À BEIRA DO LEITO
EMERGÊNCIA E MEDICINA INTENSIVA
Utilização de máscara laríngea. Uma prática habitual em pediatria?
Werther Brunow de Carvalho; Gisele Limongeli Gurgueira
A utilização de máscara laríngea tem-se tornado cada vez mais popular como uma possibilidade alternativa para o manejo da via aérea em crianças. A pergunta que sempre se faz à beira do leito é a seguinte: máscara laríngea ou cânula intratraqueal? A resposta aceitável para a situação ''não é possível ventilar, não é possível intubar'' é a inserção de uma máscara laríngea em via aérea1. A máscara laríngea evita os riscos da intubação intratraqueal, particularmente o edema subglótico, podendo ser inserida facilmente por pessoal paramédico (enfermeiras, fisioterapeutas)2, permitindo um controle adequado da via aérea em crianças respirando espontaneamente ou submetidas à ventilação pulmonar mecânica3, inclusive na sala de reanimação neonatal4. A despeito de sua maior utilização, o papel definitivo da utilização da máscara laríngea em pediatria ainda não está bem estabelecido, entretanto, ela pode ser utilizada em anestesia, nos casos de intubação difícil e em situações de emergência. Entretanto, existem limites e contra-indicações para a sua utilização que incluem as condições com um alto risco de regurgitação e/ou vômito ativo do conteúdo gástrico ou nos pacientes que têm uma grande quantidade de sangue presente na via aérea superior, já que a máscara laríngea não protege contra o refluxo gástrico: estômago cheio, refluxo gastroesofágico, cirurgia abdominal, obesidade. Adicionalmente, a máscara laríngea favorece o refluxo gastroesofágico devido à pressão do esfincter esofagiano secundária ao balonete da máscara laríngea ao nível da faringe. Todas as patologias da cavidade oral, faringe e laringe também são contra-indicações para a sua utilização. Atualmente, a máscara laríngea tem duas utilizações principais: como via aérea de rotina durante a anestesia geral e como um conduto para a intubação traqueal, entretanto, em pediatria não estão claros quando, como e quais as melhores técnicas e materiais para sua inserção.
Referências
1. Benumof JL. Laryngeal mask airway and the ASA difficult airway algorithm. Anesthesiology 1996; 84:686-99.
2. Lopez-Gill M, Brimacombe J, Alvarez M. Safety and efficacy of the laryngeal mask airway. Anaesthesia 1996; 51:969-72.
3. Johnston DF, Wrigley SR, Robb PJ, Jones HE. The laryngeal mask airway in paediatric anaesthesia. Anaesthesia 1990; 40:924-7.
4. Niermeyer S, Kattwinkel J, Van Reempts P, et al. International guidelines of neonatal resuscitation. Pediatrics 2000; 106:E29.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
07 Maio 2004 -
Data do Fascículo
2004