A IMPORTÂNCIA DE CAROLINA EM MINHA VIDA ACADÊMICA
Nilce Pinheiro Mejias
Instituto de Psicologia - USP
Conheci Carolina há muito tempo, quando estávamos ambas ligadas à Cadeira de Psicologia Educacional, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, eu como assistente extranumerária. Nessa época, ocupava-me em escrever um artigo para o qual pedi sua apreciação e lembro com clareza que me encantei, então, com a amplitude e profundidade de seus conhecimentos. Mas lembro também que quando demonstrei minha admiração, respondeu-me com modéstia: É que você não conhece Dona Annita (referia-se à Dra. Annita de Castilho e Marcondes Cabral, com quem havia trabalhado até então). Já nessa época, inscrevi-me para o doutorado, tendo-a como orientadora.
Pouco tempo depois, tendo ganho uma bolsa de estudos para os Estados Unidos, lembro que nos encontramos para o que seria um mero bate-papo, quando tive a grata surpresa de receber de Carolina o convite para, na volta, trabalhar com ela na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, onde era responsável pela Cadeira de Psicologia Educacional. E assim foi que, regressando dos Estados Unidos, um ano e meio depois, passei a trabalhar naquela Faculdade, tendo-a como Chefe de Departamento.
Ainda um ano e meio depois, ganhei uma bolsa de estudos para a Itália, mas desta vez a concessão foi propiciada por Carolina, com quem a instituição italiana havia se comunicado, enviando toda a correspondência concernente à bolsa.
Voltando da Europa após um ano, tendo passado algum tempo estudando na Universidade de Londres, por indicação de Gilmour Sherman, encontrei bastante mudadas as condições em Rio Claro: Carolina havia se transferido para a Universidade de Brasília para, com Fred Keller, Gilmour Sherman e Rodolpho Azzi, ali organizar o Departamento de Psicologia, deixando-me responsável pela Cadeira de Psicologia Educacional, em Rio Claro. Não foi fácil perdê-la. Foi, aliás, muito difícil. Mas, além dos laços de amizade, continuamos nos comunicando de acordo com o relacionamento próprio de orientadora e orientanda. Meu doutorado foi realizado sob sua orientação.
Tendo-me doutorado, ingressei no Instituto de Psicologia da USP. No Instituto, Carolina, então membro do Departamento de Psicologia Experimental, exercia o cargo de Coordenadora da Comissão de Pós-Graduação. Nessas circunstâncias, continuei meus contatos com Carolina, nela admirando não apenas a competência na vida acadêmica e, com o tempo, sua grande influência no desenvolvimento da Psicologia no Brasil, mas admirando ainda sua sabedoria, independência e firmeza no desempenho pioneiro de papéis de grande responsabilidade, até então não comumente assumidos por mulheres de nossa geração.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
25 Nov 1998 -
Data do Fascículo
1998