Resumos
OBJETIVO:
analisar o nível de aptidão funcional de um grupo de mulheres na pós-menopausa da cidade de Presidente Prudente por meio do conjunto de testes de aptidão funcional da American Aliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance e verificar se existe diferença entre grupos de mulheres na quinta e sexta década de vida.
MÉTODOS:
estudo de característica transversal, com 175 mulheres na pós-menopausa (dosagem de hormônio folículo estimulante>26,72 mIU/L) desenvolvido na cidade de Presidente Prudente no ano de 2013. Os critérios de inclusão foram não ter feito parte de nenhum tipo de intervenção motora sistematizada durante, pelo menos, seis meses do período que antecedeu a coleta de dados da investigação; não apresentar comprometimentos motores ou cognitivos que inviabilizassem a realização dos protocolos de avaliação, não apresentar doença crônica ou degenerativa, lesão musculo-esquelética ou comorbidade que pudessem impedir ou limitar a realização das avaliações. As avaliações foram conduzidas pelos mesmos avaliadores treinados. O grupo 50 a 59 anos apresentou valores médios para idade de 55,3±4,5 anos, FSH de 53,5±21,1 mUI/mL, coordenação 11,4±2,2 segundos, força 20,1±3,9 repetições, flexibilidade 51,7±11,8 centímetros, agilidade 23,2±2,8 segundos e Resistência aeróbia 500±43 segundos e o grupo 60 a 69 anos apresentou idade média de 65,1±4,1 anos com FSH de 54,9±15,9, coordenação 11,6±2,6 segundos, força 20,3±4,7 repetições, flexibilidade 54,6±11,2 centímetros, agilidade 24,7±4,3 segundos e Resistência aeróbia 508±51 segundos.
CONCLUSÃO:
foi possível analisar a aptidão funcional de mulheres na pós-menopausa por meio do conjunto de testes da American Aliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance não havendo diferenças significativas para as variáveis força, flexibilidade, capacidade aeróbia e coordenação, sendo que apenas a variável agilidade demonstrou diferenças significativas. Recomenda-se outros estudos, buscando formular valores normativos para a população em questão.
Pós-menopausa; Aptidão física; Avaliação; Exercício; Humanos; Efeito idade
PURPOSE:
to analize the level of functional fitness of a group of postmenopausal women in the city of Presidente Prudente using the set of functional fitness tests of the American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance and to check whether there are differences between groups of women in the fifth and sixth decade of life.
METHODS:
This was a cross-sectional study conducted on 175 postmenopausal women (follicle stimulating hormone level>26.72 mIU/L) in the city of Presidente Prudente in 2013. The inclusion criteria were not being part of any type of systematic motor intervention for at least six months before the collection of research data; absence of motor or cognitive impairment that would prevent the evaluation protocols, and absence of chronic or degenerative disease, musculoskeletal injury or comorbidity that could prevent or limit the evaluations. The women were evaluated by the same trained examiners. The 50 to 59 year group showed a mean age of 55.3±4.5 years, mean FSH values of 53.5±21.1 mIU/mL, mean coordination of 11.4±2.2 seconds, mean strength of 20.1±3.9 repetitions, mean flexibility of 51.7±11.8 cm, mean 23.2±2.8 seconds agility and mean aerobic resistance of 500±43/2 . The 60 to 69 year group had a mean age of 65.1±4.1 years with FSH 54.9±15.9, 11.6±2.6 seconds coordination, strength 20.3±4.7 repetitions, 54.6±11.2 cm flexibility, agility 24.7±4.3 seconds, and aerobic resistance of 508±51 seconds.
CONCLUSION:
It was possible to analyze the functional fitness of postmenopausal women through the set of the American Alliance testing for Health, Physical Education, Recreation and Dance with no significant differences between groups for the variables strength, flexibility, aerobic capacity and coordination, and with only the speed variable showing significant differences. We recommend further studies seeking to formulate normative values for the population in question.
Postmenopause; Physical fitness; Evaluation; Exercise; Humans; Age effect
Introdução
Aptidão funcional é definida como a capacidade física do indivíduo às demandas comuns e
inesperadas da vida diária de forma segura e eficaz11 Osness WH, Adrian M, Clark B, Hoeger W, Raab D, Wisnell R. Functional
fitness assessment for adults over 60 years (a field based assessment). Reston:
American Alliance for Health. Physical Education Recreation and Dance;
1990.. Sua avaliação se torna relevante em adultos após os 50 anos, visto o
declínio em relação a aptidão funcional observado a partir dessa idade, como perda de
força muscular, níveis de condicionamento aeróbio, agilidade, equilíbrio, entre outros
fatores22 Danneskiold-Samsoe B, Bartels EM, Bulow PM, Lund H, Stockmarr A, Holm
CC, et al. Isokinetic and isometric muscle strength in a healthy population with
special reference to age and gender. Acta Physiol (Oxf). 2009;197 Suppl
673:1-68.
,
33 Shore WS, DeLateur BJ. Prevention and treatment of frailty in the
postmenopausal woman. Phys Med Rehabil Clin N Am. 2007;18(3):609-21,
xii.. Tais variáveis têm sido aferidas através de
diversos instrumentos que podem ser didaticamente divididas em 3 grupos: testes
estabelecidos por uma instituição, como o proposto pela American Aliance for
Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD); conjunto de
testes proposto por pesquisadores independentes, como a Senior Fitness
Test
44 Rikli RE, Jones CJ. Functional fitness normative scores for
community-residing older adults, ages 60-94. J Aging Phys Act.
1999;7(2):162-81.; ou uso de diversas avaliações distintas em
relação as capacidades físicas que compõe um conjunto de testes como observado em
estudos recentes55 Cruz-Ferreira A, Marmeleira J, Formigo A, Gomes D, Fernandes J. Creative
dance improves physical fitness and life satisfaction in older women. Res Aging.
2015. pii: 0164027514568103. [Epub ahead of print].
,
66 Oppewal A, Hilgenkamp TI, van Wijck R, Schoufour JD, Evenhuis HM.
Physical fitness is predictive for a decline in daily functioning in older adults
with intellectual disabilities: results of the HA-ID study. Res Dev Disabil.
2014;35(10):2299-315.. Especificamente no conjunto de testes proposto
pela AAHPERD, verifica-se um grande número de estudos em idosos77 da Silva RF, Sertorio JT, Lacchini R, Trapé AA, Tanus-Santos JE, Rush
JW, et al. Influence of training status and eNOS haplotypes on plasma nitrite
concentrations in normotensive older adults: a hypothesis-generating study. Aging
Clin Exp Res. 2014;26(6):591-8.
8 Goncalves LH, Silva AH, Mazo GZ, Benedetti TR, dos Santos SM, Marques S,
et al. [Institutionalized elderly: functional capacity and physical fitness]. Cad
Saúde Pública. 2010;26(9):1738-46. Portuguese.
9 Hernandez SS, Coelho FG, Gobbi S, Stella F. [Effects of physical
activity on cognitive functions, balance and risk of falls in elderly patients with
Alzheimer's dementia]. Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74.
Portuguese.
10 Justino Borges L, Bertoldo Benedetti TR, Zarpellon Mazo G. [The
influence of physical exercise on depressive symptoms and functional fitness in
elderly residents of south Brazil]. Rev Esp Geriatr Gerontol. 2010;45(2):72-8.
Spanish.
11 Trapé AA, Jacomini AM, Muniz JJ, Sertorio JT, Tanus-Santos JE, do Amaral
SL, et al. The relationship between training status, blood pressure and uric acid in
adults and elderly. BMC Cardiovasc Disord. 2013;13:44.
-
1212 Wood RH, Reyes R, Welsch MA, Favaloro-Sabatier J, Sabatier M, Matthew
Lee C, et al. Concurrent cardiovascular and resistance training in healthy older
adults. Med Sci Sports Exerc. 2001;33(10):1751-8. e seus detalhamentos são encontrados em alguns
estudos tanto de conceituação da metodologia11 Osness WH, Adrian M, Clark B, Hoeger W, Raab D, Wisnell R. Functional
fitness assessment for adults over 60 years (a field based assessment). Reston:
American Alliance for Health. Physical Education Recreation and Dance;
1990.
como na aplicação da mesma1313 Benedetti TR, Mazo GZ, Gobbi S, Amorim M, Gobbi LT, Ferreira L, et al.
Valores normativos de aptidão funcional em mulheres de 70 a 79 anos. Rev Bras
Cineantropom Desempenho Hum. 2007;9(1):28-36.
,
1414 Benedetti TR, Mazo GZ, Goncalves LH. Adaptation of the AAHPERD test
battery for institutionalized older adults. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum.
2014;16(1):1-14..
A metodologia proposta pela AAHPERD tem sido amplamente utilizada em idosos brasileiros,
tanto em mulheres quanto em homens1515 Cipriani NC, Meurer ST, Benedetti TR, Lopes MA. Aptidão funcional de
idosas praticantes de atividades físicas. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum.
2010;12(2):106-11.
16 Hoefelmann CP, Benedetti TR, Antes DL, Lopes MA, Mazo GZ, Korn S.
Aptidão funcional de mulheres idosas ativas com 80 anos ou mais. Motriz Rev Educ Fís
(Impr). 2011;17(1):19-25.
17 Mazo GZ, Benedetti TR, Gobbi S, Ferreira L, Lopes MA. Valores normativos
e aptidão funcional em homens de 60 a 69 anos de idade. Rev Bras Cineantropom
Desempenho Hum. 2010;12(5):316-23.
18 Rech CR, Cruz JL, Araújo EDS, Kalinowski FG, Dellagrana RA. Associação
entre aptidão funcional e excesso de peso em mulheres idosas. Motricidade.
2010;6(2):47-53.
-
1919 Virtuoso Júnior JS, Guerra RO. Confiabilidade de testes de aptidão
funcional em mulheres de 60 a 80 anos. Motricidade. 2011;7(2):7-13.. Considerando apenas estudos publicados em
periódicos indexados na plataforma Scielo, verificamos estudos de análises transversais
de grupos específicos como idosas ativas1515 Cipriani NC, Meurer ST, Benedetti TR, Lopes MA. Aptidão funcional de
idosas praticantes de atividades físicas. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum.
2010;12(2):106-11. e
homens entre 60 e 69 anos1717 Mazo GZ, Benedetti TR, Gobbi S, Ferreira L, Lopes MA. Valores normativos
e aptidão funcional em homens de 60 a 69 anos de idade. Rev Bras Cineantropom
Desempenho Hum. 2010;12(5):316-23., além de estudos que
verificam a relação entre peso corporal e desempenho em idosas1818 Rech CR, Cruz JL, Araújo EDS, Kalinowski FG, Dellagrana RA. Associação
entre aptidão funcional e excesso de peso em mulheres idosas. Motricidade.
2010;6(2):47-53.. Estudos em outras plataformas como a PubMed, especialmente
estudos de intervenção, também tem explorado tal metodologia77 da Silva RF, Sertorio JT, Lacchini R, Trapé AA, Tanus-Santos JE, Rush
JW, et al. Influence of training status and eNOS haplotypes on plasma nitrite
concentrations in normotensive older adults: a hypothesis-generating study. Aging
Clin Exp Res. 2014;26(6):591-8.
,
99 Hernandez SS, Coelho FG, Gobbi S, Stella F. [Effects of physical
activity on cognitive functions, balance and risk of falls in elderly patients with
Alzheimer's dementia]. Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74.
Portuguese.
,
1111 Trapé AA, Jacomini AM, Muniz JJ, Sertorio JT, Tanus-Santos JE, do Amaral
SL, et al. The relationship between training status, blood pressure and uric acid in
adults and elderly. BMC Cardiovasc Disord. 2013;13:44.. Porém, apesar de sua utilização ampla,
estudos de base considerando amostras representativas de acordo com conceitos
estatísticos conhecidos, ainda não foram apontados na literatura, sendo apenas descritos
estudos com grupos pequenos não representativos da população usada como objeto de estudo
com percentis dos mesmos1717 Mazo GZ, Benedetti TR, Gobbi S, Ferreira L, Lopes MA. Valores normativos
e aptidão funcional em homens de 60 a 69 anos de idade. Rev Bras Cineantropom
Desempenho Hum. 2010;12(5):316-23..
Mesmo com as limitações quanto a representatividade da população nos estudos citados, verificamos uma lacuna em relação a estudos com a população de mulheres na pós-menopausa, visto que as pesquisas aqui citadas não consideram essa particularidade. Assim, a verificação das variáveis tratadas no conjunto de testes da AAHPERD pode ser um importante indicativo de autonomia e dos níveis de aptidão física de mulheres na pós-menopausa, como a verificação se existe declínio quando comparados mulheres entre 50 e 59 anos e 60 e 69 anos.
Métodos
Trata-se de um estudo de característica transversal, desenvolvido no Centro de Estudos e Laboratório de Avaliação e Prescrição de Atividades Motoras (CELAPAM) no Departamento de Educação Física, Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), Campus de Presidente Prudente, Brasil. A população escolhida para o estudo foi composta por mulheres na pós-menopausa (dosagem de FSH>26,72 mIU/L). As participantes foram recrutadas e avaliadas no ano de 2013 por meio de jornais, rádios e televisão em forma de convite para participarem do estudo. Para inclusão no estudo, as voluntárias não deveriam ter participado de nenhum tipo de programa de exercícios físicos nos seis meses anteriores ao início da coleta de dados; não apresentar comprometimentos motores ou cognitivos; não apresentar doença crônica ou degenerativa, lesão músculo-esquelética ou qualquer comorbidade que pudessem impedir ou limitar a realização das avaliações.
O presente estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa FCT-UNESP Presidente Prudente, Brasil (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética - CAAE nº 11547013.2.0000.5402). Todas as participantes que concordaram em fazer parte da investigação assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a pesquisa foi conduzida de acordo com a Declaração de Helsinque revisada em 2008.
Seleção da Amostra e delineamento do estudo
Participaram do estudo 175 mulheres na pós-menopausa que foram distribuídas em dois grupos, quais sejam: grupo 50 a 59 anos (n=99) e grupo 60 a 69 anos (n=76). A seleção da amostra foi realizada após triagem, considerando os critérios de inclusão acima citados. Todas as voluntárias participaram de uma entrevista conduzida por avaliadores previamente treinados que também realizaram os testes de aptidão funcional. Avaliação de níveis de FSH foi realizada em um laboratório de análises clínicas da cidade de Presidente Prudente.
Avaliações e descrição dos testes
O conjunto de testes utilizado para avaliação da aptidão funcional foi proposto pela AAHPERD e consiste de cinco testes motores. Os parâmetros avaliados neste conjunto de testes têm estreita relação com a independência funcional do indivíduo, sendo que havendo um melhor desempenho haverá maior autonomia. As variáveis avaliadas de forma indireta são: agilidade e equilíbrio dinâmico, coordenação, flexibilidade, resistência de força e a resistência aeróbia geral11 Osness WH, Adrian M, Clark B, Hoeger W, Raab D, Wisnell R. Functional fitness assessment for adults over 60 years (a field based assessment). Reston: American Alliance for Health. Physical Education Recreation and Dance; 1990..
Para o teste de agilidade e equilíbrio dinâmico; o participante inicia o teste sentando em uma cadeira com os calcanhares no solo, sendo que a sua direita e a sua esquerda se encontra um cone posicionado a 1,50 m para trás e 1,80 m para o lado da cadeira. Ao sinal do avaliador, o avaliado move-se para a direita, contorna o cone, retorna e senta-se, elevando os pés, retirando-os do solo, para que o avaliador certifique-se de que o avaliado encontra-se realmente sentado. Imediatamente, o participante levanta-se novamente e move-se para a esquerda realizando o mesmo procedimento anterior. O teste consiste em contornar os cones da direita, da esquerda, da direita e da esquerda, novamente, totalizando 4 deslocamentos. São realizadas duas tentativas e o menor tempo é anotado em segundos como resultado final.
Para o teste de coordenação, um pedaço de fita adesiva com 76,2 cm de comprimento é fixado sobre uma mesa. Sobre a fita são feitas 6 marcas com 12,7 cm equidistantes entre si com a primeira e última marca a 6,36 cm de distância das extremidades da fita. Sobre cada uma das 6 marcas é afixado, perpendicularmente à fita, um outro pedaço de fita adesiva com 7,6 cm de comprimento. O participante senta-se de frente para a mesa e usa sua mão dominante para realizar o teste. Se a mão dominante for a direita, uma primeira lata de refrigerante é colocada marca 1 que corresponde a posição 1, uma segunda lata na marca três (posição 3) e a terceira lata na marca 5 (posição 5). A mão direita é colocada na lata 1, com o polegar para cima, estando o cotovelo flexionado num ângulo de 100 a 120 graus. Quando o avaliador sinalizar, inicia-se o teste cronometrado, devendo o participante virar a lata, invertando sua base de apoio, de forma que a lata 1 seja colocada na posição 2, a lata 2 na posição 4, e a lata 3 na posição 6. Em seguida, o avaliado, agora estando com o polegar apontado para baixo, apanha a lata 3 e inverte novamente sua base, recolocando-a na posição 5, e da mesa forma, procede com as outras latas. Caso o participante seja canhoto, o mesmo procedimento é adotado, mas com as latas colocadas a partir da esquerda. São concedidas duas tentativas para a prática, e em seguida duas tentativas válidas para avaliação. Nestas duas últimas é anotada e o menor tempo é considerado como resultado final.
Para avaliação da flexibilidade; o participante sentado no solo, com as pernas estendidas, se posiciona sobre a marca zero de uma fita métrica afixada no solo. À marca de 63,5 cm de distância em relação à marca zero da fita, é afixada perpendicularmente uma fita adesiva que indica a posição dos calcanhares que devem estar 15,2 cm equidistantes do centro da fita métrica. Então, com as mãos uma sobre a outra, o participante é orientado a deslizá-las vagarosamente sobre a fita métrica tão distante quanto pode, permanecendo na posição final no mínimo por dois segundos. São oferecidas duas tentativas da prática, seguidas de duas tentativas de teste. O resultado final é dado pela melhor das duas tentativas anotadas.
Para a avaliação da resistência de força, é utilizado um halter pesando 2 kg. O participante senta em uma cadeira sem braços, apoiando as costas no encosto da cadeira, com o tronco ereto, olhando para frente e com a planta dos pés completamente apoiados no solo. O braço dominante deve permanecer relaxado e estendido ao longo do corpo, enquanto a mão não dominante apoia-se sobre a coxa. O primeiro avaliador se posiciona ao lado do avaliado, colocando uma mão sobre o seu bíceps e a outra suporta o halter que é colocado na mão dominante do participante. O halter deve estar paralelamente ao solo com uma de suas extremidades voltadas para frente. Quando o segundo avaliador responsável pelo cronometro sinalizar o início do teste, o participante contrai o bíceps, realizando uma flexão do cotovelo até que o antebraço toque a mão do primeiro avaliador, que está posicionada no bíceps do avaliado. Após esse tempo, o teste é reiniciado, repetindo-se o mesmo procedimento, com a diferença de que o avaliado realiza o maior número de repetições no tempo de 30 segundos, sendo anotado como resultado final do teste o melhor desempenho de duas tentativas realizadas.
Finalmente, para avaliação da capacidade aeróbia geral, o participante é orientado para caminhar o mais rápido possível 804,67 m, sem correr, em uma pista de atletismo de 400 metros. O tempo é anotado em minutos e segundo e reduzidos a segundos.
A avaliação dos níveis de FSH foi realizada em laboratório privado da cidade de Presidente Prudente, com experiência em atendimento à população local e regional. Outras análises que não são objetivo dessa pesquisa também foram realizadas, sendo as voluntárias orientadas a não realizar atividade física no dia anterior a coleta, manter jejum por 12 horas, e se apresentarem entre 7 h e 7 h 30 min da manhã na unidade do respectivo laboratório.
As características dos grupos incluídos quanto a idade, peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e nível de escolaridade são apresentadas na Tabela 1.
Análise dos dados
Para a apresentação dos resultados, foi utilizada análise descritiva, com dados de média e desvio padrão. Foi realizado também teste de normalidade dos dados considerando os grupos 50 a 59 anos e 60 a 69 anos, bem como teste t de Student para variáveis independentes e teste de Mann Whitney para variável dependente (somente variável agilidade) para verificação de diferenças entre os grupos. Todas as análises foram realizadas no software SPSS versão 17.0.
Resultados
Na Tabela 2 são apresentados os resultados dos grupos 50 a 59 anos e 60 a 69 anos para as variáveis de aptidão funcional, bem como a idade e valores de FSH.
As pacientes do grupo 50 a 59 anos apresentaram média de idade de 55,3±4,5 anos com FSH de 53,5±21,1 mUI/mL e o grupo 60 a 69 anos apresentou média de idade de 65,1±4,1 anos com FSH de 54,9±15,9. Não houve diferenças significativas entre os grupos quanto aos níveis de FSH (p=0,15). Na avaliação do conjunto de testes motores da AAHPERD, as variáveis: coordenação, força, flexibilidade e resistência aeróbia não foi observado diferenças significativas. Para a variável coordenação o valor médio para o grupo 50 a 59 anos foi de 11,4±2,2 segundos e para o grupo 60 a 69 anos de 11,6±2,6 segundos (p=0,7). Quanto à variável força, o valor médio do grupo 50 a 59 anos foi de 20,1±3,9 repetições e no grupo 60 a 69 anos de 20,3±4,7 repetições (p=0,8). No teste de flexibilidade, para o grupo 50 a 59 anos, observou-se média de 51,7±11,8 centímetros, e no grupo 60 a 69 anos de 54,6±11,2 centímetros (p=0,05); e, por fim, no teste de resistência aeróbia, os resultados médios do grupo 50 a 59 anos foi de 500±43 segundos e no grupo 60 a 69 anos foi de 508±51 segundos (p=0,3). Apenas quanto à variável agilidade houve diferenças significativas entre os grupos com resultados médios do grupo 50 a 59 anos de 23,2±2,8 segundos e no grupo 60 a 69 anos de 24,7±4,3 segundos (p=0,02).
Discussão
A análise transversal da aptidão funcional utilizando o conjunto de avaliações da AAHPERD foi possível, como apresentado, sendo esse o primeiro estudo disponível nas plataformas Scielo e PubMed no qual utilizou-se essa análise exclusivamente em mulheres na pós-menopausa. Os valores verificados estão próximos aos apresentados na literatura em estudos com mulheres em diversas faixas etárias. Em relação aos valores médios obtidos em cada teste, o grupo 50 a 59 anos apresentou melhor desempenho que o grupo 60 a 69 anos em todas as variáveis, com exceção da variável flexibilidade. Porém, apenas para a variável agilidade foi verificada diferença significante (p=0,028*) entre o grupos 50 a 59 anos quando comparadas ao grupo 60 a 69 anos. Outras investigações publicadas previamente também analisaram o desempenho de aptidão funcional em mulheres no conjunto de testes da AAHPERD. No entanto, os estudos anteriores não discriminaram as voluntárias quanto ao tempo de menopausa.
Alguns pesquisadores têm explorado a importância da manutenção da aptidão funcional por meio do exercício físico1515 Cipriani NC, Meurer ST, Benedetti TR, Lopes MA. Aptidão funcional de idosas praticantes de atividades físicas. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2010;12(2):106-11. e a influência da composição corporal na aptidão funcional1818 Rech CR, Cruz JL, Araújo EDS, Kalinowski FG, Dellagrana RA. Associação entre aptidão funcional e excesso de peso em mulheres idosas. Motricidade. 2010;6(2):47-53.. Foi demonstrado que o excesso de peso pode contribuir negativamente com a aptidão funcional, sendo que idosas com excesso de peso têm chance cinco vezes maior de apresentar uma aptidão funcional fraca. Nesses casos, a prática regular de exercícios pode influenciar positivamente a aptidão funcional ao servir para controlar a composição corporal. Nosso estudo não se concentrou em verificar diferenças em relação a composição corporal, embora, em outras oportunidades, já tenhamos demonstrado a influência da composição corporal no desempenho da marcha2020 Fortaleza AC, Rossi FE, Buonani C, Fregonesi CE, Neves LM, Diniz TA, et al. [Total body and trunk fat mass and the gait performance in postmenopausal women]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2014;36(4):176-81. Portuguese., fato associado a maior independência funcional. Porém, a verificação que apenas a variável agilidade se mostrou significante nos dados aqui publicados nos mostra que, apesar do declínio comumente associado ao envelhecimento, a aptidão funcional avaliada através do conjunto de testes de AAHPERD não apresenta diferenças entre mulheres na quinta década de vida comparada a sexta década de vida.
Algumas características importantes merecem ser discutidas em futuras investigações. O tempo em que as voluntárias estão na pós-menopausa, bem como a utilização de terapia de reposição hormonal podem ser associados ao desempenho funcional, visto não haver um consenso sobre a influência da reposição hormonal na aptidão funcional1010 Justino Borges L, Bertoldo Benedetti TR, Zarpellon Mazo G. [The influence of physical exercise on depressive symptoms and functional fitness in elderly residents of south Brazil]. Rev Esp Geriatr Gerontol. 2010;45(2):72-8. Spanish. , 1212 Wood RH, Reyes R, Welsch MA, Favaloro-Sabatier J, Sabatier M, Matthew Lee C, et al. Concurrent cardiovascular and resistance training in healthy older adults. Med Sci Sports Exerc. 2001;33(10):1751-8.. Delineamentos similares ao presente estudos podem ser realizados, principalmente comparando-se grupos ativos e sedentários, bem como mulheres na pós-menopausa e mulheres na fase fértil buscando verificar as influências dessas características. Essas questões carecem de investigação com base nos trabalhos até o momento já publicados.
Com base nos dados apresentados, concluímos que a utilização do conjunto de testes de aptidão funcional da American Aliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance se fez possível para a avaliação da aptidão funcional em mulheres na menopausa, e que as capacidades força, flexibilidade, capacidade aeróbia e coordenação não apresentam diferenças significativas, sendo que apenas a variável agilidade demonstrou significância quando comparado grupos que estejam na quinta década (50 a 59 anos) de vida ao grupo sexta década (60 a 69 anos) de vida.
Sugerimos tal conjunto de testes para a avaliação da aptidão em mulheres na menopausa, cabendo a realização de novos estudos de base populacional para entender o perfil da população citada em relação a aptidão funcional, questão não respondida pelo presente estudo devido a limitações na seleção da amostra o número de envolvidos.
Referências
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2Danneskiold-Samsoe B, Bartels EM, Bulow PM, Lund H, Stockmarr A, Holm CC, et al. Isokinetic and isometric muscle strength in a healthy population with special reference to age and gender. Acta Physiol (Oxf). 2009;197 Suppl 673:1-68.
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3Shore WS, DeLateur BJ. Prevention and treatment of frailty in the postmenopausal woman. Phys Med Rehabil Clin N Am. 2007;18(3):609-21, xii.
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4Rikli RE, Jones CJ. Functional fitness normative scores for community-residing older adults, ages 60-94. J Aging Phys Act. 1999;7(2):162-81.
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6Oppewal A, Hilgenkamp TI, van Wijck R, Schoufour JD, Evenhuis HM. Physical fitness is predictive for a decline in daily functioning in older adults with intellectual disabilities: results of the HA-ID study. Res Dev Disabil. 2014;35(10):2299-315.
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7da Silva RF, Sertorio JT, Lacchini R, Trapé AA, Tanus-Santos JE, Rush JW, et al. Influence of training status and eNOS haplotypes on plasma nitrite concentrations in normotensive older adults: a hypothesis-generating study. Aging Clin Exp Res. 2014;26(6):591-8.
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8Goncalves LH, Silva AH, Mazo GZ, Benedetti TR, dos Santos SM, Marques S, et al. [Institutionalized elderly: functional capacity and physical fitness]. Cad Saúde Pública. 2010;26(9):1738-46. Portuguese.
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9Hernandez SS, Coelho FG, Gobbi S, Stella F. [Effects of physical activity on cognitive functions, balance and risk of falls in elderly patients with Alzheimer's dementia]. Rev Bras Fisioter. 2010;14(1):68-74. Portuguese.
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10Justino Borges L, Bertoldo Benedetti TR, Zarpellon Mazo G. [The influence of physical exercise on depressive symptoms and functional fitness in elderly residents of south Brazil]. Rev Esp Geriatr Gerontol. 2010;45(2):72-8. Spanish.
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11Trapé AA, Jacomini AM, Muniz JJ, Sertorio JT, Tanus-Santos JE, do Amaral SL, et al. The relationship between training status, blood pressure and uric acid in adults and elderly. BMC Cardiovasc Disord. 2013;13:44.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jun 2015
Histórico
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Recebido
04 Mar 2015 -
Aceito
08 Maio 2015