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Câncer do estômago: orientações quanto à linfadenectomia

Diretrizes em foco

Clínica Cirúrgica

CÂNCER DO ESTÔMAGO ¾ ORIENTAÇÕES QUANTO À LINFADENECTOMIA

O câncer gástrico pode se disseminar através de invasão por contigüidade, disseminação hematogênica e linfática. As duas primeiras dependem de fatores não controláveis como a agressividade do tumor e a resistência do hospedeiro. A última, por sua vez, pode ser controlada com certa eficiência através das cirurgias radicais. As metástases linfáticas são os fatores preditivos mais significativos na recidiva da doença1.

O índice de metástases linfonodais no câncer precoce de submucosa varia de 9,7% a 24,3%, sendo que parte do acometimento ocorre no nível 22.

Em cerca de 50% dos pacientes, as recidivas locais ou abdominais são os únicos sítios da primeira recidiva após a cirurgia curativa. Tanto nos canceres avançados como nos precoces, a linfadenectomia parece melhorar a sobrevida. Em serviços ocidentais, a dissecção radical dos linfonodos levou a sobrevida quase idêntica à assinalada em várias ocasiões pelos autores japoneses. A morbidade e a mortalidade pós-operatórias não foram sacrificadas pela cirurgia radical. Nos cânceres precoces, as gastrectomias D2 tiveram morbidade total de 10,3%. Numa série prospectiva a morbidade total na linfadenectomia D2 foi de 43% e na linfadenectomia D1 foi de 25%. Essa morbidade estava relacionada à ressecção do baço e do pâncreas distal3.

Comentário

A linfadenectomia D2 aumenta significativamente o controle regional da doença, a sobrevida e a taxa de cura em comparação com as ressecções não radicais. Há consenso, porém, que esta cirurgia também eleva o tempo operatório, a permanência hospitalar e a morbidade, não elevando a perda sangüínea intra-operatória e a mortalidade.

A idade maior que 70 anos não constitui fator limitante para a linfadenectomia D2. A invasão maciça de linfonodos N2 e a comprovação histológica de comprometimento de N3 na ausência de metástases à distância são critérios de ampliação da dissecção D2 para D3. Os tipos macroscópicos (III e IV) e histológicos (difuso de Laurén ou indiferenciado de Nakamura) não consistem em critérios de ampliação da dissecção4.

PAULO KASSAB

OSVALDO PRADO CASTRO

ELIAS JIRJOSS ILIAS

Referências

1. Adachi Y, Oshiro T, Mori M, Maehara Y, Sugimachi K. Prediction of early and late recurrence after curative resection for gastric carcinoma. Cancer 1996; 77: 2445-8.

2. Baba H, Maehara Y, Takeuchi H, Inutsuka S, Okuyama T, Adachi Y, et al. Effect of lymph node dissection on the prognosis in patients with node negative early gastric cancer. Surgery 1994; 117: 165-9.

3. Bonenkamp JJ, Hermans J, Sasako M, Van de Veld CJ. Extended lymph node dissection for gastric cancer. N Engl J Med 1999; 340: 908-14.

4. Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Consenso em linfadenectomia no tratamento do câncer gástrico. São Paulo: CBC; 2002. p.14¾8. (Boletim Informativo do Colégio Brasileiro de Cirurgiões).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Mar 2006
  • Data do Fascículo
    Set 2002
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