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Automastoidectomia

RELATO DE CASO

Automastoidectomia

João Alcides MirandaI; Fábio Akira SuzukiII; Marcello Henrique de Carvalho BorgesIII; Andre Luis SartiniIV

IResidente do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário São Francisco, Bragança Paulista, SP

IIDoutor em Otorrinolaringologia pela UNIFESP - EPM, Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário São Francisco, Bragança Paulista, SP; Vice-coordenador da Pós-graduação em Otorrinolaringologia do Hospital do Servidor Público Estadual

IIIResidente do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário São Francisco, Bragança Paulista, SP

IVMestrando em Otorrinolaringologia pelo Hospital do Servidor Público Estadual, Médico Assistente do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário São Francisco Bragança Paulista-SP

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: João Alcides Miranda Rua Bias Fortes 438 Boa Esperança MG 3717-000 E-mail: jamiranda78@hotmail.com

Palavras-chave: automastoidectomia, colesteatoma, otite média crônica.

INTRODUÇÃO

A automastoidectomia é definida como uma extensa destruição da cavidade da orelha média e mastóide, mostrando-se, como imagem característica de uma mastoidectomia radical1. Pode surgir como complicação da otite média crônica colesteatomatosa2 e da Keratosis Obturans3. Entretanto, muito pouco é descrito na literatura sobre esta entidade.

RELATO DE CASO

Homem, 60 anos, queixando-se de hipoacusia à esquerda há 8 meses. Referia otorréia à esquerda de repetição desde a infância, esporádica, sendo o último episódio há 18 meses. A otoscopia revelava uma membrana timpânica esquerda íntegra e opaca, não se observando o cabo do martelo. A audiometria mostrava perda mista severa à esquerda e perda neurossensorial moderada à direita. Uma tomografia computadorizada de ouvido mostrou cavidade timpânica ampla à esquerda, não se visualizando a cadeia ossicular (Figura 1). Fez-se o diagnóstico de automastoidectomia à esquerda. Foi discutida a realização de uma timpanotomia exploradora, entretanto, o paciente não quis se submeter ao procedimento.


DISCUSSÃO

A automastoidectomia é uma rara seqüela de doenças que acometem as orelhas externa e média. Hawke e Shanker3 relataram um caso de automastoidectomia conseqüente a um quadro de Keratosis Obturans. O presente relato mostra um paciente com automastoidectomia à esquerda e com história pregressa compatível com otite média crônica não-colesteatomatosa. Apoiando-se na história do paciente e no exame de imagem, parece ser esta uma situação em que a automastoidectomia não tem qualquer relação com um colesteatoma ou com uma otite média crônica simples que evoluiu com o fechamento de uma possível perfuração timpânica. Em nenhuma destas situações teríamos uma explicação convincente sobre como ocorreria a destruição óssea encontrada. Estaríamos frente um caso de otite média crônica colesteatomatosa que obteve uma hipotética cura espontânea, deixando como seqüela a automastoidectomia? Segundo Hungria4, esta poderia ser uma possibilidade, entretanto, não foi observado qualquer outro relato semelhante na literatura.

CONCLUSÃO

A automastoidectomia é descrita como uma rara complicação de doenças das orelhas externa e média, não sendo relatada sua associação com outras formas de otites médias crônicas, que não a colesteatomatosa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. The Encyclopaedia of Medical Imaging Volume VI 2. Disponível em

http://www.amershamhealth.com/medcyclopaedia/

medical/Volume20VI202/AUTOMASTOIDECTOMY.ASP

2. Gaurano JL, Joharjy IA. Middle ear cholesteatoma: characteristic CT findings in 64 patients. Ann Saudi Med 2004;24(6):442-7.

3. Hawke M, Shanker L. Automastoidectomy caused by Keratosis Obturans: a case report. J Otolaryngol 1986;15(6):348-50.

4. Hungria H. Otites Médias Crônicas Supurativas. Timpanoplastias. Em: Hungria H. Otorrinolaringologia. 8a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. p. 371-91.

Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBORL em 20 de novembro de 2005.

Artigo aceito em 27 de abril de 2006.

Trabalho realizado no Hospital Universitário São Francisco, Bragança Paulista.

  • Endereço para correspondência:

    João Alcides Miranda
    Rua Bias Fortes 438
    Boa Esperança MG 3717-000
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      22 Set 2006
    • Data do Fascículo
      Jun 2006
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