Acessibilidade / Reportar erro

Propriedades psicométricas da versão turca da escala Tuberculosis-Related Stigma

Propiedades psicométricas versión turca de la escala Tuberculosis-Related Stigma

Resumo

Objetivo

O objetivo deste estudo foi investigar a validade e confiabilidade da escala Tuberculosis-Related Stigma.

Métodos

Estudo metodológico com 263 indivíduos não diagnosticados com tuberculose pulmonar. Também foi utilizada a análise de correlação de Pearson, o coeficiente alfa de Cronbach, correlação item total e análise fatorial dos dados do estudo.

Resultados

Neste estudo, o coeficiente alfa de Cronbach foi 0,83 para a subescala perspectivas da comunidade e 0,89 para a subescala perspectivas dos pacientes. O RMSEA foi 0,077, NFI: 0,91, CFI: 0,94, RMR: 0,056, SRM: 0,079, GFI: 0,95, AGFI: 0,94, x2: 582,84, DP: 228 e x2/SD: 2,55 (p=0,000). Claramente, todos os índices de ajuste do modelo foram aceitáveis.

Conclusão

À luz dos resultados, a versão turca da escala Tuberculosis-Related Stigma tem validade e confiabilidade aceitáveis para uso na população turca.

Tuberculose; Estigmatização; Estigma da escala de tuberculose; Confiabilidade e validade

Resumen

Objetivo

El objetivo de este estudio fue investigar la validez y confiabilidad de la escala Tuberculosis-Related Stigma.

Métodos

Estudio metodológico con 263 sujetos no diagnosticados con tuberculosis pulmonar. También se utilizó el análisis de correlación de Pearson, el coeficiente alfa de Cronbach, correlación ítem total y análisis factorial de los datos del estudio.

Resultados

En este estudio, el coeficiente alfa de Cronbach fue del 0,83 para las perspectivas de la subescala de la comunidad y del 0,89 para las perspectivas de la subescala de pacientes. El RMSEA fue del 0,077, NFI: 0,91, CFI: 0,94, RMR: 0,056, SRM: 0,079, GFI: 0,95, AGFI: 0,94, x2: 582,84, DP: 228 y x2 / SD: 2,55 (p = 0,000). Claramente, todos los índices de ajuste del modelo fueron aceptables.

Conclusión

Conforme los resultados, la versión turca de la escala Tuberculosis-Related Stigma es confiable y posee validez aceptable para su uso en la población turca.

Tuberculosis; Estigmatización; Estigma de la escala de tuberculosis; Reproducibilidad de los resultados

Abstract

Objective

The aim of this study was to investigate the validity and reliability of the Turkish “Tuberculosis-Related Stigma Scale”.

Methods

This study used methodological design. This methodological study was conducted with 263 with individuals who not being diagnosed as pulmonary tuberculosis. We also used Pearson correlation analysis, Cronbach alpha coefficient, item total correlation and factor analysis for the study data.

Results

In this study, Cronbach’s alpha coefficient was .83 for the subscale community perspectives and .89 for the subscale patient perspectives. RMSEA was 0.077, NFI was 0.91, CFI was 0.94, RMR was 0.056, SRM was 0.079, GFI was 0.95, AGFI was 0.94, x2 was 582.84, SD was 228 and x2/SD was 2.55 (p= 0.000). Clearly, all model fit indices were acceptable.

Conclusion

In the light of the findings, Turkish version of Tuberculosis-Related Stigma Scale has acceptable validity and reliability for use in Turkish population.

Tuberculosis; Stigmatization; Stigma of tuberculosis scale; Reliability and validity

Introdução

A tuberculose é a segunda doença infecciosa que mais causa morte em adultos no mundo, atrás apenas do HIV/AIDS, e continua a ser um importante problema de saúde pública.(11. Acikel YG, Pakyuz CS. Evaluating the stigma on patients with tuberculosis. J Florence Nightingale Nurs.2015; 23(2):136–45.,22. Kilicaslan Z. Tuberculosais in the World and Turkey. J Antimicrob Chemother. 2007;21(2):76–80.) Segundo o Relatório Global de Tuberculose da Organização Mundial da Saúde, em 2017 havia 10,4 milhões de pacientes com tuberculose no mundo. Quarenta e cinco por cento dos casos de tuberculose estão localizados no Sudeste Asiático, 25% na África e 17% na região do Pacífico Ocidental. Menores proporções de casos ocorreram na região do Mediterrâneo Oriental (7%), Europa (3%) e Américas (3%).(33. World Health Organization (WHO) (Internet). Global Tuberculosis Report 2017. Geneva: WHO; 2017. [cited 2018 Jun 6]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/259366/9789241565516-eng.pdf?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
) De acordo com relatório sobre a erradicação da tuberculose na Turquia publicado em 2017, foram registrados 12.772 pacientes com tuberculose em centros de erradicação da tuberculose. A incidência da doença foi de 22/100.000 habitantes na Turquia em 2010, mas diminuiu para 15,4/100.000 em 2015.(44. Republic of Turkey . Ministry of Health [Internet]. Turkey Public Health Agency of Turkey reports of tuberculosis 2017. Turkey: Ministry of Health; 2017.[cited 2018 Jun 6]. Available from: https://hsgm.saglik.gov.tr/depo/haberler/verem-savas-raporu-2016-2017/Turkiyede_Verem_Savasi_2017_Raporu.pdf
https://hsgm.saglik.gov.tr/depo/haberler...
)

Como todas as doenças crônicas, a tuberculose é um problema de saúde que afeta os aspectos físicos, psicológicos e sociais dos indivíduos.(55. Ozturk OF, Hisar F. Stigmatisation of tuberculosis patients. Int J Community Med Public Health. 2014;1(1):37–43.) Pessoas com tuberculose e suas famílias podem enfrentar atitudes e preconceitos críticos e incriminatórios.(66. Chang SH, Cataldo JK. A systematic review of global cultural variations in knowledge, attitudes and health responses to tuberculosis stigma. Int J Tuberc Lung Dis. 2014;18(2):168–73.,77. Baral SC, Karki DK, Newell JN. Causes of stigma and discrimination associated with tuberculosis in Nepal: a qualitative study. BMC Public Health. 2007;7(1):211.) Tais atitudes e preconceitos negativos resultam em seu isolamento e estigmatização pela sociedade.(55. Ozturk OF, Hisar F. Stigmatisation of tuberculosis patients. Int J Community Med Public Health. 2014;1(1):37–43.) A palavra estigma significa deformidade, marca, sinal, um estado que causa indignidade e categorização.(88. Arslan H, Konuk SD. Studying the concepts of stigma, spirituality and comfort in accordance with Meleis’ concept development process. e-J Nurs Sci Art. 2009;2(1):51-8.,99. Mak WW, Mo PK, Cheung RY, Woo J, Cheung FM, Lee D. Comparative stigma of HIV/AIDS, SARS, and tuberculosis in Hong Kong. Soc Sci Med. 2006;63(7):1912–22.) A estigmatização pode estar relacionada a questões físicas e sociais que causam sentimentos negativos. Isso pode causar o isolamento dos indivíduos das relações sociais e fazer com que se sintam marginalizados. Na verdade, a estigmatização subjacente é o preconceito, que pode levar a sociedade a desenvolver uma atitude negativa em relação a alguns grupos de pacientes e isolá-los.(11. Acikel YG, Pakyuz CS. Evaluating the stigma on patients with tuberculosis. J Florence Nightingale Nurs.2015; 23(2):136–45.,66. Chang SH, Cataldo JK. A systematic review of global cultural variations in knowledge, attitudes and health responses to tuberculosis stigma. Int J Tuberc Lung Dis. 2014;18(2):168–73.,1010. Arcêncio RA, de Almeida Crispim J, Touso MM, Popolin MP, Rodrigues LB, de Freitas IM, et al. Preliminary validation of an instrument to assess social support and tuberculosis stigma in patients’ families. Public Health Action. 2014;4(3):195–200.

11. Kipp AM, Pungrassami P, Nilmanat K, Sengupta S, Poole C, Strauss RP, et al. Socio-demographic and AIDS-related factors associated with tuberculosis stigma in southern Thailand: a quantitative, cross-sectional study of stigma among patients with TB and healthy community members. BMC Public Health. 2011;11(1):675.

12. Weiss MG, Ramakrishna J, Somma D. Health-related stigma: rethinking concepts and interventions. Psychol Health Med. 2006;11(3):277–87.
-1313. Erer OF. Tuberculosis and stigma: social perspective. Thorax Bulletin. 2014;1:54–7.)

Devido à estigmatização, as pessoas podem ter medo de perder o emprego, do divórcio, de ter conflitos conjugais, ser alvo de fofocas, de serem impedidas de compartilhar o quarto com o cônjuge e de usar alguns artigos em casa, como pratos, garfos, colheres e facas. As duas características mais importantes da tuberculose que causam a estigmatização são o fato da ser uma doença contagiosa, e de pacientes com tuberculose serem isolados da sociedade devido à sua doença. A estigmatização causada pela discriminação contra pacientes tuberculosos por pessoas ou organizações leva a sentimentos de culpa e constrangimento nos pacientes, o que afeta negativamente o comportamento de procurar ajuda médica para a doença, além da não adesão ou mesmo descontinuação do tratamento.(11. Acikel YG, Pakyuz CS. Evaluating the stigma on patients with tuberculosis. J Florence Nightingale Nurs.2015; 23(2):136–45.,66. Chang SH, Cataldo JK. A systematic review of global cultural variations in knowledge, attitudes and health responses to tuberculosis stigma. Int J Tuberc Lung Dis. 2014;18(2):168–73.,1010. Arcêncio RA, de Almeida Crispim J, Touso MM, Popolin MP, Rodrigues LB, de Freitas IM, et al. Preliminary validation of an instrument to assess social support and tuberculosis stigma in patients’ families. Public Health Action. 2014;4(3):195–200.

11. Kipp AM, Pungrassami P, Nilmanat K, Sengupta S, Poole C, Strauss RP, et al. Socio-demographic and AIDS-related factors associated with tuberculosis stigma in southern Thailand: a quantitative, cross-sectional study of stigma among patients with TB and healthy community members. BMC Public Health. 2011;11(1):675.

12. Weiss MG, Ramakrishna J, Somma D. Health-related stigma: rethinking concepts and interventions. Psychol Health Med. 2006;11(3):277–87.
-1313. Erer OF. Tuberculosis and stigma: social perspective. Thorax Bulletin. 2014;1:54–7.)

Antes de elaborar intervenções para diminuir a estigmatização contra pacientes tuberculosos, é importante determinar a extensão desse problema, os grupos de pacientes com maior risco e efeitos do problema no diagnóstico, tratamento e adesão ao tratamento.(1212. Weiss MG, Ramakrishna J, Somma D. Health-related stigma: rethinking concepts and interventions. Psychol Health Med. 2006;11(3):277–87.,1414. Courtwright A, Turner AN. Tuberculosis and stigmatization: pathways and interventions. Public Health Rep. 2010;125(125 Suppl 4):34–42.) Nesta etapa, deve ser revelado até que ponto os pacientes com tuberculose e as pessoas saudáveis em uma população têm atitudes estigmatizantes. Para tanto, é necessário utilizar um instrumento de medição válido e confiável para ambos os grupos.

Na Turquia, a estigmatização associada à tuberculose tem sido investigada por vários pesquisadores(11. Acikel YG, Pakyuz CS. Evaluating the stigma on patients with tuberculosis. J Florence Nightingale Nurs.2015; 23(2):136–45.,55. Ozturk OF, Hisar F. Stigmatisation of tuberculosis patients. Int J Community Med Public Health. 2014;1(1):37–43.) usando a escala desenvolvida por Sert (2010).(1515. Sert H. The determination of factors affecting and stigma levels in patients with tuberculosis [thesis]. Istambul: Marmara University Institute of Health Sciences; 2010.) Ozpinar et al. (2015) testaram a validade e a confiabilidade de uma escala em uma população turca e Coreil et al (2010) conduziram um estudo para revelar a estigmatização contra pacientes com tuberculose no Haiti e nos EUA.(1616. Özpınar S, Taner Ş, Yıldırım G, Mahleç Anar C, Altıparmak O, Baydur H. [Stigma of tuberculosis scale: validity and reliability]. Tuberk Toraks. 2015;63(3):192–8.,1717. Coreil J, Lauzardo M, Clayton H. Stigma and Therapy Completion for Latent Tuberculosis among Haitian-origin Patients. Fla Public Health Rev. 2010;7:32–8.)

Essas escalas usadas na Turquia, são direcionadas a revelar opiniões e sentimentos apenas de pacientes tuberculosos sobre a estigmatização associada à sua doença. No entanto, é de grande importância mostrar o que uma sociedade pensa sobre a estigmatização. Portanto, neste estudo, a escala Tuberculosis-Related Stigma, inicialmente desenvolvida por Rie et al. (2008) para medir até que ponto ambos os pacientes tuberculososos e pessoas saudáveis na Tailândia têm atitudes estigmatizantes, foi adaptada para o turco e sua validade e confiabilidade foram testadas para a população turca.(1818. Van Rie A, Sengupta S, Pungrassami P, Balthip Q, Choonuan S, Kasetjaroen Y, et al. Measuring stigma associated with tuberculosis and HIV/AIDS in southern Thailand: exploratory and confirmatory factor analyses of two new scales. Trop Med Int Health. 2008;13(1):21–30.) Esta versão da escala trará novas contribuições para a literatura. A escala foi adaptada para o México anteriormente.(1919. Moya EM, Biswas A, Chávez Baray SM, Martínez O, Lomeli B. Assessment of stigma associated with tuberculosis in Mexico. Public Health Action. 2014;4(4):226–32.)

Este estudo metodológico, direcionado à adaptação da escala Tuberculosis-Related Stigma para o turco, permitirá determinar a extensão da estigmatização em relação à tuberculose e os efeitos deste problema no diagnóstico, tratamento e adesão ao tratamento da doença em uma população turca usando uma escala válida e confiável.

Métodos

Desenho do estudo

Estudo de desenho metodológico.

Amostragem e cenário

Para realizar a análise fatorial em estudos de validade e confiabilidade, é recomendado que o tamanho da amostra seja cinco ou dez vezes o número de itens em uma escala.(22. Kilicaslan Z. Tuberculosais in the World and Turkey. J Antimicrob Chemother. 2007;21(2):76–80.0) A escala Tuberculosis-Related Stigma tem 23 itens no total, dos quais 11 são sobre perspectivas da comunidade e 12 sobre perspectivas do paciente. Portanto, 263 indivíduos foram incluídos no estudo.

Os critérios de inclusão foram aceitar participar do estudo, não ser diagnosticado com tuberculose pulmonar, idade maior ou igual a 18 anos, ser capaz de falar e ler em turco e não ter problemas auditivos ou de fala. Nenhum método de amostragem foi utilizado e os indivíduos que atenderam os critérios acima mencionados formaram a amostra.

Para fins de teste-reteste, um instrumento deve ser administrado uma segunda vez. Para análise teste-reteste, é recomendado um grupo de pelo menos 30 participantes.(2121. Aksayan S, Gozum S. Guidelines for cross cultural scale adaptation II: psychometric properties and cross cultural comparison. J Nurs Res Dev. 2003;5:3–14.) Neste estudo, a escala foi dada a 50 pessoas dispostas a participar do reteste duas semanas após a primeira administração.

Instrumento

Características demográficas

Dados sobre idade, escolaridade e estado civil foram coletados usando um formulário de características demográficas.

Escala Tuberculosis-Related Stigma

A escala Tuberculosis-Related Stigma foi criada por Van Rie et al. em 2008.(1818. Van Rie A, Sengupta S, Pungrassami P, Balthip Q, Choonuan S, Kasetjaroen Y, et al. Measuring stigma associated with tuberculosis and HIV/AIDS in southern Thailand: exploratory and confirmatory factor analyses of two new scales. Trop Med Int Health. 2008;13(1):21–30.) Ela tem duas subescalas. Uma é sobre perspectivas da comunidade sobre tuberculose (11 questões) e a outra sobre perspectivas dos pacientes sobre tuberculose (12 questões). O coeficiente alfa de Cronbach foi 0,88 para a primeira subescala e 0,82 para a segunda subescala.

Cálculo da pontuação dos padrões de estigma

1.As respostas à questão na escala foram avaliadas através de uma escala Likert de quatro pontos: (0) discordo totalmente, (1) discordo, (2) concordo e (3) concordo totalmente. Pontuação mais elevada indica níveis mais altos de estigmatização.

2.Nenhum item foi codificado inversamente.

3.Para cada subescala, as pontuações de todos os itens foram somadas para criar a pontuação resumida (SSraw).

4.Antes de comparar as pontuações nas subescalas, é necessário criar uma pontuação padronizada, pois cada subescala possui um número diferente de itens. Qualquer forma de padronização funcionará (ajustada por itens, escala de 10 pontos, etc). Escolhemos padronizar todas as pontuações para uma escala de 50 pontos usando a seguinte equação:

SS 50 = SS raw X 50 nx 3

5.Considerando que n é o número de itens na subescala sendo calculada, e 3 é o valor máximo para qualquer item na escala, as pontuações padronizadas variam de 1 a 50.

A confiabilidade do teste-reteste foi r=0,64 para as perspectivas da comunidade em relação à tuberculose (p=0,01), e r=0,46 para as perspectivas do paciente em relação à tuberculose (p=0,10).

Tradução da escala

Para elaborar a versão turca da escala Tuberculosis-Related Stigma, foram realizadas traduções em grupo, traduções reversas e avaliação de juízes especialistas. Na tradução, buscou-se a equivalência linguística com equivalência conceitual. Para alcançar a validade linguística da escala, ela foi traduzida do inglês para o turco por todos os pesquisadores e cinco linguistas. Para a opinião de especialistas, tanto em termos de tradução quanto clareza de itens, foram obtidas recomendações de cinco especialistas, a saber: um especialista em medicina interna, dois especialistas em saúde pública, dois enfermeiros e um pesquisador. Em seguida, as escalas traduzidas pelos linguistas foram comparadas com as traduzidas pelos pesquisadores. Desta forma foi obtida a versão final da escala em turco.

Coleta de dados

Os dados foram coletados em entrevistas presenciais com residentes do município de Samsun, território Atakum, Turquia, que aceitaram participar do estudo. Os dados foram coletados de janeiro a abril de 2016 pelos pesquisadores. Atakum foi selecionado para este estudo pelo alto número de pacientes com tuberculose registrados no centro de erradicação da tuberculose no norte da Turquia. As ferramentas de coleta de dados foram preenchidas em cerca de dez minutos.

Análise de dados

A estatística descritiva e as análises de confiabilidade e validade foram realizadas com o SPSS 15.0 (SPSS Inc.Chicago, IL, EUA). A análise fatorial confirmatória (AFC) foi feita usando LISREL 8.80 (Scientific Software International, Inc., Lincolnwood, IL, EUA). A análise fatorial exploratória (AFE) foi feita com a análise de componentes principais e os resultados obtidos foram avaliados com rotação varimax. A AFC foi feita com o Índice de Qualidade do Ajuste (GFI), Índice de Qualidade do Ajuste Corrigido (AGFI), Índice de Ajuste Comparativo (CFI), Erro Quadrático Médio de Aproximação (RMSEA), Raiz do Resíduo Quadrático Médio (RMR), RMR Padronizado (SRMR), Índice de Ajuste Normalizado (NFI), x2 e x2/DP.

Análise de validade

Para determinar a adequação da AFE, foi utilizada a medida de adequação de amostragem Kaiser-Meyer-Olkin (KMO). Ao usar o teste de esfericidade de Bartlett, foi determinada a significância dos coeficientes de correlação intervariáveis.(2020. Akgul A. Statistical analysis in medical research: SPSS applications (Statistical analysis techniques: using in medical research). Ankara: Emek Ofset; 2005.) A validade da escala foi testada com AFE e AFC.

Análise de confiabilidade

O alfa de Cronbach foi usado para testar a consistência interna do instrumento e de cada um dos fatores resultantes da análise fatorial. As correlações item-total do item e as correlações médias entre itens foram incluídas na análise. A análise de correlação de Pearson foi utilizada para análise das pontuações do teste-reteste e totais do item.

Consideração ética

A permissão de Annelies Van Rie (quem desenvolveu essa escala) foi solicitada por e-mail para examinar a confiabilidade e a validade da versão turca da escala. A aprovação ética foi obtida do Comitê de Ética da Universidade em 19 de maio (número de aprovação: 2015/397). Além disso, o objetivo do estudo foi explicado aos participantes, que deram seu consentimento verbal.

Resultados

Características da amostra

A média de idade dos participantes foi 35,41±14,6 anos. Do total de participantes (n=263), 65,4% eram do sexo feminino, 54,8% eram casados e 41,8% eram universitários. Além disso, 50,6% estavam desempregados, 49,8% tinham renda igual a seus gastos e 67,3% moravam na cidade (Tabela 1).

Tabela 1
Características sociodemográficas dos participantes do estudo

Estatística descritiva da escala Tuberculosis-Related Stigma: perspectivas da comunidade e do paciente em relação à tuberculose

A pontuação média foi de 16,65±6,47 para a subescala perspectivas da comunidade em relação à tuberculose e 19,51±5,87 para a subescala perspectiva do paciente em relação à tuberculose (Tabela 2).

Tabela 2
Pontuações para perspectivas da comunidade em relação à tuberculose e perspectivas do paciente em relação à tuberculose

Análise da validade

As pontuações atribuídas por seis especialistas foram avaliadas usando análise de Kendall W, e não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre seus escores (Kendall W=0,47, p=0,16). A AFE revelou um coeficiente KMO de 0,878 e o resultado do teste de Bartlett foi x22. Kilicaslan Z. Tuberculosais in the World and Turkey. J Antimicrob Chemother. 2007;21(2):76–80. = 2644,691 (p=0,000). As cargas fatoriais da escala variaram de 0,78 a 0,041. A variância total explicada foi de 43,62% (Tabela 3).

Tabela 3
Resultados das análises de confiabilidade e validade da escala Tuberculosis-Related Stigma

Os coeficientes de correlação item-total da escala variaram de 0,28 a 0,63. Os coeficientes de correlação foram maiores que 0,20 para todos os itens da escala (Tabela 3).

Após a AFA, a AFC foi usada para criar um modelo sobre a estrutura fatorial da escala. O RMSEA foi 0,077, NFI:i 0,91, CFI: 0,94, RMR: 0,056, SEM: 0,079, GFI: 0,95, AGFI: 0,94, x2: 582,84, DP: 228 e x2/DP: 2,55 (p=0,000). Claramente, todos os índices de ajuste do modelo foram aceitáveis. De acordo com o diagrama PATH obtido a partir do modelo, os valores de t para todos os itens foram superiores a 1,96 e as cargas fatoriais de todos os itens foram de 0,30 ou superiores a 0,30. O modelo sugeriu que os itens 7 e 8 com carga no fator de perspectivas da comunidade sobre tuberculose devem ser associados. Eles foram modificados de acordo com a sugestão. Como resultado do AFC, nenhum dos itens foi removido e a escala foi aceita com sua estrutura de dois fatores e 23 itens. O diagrama PATH obtido a partir do modelo é apresentado na figura 1.

Figura 1
Análise da estrutura fatorial da escala Tuberculosis-Related Stigma com o diagrama PATH

Análise de confiabilidade

O coeficiente de confiabilidade da consistência interna alfa de Cronbach total foi de 0,90 para a escala Tuberculosis-Related Stigma. Para a subescala perspectivas da comunidade em relação à tuberculose foi 0,89 e para a subescala perspectiva do paciente em relação à tuberculose foi 0,83 (Tabela 3). Na análise split-half, o Alpha de Cronbach foi de 0,82 para a primeira subescala e de 0,83 para a segunda subescala. Ambas as subescalas tiveram confiabilidade aceitável. O coeficiente de correlação entre as duas subescalas foi 0,74.

Discussão

Ao usar uma escala em um idioma diferente, espera-se que a versão adaptada tenha as mesmas características de confiabilidade e validade que sua forma original. Portanto, a validade e a confiabilidade da escala Tuberculosis-Related Stigma precisavam ser avaliadas para utlização em uma amostra turca. Os resultados do presente estudo demonstraram a validade da escala e sua confiabilidade para revelar as perspectivas da população turca sobre a estigmatização relacionada à tuberculose.

A versão turca da escala Tuberculosis-Related Stigma foi submetida a avaliação de validade de conteúdo por seis especialistas. A análise de Kendall W foi utilizada para determinar a consistência entre as avaliações dos especialistas. As opiniões dos especialistas sobre a compreensibilidade dos itens da escala não foram diferentes (Kendall W=0,47, p=0,16).

Na análise fatorial, o coeficiente KMO encontrado foi 0,887 e o resultado do teste de Bartlett foi significativo (p<0,001). Os valores da versão turca da escala foram sobrepostos aos da escala original e ficou claro que o tamanho da amostra foi adequado tanto para a análise fatorial, quanto para a análise da distribuição da homogeneidade de valores.(2020. Akgul A. Statistical analysis in medical research: SPSS applications (Statistical analysis techniques: using in medical research). Ankara: Emek Ofset; 2005.)

Na análise fatorial exploratória, a variância total da escala foi 43,62.

Em estudos no campo das ciências sociais, taxas de variância entre 40% e 60% são consideradas adequadas. Portanto, no presente estudo, a variância total explicada pela estrutura fatorial da escala foi considerada suficiente. Neste estudo, a escala demonstrou consistência interna aceitável. A análise de itens é um dos métodos utilizados para avaliar a consistência interna nas escalas adaptadas em termos de confiabilidade. Nas análises de item-total, o coeficiente aceitável para a seleção de itens deve ser maior que 0,20 ou 0,25. Na análise do item feita no presente estudo, os coeficientes de correlação da pontuação item-total variaram de 0,28 a 0,63. Como todos os itens apresentaram coeficientes de correlação item-total aceitáveis, todos foram mantidos.(1818. Van Rie A, Sengupta S, Pungrassami P, Balthip Q, Choonuan S, Kasetjaroen Y, et al. Measuring stigma associated with tuberculosis and HIV/AIDS in southern Thailand: exploratory and confirmatory factor analyses of two new scales. Trop Med Int Health. 2008;13(1):21–30.,2121. Aksayan S, Gozum S. Guidelines for cross cultural scale adaptation II: psychometric properties and cross cultural comparison. J Nurs Res Dev. 2003;5:3–14.,2222. Sencan H. Reliability and validity in social and behavioral measurements. Ankara: Seckin Publishing; 2005.)

Um dos métodos utilizados para avaliação da consistência interna é o coeficiente de confiabilidade alfa de Cronbach. Se estiver entre 0,60 e 0,79, o instrumento de medição é considerado relativamente confiável. Se estiver entre 0,80 e 1, o instrumento é considerado altamente confiável.(2020. Akgul A. Statistical analysis in medical research: SPSS applications (Statistical analysis techniques: using in medical research). Ankara: Emek Ofset; 2005.) No presente estudo, o coeficiente alfa de Cronbach encontrado foi 0,89 para a subescala de perspectivas da comunidade em relação à tuberculose. No instrumento original este valor foi 0,88. O coeficiente alfa de Cronbach foi 0,83 para a subescala perspectivas do paciente em relação à tuberculose no presente estudo. Na escala original foi 0,82.(1818. Van Rie A, Sengupta S, Pungrassami P, Balthip Q, Choonuan S, Kasetjaroen Y, et al. Measuring stigma associated with tuberculosis and HIV/AIDS in southern Thailand: exploratory and confirmatory factor analyses of two new scales. Trop Med Int Health. 2008;13(1):21–30.) Os coeficientes alfa de Cronbach para ambas as subescalas da versão turca foram consistentes com os valores relatados para a escala original, indicando a alta confiabilidade da escala.(2020. Akgul A. Statistical analysis in medical research: SPSS applications (Statistical analysis techniques: using in medical research). Ankara: Emek Ofset; 2005.)

A forma como os pacientes tuberculosos veem sua doença e a estigmatização que sentem são importantes para adesão ao tratamento. Estudos mostraram que os pacientes experimentaram sentimentos intensos de estigmatização e a doença causou efeitos negativos, especialmente em suas relações com os amigos.(11. Acikel YG, Pakyuz CS. Evaluating the stigma on patients with tuberculosis. J Florence Nightingale Nurs.2015; 23(2):136–45.,2323. Courtwright A., Turner AN. Tuberculosis and stigmatization:pathways and interventions. Public Health Rep. 2010;4-125:34-42.,2424. Craig GM, Daftary A, Engel N, O’Driscoll S, Ioannaki A. Tuberculosis stigma as a social determinant of health: a systematic mapping review of research in low incidence countries. Int J Infect Dis. 2017;56:90–100.) A sensação de estigmatização pode afetar a adesão dos indivíduos ao tratamento, além de causar isolamento social. Por este motivo, é importante revelar a estigmatização, especialmente dos pacientes e ajudá-los a lidar com ela. O fato de ambas as partes da escala adaptada à sociedade turca terem alto coeficiente de confiabilidade possibilitará seu uso como um instrumento confiável em estudos conduzidos em muitas regiões da Turquia, a fim de mostrar a dimensão do estigma sentido pelos pacientes e os pontos de vista sociedade, além de contribuir para intervenções com o objetivo de evitar esses fatores. Especialmente na condução bem-sucedida de programas de controle da tuberculose em todo o país, este instrumento de medição será usado para facilitar a superação do preconceito contra a doença e na conscientização dos indivíduos. Além disso, a escala adaptada contribuirá para determinar os programas de controle da tuberculose no país.

Esta escala é usada para averiguar o estigma contra os pacientes tuberculosos. Sua confiabilidade e validade foram confirmadas e ela foi adaptada através de aplicação em indivíduos saudáveis na sociedade. A limitação deste estudo foi o fato de não ter sido possível obter permissão de instituições relacionadas a pacientes tuberculosos.

Conclusão

Para concluir, a versão turca da escala Tuberculosis-Related Stigma tem validade e confiabilidade aceitáveis para uso na população turca. No entanto, estudos prospectivos podem contribuir para a validação do instrumento. Sugere-se repetir a validade e confiabilidade com aplicação em pacientes e indivíduos saudáveis em populações maiores.

Referências

  • 1
    Acikel YG, Pakyuz CS. Evaluating the stigma on patients with tuberculosis. J Florence Nightingale Nurs.2015; 23(2):136–45.
  • 2
    Kilicaslan Z. Tuberculosais in the World and Turkey. J Antimicrob Chemother. 2007;21(2):76–80.
  • 3
    World Health Organization (WHO) (Internet). Global Tuberculosis Report 2017. Geneva: WHO; 2017. [cited 2018 Jun 6]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/259366/9789241565516-eng.pdf?sequence=1
    » http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/259366/9789241565516-eng.pdf?sequence=1
  • 4
    Republic of Turkey . Ministry of Health [Internet]. Turkey Public Health Agency of Turkey reports of tuberculosis 2017. Turkey: Ministry of Health; 2017.[cited 2018 Jun 6]. Available from: https://hsgm.saglik.gov.tr/depo/haberler/verem-savas-raporu-2016-2017/Turkiyede_Verem_Savasi_2017_Raporu.pdf
    » https://hsgm.saglik.gov.tr/depo/haberler/verem-savas-raporu-2016-2017/Turkiyede_Verem_Savasi_2017_Raporu.pdf
  • 5
    Ozturk OF, Hisar F. Stigmatisation of tuberculosis patients. Int J Community Med Public Health. 2014;1(1):37–43.
  • 6
    Chang SH, Cataldo JK. A systematic review of global cultural variations in knowledge, attitudes and health responses to tuberculosis stigma. Int J Tuberc Lung Dis. 2014;18(2):168–73.
  • 7
    Baral SC, Karki DK, Newell JN. Causes of stigma and discrimination associated with tuberculosis in Nepal: a qualitative study. BMC Public Health. 2007;7(1):211.
  • 8
    Arslan H, Konuk SD. Studying the concepts of stigma, spirituality and comfort in accordance with Meleis’ concept development process. e-J Nurs Sci Art. 2009;2(1):51-8.
  • 9
    Mak WW, Mo PK, Cheung RY, Woo J, Cheung FM, Lee D. Comparative stigma of HIV/AIDS, SARS, and tuberculosis in Hong Kong. Soc Sci Med. 2006;63(7):1912–22.
  • 10
    Arcêncio RA, de Almeida Crispim J, Touso MM, Popolin MP, Rodrigues LB, de Freitas IM, et al. Preliminary validation of an instrument to assess social support and tuberculosis stigma in patients’ families. Public Health Action. 2014;4(3):195–200.
  • 11
    Kipp AM, Pungrassami P, Nilmanat K, Sengupta S, Poole C, Strauss RP, et al. Socio-demographic and AIDS-related factors associated with tuberculosis stigma in southern Thailand: a quantitative, cross-sectional study of stigma among patients with TB and healthy community members. BMC Public Health. 2011;11(1):675.
  • 12
    Weiss MG, Ramakrishna J, Somma D. Health-related stigma: rethinking concepts and interventions. Psychol Health Med. 2006;11(3):277–87.
  • 13
    Erer OF. Tuberculosis and stigma: social perspective. Thorax Bulletin. 2014;1:54–7.
  • 14
    Courtwright A, Turner AN. Tuberculosis and stigmatization: pathways and interventions. Public Health Rep. 2010;125(125 Suppl 4):34–42.
  • 15
    Sert H. The determination of factors affecting and stigma levels in patients with tuberculosis [thesis]. Istambul: Marmara University Institute of Health Sciences; 2010.
  • 16
    Özpınar S, Taner Ş, Yıldırım G, Mahleç Anar C, Altıparmak O, Baydur H. [Stigma of tuberculosis scale: validity and reliability]. Tuberk Toraks. 2015;63(3):192–8.
  • 17
    Coreil J, Lauzardo M, Clayton H. Stigma and Therapy Completion for Latent Tuberculosis among Haitian-origin Patients. Fla Public Health Rev. 2010;7:32–8.
  • 18
    Van Rie A, Sengupta S, Pungrassami P, Balthip Q, Choonuan S, Kasetjaroen Y, et al. Measuring stigma associated with tuberculosis and HIV/AIDS in southern Thailand: exploratory and confirmatory factor analyses of two new scales. Trop Med Int Health. 2008;13(1):21–30.
  • 19
    Moya EM, Biswas A, Chávez Baray SM, Martínez O, Lomeli B. Assessment of stigma associated with tuberculosis in Mexico. Public Health Action. 2014;4(4):226–32.
  • 20
    Akgul A. Statistical analysis in medical research: SPSS applications (Statistical analysis techniques: using in medical research). Ankara: Emek Ofset; 2005.
  • 21
    Aksayan S, Gozum S. Guidelines for cross cultural scale adaptation II: psychometric properties and cross cultural comparison. J Nurs Res Dev. 2003;5:3–14.
  • 22
    Sencan H. Reliability and validity in social and behavioral measurements. Ankara: Seckin Publishing; 2005.
  • 23
    Courtwright A., Turner AN. Tuberculosis and stigmatization:pathways and interventions. Public Health Rep. 2010;4-125:34-42.
  • 24
    Craig GM, Daftary A, Engel N, O’Driscoll S, Ioannaki A. Tuberculosis stigma as a social determinant of health: a systematic mapping review of research in low incidence countries. Int J Infect Dis. 2017;56:90–100.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2018

Histórico

  • Recebido
    18 Abr 2018
  • Aceito
    30 Jul 2018
Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo R. Napoleão de Barros, 754, 04024-002 São Paulo - SP/Brasil, Tel./Fax: (55 11) 5576 4430 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: actapaulista@unifesp.br