice: translation and expertise. Journal of Translation Studies, Hong Kong, v. 9, n. 1, 2006, pp. 27-42.) para a formação de tradutores competentes e críticos quanto ao uso de memórias de tradução em sua prática profissional.

Nesse contexto, o objetivo geral deste trabalho é refletir sobre o impacto do uso de sistemas de memória de tradução tanto na produtividade quanto na qualidade das traduções produzidas por aprendizes de tradução. Para tanto, foram traçados os seguintes objetivos específicos:

  1. coletar e analisar as traduções produzidas por alunos-tradutores a partir do uso de sistemas de memória de tradução, averiguando se reproduzem ou não, na íntegra, os segmentos mostrados pela memória;

  2. conceituar os problemas advindos do uso desses sistemas por alunos de tradução em comparação com a literatura da área; e

  3. estimar os efeitos dos sistemas de memória de tradução na sala de aula de formação de tradutores, com vistas a identificar ações que levem ao desenvolvimento de suas competências instrumentais e ao aumento da metareflexão.

Como mencionado, a consecução desses objetivos parte de uma pesquisa-ação. Segundo Hale e Napier (2014)HALE, S.; NAPIER, J. Research methods in interpreting: a practical resource. Londres: Bloomsbury Academic, 2014., esse tipo de pesquisa pode ser utilizado para investigar os atributos de aprendizagem dos alunos-tradutores em determinados cenários pedagógicos, com o objetivo de evidenciar algum problema, escrutinizá-lo, relacioná-lo a outros problemas já encontrados na literatura e implementar ações para solucioná-lo. A pesquisa-ação seria, então, um catalisador eficaz para as mudanças em contexto educacional.

Em busca dos objetivos supracitados, este trabalho encontra-se dividido em cinco seções, incluindo esta Introdução. A Seção 2 apresenta uma breve descrição dos SMTs, destacando suas funcionalidades e limitações. A Seção 3 descreve a inserção dos SMTs no contexto investigado. A Seção 4 apresenta os resultados de uma experiência realizada em sala de aula. A Seção 5 oferece alguns encaminhamentos para discussão.

2. Os Sistemas de Memória de Tradução: Funcionalidades e Limitações

Ao fazer uso de um SMT como o SDL Trados Studio, o Wordfast e o Memo Q, dentre outros disponíveis no mercado, o tradutor pode, em uma nova tarefa tradutória, “reciclar” a tradução anterior, aceitando parcial ou totalmente a sugestão apresentada pela memória. Subjaz o uso desse sistema a prerrogativa de que não ter de traduzir a mesma frase, segmento ou item lexical duas vezes proporciona ao tradutor um aumento na produtividade.

Projetados com o intuito de auxiliar o tradutor em sua tarefa, os SMTs organizam os dados, estabelecendo graus de correspondência entre um novo segmento e um segmento já traduzido e armazenado na memória. Tal grau de correspondência, que pode ser customizado pelo tradutor, varia entre 40 a 100% de semelhança. Quanto mais alta a porcentagem de semelhança, menos tempo o tradutor despenderá para editar sua nova tradução.

A maioria dos SMTs opera em um grau de correspondência entre segmentos na média dos 75%, o que aumenta a produtividade de 10 a 70%, a depender do tipo de texto (BOWKER, 2005BOWKER, L. Productivity vs. quality: a pilot study on the impact of translation memory systems. Localisation Focus, v. 4, n. 1, 2005, pp. 13-20.). Quanto mais repetitivo e com maior número de fraseologias fixas for o texto, mais retorno haverá do banco de dados da memória. No entanto, textos com menor teor de fraseologias fixas também podem ser submetidos aos SMTs, que, nesses casos, tendem a propiciar ganho de produtividade em torno de 10 a 30% (SOMMERS, 2003SOMERS, H. Translation memory systems. In: SOMERS, H. (Ed.). Computers and translation: a translator’s guide. Amsterdã: John Benjamins, 2003, pp. 31-46.), por oferecer formas de verificação e manutenção da consistência terminológica, padronização do leiaute, controle geral do processo e fluxo de trabalho e potentes funções de controle de qualidade, especialmente no que diz respeito a prevenção de “saltos” no trabalho de tradução.

As Figuras 1, 2 e 3 mostram as telas de configuração dos SMTs Wordfast Classic, Wordfast Pro e Memo Q. Nessas telas, é possível determinar a porcentagem de correspondência desejada entre os segmentos de um texto a ser traduzido e os dados armazenados na memória.

Figura 1
Grau de correspondência configurado no Wordfast Classic.
Figura 2
Grau de correspondência configurado no Wordfast Pro.
Figura 3
Grau de correspondência configurado no Memo Q.

Aplicávers a quaisquer tipos de textos, os SMTs acabam beneficiando mais o trabalho do tradutor que lida com textos que possuem alto grau de repetição. Sugere-se que os textos que contêm lexias ou fraseologias fixas sejam bons candidatos à produção de memórias de tradução, pois, ao se conduzir a tradução de um novo texto com os mesmos fraseologismos, estima-se que a memória de tradução poderá aumentar a produtividade do tradutor em mais de 70% (SMOERS, 2003SOMERS, H. Translation memory systems. In: SOMERS, H. (Ed.). Computers and translation: a translator’s guide. Amsterdã: John Benjamins, 2003, pp. 31-46., p. 42).

A vantagem, no entanto, de acordo com um estudo realizado por LeBlanc (2013)LeBLANC, M. Translators on translation memory (TM): results of an ethnographic study in three translation services and agencies. The International Journal of Translation & Interpreting, v. 5, n. 2, 2013, pp. 1-13., não se limita ao aumento da produtividade. Além de aumentar sua produção, o tradutor pode, a partir do uso das memórias, aumentar a consistência no texto, evitar um trabalho repetitivo de digitação e utilizar a memória de tradução como um corpus bilíngue e paralelo. O tradutor pode, ainda desenvolver a sua competência social, principalmente quando se encontra envolvido em grandes projetos de tradução, podendo compartilhar muitas ideias e sugestões com outros tradutores. Nessa dinâmica de trabalho, os tradutores beneficiam-se das soluções apresentadas pelos colegas e, com o intuito de maximizar a “reciclagem” dos segmentos, podem ampliar o banco de dados em equipe, sempre buscando aumentar a produtividade.

Se, de um lado, os SMTs aumentam a produtividade, de outro podem tornar o tradutor menos criativo, mais passivo perante as sugestões da memória, mais dependente do banco de dados, principalmente porque os sistemas isolam os pares de segmentos, em vez de armazenar o texto como um todo. Em outras palavras, a memória de tradução constitui-se em um aglomerado de segmentos sem um contexto propriamente definido.

A segmentação textual pode ser uma característica problemática dos SMTs, pois todo texto possui coesão e coerência internas, com sentenças sempre dependentes umas das outras, sem mencionar o fato de que todo texto apresenta diversas variáveis como quem o produziu, quem se constitui como seu público-alvo em prospecção, quando foi produzido e qual é seu objetivo, dentre outros elementos que devem ser levados em consideração no momento da produção da tradução. Para Alves (2004, p. 192)ALVES, F. Ritmo cognitivo, meta-função e experiência: parâmetros de análise processual no desempenho de tradutores novatos e experientes. In: ALVES, F.; MAGALHÃES, C. M.; PAGANO, A. S. (Org.). Competência em tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005, pp. 109-169., existe uma diferença fundamental entre o processo de segmentação cognitiva natural e a segmentação automática:

Sabe-se que a sentença não constitui a unidade básica do processo de segmentação cognitiva em tradução. Pelo contrário, os tradutores parecem alternar o foco da UT com predileção por segmentos micro-textuais abaixo do nível sentencial. Na busca de uma correlação entre parâmetros de segmentação cognitiva natural com os parâmetros da segmentação utilizada pelos SMT, faz-se necessário abordar adicionalmente as características da memória humana e daquela utilizada por sistemas automáticos de tradução com o intuito de verificar se o processo tradutório e o produto da tradução são afetados – positiva ou negativamente – quando se traduz utilizando SMTs.

Por conseguinte, se por um lado se espera que os SMTs aumentem, de uma forma ou de outra, a produtividade do tradutor, propiciando-lhe o máximo de reaproveitamento de seus trabalhos anteriores, por outro se observa que a produtividade não necessariamente é sinônimo de qualidade. Como os sistemas impõem uma forma artificial de segmentação e trabalham com segmentos destituídos de contexto, nem sempre uma correspondência total (100%) é uma correspondência exata, ou seja, adequada para determinado segmento, o que pode ter impacto na qualidade da tradução resultante. Stupiello (2009, p. 9)STUPIELLO, É. N. A. Considerações éticas sobre o uso de automação parcial e total em tradução. In: ENCONTRO NACIONAL DE TRADUTORES, 10.; ENCONTRO INTERNACIONAL DE TRADUTORES, 4., Ouro Preto, 7-10 set. 2009. Anais... Ouro Preto: UFOP, 2009, pp. 1075-84. ressalta que os SMTs podem afetar a qualidade do trabalho do tradutor de duas maneiras:

A ênfase na reutilização de segmentos de traduções anteriores acaba por tratar as opções armazenadas de tradução como fixas e, ao mesmo tempo, descartar possíveis mudanças ou atualizações terminológicas que venham ser necessárias ao longo do tempo. Além disso, pode-se abrir espaço a uma tendência em elaborar textos traduzidos cada vez mais rígidos, buscando manter a correspondência estrutural com o texto de origem a fim de aumentar as chances de reaproveitamento de pares correspondentes em traduções futuras.

Além disso, erros podem ser propagados se segmentos registrados com problemas de tradução forem aceitos prontamente em trabalhos posteriores ou se o tradutor falhar em reconhecer diferenças mínimas entre um novo segmento e a tradução sugerida pelo sistema. Em experimentos com profissionais e alunos, Bowker (2005)BOWKER, L. Productivity vs. quality: a pilot study on the impact of translation memory systems. Localisation Focus, v. 4, n. 1, 2005, pp. 13-20., Yamada (2011)YAMADA, M. The effect of translation memory databases on productivity. In: PYM, A. (Ed.). Translation research projects 3. Tarragona: Intercultural Studies Group, 2011. p. 63-73. Disponível em: <http://isg.urv.es/publicity/isg/publications/trp_3_2011/index.htm>. Acesso em: 10 jan. 2015.
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e LeBlanc (2013)LeBLANC, M. Translators on translation memory (TM): results of an ethnographic study in three translation services and agencies. The International Journal of Translation & Interpreting, v. 5, n. 2, 2013, pp. 1-13. observaram que ambos os perfis de sujeitos – ao utilizarem uma memória de tradução propositalmente alterada para conter erros – aceitaram os segmentos errôneos, propagando os problemas de tradução e causando ao texto um efeito do tipo “salada de sentenças” (sentence salad) (BÉDARD, 2000BÉDARD, Claude. Mémoire de traduction cherche traducteur de phrases. Traduire, n. 186, 2000, pp. 41-49.).

As funcionalidades dos SMTs (às quais podem se adicionar outras suplementares, como dicionários, glossários, alinhadores e concordanciadores acoplados às memórias), bem como seus impactos, foram levadas em consideração para a introdução de ferramentas tecnológicas no curso de graduação em tradução do qual foram extraídos os dados utilizados neste trabalho. A seção a seguir apresenta mais informações sobre esse contexto.

3. Inserção de Ferramentas Tecnológicas no Contexto Investigado

Em 2010, no âmbito do Reuni, foi criado o Curso de Bacharelado em Tradução do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia (ILEEL/UFU). No rol de disciplinas da matriz curricular do curso, encontram-se duas destinadas ao ensino e à aprendizagem de ferramentas tecnológicas de apoio ao tradutor, intituladas Treinamento de Tradutores e Novas Ferramentas I e II. Essas disciplinas – que visam ao desenvolvimento do que o PACTE (2005)PACTE. Investigating translation competence: conceptual and methodological issues. Meta, v. 50, n. 2, 2005, pp. 609-619. denomina de competência instrumental – contemplam o uso de uma coleção de ferramentas eletrônicas destinadas ao aumento da produtividade e da qualidade em tradução.

Além de evidenciar formas de como facilitar a produção de traduções por meio de softwares específicos para esse fim, as disciplinas possuem forte ênfase no uso crítico-reflexivo das tecnologias. Adotam-se abordagens pedagógicas que visam conscientizar o aluno da constante necessidade de avaliação dos benefícios, efeitos e impactos das ferramentas de tradução no trabalho do tradutor (CRONIN, 2003CRONIN, M. Translation and globalization. Londres: Routledge, 2003., 2013______. Translation in the digital age. Londres: Routledge, 2013.). Busca-se, nos termos de Alves (2005)ALVES, F. Ritmo cognitivo, meta-função e experiência: parâmetros de análise processual no desempenho de tradutores novatos e experientes. In: ALVES, F.; MAGALHÃES, C. M.; PAGANO, A. S. (Org.). Competência em tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005, pp. 109-169., desenvolver entre os alunos-tradutores a metarreflexão, ou seja, a habilidade ou capacidade de monitorar ou gerenciar seu processo de tradução e refletir sobre ele a posteriori.

Com o número cada vez maior de oferta de ferramentas de tradução on- e off-line, optou-se por dividir o conteúdo das disciplinas da seguinte forma:

  1. Treinamento de Tradutores e Novas Ferramentas I: apresenta conceitos e definições relacionados com as ferramentas tecnológicas de auxílio ao trabalho do tradutor, conhecidas internacionalmente como CAT Tools (computer-assisted translation tools), principalmente com vistas a diferenciar a tradução automática da tradução mediada por sistemas de memórias de tradução, isto é, automação total x automação parcial. Os programas utilizados na disciplina são Wordfast Classic, Wordfast Pro, Memo Q e SDL Trados Studio, com todos os suplementos, funcionalidades e recursos a eles acoplados, como alinhadores e glossários. As aulas não se limitam à descrição das funcionalidades existentes em cada um dos programas, em quais sistemas operacionais funcionam melhor, quais extensões de arquivos são compatíveis com as ferramentas ou quais gêneros ou tipologias textuais mais se beneficiam do uso dos programas. Objetiva-se, também, instrumentalizar os alunos-tradutores sobre quando, como e por que utilizá-los, quais poderiam ser os aspectos positivos e negativos do uso das ferramentas para o processo de tradução e para o produto final, tendo em mente as diferentes facetas do mercado de trabalho; e

  2. Treinamento de Tradutores e Novas Ferramentas II: está dividida em três grandes partes, sendo a primeira destinada a estudar os sistemas de memórias de tradução livres, isto é, sistemas que funcionam on-line, também denominados como memórias virtuais públicas (VLTM – very large translation memory) ou memórias nas nuvens (cloud memories). Dentre os sistemas existentes, estudam-se o Wordfast Anywhere, o Google Toolkit e o Wordbee. Ao submeter textos originais a tais motores, o enfoque da disciplina torna-se ainda mais crítico-reflexivo, no sentido de se averiguar em que medida um tradutor pode aproveitar ou reutilizar segmentos construídos por tradutores em todo o mundo e disponibilizados de forma anônima. Nesta etapa do curso, os alunos-tradutores já possuem suas próprias memórias de tradução, que devem ser permanentemente corrigidas e atualizadas, fazendo com que seja mais fácil avaliar os segmentos mostrados pelos motores de memórias livres. A segunda parte da disciplina volta-se para os softwares disponíveis para o planejamento e elaboração de orçamentos de tradução, como os programas Traduit Recfly, Freebudget e AnyCount. Embora não sirvam diretamente ao trabalho de tradução, esses programas auxiliam na contagem de palavras em textos nos mais diversos formatos. A última fase da disciplina dedica-se ao estudo e prática de tradução e localização de websites e softwares.

As aulas presenciais apoiam-se em materiais extras que são disponibilizados na Plataforma Moodle (modular object-oriented dynamic learning environment), servindo de documentação complementar às atividades desenvolvidas em sala de aula. Nessa plataforma, são disponibilizados os textos a serem submetidos aos sistemas de memórias de tradução e os textos teóricos referentes aos tópicos estudados. Os alunos-tradutores podem recorrer a esse material a qualquer tempo, sendo incentivados a desenvolver autonomia e reflexão a respeito do uso de ferramentas para a prática tradutória.

Para ir ao encontro dos propósitos deste trabalho, foram utilizadas apenas as traduções produzidas por uma turma de alunos-tradutores da disciplina Treinamento de Tradutores e Novas Tecnologias I. A seguir, descreve-se uma experiência de uso de SMT em sala de aula e discutem-se os resultados obtidos levando-se em consideração questões de produtividade e qualidade.

4. Resultados e Discussão

Como já mencionado, esta pesquisa, filiada aos pressupostos da pesquisa-ação, visa detectar problemas e, futuramente, implementar novas ações, para o aprimoramento de práticas de sala de aula envolvendo tecnologias aplicadas à tradução. Parte-se do pressuposto de que esse tipo de pesquisa pode fomentar o desenho de atividades de prática deliberada em tradução, ou seja, pode trazer à luz como o professor de tradução pode promover o engajamento do aluno-tradutor em atividades regulares especialmente projetadas para melhorar o seu desempenho (SHREVE, 2006SHREVE, G. M. The deliberate practice: translation and expertise. Journal of Translation Studies, Hong Kong, v. 9, n. 1, 2006, pp. 27-42.).

A pesquisa foi conduzida junto a 13 alunos de uma turma do terceiro período do Curso de Bacharelado em Tradução regularmente matriculados na disciplina Treinamento de Tradutores e Novas Ferramentas I. A decisão pela escolha dos participantes deu-se com vistas a fornecer subsídios para uma prática docente mais acertada, por meio da coleta de dados, conceituação dos problemas e avaliação da atividade em sala de aula, isto é, em cenário pré-serviço. Todos os integrantes da disciplina concordaram com os propósitos da pesquisa e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.

Os alunos foram expostos às principais características e funcionalidades dos SMTs e receberam instruções sobre como utilizar o sistema Wordfast Classic (versão 6.13), da empresa Wordfast. Optou-se por esse sistema por se configurar como um suplemento do Microsoft Office Word que possui acentuada curva de aprendizagem (LAUDOKAI, 2006).

Após compreenderem como manusear o sistema, solicitou-se aos alunos que iniciassem a construção de uma memória de tradução de textos jurídico-administrativos. Optou-se por solicitar a tradução de um “transcript of the police records” (atestado de antecedentes criminais). Esse tipo de texto contém uma quantidade razoável de fraseologias fixas, bem como vocabulário e sintaxe relativamente repetitivos e limitados, constituindo-se como bom candidato aos SMTs.

Foram utilizados como insumo três atestados (cf. Quadros 1 a 3, com respectivamente 106, 109 e 127 palavras). O primeiro pode ser encontrado em Aubert (1998)AUBERT, F. H. Tipologia e procedimentos da tradução juramentada: teoria, legislação, modelos e exercícios práticos. São Paulo: CITRAT/FFLCH, 1998a. v. 1/2., sendo os outros dois deliberadamente construídos e adaptados com o intuito de mostrar aos alunos a funcionalidade do sistema, como sua capacidade de disponibilizar ao tradutor correspondências parciais e totais, principalmente em se tratando de textos com alto grau de repetição.

Quadro 1
Texto 1
Quadro 2
Texto 2
Quadro 3
Texto 3

O interesse foi criar e aumentar a memória, multiplicando suas possibilidades de reutilização. Antes do início da tarefa tradutória, os alunos foram incentivados a fazer a sua leitura e a refletir sobre suas possíveis traduções, o que poderia torná-los mais conscientes no momento de rejeitar as opções da memória que não condiziam com o contexto do texto. Houve discussões a respeito de cada texto, de suas lexias e fraseologias fixas, o que permitiu que os alunos criassem também um glossário acoplado à memória, recorrendo a ele ou a consultas à rede mundial de computadores, se necessário.

Após criarem a memória de tradução no par linguístico inglês-português, os alunos procederam ao início da tarefa. Foram disponibilizados cerca de 120 minutos para a conclusão total da tradução do Texto 1. O resultado foi discutido junto aos alunos, e o produto tradutório teve sua revisão finalizada e validada a fim de que seus segmentos servissem ao reaproveitamento para os próximos dois textos.

Nas discussões em sala, após consultas a dicionários, a sites especializados na temática de documentos jurídico-administrativos e à rede mundial de computadores, chegou-se à conclusão de que a tradução mais satisfatória para “transcript of the police records” seria “atestado de antecedentes criminais”. Discutiu-se com os alunos o fato de que, uma vez registrada essa tradução na memória de tradução, haveria grande probabilidade de que ela fosse reutilizada para outros textos de semelhante propósito. Seria o mesmo caso de termos como “issued by” (“emitido por”), “date of issue” (“data de emissão”), “has no criminal record” (“nada consta” ou “não possui antecedentes”), dentre outros.

Após a conclusão do Texto 1 e alteração e correção da memória com vistas a explorá-la de forma consistente em outras traduções, procedeu-se à tradução do Texto 2 na semana subsequente. Ao acionar o software para que realizasse uma pré-tradução do Texto 2 com base na memória de tradução criada, os alunos observaram que vários segmentos já traduzidos foram recuperados pelo programa. Discutiu-se o fato de que, mesmo assim, seria necessária uma revisão, já que nem todos os segmentos apresentavam correspondência total.

Verificando os segmentos que apresentavam entre 75% e 100% de correspondência, os alunos observaram que aproximadamente 60% do texto havia sido pré-traduzido pela ferramenta com base na memória de tradução construída (cf.Figura 4). Os alunos levaram aproximadamente 30 minutos para terminar a tradução e revisão do Texto 2, o que indica que o uso de um sistema de memória de tradução de fato aumentou a produtividade.

Figura 4
Recuperação dos segmentos da memória no Texto 2.

O Texto 3 foi igualmente submetido ao sistema de memória de tradução na semana subsequente. Todos os alunos levaram cerca de 30 minutos para a conclusão da atividade.

Embora bastante semelhante aos anteriores, esse texto apresentava uma particularidade. Em vez do fraseologismo “hasnocriminal records”, o atestado continha “one” (“um”) antecedente criminal, apresentando a expressão “hasonecriminal record”. Todavia, mesmo o SMT tendo apontado que havia apenas correspondência parcial (84%) entre os segmentos “has no criminal records” e “has one criminal record”, boa parte dos alunos aceitou a proposta de tradução da memória, invalidando assim o atestado, já que ficou registrado que o solicitante do atestado não tinha antecedentes criminais, quando na verdade possuía um (cf.Figura 5).

Figura 5
Recuperação dos segmentos da memória no Texto 3

Observou-se que, de fato, o uso de sistemas de memória de tradução aumentou a produtividade, visto que o primeiro texto foi concluído em 120 minutos, sendo os outros concluídos em cerca de 30 minutos. No entanto, a produtividade não foi sinônimo de qualidade. Dos 13 alunos que participaram da atividade, sete (54%) aceitaram o segmento disponibilizado pela memória quando da tradução do Texto 3, reproduzindo automaticamente e aceitando a expressão “nada consta” em um atestado que indicava que o solicitante tinha sido preso por três anos por tentativa de lesão corporal: “Three years of state prison for the following offense: aggravated assault”. Seis alunos traduziram o item como “Possui um registro criminal” ou “Consta uma ficha criminal”. O Gráfico 1 mostra o percentual de aceitação do segmento produzido pela memória e tradução no contexto investigado.

Gráfico 1
Nível de aceitação dos resultados da memória de tradução par ao item “has one criminal record”.

Esse resultado foi discutido com os alunos e, acredita-se, levou-os a desenvolver metareflexão (ALVES, 2005ALVES, F. Ritmo cognitivo, meta-função e experiência: parâmetros de análise processual no desempenho de tradutores novatos e experientes. In: ALVES, F.; MAGALHÃES, C. M.; PAGANO, A. S. (Org.). Competência em tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005, pp. 109-169.) e ponderar melhor sobre como se posicionar diante das correspondências oferecidas por um SMT. Ficou claro que, a despeito de todo o ganho na produtividade, aquilo que poderia, em princípio, ser considerado “um único erro” invalidou todo um documento. A “fé cega” (BOWKER, 2005BOWKER, L. Productivity vs. quality: a pilot study on the impact of translation memory systems. Localisation Focus, v. 4, n. 1, 2005, pp. 13-20.) na tecnologia não apenas acarretou problema de qualidade, mas também teve implicações práticas, uma vez que uma tradução juramentada de um documento como esse poderia conferir ao indivíduo direitos de que deveria estar privado.

5. Encaminhamentos da Pesquisa-Ação

Embora conduzido com um pequeno grupo de alunos, este estudo mostra existir uma tendência para a aceitação dos segmentos produzidos pelos SMTs, dado também relatado nos estudos de Bowker (2005)BOWKER, L. Productivity vs. quality: a pilot study on the impact of translation memory systems. Localisation Focus, v. 4, n. 1, 2005, pp. 13-20. e Yamada (2011)YAMADA, M. The effect of translation memory databases on productivity. In: PYM, A. (Ed.). Translation research projects 3. Tarragona: Intercultural Studies Group, 2011. p. 63-73. Disponível em: <http://isg.urv.es/publicity/isg/publications/trp_3_2011/index.htm>. Acesso em: 10 jan. 2015.
http://isg.urv.es/publicity/isg/publicat...
. Ao utilizar SMTs, mais da metade dos alunos-tradutores do contexto investigado reproduziu na íntegra, em suas traduções, os segmentos mostrados pela memória que possuem alto grau de correspondência.

Observou-se que perdura entre os tradutores em formação uma “fé cega”, como relatado por Bowker (2005)BOWKER, L. Productivity vs. quality: a pilot study on the impact of translation memory systems. Localisation Focus, v. 4, n. 1, 2005, pp. 13-20., nos dados disponibilizados por memórias de tradução, comprometendo a qualidade do produto final. Por confiarem excessivamente nos sistemas de memória de tradução, os alunos-tradutores não envidaram esforços nem despenderam tempo suficiente para uma revisão pormenorizada dos segmentos. Deixaram a revisão e finalização a cargo da “reciclagem” sugerida pelo sistema, não atentando ao fato de que, quando há 84% de correspondência, há algo na memória que se difere do texto que se está traduzindo.

Poder-se-ia alegar que parte do problema estava relacionada com o fato de que os alunos-tradutores ainda estavam pouco familiarizados com a aplicação de penalidades dos sistemas de memória de tradução, relacionadas, por exemplo, a diferenças entre palavras grafadas em letra maiúscula ou minúscula, negrito, itálico ou outras marcas tipográficas ou de pontuação. Essas diferenças normalmente penalizam de 0,25 a 1% no montante da porcentagem de correspondência entre os dados da memória e os do texto que está sendo traduzido. No entanto, um percentual de 84%, indicando 16% de falta de correspondência, claramente aponta que as diferenças entre os segmentos não se limitavam apenas às penalidades já previstas e padronizadas pelo programa. Além disso, a correspondência total do segmento seria exposta pela ferramenta na cor verde e não amarela, que indica que há algo diferente entre o texto salvo na memória e o novo texto.

Faltou de fato um cotejo crítico entre os segmentos e, além disso, a noção de contexto. Ainda que tivesse aceitado cegamente a sugestão da memória, a leitura e tradução do segmento sem correspondência imediatamente subsequente, “Three years of state prison for the following offense: aggravated assault”, deveriam ter levado o aluno-tradutor a repensar a sua tradução de que não constavam antecedentes criminais. Sendo assim, a despeito dos aspectos positivos e do ganho na produtividade, o presente estudo parece confirmar que, como afirma Alves (2004)ALVES, F. Ritmo cognitivo, meta-função e experiência: parâmetros de análise processual no desempenho de tradutores novatos e experientes. In: ALVES, F.; MAGALHÃES, C. M.; PAGANO, A. S. (Org.). Competência em tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005, pp. 109-169., os sistemas mudam a forma como o tradutor concebe o texto, principalmente ao lidar com textos bastante similares entre si e traduzidos dentro de um curto intervalo de tempo entre um e outro.

Este breve estudo parece indicar a necessidade de que os docentes de tradução, principalmente aqueles enveredados no ensino de SMTs, ampliem o conhecimento sobre como os alunos percebem esses sistemas e como podem desenvolver a sua capacidade de metarreflexão em relação às memórias de tradução e seu uso. Algumas ações podem ser tomadas na prática da sala de aula de ensino de ferramentas tecnológicas para tradutores com vistas à utilização eficaz dos SMTs, dentre elas: estudo sistematizado sobre segmentação humana (cognitiva natural) e automática; maior dedicação ao tempo destinado à revisão da tradução; ênfase nas configurações das ferramentas, principalmente com relação à porcentagem de correspondência total ou parcial que apresentam; e diagnóstico e feedback constantes em sala do resultado dos textos traduzidos pelos alunos através das ferramentas.

Em décadas anteriores, no que tange à interface tradução e tecnologias, as percepções e preocupações dos estudiosos da área eram que a tradução automática iria substituir os tradutores (ARAÚJO, 1992ARAÚJO, L. O tradutor e o computador: possibilidades de uma interface. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, n. 19, 1992, pp. 105-111, jan.-jul.; DARIN, 2001DARIN, L. O anseio da língua-mãe nas entrelinhas da tradução automática. Galáxia, São Paulo, v. 2, 2001, pp. 149-167.). Pode-se dizer que, atualmente, o receio reside na desumanização do tradutor que usa os SMTs (PYM; BIAU GIL, 2006PYM, A.; BIAU GIL, J. R. Technology and translation (pedagogical overview). In: PYM, A.; PEREKRESTENKO, A.; STARINK, B. (Ed.). Translation technology and its teaching. Tarragona: Universistat Rovira I Virgili and Intercultural Studies Group, 2006, pp. 89-96.; PYM 2010PYM, A. What technology does to translating. The International Journal for Translation and Interpreting Research, v. 3, n. 1, 2011 pp. 1-9. Disponível em: <http://www.trans-int.org/index.php/transint/article/view/121/81>. Acesso em: 10 jan. 2015.
http://www.trans-int.org/index.php/trans...
) e na confiança extremada que alunos e profissionais têm nos segmentos sugeridos pelas memórias (BOWKER, 2005BOWKER, L. Productivity vs. quality: a pilot study on the impact of translation memory systems. Localisation Focus, v. 4, n. 1, 2005, pp. 13-20.; YAMADA, 2011YAMADA, M. The effect of translation memory databases on productivity. In: PYM, A. (Ed.). Translation research projects 3. Tarragona: Intercultural Studies Group, 2011. p. 63-73. Disponível em: <http://isg.urv.es/publicity/isg/publications/trp_3_2011/index.htm>. Acesso em: 10 jan. 2015.
http://isg.urv.es/publicity/isg/publicat...
; LeBLANC, 2013LeBLANC, M. Translators on translation memory (TM): results of an ethnographic study in three translation services and agencies. The International Journal of Translation & Interpreting, v. 5, n. 2, 2013, pp. 1-13.).

Ainda que modesto, espera-se que este estudo possa contribuir para o descortino do uso de SMTs na sala de aula de tradução e na prática de tradução como um todo. A experiência ora descrita pode ser reproduzida em outros contextos, buscando-se investigar se são encontrados resultados similares dependendo do grau de familiaridade do aluno-tradutor com o uso de SMTs. Pesquisas processuais utilizando rastreamento ocular (eye tracking) também poderiam partir dessa experiência para verificar se e como alunos-tradutores cotejam os segmentos antes de aceitar a sugestão de um SMT.

  • Publicado em setembro de 2017

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Dec 2017

Histórico

  • Recebido
    01 Dez 2016
  • Aceito
    17 Maio 2017
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