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Qual a conduta atual na moléstia inflamatória pélvica aguda?

Àbeira do leito

Ginecologia

QUAL A CONDUTA ATUAL NA MOLÉSTIA INFLAMATÓRIA PÉLVICA AGUDA?

Mulher, 19 anos com dor em fossa ilíaca direita há dois dias, em cólica contínua, sem fatores de melhora ou piora, sem associação a alterações de hábito intestinal ou alimentar, mas associada à febre. Sexualmente ativa, sem parceiro fixo, refere início do quadro após fluxo menstrual, e nega emprego de métodos contraceptivos (MC). Tabagista. No momento da admissão no PS, encontrava-se febril (38,1OC), levemente descorada e desidratada, anictérica e acianótica. O exame físico demonstrava dor à palpação abdominal, especialmente na região infra-umbilical, com peritonismo na fossa ilíaca direita. O exame ginecológico revelou conteúdo vaginal amarelado, hiperemia cervical, e o toque demonstrava dor à mobilização do útero e espessamento da região anexial direita.

Esta paciente apresenta quadro compatível com moléstia inflamatória pélvica aguda. Independente do perfil demográfico compatível (jovem, multiplicidade de parceiros, tabagista, sem utilização de MC), está presente o quadro clínico que, habitualmente, se inicia a partir do fluxo menstrual, além da dor ao toque associada a espessamento anexial. Febre e comprometimento do estado geral conferem ao quadro intensidade moderada. Os principais diagnósticos diferenciais a serem considerados seriam gravidez ectópica (GE), infecção urinária e apendicite. Na GE não costuma haver febre ao mesmo tempo em que há atraso menstrual associado a sangramento genital. Não há referência a sintomatologia urinária. A apendicite costuma apresentar associação a quadros gastrintestinais, sem comemorativos no exame ginecológico, sendo o toque retal útil neste diferencial.

Hemograma, leucograma, exame de sedimento urinário e ultra-sonografia pélvica são importantes. A tomografia computadorizada tem demonstrado maior especificidade para apendicite. A videolaparoscopia é tanto diagnóstica como terapêutica, em ambas as situações. O tratamento parenteral poderá ser realizado com cefoxitina 2g a cada 6 horas, associado a doxiciclina oral 100mg a cada 6 horas; ou clindamicina 900 mg IV a cada 8 horas MAIS gentamicina IV ou IM (1,5 mg/kg) MAIS penicilina G cristalina 4 a 5 milhões de unidades IV a cada 4 horas. Não ocorrendo melhora clínica/laboratorial em 48 horas, há necessidade de reavaliação diagnóstica e terapêutica.

EDUARDO VIEIRA DA MOTTA

Referências

1. Eschenbach DA; Wölner Hanssen P; Hawes SE; Pavletic A; Paavonen J; Holmes KK. Acute pelvic inflammatory disease: associations of clinical and laboratory findings with laparoscopic findings. Obstet Gynecol 1997; 89: 184-92.

2. Paavonen J. Pelvic inflammatory disease. From diagnosis to prevention. Dermatol Clin 1998; 16:747-56.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jan 2003
  • Data do Fascículo
    Dez 2002
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