Acessibilidade / Reportar erro

Étude sur l'exercice de la fonction d'architecte

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Étude sur l'exercice de la fonction d'architecte

José Carlos Garcia Durand

ÉTUDE SUR L'EXERCICE DE LA FONCTION D'ARCHITECTE

Por François Marquart e Christian de Montlibert. Instituí National pour la Formation des Adultes. Nancy, França, mai 1969. mimeogr.

A formação artística e humanística do arquiteto no mundo ocidental, especialmente,na França, e o estilo de conduta profissional que aquela condiciona têm-se constituído em objeto de vários estudos, muitos dos quais sociológicos. A sociologia das ocupações, como se sabe, interessa-se pelas várias ideologias ocupacionais e seus resultados em têrmos de norteadoras da conduta e das condições de êxito de seus portadores no mercado de trabalho.

O estudo em questão ultrapassa, porém, esse ponto de vista analítico já tradicional. Parte de um traçado histórico conciso, mas bem informado, da evolução histórica da profissão de arquiteto a partir da Idade Média,- passa em revista, mediante diagnóstico conclusivo, as precárias condições técnico-econômicas do mercado da construção civil vigentes na França e decompõe a complexa rede de divisão do trabalho de projeto, contrôle e supervisão nêste tão importante setor econômico.

O retrato detalhado da situação de mercado dá-nos idéia clara dos mecanismos institucionais que tolhem a prática arquitetônica no que ela tem de mais especifico: a liberdade de criar, de organizar o espaço humano com arte e funcionalidade. Interessante notar, a respeito, semelhanças da situação do arquiteto francês e do brasileiro. Lá, como cá, a interferência do Estado no setor das edificações habitacionais, por meio de financiamentos necessários para suprir a formação privada de capital, e imbuída de um espirito imediatista de construir o máximo ao menor custo, favoreceu a expansão dos escritórios de arquitetura, burocratizando-os e colocando-os à mercê da supervisão restritiva da engenharia governamental. Em contrapartida, vieram a diminuir as possibilidades efetivas do exercício liberal da profissão, o que gerou a busca de soluções novas por parte dos arquitetos.

Assumindo, analiticamente, a visão de mundo do arquiteto sôbre as limitações institucionais da prática profissional, o autor penetra na ética êsteticista e humanista tão arraigada no francês (a mentalidade da escola de Beaux-Arts) classifica-a de carismática e mostra como ela já não corresponde às modernas condições de trabalho. Em decorrência, parte para a exploração das alternativas de reforma da profissão pleiteadas, evidenciando em que medidas as soluções apresentadas traduzem ou não modificações da ética tradicional.

O relatório resultou de pesquisa de campo junto a arquitetos franceses, em 1968, e tem o duplo mérito de conciliar o tratamento estatístico de informações padronizadas com o uso livre de depoimentos abertos bem selecionados. Além disso, revela ter sido conduzido por hipóteses seguras sôbre o que investigar. Um trabalho recomendável a estudantes de sociologia das ocupações, tanto pelo seu valor intrínseco, como pelas inúmeras semelhanças entre a situação retratada na França e a vigente no Brasil, que ora estamos pesquisando.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Maio 2015
  • Data do Fascículo
    Mar 1972
Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rae@fgv.br