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Descrição de espécies novas e reunião de alguns gêneros de opiliões do Brasil

Descrição de espécies novas e reunião de alguns gêneros de opiliões do Brasil

S. de Toledo Pisa Jor.

Professor de Zoologia, Anatomia e Fisiologia da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo

Tendo tido a oportunidade de estudar dois pequenos lotes de Opiliões, um coligido no norte do Estado de Minas Gerais pelo Sr. Orlando de Paula Machado e outro no Alto da Serra (Paranapiacaba, E, de S. Paulo) pelos meus auxiliares Dr. Adiei Zamith e Antônio Corrêa, encontrei algumas espécies que reputo novas para a ciência e bem assim observei acentuada variação dentro de uma espécie conhecida, o que me levou a reunir alguns gêneros destes interessantes e curiosos Aracnídeos.

GONYLEPTIDAE-PACHYUNAE

Chaquesia minensis sp. n. (Fig. 1)


Mas: Longitudo corporis 9-9,5 mm., femorum posticorum

7 mm,, tibiarum posticarum 5,5 mm,

Pemina: Longitudo corporis 9-11 mm., femorum postico rum 6 mm., tibiarum posticarum 4-6 mm. Articuli tarsales : 6 - 9/10 - 7 - 8.

Mas. - Margo anterior cephalothoracis in medio modicis-sime elevatus, dentibus 2-3 armatus necnon granulis nonnullis quorum lateralia ma jora. Cephalothorax modice convexus, granulis rarissimis obtectus. Tuber oculorum transversum, humile, in medio leviter depressum, tuberculis binis arma tum. Scutum dorsale paulo convexum, minute sparsim granulatum, granula media, in area III precipue, quam reliqua ma] ora. Area I in medió divisa. Areae laterales paulo elevatae granulis nonnullis sparsis necnon ordine granulorum majorum ad marginem praeditae. Area V ac segmenta abdominalia dorsalia libera ordine granulorum magnorum. Area spiraculorum laevis. Segmenta abdominalia ventralia laevia. Opercula analia granulata. Coxae anticae ordine granulorum, ceterae laeves. Palpi maxilares inferne : trochanter granulis duobus quorum internum quam externum valde majus; femur a basi usque ad medium granulis 3-4 armatum, spina apicali interna destitutum; patella inermis; tibia utrinque spinosa, et tarsus.

Femora I ac III vix incurva, II recta, IV leviter sinuosa. Pedes IV : coxae sublaeves, modice pilosae, apophyse conica, robusta, brevi, inferne dentata, extus ad extremitatem armatae, intus inermes; trochanters extus in medio processu conico crasso, elevato, retrorsum arcuato, intus dentibus tribus, apicali reliquia sat majore, inferne omnimo laeves; femora granulosa, superne ad trientem basalem processu forti biramoso, ramo antico brevi, obtuso, antrorsum direto, ramo posttico elongato, retrorsum direto, intus dentibus validis magnitudine varia armata; patellae ac tibiae granulosae.

Castaneus, uniformis vel subtilissime nigro marmoratus.

Femina marls similis sed coxis IV dente parvulo extus ad extremitatem armatls, ferrtoribus inermibus.

Pátria : Cachoeira do Pajeú, Norte de Minas.

Col.: Orlando de Paula Machado, 1946.

Tipos : 2 machos e 3 fêmeas, no laboratório do autor.

Nos dois machos estudados e numa das fêmeas os granulos medianos das areas do escudo e principalmente os da área III tomam uma certa proeminência, o que, segundo o critério do observador, poderia levar a presente espécie a constituir um genro novo.

Currala luteolimbata sp. n. (Fig. 2)


Longitude corporis 6.5 mm., femorum posticorum 9 mm., tibiarum posticarum 5,5 mm. Articuli tarsales : 6-14/16-10-13.

Femina. Margo anterior cephalothoracis dentatus, in medio vix elevatus. Cephalothorax fortiter convexus a scuto dorsal! lateraliter profunde sec tus, prope margines utrinque dense granulatus, superne ad latera ac postice irregulariter parce granulatus. Tumulus oculorum modice elevatus, in medio vix sulcatus, tuberculis duobus armatus, postice bigranulatus. Scutum dorsale convexum, irregulariter parce granulatum, sulcis transversis indistinctis, area III tuberculis duobus in tumulis humilibus positis, areae I ac II tuberculis parvulis duobus indecise praeditae. Limbus lateralis obsolete grosse granulatus, ad partem latiorem processu dentiformi brevi sed valido munitus. Segmentum primum abdominale inerme, secundum tuberculis obsoletis duobus in medio, ultimum tubérculo obsoleto singulum. Operculum anale dorsale indistincte granulatum. Pars ventralis corporis ac segmenta abdominalia ventralia libera haud granulata. Coxae I granulis rotundatis prominentibus, II ordine granulorum obsoletorum, III haud granulataeTrochanteres I inferne granulis nonnulis rotundatis prominentibusque, II granulis similibus sed humilioribus. Femora omnia recta. Palpi maxillares inferne : trochanter granulis spiniferis duobus, interno quam externo multo majore; femur ordine granulorum; patella inermis; tibia tarsusque spinis longis armati; uncus tarsi tarso ipso subaeque longus. Pedes IV : coxae granulatae, inferne rugulosae, apophyse apicali externa crassa, subcylindrica, retrorsum obliquiter directa, interna granuliformi, armatae; trochanteres cylindrici, longiores quam latiores, superne ordine transversali granulorum acutorum, intus granulis tribus, subtus granulis nonnullis; femora granulata, in tus denta ta; patellae tibiaeque granulatae.

Castanea, parte anteriore cephalothoracis nigricanti; limbus lateralis ad margines luteus, postice piceus; pars apicalis coxarum IV ac apophysis externa ipsarum piceae; trochanteres IV picei, et basis femorum. Palpi lutei, nigro marmorati.

Pátria : Alto da Serra (Paranapiacaba).

Col.: Dr. Adiel Zamith e Antônio Corrêa, VIII-1946. Tipo : Uma fêmea, no laboratório do autor.

Embora os caracteres da presente espécie não correspondam exatamente à diagnose do gênero Cúrrala, não pude deixar de colocá-la aqui em virtude das afinidades que apresenta e sobretudo por se tratar de uma única fêmea.

Oxyrhina zoppeii Soares, 1944

O. z. Soares, 1944, Papéis Avulsos, Dep. Zool. 4(12) : 181. O. z. Soares, 1944, Papéis Avulsos, Dep. Zool. 4(16) : 230 O. z. Soares, 1946, Arquivos de Zool. Est. S. Paulo 4(13) : 522.

Um macho e uma fêmea colecionados no Alto da Serra por A. Zamith e A. Corrêa em Julho de 1946.

O macho possui dois processos cônicos pontudos na área III e a fêmea apresenta os tergitos livres II e III inermes.

PHALANGODIDAE TRICOMMATINAE

Pseudopachylus acutinasua (Soares, 1944)

Monticola acutinasua Soares, 1944, Papéis Avulsos Dep. Zool. 4(16) : 237.

Monticolina acutinasua Soares, 1944, Papéis Avulsos Dep. Zool. 4(18) : 287.

Monticolina acutinasua Soares, 1946, Arquivos de Zool. Est. S. Paulo, 4(13) : 524.

Examinando uma pequena série de exemplares desta espécie provenientes do Alto da Serra (Paranapiacaba) e da Capital de São Paulo constatei uma notável variação nâo só da granulação do corpo, que pode ser quase nula ou muito densa, como também da armação das áreas do escudo dorsal. Foram encontrados indivíduos com os seguintes caracteres:

Machos :

1) Tôdas as áreas desarmadas ou indistintamente armadas.

2) Áreas I, II, III e IV com dois pequenos tubérculos.

3) Áreas I, II e III com dois pequenos tubérculos.

4) Áreas I e II inermes, III com dois fortes espinhos e IV com dois espinhos fracos ou tubérculos.

5) Área I inerme, II com dois tubérculos, III com dois es- pinhos e IV com dois tubérculos.

6) Só a área III com dois pequenos espinhos.

Fêmeas:

1) Tôdas as áreas inermes, corpo muito granuloso.

2) Áreas I, II, III e IV com dois pequenos tubérculos.

3) Só a área III com dois tubérculos.

Êste fato leva-me a considerar o gênero Monticolina creado por Soares em 1944 (Pap. Avul. Dep. Zool. 4(16) : 236) para exemplares possuindo só a área III armada, como sinônimo de Pseudopachylus erigido por ROEWER em 1912 (Arch. Naturg. 78A(3) : 162) para exemplares de escudo dorsal inteiramente desarmado. Também o gênero Caporiacoius estabelecido por Melo Leitão em 1936 (Bol. Mus. Nac. 12(3-4) : 3) para um exemplar, provavelmente fêmea, provido das áreas I e II com dois tubérculos, III e IV com dois tubérculos mais altos e V com quatro tubérculos é sinônimo de Pseudopachylus.

Pseudopachylus acutinasua (Soares) parece-me sinônimo de Pseudopachylus longipes ROEWER, 1912. Pseudopachylus fallax, (SOARES, 1944), (Pap. Avul. Dep. Zool. 4(12) : 183), não se pode distinguir pela descrição de Pseudopachylus eximius (MELO LEITÃO, 1936). Levando em conta a grande variabilidade assinalada na série que examinei, parece-me que se pode considerar essas duas espécies como sinônimas.

PHALANGIIDAE-GAGRELLINAE

Prionostemma machadoi sp. n. (Fig. 3)

Longitudo : 4 mm.

Longitudo femorum : 12 - 20 - 11,8 - 15,8 mm.


Corpus totum dense puncturatum, punctis rotundatis marginibus elevatis. Tuber oculorum subrotundatum, vix latius quam longius, in medio longitudinaliter sulcatum, sulco utrin- que ad margines dentibus parvulis 4 armato. Patella palporum apophyse cylindrica crassa, obtusa intus praedita. Coxae dense granulatae.

Corpus lúteo rufescens. Tuber oculorum nigrum. Cephalothorax macula nigra, duplo latiore quam longiore, a tubere oculorum usque ad marginem scuti dorsalis extensa. Scutum dorsale antice ad marginem macula nigra utrinque, ad lineam mediam macula nigra paryulissima paulo ante medium altera diluta prope marginem anteriorem, postice plagis nigris permagnis tribus ornatum, duabus ad ángulos, altera in medio marginis postici, rectangulari, multo latiore quam longiore, a fascia L.ta nigra per segmenta abdominalia ventralia usque ad operculum analem continuata. Pedes colore corporis, patellis ac extremitate tibiarum obscurioribus. Trochanteres atque extre-mitates basilares femorum nigrae.

Pátria : Cachoeira do Pajeú, Norte de Minas. Col.: Orlando de Paula Machado, 1946, a quem é dedicada a espécie.

Holótipo no laboratório do autor.

A presente espécie é próxima de Prionostemma Lindenbergi M. L., da qual se distingue pelo cômoro ocular um pouco mais alto que longo e armado de 4 pequenos dentes de cada lado do sulco mediano e pela forma das manchas negras do escudo dorsal.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Fev 2013
  • Data do Fascículo
    1946
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