Resumos
Os autores descrevem um vaporizador de éter para ratos, artesanalmente construído, com o objetivo de se estabelecer um plano anestésico com fluxo contínuo e homogêneo em cirurgia experimental. O vaporizador é constituído de um compressor de ar para aquários, tubo de ensaio, equipos e válvulas, e outros materiais descartáveis de uso doméstico. As vantagens deste aparelho são a facilidade de manutenção do animal em plano anestésico, com redução da perda de anestésico para o ambiente, redução do gasto de anestésico e seu baixo custo e a possibilidade de mensuração do consumo de anestésico.
Anestesia; Cirurgia experimental; Ratos; Nebuladores; Home made
The authors have described a homemade ether vaporizer to be used in small rodents' anesthesia. The device was built whith hospital material and products bought in aquarium supply stores. The advantages are: maintenance of anestesic level without successive induction, lower ether consumption, less environmental pollution and increased cost-effectiveness.
Anesthesia; Experimental surgery; Rats; Home made
11 - ARTIGO ORIGINAL
VAPORIZADOR DE ÉTER PARA CIRURGIA
EXPERIMENTAL EM RATOS1 1 Trabalho realizado no Laboratório de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá - Maringá - Paraná. 2 Professor auxiliar da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo e Gastroenterologia do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá. 3 Farmacêutico pela Universidade Federal do Maranhão. 4 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá 5 Professor Titular do Departamento de Biologia Celular da Universidade Estadual de Maringá.
Fernando de Souza2 1 Trabalho realizado no Laboratório de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá - Maringá - Paraná. 2 Professor auxiliar da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo e Gastroenterologia do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá. 3 Farmacêutico pela Universidade Federal do Maranhão. 4 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá 5 Professor Titular do Departamento de Biologia Celular da Universidade Estadual de Maringá.
Antonio Marcos de Andrade Paes3 1 Trabalho realizado no Laboratório de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá - Maringá - Paraná. 2 Professor auxiliar da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo e Gastroenterologia do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá. 3 Farmacêutico pela Universidade Federal do Maranhão. 4 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá 5 Professor Titular do Departamento de Biologia Celular da Universidade Estadual de Maringá.
Helvércio Fernando Polsaque Alves4 1 Trabalho realizado no Laboratório de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá - Maringá - Paraná. 2 Professor auxiliar da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo e Gastroenterologia do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá. 3 Farmacêutico pela Universidade Federal do Maranhão. 4 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá 5 Professor Titular do Departamento de Biologia Celular da Universidade Estadual de Maringá.
Fernando Jorge Siroti4 1 Trabalho realizado no Laboratório de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá - Maringá - Paraná. 2 Professor auxiliar da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo e Gastroenterologia do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá. 3 Farmacêutico pela Universidade Federal do Maranhão. 4 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá 5 Professor Titular do Departamento de Biologia Celular da Universidade Estadual de Maringá.
Paulo Cézar de Freitas Mathias5 1 Trabalho realizado no Laboratório de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá - Maringá - Paraná. 2 Professor auxiliar da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo e Gastroenterologia do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá. 3 Farmacêutico pela Universidade Federal do Maranhão. 4 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Estadual de Maringá 5 Professor Titular do Departamento de Biologia Celular da Universidade Estadual de Maringá.
SOUZA, F.; PAES, A.M.A; ALVES, H.F.P.; SIROTI, F.J.; MATHIAS, P.C.F. - Vaporizador de éter para cirurgia experimental em ratos. Acta. Cir. Bras. 12(4):270-2, 1997.
RESUMO: Os autores descrevem um vaporizador de éter para ratos, artesanalmente construído, com o objetivo de se estabelecer um plano anestésico com fluxo contínuo e homogêneo em cirurgia experimental. O vaporizador é constituído de um compressor de ar para aquários, tubo de ensaio, equipos e válvulas, e outros materiais descartáveis de uso doméstico. As vantagens deste aparelho são a facilidade de manutenção do animal em plano anestésico, com redução da perda de anestésico para o ambiente, redução do gasto de anestésico e seu baixo custo e a possibilidade de mensuração do consumo de anestésico.
DESCRITORES: Anestesia. Cirurgia experimental. Rtos. Nebuladores. Home made.
INTRODUÇÃO
No laboratório de cirurgia experimental, depara-se com certas dificuldades em anestesia para pequenos roedores, onde habitualmente utiliza-se o éter sob campânula, com todas as suas desvantagens5. Com o objetivo de obter-se anestesia mais segura e controlada, os autores construíram um vaporizador eficiente e de baixo custo7.
Pode ser utilizado , neste vaporizador, quaisquer anestésicos voláteis, com controle satisfatório de administração.
MÉTODO
Descrição do vaporizador
Utiliza-se um compressor de ar (BrasilR), cujo orifício de saída é conectado a um equipo de soro, e este, conectado a uma válvula de metal reguladora de fluxo. Nesta válvula, conecta-se outro segmento de equipo, cuja ponta é posicionada no nível mais profundo do tubo de ensaio (PirexR) com 20 cm3 de capacidade. Este tubo de ensaio é selado com uma vedação de borracha. Também inserido nesta vedação, outro segmento de equipo é posicionado ao nível da metade superior do mesmo tubo de ensaio e então conectado a outra válvula de metal reguladora de fluxo. Desta última válvula, mais outro segmento de equipo é conectado em uma campânula de plástico, medindo 6.0 x 4,0 x 2,5 cm, por um orifício na sua base. Esta campânula é toda fenestrada por pequenos orifícios de 0,3 cm de diâmetro que permite a inalação do anestésico e a respiração do animal.
O compressor de ar deve ser mantido sobre uma esponja (3MR), para se evitar a vibração causada pelo mesmo. Todo o sistema é suportado por uma plataforma de madeira (figuras 1 e 2).
O compressor de ar pode ser obtido em lojas comerciais especializadas em aquários para peixes. Os equipos e válvulas podem ser obtidos em lojas comerciais especializadas em material médico-hospitalar. A esponja pode ser obtida em lojas comerciais. A campânula pode ser obtida improvisando-se um recipiente de plástico descartável.
Funcionamento do Sistema
O compressor de ar faz com que ocorra um constante fluxo inalatório de anestésico. A vaporização é efetiva mediante o borbulhamento do anestésico observado no tubo de ensaio. O anestésico é conduzido até a campânula para ser inalada pelo animal. As válvulas controlam o fluxo do sistema e, portanto, a quantidade de anestésico inalado.
Técnica de Anestesia
Foram submetidos a operações de vagotomia subdiafragmática, 36 ratos de linhagem Wistar, pesando entre 80 e 300 g. A indução anestésica foi realizada em câmara plástica de 4 litros de capacidade, com 6 ml de éter etílico embebido em algodão. Após a perda dos reflexos, o animal foi posicionado na plataforma de operações. O animal foi imobilizado por fixação dos quatro membros, em decúbito dorsal, para então adaptar-se a campânula à cabeça do animal 6. Pela intensidade de borbulhamento do anestésico dentro do tubo de ensaio, pôde-se controlar, pelas válvulas reguladoras, o plano anestésico desejado. Poderia-se superficializar ou aprofundar o procedimento anestésico de acordo com a necessidade durante o ato operatório 2.
Foram avaliados durante a utilização deste vaporizador, a comodidade de manuseio do aparelho, a manutenção do plano anestésico, a segurança e estabilidade do animal durante o ato operatório, a comodidade de trabalho para o cirurgião, a recuperação pós-anestésica, volume de anestésico consumido e o índice de complicações.
A intensidade de anestesia pôde ser controlada com o ajuste das válvulas, o que foi obtido com a experiência de manuseio do aparelho. Os parâmetros utilizados para a adequação do plano anestésico foram: o nível dos reflexos à dor por parte do animal, a freqüência respiratória e a intensidade de bobulhamento dentro do tubo de ensaio.
Em relação à freqüência respiratória, a manutenção ideal esteve entre 80 e 100 movimentos respiratórios por minuto, utilizando-se apenas a musculatura torácica, evitando-se o aprofundamento do plano (freqüência respiratória abaixo de 80) ou a superficialização do plano anestésico (freqüência respiratória acima de 100 e utilizando-se de musculatura abdominal para respirar) 2.
Em relação ao borbulhamento dentro do tubo de ensaio, foi quantificado com a observação durante o ato operatório, adquirida com a experiência em utilizar-se o aparelho.
RESULTADOS
O tempo médio de anestesia foi de 40 minutos (30 a 50 minutos) e o de operação foi de 30 minutos (20 a 40 minutos). Observou-se facilidade de manuseio do aparelho e de manutenção de plano anestésico. O animal se expõe muito menos ao risco de excesso de anestésico, sem o risco de uma superficialização durante o ato operatório. Vinte minutos após o final do ato anestésico, o animal iniciou a deambulação. A média de consumo de anestésico foi de 4 ml/100g de peso/hora de éter etílico.
No primeiro ato operatório houve um óbito devido a insuficiência respiratória, causada pelo excesso de anestésico. Isto ocorreu devido a não adequação da intensidade de vaporização no ajuste das válvulas, o que foi resolvido nos atos operatórios subseqüentes.
DISCUSSÃO
O principais objetivos de se construir, artesanalmente, um vaporizador de anestésicos em cirurgia experimental, foram: a necessidade de se controlar mais efetivamente o plano anestésico e não comprometer-se com equipamentos onerosos para o laboratório. A labilidade inicial do animal durante o procedimento anestésico é uma das maiores preocupações existentes no ato operatório. Com a padronização e experiência com o uso deste aparelho, tornou-se mais cômodo e seguro o controle do plano anestésico. As vantagens deste vaporizador são: custo de confecção baixo, R$25,00; não há necessidade de repetidas induções anestésicas; possibilidade de mensuração de consumo do anestésico por procedimento; possibilidade de utilização de outros anestésicos voláteis e, também, possibilidade de utilização em outras espécies de animais, respeitando-se a adequação de dosagem e resposta ao tipo de anestesia.
As desvantagens deste vaporizador são relacionadas às desvantagens de anestesia inalatória com o éter etílico e a necessidade de se adquirir experiência com o aparelho para monitorização visual do animal, durante o ato anestésico.
CONCLUSÃO
Este modelo de vaporizador experimental é de fácil confecção, baixo custo, com relativa facilidade de manuseio, promove a redução do nível de poluição do ambiente, proporciona economia no uso do anestésico e possibilita a permanência dos animais em plano anestésico adequado na maioria dos procedimentos experimentais.
SOUZA, F.; PAES, A.M.A; ALVES, H.F.P.; SIROTI, F.J.; MATHIAS, P.C.F. - Vaporizador de éter para cirurgia experimental em ratos. Acta. Cir. Bras. 12(4):270-2, 1997.
SUMMARY: The authors have described a homemade ether vaporizer to be used in small rodents' anesthesia. The device was built whith hospital material and products bought in aquarium supply stores. The advantages are: maintenance of anestesic level without successive induction, lower ether consumption, less environmental pollution and increased cost-effectiveness.
SUBJECT HEADINGS: Anesthesia. Experimental surgery. Rats. Home made.
Endereço para correspondência:
Dr. Fernando de Souza
Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 1888 Z. 05
CEP: 87015-000 - Maringá - Paraná - Brasil.
Data do recebimento: 15.05.97
Data da revisão: 18.06.97
Data da aprovação: 16.07.97
- 1. ABRĂO, J.; SILVA, V.J.D.; REIS, L.C.; FAGUNDES, D.J. - Proposiçăo de um laringoscópio artesanal para intubaçăo traqueal em ratos. Acta Cir. Bras., 9(3):136-41, 1994.
- 2. BRITO, M.V.H.; BRITO, N.M.B.; ALMEIDA, A.J.B.; SANTOS, M.R.L.C. - Vaporizador artesanal de éter para cirurgia experimental em pequenos roedores. In: Congresso Brasileiro de Cirurgia, 21o Congresso Latino Americano, 11. Săo Paulo, setembro de 1995. Anais Săo Paulo, Felac, 1995. p.159 [Resumo,003]
- 3. GOFFI, F.S. - Técnica cirúrgica: Bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas de cirurgia. 2.ed. Rio de Janeiro, Livraria Atheneu, 1980. 974p.
- 4. LEE, D.K.; ATHAYDE, F.C.O.; VOTTO, L.G.; IROGOYEN, M.C.; PANDIKOW, H.A. - Protocolo para anestesia experimental em ratos. In: Salăo de iniciaçăo científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 4, Porto Alegre, 1992. Anais vol. 2, p. 150.
- 5. LEE, D.K.; TERRAZAS, R.G.; VOTTO, L.G.; PANDIKOW, H.A. - Técnica de induçăo inalatória em ratos: estudo comparativo. Acta Cir. Bras., 9 (1): 34-7, 1994.
- 6. LUCA, R.R.; ALEXANDRE, S.R.; MARQUES, T.; SOUZA, N.L. MOUSSE, J. L. B.; NEVES, P. - Manual para técnicos em bioterismo. 2.ed. Săo Paulo, Winner Graph, 1996. 259p.
- 7. WAINFORTH, H.B.; FLECKNELL, P.A. - Experimental and surgical technique in the rat. 2.ed. London, Academic Press, 1992. 382p.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
31 Maio 2001 -
Data do Fascículo
Dez 1997
Histórico
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Aceito
16 Jul 1997 -
Revisado
18 Jun 1997 -
Recebido
15 Maio 1997