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UM ANEL COM PODERES MÁGICOS: ARTISTAS HOLANDESES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL UNEM-SE AO PROJETO OUTSIDERWEAR

RESUMO

Este artigo apresenta um projeto de colaboração realizado com estes artistas outsiders e um grupo de criativos jovens holandeses. O projeto iniciado pelo empresário cultural Jan Hoek consiste na criação da marca de moda Outsiderwear, na qual jovens criativos, em sua maioria estilistas de moda, foram combinados com artistas dos Outsider Art Studios em Amsterdã; trabalhando juntos, a dupla desenvolveu uma coleção. A ideia era estabelecer uma colaboração estrutural entre criativos profissionais e artistas outsiders. Os dados são apresentados utilizando entrevistas para a construção de um estudo de caso.

Palavras-chave
Arte outsider; Design de moda; Aprendizagem colaborativa; Adultos com deficiências; Processo criativo

ABSTRACT

This article presents a collaborative project carried out with these outsider artists and a group of young Dutch creatives. The project initiated by the cultural entrepreneur Jan Hoek consists of creating a fashion label Outsiderwear, in which young creatives, mostly fashion designers, were matched with outsider artists from Outsider Art Studios in Amsterdam; working together, the pair developed a collection. The idea was to establish a structural collaboration between professional creatives and outsider artists. Data is presented using interviews in order to construct a case study.

Keywords
Outsider art; Fashion design; Collaborative learning; Adults with disabilities; Creative process

Introdução: Outsider Art Gallery em Amsterdã

Tende-se a enxergar os artistas outsiders como um pouco diferentes. Muitas vezes eles não seguem o processo de formação convencional em arte e operam fora do mundo da arte convencional. Enfrentam, frequentemente, condições de deficiências mentais ou físicas, privação de moradia e vulnerabilidade. Às vezes, sua produção artística é vista como exótica e considera-se difícil trabalhar com eles. Neste artigo escreverei sobre um projeto inovador colaborativo realizado com artistas outsiders e um grupo de jovens criadores holandês. Mas antes gostaria de aprofundar o conceito de arte outsider e falar sobre quem são esses artistas outsiders.

O conceito começou a ganhar atenção logo depois da I Guerra Mundial. O primeiro grande estudo de produção artística de pessoas com doença mental em instituições psiquiátricas apareceu em 1922, quando foi publicado o livro Bildnerei der Geisteskranken (Produções dos doentes mentais) (PRINZHORN, 1922PRINZHORN, H. Bildnerei der Geisteskranken: Ein Beitrag zur Psychologie und Psychopathologie der Gestaltung. Berlin: Springer, 1922.). Esse estudo da coleção de Heidelberg do psiquiatra alemão Hans Prinzhorn engendrou interesse em muitos artistas de vanguarda como Salvador Dalí, Karel Appel, Max Ernst e Asger Jorn, que buscavam novas fontes de imagens.

O termo Arte Outsider foi cunhado pelo historiador de arte Roger Cardinal para corresponder ao que o artista francês Jean Dubuffet denominava de Art Brut, referindo-se a produções artísticas produzidas por artistas autodidatas que atuavam fora do circuito convencional de arte (RHODES, 2000RHODES, C. Outsider art: spontaneous alternatives. London: Thames & Hudson, 2000.). Cardinal afirmou que os artistas outsiders estão presentes na cena artística, mas na margem, fora dos holofotes. O termo outsider art descreve não apenas a posição do artista, mas também a obra artística, frequentemente criada por artistas autodidatas, produzidas fora do que se entenderia como a prática usual, cuja história remonta às primeiras coleções de obras de arte produzidas por pacientes em hospitais psiquiátricos, como aquelas colecionadas por Prinzhorn em Heidelberg (MACGREGOR, 1989MACGREGOR, J. The discovery of the art of the insane. Princeton: Princeton University Press, 1989.).

Defendo que a arte outsider — o que é, como e onde é feita — continua sendo um tópico importante a discutir. Pode ser criada nos assim chamados estúdios e ateliês para artistas com necessidades especiais — ou seja, artistas com distúrbios mentais ou deficiências intelectuais. A arte desses artistas às vezes é denominada de arte e deficiência ou arte inclusiva. Em muitos países do mundo ocidental, os estúdios para artistas com necessidades especiais são estabelecidos por instituições assistenciais ou iniciativas comunitárias, tais como o Haus der Künstler Gugging em Viena (1981) e o Creative Growth Art Center, em Oakland, Califórnia. A conceituação de arte e deficiência, arte inclusiva e arte outsider é geralmente equivalente, embora o conceito de arte outsider seja mais abrangente. Nico van der Endt (2007, n. p., tradução nossa), proprietário desde 1968 da Gallery Hamer de arte outsider, em Amsterdã, afirma que “ao contrário da opinião popular, a maior parte da art brut e arte outsider é produzida por artistas sem distúrbios psíquicos. Eles advêm de todos os setores da sociedade.”

Na Holanda, a maior parte dos estúdios de arte voltados para pessoas com distúrbios (mentais) ou deficiências (intelectuais) foram fundados por instituições assistenciais nos anos 1990, como é o caso da Galerie Atelier Herenplaats em Roterdã fundada em 1991 (GRONERT, 2010GRONERT, F. Atelier Herenplaats, un taller extraordinario. Arteterapia: Papeles de arteterapia y educación artística para la inclusión social, Madrid, v. 5, p. 41-48, 2010.). Em Amsterdã, a Galerie Amsterdam, um pequeno estúdio e galeria, foi montado em 1992 no centro da cidade.

No campo cultural holandês, o interesse pela arte outsider remonta há cinquenta anos. A Galerie Hamer em Amsterdã foi fundada em 1968 e é, até hoje, uma das poucas galerias para arte outsider e naïf da Holanda. Em 1985, a Foundation Museum para arte naïf (denominada de Museu de Stadshof) foi inaugurada na cidade de Zwolle em 1994. Embora a iniciativa tenha sido um grande sucesso em termos de construção de uma rede internacional, curadoria de exposições marcantes e políticas de colecionamento ativo do museu, ela fechou suas portas em 2001 por falta de apoio financeiro (BLOOS, 2019BLOOS, A. Including outsider art: An ethnography of the revision process of the collection presentation of Museum Dr. Guislaind during spring 2019. 2019. Thesis (Master’s in Art, Culture and Society) – Erasmus University Rotterdam, Rotterdam, 2019.).

Outsider Art Gallery de Amsterdã

Pela primeira vez em 2016, um novo museu completamente voltado para a arte outsider abriu suas portas em Amsterdã juntamente com a Outsider Art Gallery/Studios/Art Lease Program — sendo este último uma galeria e arrendadora de arte, bem como um estúdio especializado em artistas com deficiência. A Outsider Art Gallery de Amsterdã é um espaço que expõe a produção artística de artistas que geralmente não são visíveis para a sociedade e para o mundo da arte. A galeria tem um espaço de exposição onde arte outsider local, nacional e internacional é exposta e vendida. Os Outsider Art Studios se localizam acima da galeria e parte da produção dos estúdios é mostrada na galeria. A galeria e os estúdios são localizados nas instalações do Museu Hermitage Amsterdam na Holanda; esse empreendimento é uma iniciativa conjunta de dois museus (o Hermitage Amsterdã e o Museum of the Mind em Haarlem, em conjunto com a organização de cuidados com a saúde, Cordaan)1 1 Cordaan é uma grande organização de saúde que oferece variados serviços de apoio para pessoas com deficiências e necessidades especiais. . O Hermitage Amsterdam é abrigado no Amstelhof, um prédio histórico no coração de Amsterdam construído em 1681–1683 pela Igreja Holandesa Reformada como lar para viúvas idosas que necessitavam de cuidados. Mais tarde, homens também foram acolhidos ali, de modo que é apropriado que o Amstelhof mais uma vez receba pessoas com deficiência por meio de uma plataforma para produção colaborativa de trabalhos artísticos.

Os ateliês e a galeria fazem parte da organização de cuidados de saúde que fornecem a equipe profissional bem como todas as condições financeiras, logísticas e administrativas relacionadas aos cuidados. Aproximadamente 24 artistas outsiders, alguns dos quais apresentam deficiências de aprendizagem ou distúrbios mentais, trabalham diariamente nos seus projetos artísticos individuais, apoiados pelos mediadores (sendo que a maioria tem formação profissional em arte), artistas-visitantes, voluntários, gerentes de venda e estagiários. As suas peças podem ser mostradas, vendidas e alugadas para interessados; há exposições regulares, publicações e disseminação por meio da mídia social. A Outsider Art Gallery oferece uma plataforma artística para esses artistas — cujo trabalho raramente é incluído no circuito oficial de arte — não dentro dos muros de uma instituição de cuidado, mas sim num ambiente inspirador museal. Meu papel envolve curadoria, planejamento do programa da galeria e coordenação das colaborações artísticas entre os artistas outsiders e os artistas regulares, designers e outros criativos. O OUTSIDERWEAR é um desses projetos.

O Projeto Outsiderwear

O presente artigo tem como objetivo apresentar o projeto atual da Outsider Art Gallery que foi proposto pelo empreendedor cultural Jan Hoek, o qual consiste na marca de moda Outsiderwear. Nesse projeto, jovens criativos, em sua maioria designers de moda e de marcas de moda (tanto emergentes quanto estabelecidos), foram combinados com artistas outsiders dos nossos estúdios (mas também com artistas de outros estúdios). Trabalhando conjuntamente, o par desenharia uma coleção: a ideia era estabelecer uma estrutura colaborativa entre os profissionais criativos e os artistas outsiders. O processo envolveu uma etapa de busca de parcerias que prosseguiu até os resultados finais. Os dados são apresentados por meio de entrevistas com o intuito de construir um estudo de caso2 2 Todos os participantes concordaram com a entrevista e também em serem citados neste artigo. . Para a primeira edição do Outsiderwear, cerca de 40 artistas outsiders e insiders uniram forças, às vezes em duplas ou em composições maiores.

A iniciativa foi realizada em 2019 pelo artista plástico Jan Hoek (1984), que vem trabalhando com várias pessoas (ou grupos) outsiders no decorrer dos últimos dez anos. Colaborou com profissionais do sexo trans sem-teto numa revista de moda e viveu num hospital psiquiátrico por mais de três meses para trabalhar com pacientes talentosos nos quadrinhos Mental Superpowers. Por meio de tais iniciativas, Hoek criou uma grande rede ligando dois mundos díspares: a cena criativa, artística e o mundo dos cuidados mentais e sociais.

O projeto Outsiderwear consiste na realização de uma gama diversificada de projetos criativos: desde performances e exposições até uma série de linhas de roupas. O resultado dessas colaborações experimentais será exibido e vendido em vários locais em Amsterdã durante o multidisciplinar Festival Outsiderwear, com duração de seis semanas (previsto para julho e agosto de 2021).

Ao se juntar ao projeto, tanto designers quanto artistas outsiders (legalmente representados por organizações de cuidados) assinaram um contrato no qual declaram sua colaboração e seu compromisso. As questões relativas a direitos autorais, taxas e responsabilidades estão delineadas no contrato. O projeto visa um compromisso mais duradouro em que ambas as partes lucram. Parte da receita obtida com a venda dos produtos finais será reinvestida na continuidade da colaboração.

Artistas do Outsider Art Gallery se Juntam ao Outsiderwear

No decorrer de 2019, Jan Hoek entrou em contato com a Outsider Art Gallery para falar sobre sua proposta. Depois que a Outsider Art Gallery/Cordaan formalmente consentiu em se tornar parceira desse projeto, Hoek e sua equipe recrutaram outros parceiros (designers, comunicadores de moda e mídia, outros estúdios de arte outsider, galerias, locais de exibição e lojas) e partiram na busca de financiamento. Várias ações de financiamento comum e coletivo foram realizadas. Em junho de 2020, determinaram que havia fundos e parceiros suficientes para dar início ao projeto, cumprindo todas as medidas de segurança relacionadas à COVID-19.

Recebemos um arquivo em formato PDF no qual os artistas (designers de moda) foram apresentados. Como ponto de partida, a equipe e os artistas da Outsider Art Gallery foram convidados a folhear o arquivo para ver com qual designer eles estariam interessados em trabalhar. Ocorreram várias palestras ao vivo e visitas ao estúdio; essas reuniões entre artistas outsiders e designers de moda foram produtivas, e logo as parcerias foram estabelecidas. Os critérios mais importantes foram o interesse mútuo e o entusiasmo em trabalhar em conjunto para alcançar uma criativa fertilização cruzada. A maioria das parcerias foi iniciada pelos designers, e não pelos artistas outsiders.

Parcerias Colaborativas

No estúdio do Outsider Art Gallery estabeleceram-se três parcerias bi- e tripartidas:

  • Benedikt Fischer e Rudy de Gruyl;

  • Patta e Regillio Benjamin, Desmond Tjon a Koy e Osmel Herman3 3 Osmel Herman (Curaçao, 1974) juntou-se à colaboração em uma data posterior. Ele faz pinturas e desenhos coloridos sobre Curaçao, a ilha onde nasceu. Ele também pinta sobre roupas e se uniu à colaboração com Patta por sua própria iniciativa, depois de mostrar-lhes suas roupas pintadas. “Pintar me faz pacífico e feliz”. ;

  • Bonne Suits, Sijtse Keur e Norbert de Jong.

Na seção que segue, descreverei como o processo de pareamento e atuação conjunta ocorreu. Realizei entrevistas gravadas de 30 minutos para entender como os artistas e designers viram e experienciaram esse processo de colaboração, o que gostavam e não gostavam, o que esperavam dele. Usei um roteiro de entrevista semiestruturado com as seguintes perguntas:

  • Como aconteceu o processo de definição de parcerias?

  • Como fluiu o processo criativo?

  • Quais são os resultados atuais?

  • Como os participantes experienciaram a colaboração?

  • Aprenderam alguma coisa uns com os outros? O que aprenderam?

  • Quais são as condições necessárias para a realização de um projeto como esse para conseguir resultados positivos?

Embora eu tenha trabalhado por muito tempo com os artistas como facilitadora de arte, eu não conhecia os criativos antes de iniciar este projeto. No processo das entrevistas, meu objetivo foi dar voz a todos os participantes. Com o intuito de manter certo nível de objetividade, o mesmo roteiro geral de perguntas foi seguido em cada entrevista.

Benedikt Fischer e Rudy de Gruyl: um Par Amigável

Benedikt Fischer (Áustria, 1984; Fig. 1) é um fabricante de joias que também dá aulas em várias academias de belas artes: “Trabalhar com artistas outsiders realmente me instiga, porque sua maneira de trabalhar é menos inibida pelos tipos de expectativas e regras que eu me proponho a seguir. É realmente inspirador estar perto de alguém que tem essa sensação de liberdade. Isso me remete à criatividade intocada, então para mim haveria muito a aprender ou desaprender sobre como eu fui programado no processo de aprendizagem da arte e trabalhando no campo por um certo tempo”.

Rudy de Gruyl (Amsterdã, 1962; Fig. 1) é um artista autodidata com uma visão filosófica. Em suas pinturas e desenhos, ele retrata muitos temas como alienígenas, animais, nudez, tipografia e frutas. “Eu gosto de trabalhar com muitas cores e amo as plantas e os animais. Eu também gosto de contos de fadas. Bela Adormecida, eu gosto mais”.

Figura 1
Benedikt Fischer e Rudy de Gruyl.

Para Benedikt Fischer (BF) logo ficou muito claro que ele queria colaborar com Rudy de Gruyl (Rdg): “Eu já havia notado seu trabalho quando fiz outro projeto na galeria. Era tão colorido e tão amistoso e às vezes também erótico. Tudo sobre seu trabalho me intrigou. [...]. Parecia ser uma boa combinação”.

O projeto de BF e Rdg consiste em criar um conjunto de anéis em prata, bem como uma prateleira para apresentá-los e algumas outras joias e objetos feitos de materiais como cerâmica e papel. BF vem semanalmente trabalhar em uma mesa com Rdg.

Facilitador (F): “Observei vocês dois trabalhando juntos e achei tão agradável assistir, vendo como se vocês estivessem entrando num mundo juntos, falando sobre pirâmides, este mundo da imaginação”.

BF: “Temos isso em comum realmente”.

Embora BF muitas vezes tomasse a iniciativa, ele tentou construir um espaço para Rdg e não o influenciar: “Eu tentei começar com algo que viesse de mim para que houvesse um elemento que eu pudesse oferecer. Mas daí eu apresentei a possibilidade também de que deveria haver algo dele (o anel); nós conversaríamos sobre um determinado assunto e então Rudy escreveria algo a respeito. Na escrita, eu não influenciaria. Isso é o que eu acho realmente interessante: os pensamentos que ele quer compartilhar, como seu fluxo de pensamentos caminha, de forma muito abstrata, mas interessante e isso sai na escrita, mas também nos desenhos. Eu só dou uma dica, como: ‘hoje desenharemos algo erótico’. E então ele nem sequer tem que pensar sobre isso, ele pega uma caneta e começa a desenhar. Realmente parece algo que ele já viu em algum lugar. Esse não saber de onde vem, há tamanha segurança quando ele começa a fazer as coisas... É muito bom assistir”.

Em seguida, Rdg foi questionado sobre o que ele estava fazendo com BF e o que ele pensava a respeito:

Rdg: “Fizemos uma prateleira, e cinco anéis serão apresentados nela. Eu tinha um pensamento secreto interessante na minha cabeça e ele o gravou nos anéis. Eu escrevi o texto. Nós dois gostamos de joias. Um anel é com texto e o outro é erótico. Nós dois tivemos a ideia de fazer algo erótico, foi uma coincidência. Os anéis saíram lindos e devem ser vendidos”.

Sobre o processo colaborativo, BF comentou sobre a abordagem artística e a fonte interna de Rdg: “Você vê a paixão dele pelo trabalho e seu orgulho quando ele termina algo, esse prazer além do que vai acontecer com o trabalho, se alguém vai apreciá-lo ou não. [...] Quando se é formado em arte na academia de arte, você aprende essa maneira conceitual de trabalhar de A a B e tudo é lógico; não acho isso tão interessante. A gente tem variação de humor e a gente quer coisas diferentes, por isso é legal descobrir abordagens diferentes. No caso de Rudy, parece que não se sabe de onde suas ideias vêm e é disso que eu gosto; parecem estar dentro dele e emergem, mas por que e onde, não há muita lógica nisso”.

Rdg apontou que “Eu aprendi coisas novas com ele. Fazendo os anéis e gravando. Eu gostaria de fazer isso eu mesmo. Eu gostaria de gravar um abajur de prata. Você pode ganhar 400 ou 500 € com isso”.

Em relação às suas expectativas, BF afirmou que os anéis, infelizmente, serão caros, devido aos custos de produção e de material, mas ainda assim serão vendidos porque são “peças boas”. Ele prefere que os produtos artísticos sejam mais baratos: “Isso muitas vezes é um problema na minha área, na qual as peças estão tão fora de alcance, porque são muito caras; eu mesmo não conseguiria comprá-las e isso tira toda a diversão e o prazer. Torna-se muito exclusivo. Eu quero tornar as joias acessíveis para uma pessoa normal e, então, as pessoas poderiam possui-las e apreciá-las”.

Para Rdg, não há dúvida sobre o valor dos anéis: “BF vai vendê-los. Ele vai ganhar muito, os anéis custam mais de 100 €. O que ele vai fazer com o dinheiro, eu não sei”.

Ambos tinham ideias sobre uma possível colaboração futura: Rdg: “Sim, fazer bandeiras coloridas. Uma bandeira em forma de flores ou um sorriso, isso é algo ainda não descoberto. Bandeiras alegres em algum formato, uma lua, um sol, um fantoche”.

BF: “Sim, definitivamente, é realmente fantástico como artista ter essa rotina, em que toda semana isso acontece, mas também vê-lo trabalhar e estar aqui, eu realmente gosto muito”.

Patta com Regillio Benjamin e Desmond Tjon a Koy: Amor da Tribo

Patta é uma marca holandesa de streetwear urbana fundada em 2004 por dois amigos que também foram figuras proeminentes na cena do hip-hop holandês na década de 1990 e início de 2000. Sua marca se expandiu e agora eles têm lojas em Amsterdã, Londres, Milão e vendem suas roupas e tênis em todo o mundo. Realizam muitas colaborações com marcas, artistas e músicos mais e menos conhecidos. O slogan em seu site reflete sua maneira de pensar: Por amor e necessidade, em vez de lucro e novidade.

Regillio Benjamin (Paramaribo, 1974) é um atleta antes de mais nada. Regillio pinta principalmente pistas de corrida e flores de forma abstrata e colorida. “Eu gostaria que meu trabalho fosse realmente valorizado, eu coloco meu coração e minha alma nele”.

Desmond Tjon A Koy (Amsterdã, 1992; Fig. 2) é um jovem artista que se inspira pela cultura negra, música rap e quadrinhos. Cria desenhos impressionantes com atenção para o detalhe. “Eu espero que as pessoas possam ver que eu trabalhei duro, e que eu faço coisas bonitas e tudo de memória”.

Figura 2
Guillaume Schmidt (Patta) e Regillio Benjamin.

Entrevista com Guillaume Schmidt do Patta e Regillio Benjamin Sobre sua Colaboração

A colaboração começou no Outsider Art Studio. O proprietário/diretor de marketing Guillaume Schmidt e o designer gráfico Vincent van de Waal logo se vincularam com os artistas Regillio Benjamin (RB) e Desmond Tjon a Koy (DT). A ligação foi baseada na estética, mas também em interesses comuns, como a corrida (RB), a música (DT) e as bases culturais compartilhadas. Tanto DT quanto GS são fãs do mesmo artista de rap underground americano: MC Eiht. Eles concordaram em fazer um desenho de MC Eiht que seria impresso em camisetas. GS: “Achamos Desmond interessante porque MC Eiht não é um artista famoso como Tupac (rapper americano Tupac Shakur-JV). Além disso, vimos do que ele era capaz; ele faz um trabalho fantástico, queríamos colaborar com ele”.

O trabalho de Regillio também será usado para impressão em camiseta. GS: “Regillio tem formação em esportes e traduz esse conhecimento sobre atletismo em cores. [...] O Desmond sabe o que está fazendo e nós pouco o orientamos. Com Regillio, somos um pouco mais diretivos; orientamos com que ele fizesse várias pinturas de sua ideia, quais cores funcionariam, que formas ele gosta”.

RB: “Eles escolheram trabalhar comigo por causa das minhas combinações de cores. Quando você vê minhas pinturas, isso realmente se destaca. Mostrei alguns dos meus quadros e eles gostaram muito. Quando me pediram para trabalhar com eles, eu fiquei muito contente, eu tinha que pensar um pouco, mas daí fiquei bem”.

Para RB é muito importante que a escolha de qual pintura será usada para a camiseta seja feita em conjunto, preservando sua liberdade artística: “Eu sou um artista, eles me deixam livre na minha maneira de pensar. Não me dizem o que fazer. Eu gosto de trabalhar com eles, se não gostasse, eu sairia. Nós escolhemos juntos qual pintura será usada”.

Foi combinado que GS iria toda terça-feira para falar com os artistas e acompanhar seu processo. Tudo isso é feito de maneira informal, com menor direção e maior conexão. GS: “É sobre coisas pessoais. RB é surinamês, eu sou surinamês; há muitas semelhanças, na comida, na música que ele ouve, onde ele esteve no Suriname. Com DT, eu compartilho o amor pela música”. Quando GS entra, ele fala com quase todos os artistas que estão trabalhando naquele momento. GS: “Eu estou disponível para Regillio, Desmond e Osmel, mas enquanto isso eu também tenho conversas com alguns outros artistas. Você se torna uma pessoa familiar (no estúdio)”.

Depois de alguns meses (às vezes interrompidos por medidas da COVID-19), os artistas outsiders RB e DT visitaram a loja Patta e o estúdio, onde o trabalho é fotografado para imprimir nas camisetas. Essa visita ajudou a tornar o processo de produção menos abstrato. RB disse que Patta tinha explicado tudo, mas havia muita informação para processar.

F: “Eles aprenderam algo um com o outro?”

Todos os envolvidos relataram que aprenderam uns com os outros. RB: “Eu aprendo algo diferente. Isso é bom para mim. Aprendo com Patta, eles aprendem comigo, nós aprendemos uns com os outros. [...] Eles não me rotulam com ‘isto não é bom’, eles apenas olham e dizem que é bonito. Isso me dá autoconfiança”.

GS: “Eu aprendo a cada momento. Sobre honestidade, abertura. Sobre a importância de fazer acordos e como isso é importante. Essa responsabilidade vem dos dois lados. Eu aprendo sobre ter paciência”.

Com relação às expectativas, em termos de apresentação e ganho financeiro, RB disse: “As camisetas serão vendidas, serão impressas 1.000 peças, eu acho. Em todas as lojas (Patta), em todo o mundo. Eu gostaria que o meu design estivesse em suas lojas. É uma parte de mim, meu trabalho está nele, vou me orgulhar disso”.

GS: “Haverá uma data de lançamento e vamos mostrar as obras de arte (e camisetas impressas) na loja ou em um espaço pop-up. [...] Vamos fazer um vínculo com o plano de projeto de JH. Vamos organizar entrevistas com os rapazes. [...] As camisetas serão vendidas por cerca de 40 €.”

O que mais se destaca na entrevista com a RB é o orgulho e a confiança adquiridos nessa colaboração. O que é importante para ele é ser valorizado e respeitado na sua integridade artística e nas suas próprias decisões. Ele é positivo e gostaria de continuar a colaboração. O RB tem muitas perguntas, especialmente sobre o lado empresarial do projeto: produção e venda, consequências legais e financeiras, mas também em relação à comunicação. Às vezes, sentia-se inseguro quando a regularidade de suas sessões em conjunto era interrompida devido às medidas sanitárias (COVID-19). Ficava chateado quando o GS não podia comparecer.

Bonne Suits com Sijtse Keur e Norbert de Jong: Uma Forma de Criatividade Pura

O designer Bonne Reijn (Amsterdã, 1990) sempre quis criar roupas que pudessem ser usadas por qualquer pessoa em qualquer ocasião. Por essa razão, criou Bonne Suits: ternos unissex de duas peças (calças e jaqueta). Seus ternos são usados em todos os lugares por qualquer pessoa: jovens, idosos, homens, mulheres, não binários, punks, empresários, donas de casa, rappers, intelectuais, etc. A irmã deficiente de Bonne faz música e ele notou que sua capacidade criativa não foi limitada por sua deficiência física e intelectual. “A criatividade está em todos e não deveria se restringir à elite, é por isso que estou animado com a Outsiderwear”.

Sijtse Keur (Amsterdã, 1951) é um legítimo Amsterdammer. A pintura é o seu grande amor. “Primeiro pinto e depois risco com a parte de trás do lápis na tela. Daí surge algo, não sei de antemão o que vai sair. Espero que as pessoas sintam o que eu sinto na minha pintura, pois ela vem do coração” (Fig. 3).

Norbert de Jong (Heerlen, 1965) também é um pintor autodidata. Seu trabalho é expressivo e figurativo. Pessoas, animais e prédios compartilham espaço em composições coloridas, curvilíneas e lúdicas.

Figura 3
Sijtse Keur.

Para a entrevista, falei em separado com Norbert de Jong (NJ) e Sijtse Keur (SK). Entrevistei Bonne (B) e seu estagiário Daan conjuntamente.

Para Bonne da Bonne Suits, o processo de seleção foi fácil. B: “Ou dá liga ou não dá. Temos um certo número de ternos disponíveis. Todo mundo que quiser pode começar. Eu não preciso selecionar”.

Depois de consultar os artistas outsiders, tanto SK quanto NJ se interessaram em participar do projeto. Como Bonne é muito ocupado com seus negócios, mas queria participar, ele delegou a maior parte do trabalho prático para Daan, seu estagiário. Daan vinha trabalhar com SK e NJ a cada duas semanas e às vezes Bonne também conseguia estar presente, assistir ao processo e conversar com os artistas. Eles receberam ternos brancos de algodão sobre os quais poderiam pintar com tinta têxtil. Poucas instruções foram dadas. Eles foram encorajados a trabalhar de seu próprio jeito.

Sobre o processo artístico, Bonne disse: “Vai muito bem. [...] Não há dúvida sobre como vai ficar, porque eles já entraram numa espécie de modo artístico. Eu gosto disso. Eles simplesmente trabalham e você não precisa falar sobre o conteúdo. Isso fica por conta dos artistas. Eu valorizo as pessoas com quem colaboro. [...] Eu dei dois ternos brancos a SK e NJ e eles já estão cheios de imagens que estão em suas cabeças. Para mim isso é uma forma de pura criatividade”.

As reuniões com Daan geralmente consistiam de conversas amigáveis e alguns conselhos sobre o material e como proceder com cores ou formas. Para SK isso funcionou bem, NJ, no entanto, era um pouco inseguro e precisava de alguma orientação. NJ: “Eles dizem o que é bom e o que poderia ficar melhor. Dão conselhos; como ‘pinte figuras maiores ou menores’. Valorizo os conselhos, aprendo com ele. [...] Às vezes eu não presto atenção em alguma coisa na pintura e eles percebem. Ainda tenho que entender se é melhor misturar a tinta com aguarrás ou com água. Eu tentei ambos e deu certo. Daan vai trazer terebintina sem cheiro. Eu não sei exatamente qual é a vantagem da terebintina”.

SK confia mais em si mesmo: “Eu sempre limpo meus pincéis com água, caso contrário eles desmancham. Ele disse para usar terebintina, mas eu faço do meu jeito!”

Ambas as partes falam sobre como o processo se desenvolve e sobre possíveis obstáculos. Bonne e Daan relatam que estão bastante satisfeitos e veem muitos progressos. BH: “Com NJ, eu tive a sensação de que ele estava um pouco travado, mas ele perseverou e o trabalho ficou lindo. Ele estava muito mais relaxado da última vez que o vi. Eu acho que ele aprendeu a deixar fluir”. SK não funciona muito bem sob pressão, porque ele fica estressado: “Daan me perguntou: ‘Você gostaria de pintar outro terno?’, ‘He he’, pensei. [...] ‘Primeiro este e depois veremos. Não deve ser uma rapidinha, isso me deixa nervoso!’”.

É interessante entender suas opiniões sobre o valor financeiro dos resultados finais. SK e NJ passaram muitas horas pintando os ternos. Consideram seu trabalho como arte e isso deve ser levado em conta no preço. NJ: “Eu não sei, talvez 6.000 a 7.000 €. Mas talvez isso seja muito caro. Difícil dizer. É uma obra de arte.” SK: “Na minha opinião, este terno não pode ser vendido por 150 €. Há muito trabalho nele. Este terno é impagável. Há somente um único como ele”. Para Bonne como colocar o preço depende do contexto, o princípio-base da sua marca é tornar o preço acessível a todos, portanto ele não quer cobrar caro.

“Depende de como se organiza. Um terno Bonne normal custa € 225. Podemos vender esses ternos por € 250 ou € 300. Mas se nós exibirmos os ternos lindamente numa galeria de renome, dentro do circuito de galeria, orientando sobre como colocar a moldura, explicando realmente sobre o valor deste projeto e mostrando que tipo de artistas esses outsiders são e o que eles são capazes de criar, daí pode-se colocar um preço nesses ternos entre € 500 e € 1000. Porque se tratam de telas pintadas. Também depende do que a organização vai fazer com isso. Eles vão convidar um público amante da arte ou um público de moda? Isso realmente depende do tipo de pessoas que vêm”.

Analisando as Entrevistas

Ao entrevistar esses profissionais criativos e artistas outsiders, deparei-me com muitas ideias, opiniões e expectativas diferentes. Por um lado, há grande unanimidade quanto ao valor da liberdade artística, do empenho e da responsabilidade. Ambas as partes se levam a sério, o que para mim, junto com entusiasmo e criatividade sem fim, é uma das condições mais importantes para que um projeto como este seja bem-sucedido.

Por outro lado, também apareceram as visões contrárias, na maior parte relacionadas ao valor financeiro do produto final. Os obstáculos que os artistas outsiders mencionaram tinham a ver com os produtos finais, onde seriam expostos e o que receberiam pelo seu trabalho.

Há uma diferença nas perspectivas entre os artistas outsiders e os criativos. Para os criativos, o sentido de se comprometer com o projeto estava relacionado ao panorama geral e à possibilidade de contar uma história. Trabalhar com os outsiders se encaixa nos seus valores centrais. É bom para a imagem de ambas as partes: artistas outsiders e as marcas de moda. “Bonne Suits são para todos e, portanto, Outsiderwear se enquadra muito bem com a nossa marca. Mostramos que fazemos projetos com outsiders. É benéfico para nós, grande marketing”.

Quando questionados sobre a colaboração, todos os artistas outsiders foram muito positivos. Valorizam os momentos de contato frequente e o novo input. O projeto ampliou o seu mundo um pouco. Os artistas outsiders também se beneficiaram ao se juntarem ao projeto. Sua perspectiva focaliza prioritariamente no seu desenvolvimento pessoal. A maioria relatou que aprendeu algo de novo. NJ: “Pintar em tecido é bem difícil, requer muita capacidade. Talvez eu possa usar essas habilidades no meu próprio trabalho. Talvez eu receba pedidos para fazer mais roupas”. Rdg: “Eu aprendi coisas novas com ele. Fazendo os anéis e gravando. Eu gostaria de fazer isso eu mesmo. Eu gostaria de gravar um abajur de prata”.

Renda, orgulho, dignidade, fama também são razões importantes para participar. SK: “Talvez eles possam vender o terno num leilão, que vai levantar mais dinheiro. Eu não estou fazendo isso por nada. [...] Sucesso, é por isso que eu estou fazendo isso. Não para ser famoso. Mas mais reconhecimento para mim”. RB: “Eu gostaria se meu design estivesse na loja deles. É uma parte de mim, meu trabalho está nele, eu ficaria orgulhoso”.

Para alguns, há um lado fantasioso em sua participação. Rdg: “Espero por um milagre causado pelas coisas que fiz com BF. Que terá poderes mágicos. Que os anéis possam ir para um museu e que as pessoas comecem a pensar muito bem e não façam coisas erradas depois de terem visto os anéis. [...] Salvar pessoas”.

Outra questão é a concretude do trabalho conjunto. O que seria colaboração na visão deles e como ela (melhor) funcionaria? As duas marcas (Patta e Bonne Suits) estão acostumadas a trabalhar em conjunto com todo tipo de pessoas criativas. GS: “Quando eu colaboro com as pessoas, eu sempre espero que dê um clique, isso torna a colaboração agradável”. Bonne fala sobre se adaptar a diferentes esquemas de colaboração: “Trabalhamos com todo tipo de pessoas. Algumas são mais inseguras; algumas seguem horários próprios”.

Para os criativos, não havia muita diferença entre trabalhar com artistas outsiders ou com outras pessoas, no que diz respeito à criatividade. Mas eles tiveram que se adaptar à necessidade de estrutura e proximidade que a maioria dos artistas outsiders requer. BF foi cuidadoso no modo de se relacionar com Rudy: “É um pouco como trabalhar com uma criança. Você diz como, quando e de que forma. Você tem de ser muito sensível para não ser aquele que diz faça isso e faça aquilo. Para igualar a situação”.

A mediação dos facilitadores de arte era indispensável, muitas vezes. Eles buscam um equilíbrio sensível para evitar se tornar superprotetora. Os facilitadores asseguraram uma continuação suave e intervieram sempre que houve mal-entendidos ou obstáculos. Bonne ressaltou que os resultados foram melhores com os facilitadores de arte.

A colaboração entre uma organização de saúde e uma iniciativa criativa é relativamente nova. Enquanto os criativos estão acostumados a flexibilidade e tomada rápida de decisões, uma organização de saúde é grande e menos versátil. Tem de lidar com a administração pública e é muito consciente e criteriosa das questões jurídicas, financeiras e de privacidade. Muitos problemas foram resolvidos ao longo do caminho, e alguns dos artistas outsiders relataram que às vezes se sentiam sobrecarregados com informações ou não tinham certeza do que era esperado deles. A comunicação clara é uma questão importante para os artistas outsiders. Que condições são necessárias para que um projeto como esse seja bem-sucedido? Tanto Patta quanto Bonne Suits mencionam tempo e compromisso como as condições mais importantes. Bonne também destaca orçamento e estrutura (organização).

Conclusão

Minha conclusão é que o Outsiderwear foi um sucesso, primordialmente, por causa do entusiasmo, do comprometimento e da criatividade de todos os participantes. Neste artigo, eu ofereci um insight sobre como se compreende a arte outsider na Holanda em geral e, especificamente, como trabalhamos com um grupo singular de artistas outsiders: pessoas com distúrbios mentais e deficiências de aprendizagem. Focalizei um projeto em particular no qual participava a instituição onde trabalho, devido ao interesse atual da política, cultura e sociedade em encontrar modos de promover a inclusão.

Mas o que significa a inclusão na vida real, numa situação concreta? Quais são os obstáculos e o que podemos aprender? Eu considero que este projeto pode ser um excelente exemplo que nos mostra como a inclusão pode funcionar. Mesmo que continuem a existir muitas questões a serem trabalhadas, ainda assim considero que este projeto nos apresenta esperança. Mostra que uma nova geração de jovens criativos está disposta a sair de seu ambiente familiar para trabalhar com pessoas consideradas diferentes. Estou encantada com a seriedade dos participantes, seu entusiasmo e sua ausência de preconceitos, mostrando que a criatividade é uma linguagem universal que nos auxilia a interromper nossa tendência a rigidamente rotular as pessoas.

Agradecimentos

À Lucia Reily, Rudy de Gruyl e Benedikt Fischer, Guillaume Schmidt, Regillio Benjamin e Desmond Tjon A Koy, Bonne Reijn, Sijtse Keur e Norbert de Jong.

  • 1
    Cordaan é uma grande organização de saúde que oferece variados serviços de apoio para pessoas com deficiências e necessidades especiais.
  • 2
    Todos os participantes concordaram com a entrevista e também em serem citados neste artigo.
  • 3
    Osmel Herman (Curaçao, 1974) juntou-se à colaboração em uma data posterior. Ele faz pinturas e desenhos coloridos sobre Curaçao, a ilha onde nasceu. Ele também pinta sobre roupas e se uniu à colaboração com Patta por sua própria iniciativa, depois de mostrar-lhes suas roupas pintadas. “Pintar me faz pacífico e feliz”.
  • Financiamento

    Não aplicável.
  • Número temático organizado por: Lucia Reily e Selma Machado Simão
  • Tradução por: Lucia Reily

REFERÊNCIAS

  • BLOOS, A. Including outsider art: An ethnography of the revision process of the collection presentation of Museum Dr. Guislaind during spring 2019. 2019. Thesis (Master’s in Art, Culture and Society) – Erasmus University Rotterdam, Rotterdam, 2019.
  • GRONERT, F. Atelier Herenplaats, un taller extraordinario. Arteterapia: Papeles de arteterapia y educación artística para la inclusión social, Madrid, v. 5, p. 41-48, 2010.
  • MACGREGOR, J. The discovery of the art of the insane Princeton: Princeton University Press, 1989.
  • PRINZHORN, H. Bildnerei der Geisteskranken: Ein Beitrag zur Psychologie und Psychopathologie der Gestaltung. Berlin: Springer, 1922.
  • RHODES, C. Outsider art: spontaneous alternatives. London: Thames & Hudson, 2000.
  • VAN DER ENDT, N. Glossary Available in: www.galeriehamer.nl Access in: 20 Apr. 2021.
    » www.galeriehamer.nl

Editoras Associadas:

Elizabeth dos Santos Braga e Silvia Cordeiro Nassif

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2022

Histórico

  • Recebido
    06 Maio 2020
  • Aceito
    11 Dez 2021
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