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Controle autonômico da frequência cardíaca de pacientes com doenças cardiorrespiratórias crônicas e indivíduos saudáveis em repouso e durante a manobra de acentuação da arritmia sinusal respiratória

Resumos

OBJETIVO: Avaliar a modulação autonômica da frequência cardíaca (FC) em repouso, na postura supina e durante a manobra de acentuação da arritmia sinusal respiratória (M-ASR) de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou com insuficiência cardíaca crônica (ICC). MÉTODOS: Vinte e oito homens foram subdivididos em três grupos: 10 com DPOC (GD) e 69±9 anos; 9 com ICC (GI) e 62±8 anos; e 9 saudáveis (GC) com 64±5 anos. Em repouso, os intervalos R-R a partir do sinal eletrocardiográfico foram obtidos nas seguintes situações: 1) 15 minutos na posição supina e 2) 4 minutos durante M-ASR na posição supina. Os dados foram analisados nos domínios do tempo (índices RMSSD e SDNN) e da frequência. Durante M-ASR, foram calculadas a razão expiração/inspiração (E/I) e a diferença inspiração/expiração (∆IE). RESULTADOS: Os principais achados mostraram que os pacientes com ICC apresentaram menores valores de RMSSD (12,2±2,6 vs 20,4±6,5), BFab (99,2±72,7 vs 305,3±208,9) e AFun (53,4±29,9 vs 178,9±113,1) quando comparados ao controle. Além disso, a banda de BFab foi significantemente reduzida no grupo DPOC quando comparado ao controle (133,8±145,5 vs 305,3±208,9). Adicionalmente, pacientes com ICC e DPOC mostraram menor razão E/I (1,1±0,06 vs 1,2±0,1 e 1,1±0,03 vs 1,2±0,1) e ∆IE (7,0±3,5 vs 12,7±0,1 e 4,9±1,6 vs 12,7±0,1), respectivamente, comparados ao GC durante a M-ASR. CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo sugerem que tanto a DPOC como a ICC produzem impacto negativo sobre o controle autonômico da FC. Artigo registrado no Australian New Zealand Clinical Trials Registry (ANZCTR) sob o número: ACTRN12609000467235

doença pulmonar obstrutiva crônica; insuficiência cardíaca crônica; controle autonômico da frequência cardíaca; arritmia sinusal respiratória


OBJECTIVE: To evaluate the autonomic modulation of heart rate (HR) at rest in the supine position and during a respiratory sinus arrhythmia maneuver (M-RSA) among participants with chronic obstructive pulmonary disease (COPD) or with chronic heart failure (CHF). METHODS: Twenty-eight men were divided into three groups: ten with COPD, aged 69±9 years; nine with CHF, aged 62±8 years; and nine healthy participants aged 64±5 years (controls). At rest, the R-R interval of the electrocardiographic signal was obtained in the following situations: 1) 15 min in the supine position; and 2) 4 min during M-RSA in the supine position. The data were analyzed in the time domain (RMSSD and SDNN indices) and the frequency domain (LFab and HFab). During M-RSA, the expiratory/inspiratory ratio (E/I) and the inspiratory/expiratory difference (∆IE) were calculated. RESULTS: The main findings showed that the CHF patients presented lower RMSSD (12.2±2.6 vs. 20.4±6.5), LFab (99.2±72.7 vs. 305.3±208.9) and HFab (53.4±29.9 vs. 178.9±113.1), compared with the controls. The LFab band was significantly lower in the COPD group than in the controls (133.8±145.5 vs. 305.3±208.9). Additionally, both CHF patients and COPD patients showed lower E/I ratios (1.1±0.06 vs. 1.2±0.1 and 1.1±0.03 vs. 1.2±0.1) and ∆IE values (7.0±3.5 vs. 12.7±0.1 and 4.9±1.6 vs. 12.7±0.1), respectively, compared with the controls during M-RSA. CONCLUSION: The results from this study suggest that both COPD and CHF have a negative impact on the autonomic control of heart rate. Article registered on the Australian New Zealand Clinical Trials Registry (ANZCTR) under the number: ACTRN12609000467235

chronic obstructive pulmonary disease; chronic heart failure; autonomic control of heart rate; respiratory sinus arrhythmia


Controle autonômico da frequência cardíaca de pacientes com doenças cardiorrespiratórias crônicas e indivíduos saudáveis em repouso e durante a manobra de acentuação da arritmia sinusal respiratória

Michel S. Reis; Ana P. Deus; Rodrigo P. Simões; Isabela A. V. Aniceto; Aparecida M. Catai; Audrey Borghi-Silva

Laboratório de Fisioterapia Cardiorrespiratória, Núcleo de Pesquisa em Exercício Físico, Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), São Carlos, SP, Brasil

Correspondência para Correspondência para: Audrey Borghi Silva Laboratório de Fisioterapia Cardiorrespiratória, Núcleo de Pesquisa em Exercício Físico Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Rodovia Washington Luis, Km 235, Bairro Monjolinho CEP 13565-905, São Carlos (SP), Brasil E-mail: audrey@ufscar.br

RESUMO

OBJETIVO: Avaliar a modulação autonômica da frequência cardíaca (FC) em repouso, na postura supina e durante a manobra de acentuação da arritmia sinusal respiratória (M-ASR) de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou com insuficiência cardíaca crônica (ICC).

MÉTODOS: Vinte e oito homens foram subdivididos em três grupos: 10 com DPOC (GD) e 69±9 anos; 9 com ICC (GI) e 62±8 anos; e 9 saudáveis (GC) com 64±5 anos. Em repouso, os intervalos R-R a partir do sinal eletrocardiográfico foram obtidos nas seguintes situações: 1) 15 minutos na posição supina e 2) 4 minutos durante M-ASR na posição supina. Os dados foram analisados nos domínios do tempo (índices RMSSD e SDNN) e da frequência. Durante M-ASR, foram calculadas a razão expiração/inspiração (E/I) e a diferença inspiração/expiração (∆IE).

RESULTADOS: Os principais achados mostraram que os pacientes com ICC apresentaram menores valores de RMSSD (12,2±2,6 vs 20,4±6,5), BFab (99,2±72,7 vs 305,3±208,9) e AFun (53,4±29,9 vs 178,9±113,1) quando comparados ao controle. Além disso, a banda de BFab foi significantemente reduzida no grupo DPOC quando comparado ao controle (133,8±145,5 vs 305,3±208,9). Adicionalmente, pacientes com ICC e DPOC mostraram menor razão E/I (1,1±0,06 vs 1,2±0,1 e 1,1±0,03 vs 1,2±0,1) e ∆IE (7,0±3,5 vs 12,7±0,1 e 4,9±1,6 vs 12,7±0,1), respectivamente, comparados ao GC durante a M-ASR.

CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo sugerem que tanto a DPOC como a ICC produzem impacto negativo sobre o controle autonômico da FC.

Artigo registrado no Australian New Zealand Clinical Trials Registry (ANZCTR) sob o número: ACTRN12609000467235

Palavras-chaves: doença pulmonar obstrutiva crônica; insuficiência cardíaca crônica; controle autonômico da frequência cardíaca; arritmia sinusal respiratória.

Intrudução

Tem sido descrito que doenças cardiorrespiratórias crônicas provocam desajustes do balanço simpato-vagal sobre o controle da frequência cardíaca (FC)1-3. Na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a coexistência da limitação ao fluxo expiratório e da perda do recuo elástico do pulmão ocasiona progressivamente modificações do padrão respiratório, dos volumes e capacidades pulmonares. Nesse sentido, uma série de ajustes hemodinâmicos ocorre, sobretudo, no controle autonômico da frequência cardíaca para manutenção da homeostase4.

No entanto, ainda há inconsistência sobre as modificações da modulação autonômica da FC de pacientes com DPOC. Alguns autores têm observado que esses indivíduos apresentam redução da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) pela observação dos índices do domínio do tempo; porém, os valores da análise espectral têm revelado, curiosamente, predomínio da ação vagal (refletindo a hiperatividade vagal observada nas vias aéreas)5-8. Em contraste, outros autores9,10 têm observado aumento da atividade simpática no controle da FC, embora concordem com a redução da VFC ocorrida na DPOC.

Com relação à insuficiência cardíaca crônica (ICC), a reduzida fração de ejeção produz significante impacto sobre o sistema respiratório, levando a fenômenos congestivos. Assim, por intermédio da hiperatividade simpática e menor ação vagal, ocorre aumento da FC e vasoconstrição de capilares e veias com redistribuição do fluxo11. Musialik-Lydka, Sreidniawa e Pasyk12, Tulppo e Huikuri13e Rosen et al.14 sugerem a predominância da atividade simpática sobre o nodo sinusal. Por outro lado, van de Borne et al.15, Ponikowski et al.16 e Mortara et al.17 observaram o desequilíbrio simpato-vagal do controle autonômico da FC sem evidenciar hiperatividade simpática.

O controle autonômico da FC também é modulado pelos ciclos respiratórios. Durante a respiração espontânea, ocorre interação sincrônica entre a fase inspiratória e o aumento da FC devido à retirada vagal e entre a fase expiratória e a redução da FC, pela retomada da atividade vagal no nodo sinusal18. Esse fenômeno é chamado de arritmia sinusal respiratória (ASR), a qual é caracterizada pelas oscilações fisiológicas da FC em sincronismo com a respiração19,20. Em condições experimentais, a ASR pode ser acentuada por meio de manobras respiratórias controladas (M-ASR). A partir do processamento dos valores de FC e dos iR-R – intervalo das ondas R no eletrocardiograma (ECG) - é possível extrair os índices da M-ASR, que refletem o efeito modulatório da respiração, essencialmente provocado pelo eferente parassimpático sobre o nodo sinusal21. Uma vez que a análise da VFC tem sido de grande valia no prognóstico de inúmeras doenças cardiorrespiratórias crônicas, a análise da interação dos ciclos respiratórios e das oscilações periódicas da FC por meio dessa manobra pode também fornecer importante índice prognóstico. Nesse sentido, seria lícito supor que certas disfunções que provoquem alterações nos ciclos respiratórios podem produzir indiretamente modificações autonômicas da FC.Diante dessas considerações, os objetivos deste estudo foram avaliar a modulação autonômica da FC em repouso, na postura supina e durante a M-ASR de pacientes com DPOC ou com ICC e de indivíduos saudáveis.

Materiais e métodos

Estudo observacional transversal com três grupos.

Sujeitos

Foram recrutados indivíduos com os seguintes perfis: 1) pacientes com DPOC de moderada a grave e volume expiratório forçado no 1s (VEF1) <60% do predito (GOLD Scientific Committee, 2001), estáveis clinicamente e na ausência de exacerbações agudas da doença, ex-tabagistas, não etilistas, que não realizassem programa de treinamento físico regular nos últimos seis meses e que apresentassem sintomas de dispneia aos pequenos e médios esforços; 2) indivíduos com ICC documentada nos últimos seis meses, com ecocardiografia, apresentando fração de ejeção (FE) do ventrículo esquerdo <50% e classificação de I a III da doença, segundo New York Heart Association (NYHA)22, sem episódios de hospitalização no último mês, não tabagistas, não etilistas, que não apresentassem DPOC (VEF1/CVF>70% e VEF1>70% do predito), angina instável ao repouso ou história de infarto do miocárdio nos últimos seis meses e, adicionalmente, 3) indivíduos aparentemente saudáveis que serviram como controle foram triados a partir da avaliação clínica.

Todos os voluntários foram submetidos à avaliação clínica (história clínica atual e pregressa, antecedentes familiares, hábitos de vida, exames físicos) com o cardiologista, pneumologista ou clínico geral; avaliação fisioterapêutica (avaliação postural e provas musculares); avaliação da dispneia por meio da escala desenvolvida pelo Conselho Britânico de Pesquisas Médicas Modificadas (medical research council - MRC)23 para os pacientes com DPOC e da classificação da NYHA22 para os ICC; exames laboratoriais (hemograma completo, triglicérides, colesterol total e frações, urina tipo I, acido úrico, creatinina e uréia); espirometria; eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações e teste ergométrico incremental máximo ou sintoma limitado. Foram excluídos os indivíduos que não apresentavam estabilidade clínica, que apresentavam alteração eletrocardiográfica que impossibilitasse a coleta da VFC, que não aceitaram participar do estudo e os que não contemplavam os critérios de inclusão listados acima.

Os voluntários foram informados a respeito dos procedimentos experimentais a que seriam submetidos e assinaram o termo de consentimento pós-informado de participação na pesquisa. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos sob parecer nº 238/2005.

Medicações

Os pacientes com DPOC utilizavam rotineiramente broncodilatadores de curta duração (n=10) e de longa duração (n=6). Por outro lado, todos os portadores de ICC faziam uso de beta-bloqueador (n=9), furosemida (n=3), digoxina (n=5), nitratos (n=2), inibidor da enzima conversora de angiotensina (n=6) e ácido acetilsalisílico (n=2).

Espirometria

As provas de função pulmonar foram realizadas por meio do aparelho da marca Vitalograph (modelo Hand Held 2120, Ennis, Ireland). Foram realizadas as manobras de capacidade vital lenta (CVL) e de capacidade vital forçada (CVF) para determinar o VEF1 e a razão VEF1/CVF. Os procedimentos técnicos, critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade foram realizados segundo as normas recomendadas pela American Thoracic Society24.

Procedimento experimental

A pesquisa foi realizada em um laboratório climatizado com temperatura entre 22ºC e 24ºC e umidade relativa do ar entre 50% e 60%, no mesmo período do dia (entre 8horas e 12horas). Os voluntários foram familiarizados com o ambiente experimental e com os experimentadores. Para a véspera e no dia do teste, cada voluntário recebeu orientações para evitar consumo de bebidas estimulantes, não realizar atividade física 24horas antes dos testes, realizar refeições leves e ter uma noite de sono adequada (pelo menos 8 horas).

Inicialmente os voluntários foram mantidos por aproximadamente 10 minutos em repouso na posição supina para que a FC atingisse valores basais. Posteriormente, o ECG e a FC instantânea foram coletados durante 15 minutos nessa posição. Em sequência, a coleta foi repetida durante a realização da M-ASR na mesma posição na seguinte ordem: 1 minuto em repouso, com respiração espontânea; 4 minutos, realizando a M-ASR e 1 minuto final, em repouso. Durante a M-ASR, os voluntários foram orientados a realizar uma série de inspirações e expirações profundas e lentas, variando o volume pulmonar desde a capacidade pulmonar total (inspiração máxima) até o volume residual (expiração máxima), de tal forma que cada ciclo respiratório fosse executado em 10 segundos, sendo 5 segundos de inspiração e 5 segundos de expiração, totalizando de cinco a seis ciclos respiratórios por minuto, em que se espera obter a máxima ASR21. Os pacientes também foram orientados a controlar sua frequência respiratória pelo tempo em um relógio de ponteiros; ao mesmo tempo, o experimentador, por meio da tela de captação do ECG no monitor do computador, dava feedback positivo se os ciclos correspondiam ao previamente estabelecido. Ao término da manobra, o paciente foi instruído a respirar espontaneamente, ficando em repouso por um período de 1 minuto. Durante todos os procedimentos experimentais, os participantes foram monitorizados na derivação MC5. O sinal do ECG foi obtido a partir do monitor cardíaco de um canal (TC 500, Ecafix, São Paulo, SP, Brasil) e processado por meio de um conversor analógico digital Lab. PC+ (National Instruments, Co, Austin, TX, EUA), que constitui uma interface entre o monitor cardíaco e o microcomputador (Pentium III). A FC foi obtida e calculada a partir dos intervalos entre os iR-R do ECG, que foram registrados com uma frequência de amostragem de 500Hz e armazenados por um software específico25.

Análise dos dados

A VFC foi analisada nos domínios do tempo e da frequência por meio de uma rotina específica desenvolvida no aplicativo MatLab (versão 6.1.450 Release 12,1). A seleção do trecho de análise das condições de repouso supina foi realizada por meio da inspeção visual da distribuição dos iR-R (ms) no período de 15 minutos, em que se selecionava o período com maior estabilidade do sinal e que apresentasse uma frequência de amostragem de, no mínimo, 256 pontos conforme preconizada pelo Task Force1. Os ruídos provocados por batimentos ectópicos, alterações do ritmo cardíaco ou por interferências no sinal foram eliminados manualmente, considerando que poderiam interferir na análise e interpretação dos dados.

A análise no domínio do tempo foi realizada a partir dos índices RMSSD (ms) e SDNN (ms)1,26. Já a análise no domínio da frequência consistiu na aplicação da transformada rápida de Fourier (FFT) com o janelamento dos iR-R da série temporal pelo método de Hanning e interpolação spline cúbica. Por meio da aplicação desse modelo, foram identificadas a densidade espectral total (DET) e suas três bandas de frequência: muito baixa frequência (MBF), baixa frequência (BF) e alta frequência (AF)1,26. Esses componentes foram determinados em valores absolutos (ms²) e normalizados (un), obtidos pela divisão do componente espectral em questão pela DET, subtraída do componente de MBF e multiplicada por 100. Adicionalmente, os componentes foram expressos como a razão entre as bandas de baixa e alta frequência (razão BF/AF), que reflete o balanço simpato-vagal.

As análises no domínio do tempo e da frequência também foram realizadas nos iR-R adquiridos durante a realização da M-ASR. Em seguida, por meio de uma outra rotina especifica, também desenvolvida no aplicativo MatLab, foram calculados os índices da FC e dos iR-R obtidos a partir da M-ASR27: razão expiração/inspiração(E/I) – média dos maiores valores de iR-R obtidos durante a fase expiratória dividido pelas médias dos menores valores iR-R da fase inspiratória da M-ASR e a diferença inspiração-expiração (∆IE) – diferença entre a média dos maiores valores de FC obtidos na fase inspiratória e a média dos menores valores de FC na fase expiratória da M-ASR.

Análise estatística

Para a aplicação dos testes estatísticos, os dados foram transformados em logaritmos decimais. Nesse sentido, foram utilizados testes estatísticos paramétricos, uma vez que os dados apresentaram distribuição normal (teste Shapiro-Wilk) e homogeneidade das variâncias (teste de Levene). Nas comparações intergrupos (DPOC vs ICC vs Controle) foi utilizado ANOVA one-way com post-hoc de Tukey. As análises foram realizadas no software SPSS Release 10.0.1 (1999) com nível de significância estabelecido de p<0,05.

Resultados

Vinte e oito voluntários foram estudados sendo: 10 pacientes com DPOC (GD); 9 pacientes com ICC (GI) e 9 indivíduos controle (GC). A Tabela 1 apresenta os dados referentes às características demográficas, antropométricas e clínicas em repouso dos voluntários estudados. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos para as medidas antropométricas. No entanto, o GD apresentou valores significativamente menores que o GC para a massa corporal, embora os indivíduos fossem classificados como eutróficos28.

Os pacientes com DPOC apresentavam estágio moderado da doença (Estágio IIb)29. Adicionalmente, o VEF1 e a razão VEF1/CVF foram significativamente menores que o GC (p<0,05). A capacidade funcional do GD pela escala MRC revelou que os voluntários pertenciam às classes I (N=1), II (N=3) e III (N=6). O GI foi composto por pacientes com disfunção sistólica de etiologia idiopática (N=5) em decorrência de infarto do miocárdio (N=4) e com classe funcional I (N=2), II (N=4) e III (N=3) pela NYHA22. De acordo com as escalas MRC e NYHA para classe funcional, o GD e o GI apresentaram similaridades no grau de dispneia, isto é, limitação para realizar atividades de vida diária que requerem pequenos e médios esforços. Adicionalmente, a SpO2 foi menor no GD que no GC (p<0,05), no entanto GD e GI não diferiram entre si (Tabela 1).

Com relação aos índices de VFC na condição de repouso (Tabela 2), observou-se que o GD apresentou menores valores absolutos da BF quando comparado ao GC (p<0,05). Já o GI mostrou menores valores de RMSSD, BFab e de AFab que o GC (p<0,05). Entre o GD e o GI não foram observadas diferenças significativas. Nas comparações durante a M-ASR (Tabela 3), o GD e o GI apresentaram menores valores da razão E/I e do DIE quando comparados ao GC (p<0,05). Para os índices da VFC na M-ASR no domínio do tempo, os pacientes do GD e do GI apresentaram valores significativamente menores do RMSSD e do SDNN que o GC. Da mesma forma, no domínio da frequência, o GD e o GI apresentaram valores menores da BFab e AFab comparativamente ao GC (p<0,05). Adicionalmente, a Figura 1 ilustra o comportamento espectral de um indivíduo representativo de cada grupo. O GD e o GI apresentaram menores valores da densidade espectral total em comparação ao GC.


Discussão

Os principais achados do nosso estudo mostraram que tanto os pacientes com DPOC como os com ICC apresentaram alterações da modulação autonômica da FC em repouso e durante a M-ASR quando comparados a indivíduos aparentemente saudáveis pareados pela idade.

Impacto das doenças cardiorrespiratórias na VFC em repouso

Neste estudo, os pacientes com DPOC apresentaram reduzida atividade simpática quando comparados ao controle. Alguns autores8,30 têm observado que tanto a atividade simpática quanto a parassimpática estão reduzidas na DPOC . Em contraste, Volterrani et al.7 observaram que pacientes com DPOC apresentaram maiores valores da banda de AF (un), refletindo em aumento da atividade parassimpática sobre o controle da FC. Esses autores consideram que os achados possam estar relacionados à broncoconstrição e, consequentemente, à redução do VEF1 apresentada por esses pacientes. No entanto, no estudo de Volterrani et al.7, algumas características metodológicas que diferem do nosso estudo podem ter influenciado os resultados. Os voluntários do grupo DPOC desses autores7 apresentavam uma faixa-etária ampla (31 a 68 anos), com um grande número de indivíduos jovens e com diagnóstico de asma; portanto, possivelmente, já apresentavam resposta vagal exacerbada. Nossos resultados são similares aos reportados por Chen, Chen e Kuoa9, que evidenciaram redução da atividade simpática em pacientes com DPOC.

No presente estudo, os pacientes com ICC também apresentaram redução significativa da VFC quando comparados ao grupo controle, com reduzida atividade simpática e parassimpática. Esses achados corroboram os de outros autores que também observaram redução dos índices no domínio do tempo em pacientes com ICC31. De acordo com os nossos achados, Saul et al.32 observaram que pacientes com ICC congestiva apresentavam redução de todas as bandas de frequência em relação ao grupo saudável com características antropométricas e idades semelhantes. Guzetti et al.31 observaram que pacientes com ICC apresentaram redução dos índices no domínio do tempo e menores valores da banda BF quando comparados aos indivíduos saudáveis, refletindo em menor atividade simpática.

Por outro lado, outros autores15-17 têm relatado que a VFC de pacientes com ICC está reduzida, com predominância da atividade simpática. Esses autores sugerem que a hiperatividade simpática no controle da FC é reflexo das modificações compensatórias do sistema autonômico provocadas pela evolução da doença, as quais têm por finalidade garantir a homeostasia com o aumento adequado do débito cardíaco. Neste estudo, encontrou-se redução tanto da atividade simpática quanto da parassimpática sobre o nodo sinusal, possivelmente relacionadas às alterações regulatórias dos centros autonômicos12, à sensibilidade dos quimioceptores13 ou ao padrão respiratório marcado por oscilações periódicas apresentadas por esses pacientes14.

Entretanto, torna-se importante salientar que nossos achados foram observados nos valores absolutos da banda de BF que sofre influência das bandas de MBF, associadas aos sistemas de controle autonômico de longa duração. Adicionalmente, os pacientes com ICC envolvidos neste trabalho mantiveram o tratamento medicamentoso. A ação dos ß-bloqueadores33 sobre os receptores do nodo sinusal, dos digitálicos34 sobre as bombas de sódio e potássio do miocárdio e dos inibidores da enzima conversora de angiotensina favorecem a regulação autonômica do coração, atenuando a hiperatividade simpática e, dessa forma, podem ter influenciado nossos resultados.

Impacto das doenças cardiorrepiratórias nos índices de VFC durante a M-ASR

Com relação aos índices da FC e dos iR-R obtidos com M-ASR, observou-se que tanto os portadores de DPOC quanto os pacientes com ICC apresentaram resposta parassimpática reduzida comparativamente aos indivíduos controles. Os resultados corroboram outros achados da literatura que têm demonstrado que pacientes com DPOC35,36 e ICC32 apresentam redução significativa da ASR em comparação a voluntários saudáveis. No entanto, não foi encontrado nenhum estudo prévio que comparasse os índices de VFC e da ASR em ambas as patologias.

As variáveis relacionadas à VFC analisadas no domínio do tempo (RMSSD e SDNN) e da frequência (BFab e AFab) revelaram que os pacientes com DPOC e ICC apresentavam menor VFC que os indivíduos do GC. A ASR, produto da interação entre os sistemas respiratório e cardiovascular, sofre influência da frequência respiratória e do volume corrente37. Em nosso estudo, como a frequência respiratória foi controlada durante M-ASR, acredita-se que esses menores valores dos índices da ASR estejam possivelmente relacionados ao volume corrente reduzido, fortalecendo ainda mais nossa especulação de que a redução da VFC observada nos pacientes de ambos os grupos possa estar relacionada às alterações da complacência pulmonar e à resposta dos receptores de estiramentos pulmonares.

Considerações metodológicas

O presente estudo apresentou algumas limitações. Inicialmente, em relação aos pacientes envolvidos no estudo, grupos com maior número de participantes seria ideal; no entanto, devido aos rígidos critérios de exclusão, não foi possível permitir uma amostra mais ampla, uma vez que em ambas as doenças podem coexistir alterações respiratórias e cardiovasculares associadas. Adicionalmente, considera-se que a realização de um exame de ecocardiografia entre os pacientes com DPOC seria importante para a exclusão da coexistência de cor pulmonale ou insuficiência cardíaca direita, bem como a gasometria arterial para caracterizar os pacientes com DPOC hipoxêmicos ou hipercapneicos. Da mesma forma, a mensuração e o controle do volume corrente durante a respiração controlada, os quais não foram realizadas neste estudo, poderiam contribuir para a consolidação e interpretação dos resultados encontrados no presente estudo. Por fim, a avaliação da função pulmonar completa (volumes estáticos) seria de especial relevância na avaliação dos pacientes, no entanto tais mensurações envolvem equipamentos de alto custo.

Relevância clínica

O controle autonômico é um dos principais meios de ajuste dos sistemas orgânicos em resposta a mudanças posturais, físicas; sobre estresse ou durante o exercício físico; em condições de saúde e em coexistência de patologias. Nesse sentido, o conhecimento das variações autonômicas da frequência cardíaca em indivíduos com patologias cardiorrespiratórias contribui para uma avaliação fisioterapêutica mais adequada, para a prescrição de programas de reabilitação bem como para os efeitos de diferentes intervenções para a Fisioterapia.

Conclusão

Em conclusão, os resultados deste estudo sugerem que pacientes portadores de DPOC ou ICC apresentam modificação no controle autonômico da FC, com atividades simpática e/ou parassimpática reduzidas, quando comparados aos indivíduos saudáveis devido à integração cardiorrespiratória de ambas as patologias. Além disso, tanto a DPOC quanto a ICC mostraram resposta atenuada frente à acentuação da atividade parassimpática durante a M-ASR.

Agradecimentos

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq: Proc. 478799/2003-9).

Recebido: 02/09/2008

Revisado: 09/02/2009

Aceito: 26/05/2009 Introdução

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  • Correspondência para:

    Audrey Borghi Silva
    Laboratório de Fisioterapia Cardiorrespiratória, Núcleo de Pesquisa em Exercício Físico
    Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
    Rodovia Washington Luis, Km 235, Bairro Monjolinho
    CEP 13565-905, São Carlos (SP), Brasil
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Maio 2010
    • Data do Fascículo
      Abr 2010

    Histórico

    • Recebido
      02 Set 2008
    • Revisado
      09 Fev 2009
    • Aceito
      26 Maio 2009
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