Nada nos seduz, nada nos atrai; nada desperta nosso ouvido, e nada cativa o nosso olhar; nada por nós é escolhido na profusão das coisas, e nada pode abalar nossa alma, que não esteja, de algum modo, ou preexistindo em nosso ser ou secretamente sendo almejado pela nossa natureza11 Valéry P. Eupalinos ou o Arquiteto. 34ª ed. Rio de Janeiro, 1996. (p.101).
Pesquisas conduzidas pelo grupo Cultura e Processos Infocomunicacionais (Culticom)11 Valéry P. Eupalinos ou o Arquiteto. 34ª ed. Rio de Janeiro, 1996.,(d d Grupo de pesquisa Cultura e Processos Infocomunicacionais: http://plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo= 0026607DLU6GNX ), do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e a Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) − PPGCI/IBICT-UFRJ, com apoio em práticas de construção compartilhada do conhecimento, produzem experimentos que visam representar o universo de questões, vivências e interesses de populações de periferias urbanas em torno da problemática da saúde. No período entre 2004 e 2011 o grupo criou o Almanaque da Dengue, o Zine Violento e o Almanaque do Agente Comunitário de Saúde, em diferentes projetos de pesquisa. Eles são chamados de “dispositivos de informação e comunicação em saúde” no sentido de que um dispositivo é, na sua essência, um agenciamento de elementos com a intenção de articular meios em função de uma finalidade ligada a uma situação, a qual exerce constrangimentos e impõe limites22 Foucault M. Le jeu de Michel Foucault [entretien avec D. Colas et al]. Ornicar? Bulletin périodique du champ freudien, n.10, p.62-93, juillet, 1977.,33 Agamben G. Qu’est-ce qu’un dispositif? Paris: Ed. Payot & Rivages, 2007..
Formas híbridas da informação científica e do saber popular expressas em imagens, ilustrações, provérbio e música.
Um dispositivo é, portanto, algo inscrito em um projeto, tendo uma missão ou finalidade a cumprir, numa situação particular, o que representa a sua força fundante e sua razão de ser, tanto quanto as limitações que pesam sobre os seus objetivos44 Marteleto R, Couzinet V. Mediações e dispositivos de informação e comunicação na apropriação de conhecimentos: elementos conceituais e empíricos a partir de olhares intercruzados. RECIIS – R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v.7, n.2, Jun., 2013..
Por meio de um eixo reflexivo o dizer popular aciona uma figuração textual e imagética das questões de saúde.
Os dispositivos teriam potencial de reavivar saberes e práticas em saúde presentes na cultura de um povo, país ou comunidade para gerar um “terceiro conhecimento”, quando em diálogo com outras formas de saber − o científico, o jornalístico, o literário, o artístico, por exemplo. A linguagem hipertextual é empregada para representar as redes sociais, cognitivas e semânticas desses diálogos de saberes. Por isso, a importância do emprego de diferentes linguagens (verbal e imagética) e o incentivo do trânsito entre elas, baseados no princípio de que o leitor ou expectador é sempre ativo no processo de interpretação das imagens e dos textos. Mais do que um suporte técnico-metodológico, o dispositivo pode ser um meio de expressão a ser apropriado pelos interlocutores, na articulação intersemiótica entre formas de representação da cultura criada e vivida55 Aumont JA. Imagem. Campinas, SP: Papirus, 1993..
Por que os Almanaques?
O Almanaque foi o formato escolhido para dois dispositivos – o Almanaque da Dengue e o Almanaque do Agente Comunitário de Saúde − por ser um gênero informacional que se aproxima de uma forma narrativa híbrida, mesclando diferentes tipos de saberes, suportes imagéticos (fotos, ilustrações, etc.) e elementos textuais (populares, científicos, literários, poéticos, jornalísticos, etc.). Desde sempre, o almanaque é uma enciclopédia ou um hipertexto popular.
Jovens associam a violência às vivências familiares e sociais. Emprego de imagens e ilustrações contrastando o diálogo e a agressão verbal e/ou física.
A arte é abordada em suas diferentes facetas – lazer, cultura e criatividade – como mediação para expressar a violência cotidiana.
Por que o Zine?
O Fanzine é um formato de comunicação que reflete os modos de interação e expressão dos jovens. Por isso o Zine Violento foi construído como mediador da temática da violência associada à identidade, ao território e às redes de interação de jovens de periferias das grandes cidades. A arte surge como meio para enxergar o contraste entre as máscaras (a realidade que se mostra e que se esconde) e os espelhos (a realidade que se reflete e que se vive). A linguagem hipertextual é dinâmica, com amplo uso de imagens, símbolos e cores.
As experiências cotidianas de jovens aparecem como depoimentos alternativos ao discurso midiático. A escola é apresentada como um espaço para troca destas vivências. As linguagens popular e musical reforçam a importância de uma posição crítica dos jovens diante da violência.
Um jogo de palavras e imagens para provocar conversações entre os ACS sobre a diversidade de suas tarefas.
Referências
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1Valéry P. Eupalinos ou o Arquiteto. 34ª ed. Rio de Janeiro, 1996.
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2Foucault M. Le jeu de Michel Foucault [entretien avec D. Colas et al]. Ornicar? Bulletin périodique du champ freudien, n.10, p.62-93, juillet, 1977.
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3Agamben G. Qu’est-ce qu’un dispositif? Paris: Ed. Payot & Rivages, 2007.
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4Marteleto R, Couzinet V. Mediações e dispositivos de informação e comunicação na apropriação de conhecimentos: elementos conceituais e empíricos a partir de olhares intercruzados. RECIIS – R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v.7, n.2, Jun., 2013.
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5Aumont JA. Imagem. Campinas, SP: Papirus, 1993.
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Grupo de pesquisa Cultura e Processos Infocomunicacionais: http://plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo= 0026607DLU6GNX
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jan 2014
Histórico
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Recebido
04 Jun 2014 -
Aceito
22 Ago 2014