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Motivos e Intenções para Expatriação de Voleibolistas

Reasons and Intentions for Expatriation of Volleyball Players

Resumo

O objetivo deste trabalho foi identificar os fatores que levam o jogador de Voleibol à mudança de equipe e país para continuarem a carreira. Participaram 68 pessoas (48 atletas e 20 ex-atletas), sendo 43 homens e 25 mulheres, com idade média de 27 anos. Os participantes foram divididos em 2 grupos de investigação: G1 (Atletas Internacionais) e G2 (Atletas Nacionais). Utilizou-se um instrumento com questões estruturadas, as quais têm respostas abertas ou fechadas. A análise dos resultados foi conduzida via análises descritiva e inferencial, tanto entre grupos quanto intragrupo. Os resultados, referentes aos motivos de saída, demonstraram que não houve diferença entre grupos (p>0,05) e que o motivo que mais motivou a saída dos atletas para o processo de expatriação, independentemente do grupo amostral, foi a busca por melhoria salarial. Pode-se concluir que, para os participantes avaliados neste estudo o salário foi determinante a fim de aceitar a expatriação, e que esta é bem vista pelos atletas. Além disso, os resultados demonstram que existe a necessidade de estratégias de preparação dos futuros atletas para o tal processo, visando a melhor adaptação do esportista.

desenvolvimento humano; expatriação; voleibol; atletas; emoções

Abstract

The objective of this work was to identify the factors that lead Volleyball players to change team and country to continue their career. There were 68 participants (48 current athletes and 20 former athletes), 43 men and 25 women, with a mean age of 27 years. Participants were divided into 2 research groups: G1 (International Athletes) and G2 (National Athletes). We used a questionnaire consisting of structured, open-ended and closed-ended questions. Analysis of the results was conducted through descriptive analysis and inferential analysis, both between groups and intragroup. The results showed that there was no difference between groups (p> 0.05) and that the reason motivating athletes into the expatriation process, independent of the sample group, was the search for improved salary. It can be concluded that for the participants evaluated of this study that salary was the decisive factor in accepting expatriation and that expatriation is well received by the athletes. In addition, the results demonstrate that there is a need for strategies to prepare future athletes for the expatriation process, in order to better adapt it.

JEL Classification Codes: O15, J11, L83.

human development; expatriation; volleyball; athletes; emotions

Introdução

Nos últimos 15 anos, tem aumentado o número de atletas que mudam de equipes ou até de nações em busca de novos objetivos ou de melhoria de vida, como, por exemplo, de aumento salarial. Exemplos desse fenômeno podem ser observados no Voleibol. Em 2006, o Brasil exportou cerca de 348 jogadores de Voleibol; em 2014, foram mais de 400 jogadores (Confederação Brasileira de Voleibol [CBV], 2015Confederação Brasileira de Voleibol. (2015). Relatório anual 2014. Recuperado em 17 de maio, 2015 de http://2016.cbv.com.br/balanco/rel_atividades_2014.pdf
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). Além do Voleibol, pode-se verificar o mesmo fato no Futebol. Em 2006, o Brasil exportou 851 jogadores de Futebol e, em 2013, foram 1.530 atletas de Futebol (Confederação Brasileira de Futebol [CBF], 2015Confederação Brasileira de Futebol. (2015, julho 21). Transferências para o exterior: Números do mercado da bola. Recuperado em 15 de setembro, 2015, de https://cbf.com.br/a-cbf/informes/index/transferencias-para-o-exterior-numeros-do-mercado-da-bola
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), demonstrando o aumento do número de atletas que saem do Brasil em busca de oportunidades tanto no ambiente esportivo quanto no não esportivo (Gallon & Antunes, 2015Gallon, S., Antunes, E. D. D. (2015). Processo de expatriação: Um modelo com fases e práticas. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, 8(2), 54–84. http://dx.doi.org/10.19177/reen.v8e2201554-85
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).

Um dos fatores que pode ter impulsionado as expatriações de atletas foi a globalização, pois facilitou a troca de país por parte de atletas e de não atletas (Andreff, 2010Andreff, W. (2010). Why tax international athlete migration? The ’coubertobin’ tax in a context of financial crisis. In J. Maguire & M. Falcous (Eds.), Handbook on sport and migration: Borders, boundaries and crossings (pp. 31–45). Oxon: Routledge.; Prestes & Grisci, 2016Prestes, V. A., Grisci, C. L. I. (2016, outubro). Autoexpatriação: Uma compreensão à luz dos movimentos de territorialização, desterritorialização e reterritorialização. Anais do Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais, Porto Alegre, RS, Brasil, 4.). O efeito da globalização nos esportes ocupa um espaço importante nos estudos de Ciências Sociais (Andreff, 2001Andreff, W. (2001). Correlation between economic underdevelopment and sport. European Sport Management Quarterly, 1(4), 251–279. http://dx.doi.org/10.1080/16184740108721902
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, 2008Andreff, W. (2008). Globalization of the sports economy. Rivista di Diritto Ed Economia Dello Sport, 4(3), 13–32.; Faggiani et al., 2016Faggiani, F. T., Strey, A., Fuginiti, D., Lindern, D., Aiquel, P. F., Sartori, C. (2016). O fenômeno do expatriado no contexto esportivo. Psicologia: Ciência E Profissão, 36(3), 738–747. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001832016
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). O termo globalização pode ser entendido como a crescente interdependência entre povos de diferentes nacionalidades, regiões e países em todo mundo, uma vez que as relações econômicas e sociais abrangem a todos (Agergaard & Ryba, 2014Agergaard, S., Ryba, T. V. (2014). Migration and career transitions in professional sports: Transnational athletic careers in a psychological and sociological perspective. Sociology of Sport Journal, 31(2), 228–247. http://dx.doi.org/10.1123/ssj.2013-0031; Machado, 2013)Machado, F. S. (2013). Gestão de pessoas interncional no contexto esportivo brasileiro: Uma análise dos processos de expatriação e repatriação de jogadores em um clube de futebol gaúcho (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil..

Essa mudança de relação social (globalização) levou a novos padrões de consumo de produtos, materiais e vivência de culturas, tendo, entre esses produtos, o esporte (Proni & Zaia, 2007Proni, M. W., Zaia, F. H. (2007). Gestão empresarial do futebol num mundo de globalização In L. Riveiro (Ed.), Futebol e globalização (pp. 19-48). Várzea Paulista: Editora Fontoura.). No Voleibol, há inúmeros exemplos desse processo, como as Marcas Sadia e Pirelli que organizaram equipes de Voleibol, na década de 1980, com o objetivo de aumentar as vendas dos seus produtos e o lucro das empresas (Vlastuin, Almeida, & Marchi, 2008Vlastuin, J., Almeida, B. S., & Marchi, W., Jr. (2008). O marketing esportivo na gestão do voleibol brasileiro: Fragmentos teóricos referentes ao processo de espetacularização da modalidade. Revista Brasileira de Ciência Do Esporte, 29(3), 9–24.).

O esporte, ao se transformar em um produto de massa, assumiu a forma de esporte-espetáculo, sendo explorado por parceiros que buscam vantagens econômicas (Proni, 1998Proni, M. W. (1998). Esporte-espetáculo e futebol-empresa (Tese de doutorado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.). Dentro dessas transformações, encontra-se a mudança das relações entre clubes e jogadores, facilitando as transferências internacionais de jogadores, possibilitando novos mercados para jogadores estrangeiros (Andreff, 2008Andreff, W. (2008). Globalization of the sports economy. Rivista di Diritto Ed Economia Dello Sport, 4(3), 13–32.; Faggiani et al., 2016Faggiani, F. T., Strey, A., Fuginiti, D., Lindern, D., Aiquel, P. F., Sartori, C. (2016). O fenômeno do expatriado no contexto esportivo. Psicologia: Ciência E Profissão, 36(3), 738–747. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001832016
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; Machado, 2013Machado, F. S. (2013). Gestão de pessoas interncional no contexto esportivo brasileiro: Uma análise dos processos de expatriação e repatriação de jogadores em um clube de futebol gaúcho (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.; Tiesler, 2016Tiesler, N. C. (2016). Three types of transnational players: Differing women’s football mobility projects in core and developing countries. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 38(2), 201–210. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.02.015
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). As transferências internacionais de jogadores passaram a funcionar como um negócio lucrativo, tanto para o clube quanto para o jogador, proporcionando novas dinâmicas esportivas, nesse caso, a expatriação.

Dessa maneira, as expatriações de jogadores estão muito ligadas ao ganho financeiro envolvendo a negociação e, assim, não se tem a devida preocupação com todo o processo de expatriação (Bianchi, 2011Bianchi, E. M. P. G. (2011, setembro). Gestão e carreira internacional. Repatriação–construindo elos entre ciclos. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 35.; Faggiani et al., 2016Faggiani, F. T., Strey, A., Fuginiti, D., Lindern, D., Aiquel, P. F., Sartori, C. (2016). O fenômeno do expatriado no contexto esportivo. Psicologia: Ciência E Profissão, 36(3), 738–747. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001832016
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; Tanure, Evans, & Pucik, 2007Tanure, B., Evans, P., Pucik, V. (2007). Virtudes e pecados capitais: A gestão de pessoas no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier.). De acordo com Rodrigues (2010)Rodrigues, F. X. F. (2010). O fim do passe e as transferências de jogadores brasileiros em uma época de globalização. Sociologias, 12(24), 338–380. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-45222010000200012
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e M. R. F. Brandão, Magnani, Tega e Medina (2013)Brandão, M. R. F., Magnani, A., Tega, E., Medina, J. P. (2013). Além da cultura nacional: O expatriado no futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 21(2), 177–182. http://dx.doi.org/10.18511/0103-1716/rbcm.v21n2p177-182
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, os clubes não se preocupam com o planejamento do processo de expatriação, e, com isso, muitos atletas sofrem com problemas psicológicos, sentem-se inseguros e acabam retornando para o Brasil antes do prazo devido, corroborando com os apontamentos de Faggiani et al. (2016)Faggiani, F. T., Strey, A., Fuginiti, D., Lindern, D., Aiquel, P. F., Sartori, C. (2016). O fenômeno do expatriado no contexto esportivo. Psicologia: Ciência E Profissão, 36(3), 738–747. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001832016
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.

Assim, os estudos apontam para o processo de expatriação, no esporte, como um processo artesanal, constituído de tentativa e erro (Machado, 2013Machado, F. S. (2013). Gestão de pessoas interncional no contexto esportivo brasileiro: Uma análise dos processos de expatriação e repatriação de jogadores em um clube de futebol gaúcho (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.; Sebben, 2009Sebben, A. (2009, setembro 10). O preparo do atleta de futebol. Recuperado em 17 de maio, 2015, de http://universidadedofutebol.com.br/andrea-sebben-psicologa-parte-1/
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), demonstrando a necessidade de estudos que possam contribuir com o planejamento do processo de expatriação. Sebben (2009)Sebben, A. (2009, setembro 10). O preparo do atleta de futebol. Recuperado em 17 de maio, 2015, de http://universidadedofutebol.com.br/andrea-sebben-psicologa-parte-1/
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afirma que elementos culturais, sociais, políticos, religiosos, educacionais, psicológicos, emocionais e afetivos devem ser considerados no planejamento do processo de expatriação. Tratando-se de Brasil, Pisani (2014)Pisani, M. D. S. (2014). Migrações e deslocamentos de jogadoras de futebol: Mercadoria que ninguém compra? Esporte e Sociedade, 9(23), 1–11. aponta para transferências de jogadoras dentro do próprio país, saindo de regiões interioranas e deslocando-se até os grandes centros, como São Paulo, conduzindo um tipo de expatriação doméstica. Para a autora, é comum que jogadoras saiam de suas cidades para treinar em outros estados, buscando melhorias para sua prática esportiva, corroborando a ideia de expatriação doméstica.

Diante disso, o processo de expatriação, em alguns casos, está relacionado a certo desconforto, insegurança e problemas psicológicos, pois remete à mudança de país, de clube, de cultura ( Faggiani et al., 2016Faggiani, F. T., Strey, A., Fuginiti, D., Lindern, D., Aiquel, P. F., Sartori, C. (2016). O fenômeno do expatriado no contexto esportivo. Psicologia: Ciência E Profissão, 36(3), 738–747. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001832016
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; M. R. F. Brandão, Magnani, Tega, & Medina, 2013Brandão, M. R. F., Magnani, A., Tega, E., Medina, J. P. (2013). Além da cultura nacional: O expatriado no futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 21(2), 177–182. http://dx.doi.org/10.18511/0103-1716/rbcm.v21n2p177-182
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). Sendo assim, investigar os processos de expatriação no esporte, mais especificamente no Voleibol, pode contribuir com a preparação dos atletas, para que fatores como insegurança e desconforto sejam amenizados. Sendo o Voleibol o segundo esporte mais popular do Brasil e o segundo esporte que mais expatria jogadores (CBV, 2015Confederação Brasileira de Voleibol. (2015). Relatório anual 2014. Recuperado em 17 de maio, 2015 de http://2016.cbv.com.br/balanco/rel_atividades_2014.pdf
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), existe a necessidade de investigações em seu processo de expatriação. Além disso, existem poucos estudos sobre o processo de expatriação no esporte e, em sua maioria, os estudos foram conduzidos sobre a temática expatriação no Futebol (Freitas, Costa, Cardoso, & Ferreira, 2012Freitas, L. P. R. de, Costa, J. R. da, Neto, Cardoso, R. M., & Ferreira, M. P. P. (2012). Estudo do fenômeno do regresso de ex-atletas sul-mineiros de futebol do exterior. Lecturas: Educación Física Y Deportes, 16(164), 1–9.; Machado, 2013Machado, F. S. (2013). Gestão de pessoas interncional no contexto esportivo brasileiro: Uma análise dos processos de expatriação e repatriação de jogadores em um clube de futebol gaúcho (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.; M. R. F. Brandão et al., 2013Brandão, M. R. F., Magnani, A., Tega, E., Medina, J. P. (2013). Além da cultura nacional: O expatriado no futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 21(2), 177–182. http://dx.doi.org/10.18511/0103-1716/rbcm.v21n2p177-182
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; Rial, 2008Rial, C. (2008). Rodar: A circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior. Horizontes Antropológicos, 14(30), 21–65 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832008000200002
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; Rodrigues, 2010Rodrigues, F. X. F. (2010). O fim do passe e as transferências de jogadores brasileiros em uma época de globalização. Sociologias, 12(24), 338–380. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-45222010000200012
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; Tiesler, 2016)Tiesler, N. C. (2016). Three types of transnational players: Differing women’s football mobility projects in core and developing countries. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 38(2), 201–210. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.02.015
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.

Assim, o objetivo do presente estudo foi identificar os fatores que levam os atletas de Voleibol a mudarem de equipe e país para continuarem a carreira, dessa forma, ao processo de expatriação, tanto no contexto internacional como no nacional.

Método

Esse estudo é um estudo quanti-qualitativo (Thomas, Nelson, & Silverman, 2012Thomas, J. R., Nelson, J. K., Silverman, S. J. (2012). Métodos de pesquisa em atividade física (6a ed.). Porto Alegre: ArtMed.), ou seja, ambas as abordagens, quantitativa e qualitativa, foram incluídas no estudo processo.

Participantes

O estudo contou com a participação voluntária de atletas e ex-atletas de Voleibol, todos jogaram ou jogam em clubes que disputam ligas nacionais e/ou internacionais, não incluindo, na amostra, amadores. De acordo com Fontes e Brandão (2013)Fontes, R. C. C., Brandão, M. R. F. (2013). A resiliência no âmbito esportivo: Uma perspectiva bioecológica do desenvolvimento humano. Motriz, 19(1), 151–159. http://dx.doi.org/10.1590/S1980-65742013000100015
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, os ex-atletas – mesmo não vivenciando as situações cotidianas do esporte, como, por exemplo, estresse por desempenho, ansiedade pré-competitiva, cobrança de resultados por parte do clube, do técnico, da torcida e da família, diferentemente dos atletas ativos – são capazes de discorrer sobre como enfrentaram essas adversidades ao longo da carreira e os resultados dessas vivências ao longo do tempo, dando suporte para inclusão de ex-atletas neste estudo.

Contribuindo com Freitas, Costa, Cardoso, Ferreira (2012)Freitas, L. P. R. de, Costa, J. R. da, Neto, Cardoso, R. M., & Ferreira, M. P. P. (2012). Estudo do fenômeno do regresso de ex-atletas sul-mineiros de futebol do exterior. Lecturas: Educación Física Y Deportes, 16(164), 1–9., Fontes e Brandão (2013)Fontes, R. C. C., Brandão, M. R. F. (2013). A resiliência no âmbito esportivo: Uma perspectiva bioecológica do desenvolvimento humano. Motriz, 19(1), 151–159. http://dx.doi.org/10.1590/S1980-65742013000100015
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, utilizaram ex-atletas para investigar o processo de expatriação no Futebol, dando, também, suporte teórico para o uso de ex-atletas neste estudo. Para identificar se o participante era ex-atleta, foi aplicada a seguinte questão: Parou de disputar campeonato?. Essa questão apresentou a informação sobre o atleta continuar, ou não, a trabalhar como jogador, após sua profissionalização.

Em relação ao ingresso do participante, este deveria preencher alguns critérios. Um deles era ser profissionalizado, o que foi verificado pela seguinte questão: Já se profissionalizou?. Caso a resposta fosse não, o participante seria descartado da amostra. Outro critério para participação era ter atuado em clubes de cidades diferentes de sua cidade natal. Esse critério foi avaliado com a questão referente a ter defendido equipe de outro clube de outra cidade ou de outro país sobre. Um último critério utilizado foi a idade, não sendo permitida a participação de menores de 18 anos na amostragem.

Em relação ao participante ser direcionado para o grupo de expatriados internacionais ou expatriados domésticos, a questão que os direcionava para o seu grupo amostral era a seguinte: “Já defendeu clube de outro país?”. Essa questão direcionava o participante a responder questões referentes à expatriação internacional ou doméstica. Todos os voluntários que não responderam aos critérios foram descartados, totalizando 4 participantes desconsiderados para o estudo.

Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão de participação na pesquisa, participaram do presente estudo 68 (sessenta e oito) pessoas, sendo 43 (quarenta e três) homens (63,23%) e 25 (vinte e cinco) mulheres (36,76%). Desse total, 48 (quarenta e oito) são atletas de Voleibol (70,58%), sendo 35 (trinta e cinco) homens (72,91%) e 13 (treze) mulheres (27,09%), e 20 (vinte) ex-atletas (29,42%), sendo 08 (oito) homens (40%) e 12 (doze) mulheres (60%), com idade entre 18 e 50 anos, apresentando idade média de 27,29 anos e desvio padrão (DP) de 8,73.

Os participantes foram divididos em 2 (dois) grupos de investigação: G1 (Atletas Internacionais), grupo com atletas que jogaram ou jogam por equipes de outros países (30 participantes); G2 (Atletas Nacionais), grupo com atletas que jogaram ou jogam por equipes em seu país natal (38 participantes), mas em cidade diferente da cidade natal, conforme aponta Pisani (2014)Pisani, M. D. S. (2014). Migrações e deslocamentos de jogadoras de futebol: Mercadoria que ninguém compra? Esporte e Sociedade, 9(23), 1–11., o que se denominou de expatriado doméstico. Todos os participantes preencheram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), antes de sua participação na pesquisa.

Instrumento

Foi desenvolvido um instrumento por Tertuliano (2016)Tertuliano, I. W. (2016). Processo de expatriação de voleibolistas: Concepções Bioecológicas (Tese de doutorado). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, Brasil., com base na insuficiência de pesquisas que demonstrassem um instrumento adequado que testasse o objetivo deste estudo. O instrumento se fez em formato de questionário, denominado: “Questionário: O processo de Expatriação de Jogadores de Voleibol” (Tertuliano, 2016Tertuliano, I. W. (2016). Processo de expatriação de voleibolistas: Concepções Bioecológicas (Tese de doutorado). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, Brasil.). O desenvolvimento das questões, enquanto conteúdo, contou com a participação de três juízes, sendo 2 psicólogos e 1 educador físico, todos com expertise na área e com mais de 10 anos de experiência. Esse questionário foi dividido em 2 partes: a primeira parte diz respeito às características gerais, de ordem socioeconômica e de dinâmicas da expatriação dos participantes, e a segunda parte procurou compreender a adaptação do participante ao processo de expatriação.

O instrumento foi desenvolvido com questões estruturadas e, por se tratar de um instrumento que visou responder o objetivo deste estudo, foi introduzida a questão: Esporte que pratica ou praticava?, com o intuito de garantir que todos os participantes fossem atletas ou ex-atletas de Voleibol.

Na primeira parte (etapa) do instrumento, as questões foram de caracterização do participante, contendo respostas fechadas e abertas, sendo algumas obrigatórias para o avanço no instrumento. As questões fechadas eram caracterizadas por respostas do tipo: Sim ou Não, sexo e estado civil, sendo todas obrigatórias. As perguntas abertas necessitavam de respostas curtas e diretas, como nome, idade, cidade e estado de nascimento etc.

Ou seja, a primeira parte do instrumento foi a identificação do participante e continha questões sobre: nome, idade, cidade, estado e país de nascimento, sexo e estado civil. O intuito foi identificar os sujeitos para comparação com o TCLE, com o intuito de descartar os sujeitos que não o apresentaram, bem como permitir a apresentação dos participantes do estudo.

Todavia, apenas as questões pertinentes ao objetivo do presente estudo foram utilizadas, ou seja, foi utilizada a versão reduzida do instrumento proposto por Tertuliano (2016)Tertuliano, I. W. (2016). Processo de expatriação de voleibolistas: Concepções Bioecológicas (Tese de doutorado). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, Brasil.. Em relação à primeira parte do instrumento, as questões utilizadas são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1
Questões Utilizadas no Presente Estudo, da Etapa 1, Desenvolvidas por Tertuliano (2016)Tertuliano, I. W. (2016). Processo de expatriação de voleibolistas: Concepções Bioecológicas (Tese de doutorado). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, Brasil., para os Dois Grupos Amostrais (G1 e G2)

A segunda parte do instrumento foi caracterizada por questões sobre a adaptação ao processo de expatriação, a qual continha apenas perguntas fechadas e obrigatórias. Essa etapa foi desenvolvida com várias categorias de resposta, como as escalas do tipo Likert e serviu para duas funções: primeiramente para enfatizar aspectos relevantes das variáveis em questão e em relação à resposta permitiu ao participante escolher uma categoria intermediária de resposta.

Dessa forma, as possibilidades de respostas foram: 1 (discordo totalmente), 2 (discordo), 3 (concordo pouco), 4 (concordo) e 5 (concordo totalmente) para as questões sobre adaptação do participante, ou seja, a pontuação foi mediada por uso de escala Likert.

Na segunda etapa do instrumento, foram desenvolvidas questões para os participantes do grupo G1 e para os participantes do grupo G2. As questões foram desenvolvidas buscando-se entender sua adaptação ao novo contexto e os fatores que contribuíram no processo de expatriação, para uma melhor análise qualitativa desse processo.

Embora os questionários fossem diferentes, algumas questões tinham sentido comum, no que diz respeito ao objetivo das questões, o que foi considerado na análise dos resultados. No presente estudo, utilizaram-se apenas as questões que tinham, em sua estrutura, aspectos que levaram o participante a sair do país (G1) ou a sair de sua cidade natal (G2). O intuito de investigar aspectos que levaram o participante a sair do país (G1) ou a sair de sua cidade natal (G2) foi mapear os motivos que levaram os atletas a essa tomada de decisão. Dessa forma, questões que se relacionam a salários, empréstimo, família etc. foram desenvolvidas.

Como citado anteriormente, nesse artigo, as questões utilizadas foram apenas aquelas que respondiam o objetivo do trabalho e, além disso, apenas as questões que restaram, após a análise de TRI (Teoria de Resposta ao Item) pelo uso do modelo de Rasch, conduzidas por Tertuliano (2016)Tertuliano, I. W. (2016). Processo de expatriação de voleibolistas: Concepções Bioecológicas (Tese de doutorado). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, Brasil..

Em relação a análise de TRI pelo uso do modelo de Rasch, buscou-se avaliar a unidimensionalidade do instrumento, ou seja, a análise de componentes principais de resíduos pelo modelo de Rasch. Essa análise foi realizada com todos os itens da segunda etapa do instrumento. O intuito dessa análise foi selecionar os itens que seriam a base para análise de ajuste ao modelo Rasch, ou seja, verificar os itens que se ajustam ao modelo, para depois avaliar a dificuldade e a habilidade de itens e pessoas, respectivamente e, com isso, utilizar, para as análises inferenciais, apenas os itens adequados e ajustados ao objetivo da pesquisa. Dessa forma, garantiu-se que as questões utilizadas nas análises apresentam adequada estruturação psicométrica, não comprometendo o levantamento de dados e a interpretação dos mesmos.

Após todas as análises de ajuste dos itens ao modelo Rasch e mediante o objetivo do presente estudo, as questões utilizadas se encontram na Tabela 2

Tabela 2
Questões Utilizadas no Presente Estudo, da Etapa 2, Desenvolvidas por Tertuliano (2016)Tertuliano, I. W. (2016). Processo de expatriação de voleibolistas: Concepções Bioecológicas (Tese de doutorado). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, Brasil., para os Dois Grupos Amostrais (G1 e G2)

Procedimentos

O desenvolvimento da pesquisa foi conduzido por etapas, respeitando os princípios legais de uma pesquisa que envolve coleta de dados com seres humanos. A primeira etapa consistiu em elaboração do projeto de pesquisa e apresentação ao Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Biociências de Rio Claro/ Universidade Estadual Paulista (UNESP). Dessa forma, a pesquisa foi aprovada sob o número de parecer: 1.537.814, concluindo a primeira etapa.

A segunda etapa consistiu em convidar participantes para o estudo. Para isso, foram realizados contatos, via internet (Facebook e e-mail), com atletas e ex-atletas de Voleibol, os quais foram convidados a participar do estudo e receberam as explicações sobre o objetivo do estudo, sendo orientados que poderiam desistir do estudo se desejassem não prosseguir, em qualquer uma das etapas seguintes. Para um maior controle dos participantes, foi criado, no Facebook, um grupo fechado, com os participantes que foram convidados para o estudo, e pediu-se que os mesmos pudessem convidar o máximo de atletas de Voleibol que conhecessem. O grupo do Facebook foi denominado de: VOLEIBOL FORA DO BRASIL.

A terceira etapa foi conduzida de acordo com a Resolução 4666/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), respeitando todos os padrões éticos de pesquisas com seres humanos. Dessa maneira, foram realizados contatos com os participantes que aceitaram participar da pesquisa de forma voluntária e, após isso, foi enviado, por e-mail, o TCLE, para todos que aceitaram participar da pesquisa. Os participantes tinham que ler e imprimir o TCLE, preencher, assinar e devolver via e-mail (escaneado), Correios (para o endereço do pesquisador, que foi apresentado no TCLE) ou pessoalmente.

A quarta etapa consistiu na aplicação do instrumento de pesquisa. De acordo com o Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Biociências de Rio Claro/ Universidade Estadual Paulista (UNESP), o instrumento poderia ser conduzido de forma impressa ou eletrônica (via Internet), desde que o TCLE fosse entregue antes da aplicação do instrumento. Assim, apenas os participantes que entregaram o TCLE fizeram parte da amostra. Para o atendimento da aplicação do instrumento de forma eletrônica, o questionário foi transcrito no Google Formulários, para ser respondido pelos participantes. Todos os participantes optaram pelo preenchimento do instrumento via Google Formulários. O preenchimento teve, aproximadamente, a duração de 40 minutos para cada participante.

Em relação à organização das informações coletadas, foi verificado, participante por participante, se o TCLE foi entregue e se o mesmo era atleta ou ex-atleta de Voleibol (essa informação foi coletada pela seguinte questão: Esporte que pratica ou praticava?. Os participantes que responderam ao instrumento no Google Formulários e não enviaram o TCLE foram descartados, totalizando um participante.

Procedimentos de análise

Como citado anteriormente, este estudo é um estudo quanti-qualitativo, ou seja, ambas as abordagens, quantitativa e qualitativa, foram incluídas no estudo como procedimentos. Por isso, o estudo constou de análise descritiva e análise inferencial, pois as duas análises foram assumidas, de acordo com a abordagem, necessárias para compreender os dados comportamentais dos participantes do estudo e, com isso, conseguir responder aos objetivos do estudo.

A primeira parte do instrumento era composta por questões abertas e questões fechadas. Frente às questões abertas, foram consideradas, para medida, como variáveis nominais, ordinais, discretas e contínuas, que, algumas vezes, para melhor análise, foram transformadas em variáveis intervalares. As variáveis foram transformadas, em alguns casos em variáveis intervalares, pois permitem medir a diferença entre valores, o que facilitou a utilização de média, mediana, máximo e mínimo. Os dados foram transformados em valores intervalares, pois foram analisados, na análise inferencial, por meio do software IBM SPSS Statistics, versão 20.

Para análise da primeira parte do instrumento, utilizou-se de estatística descritiva, ou seja, houve a preocupação em descrever os dados, sintetizando uma série de valores de mesma natureza, permitindo uma visão global das variações desses valores (Guedes, Martins, Acorsi, & Janeiro, 2005).

Na análise descritiva, os dados foram apresentados por dados gerais dos participantes, apresentação dos dados de cada grupo amostral, comparação dos dados entre grupos (G1 X G2) e intragrupo (G1 X G1 e G2 X G2). Quando houve necessidade de uma prova inferencial do valor descrito, utilizou-se do Teste t para amostras independentes para análise entre grupos, da Anova one-way com medidas repetidas no último fator para análise intragrupo e/ou da Correlação de Pearson ou Spearman para análises intragrupo.

Na segunda parte do instrumento, as questões que retratavam os motivos da expatriação, continham apenas perguntas fechadas e obrigatórias com várias categorias de resposta, como citado no subcapítulo Instrumento. Dessa forma, as questões referentes aos motivos que levaram o Atleta à expatriação não apresentaram dados faltosos, contribuindo com o presente estudo frente às análises, já que não houve a necessidade de substituir dados faltosos pela média. Além disso, por trás de todas as respostas aos itens, existia a mesma variável latente para as respostas (causas de saída para expatriação), ou seja, o conjunto de itens era unidimensional (L. F. Carvalho & Ambiel, 2015Carvalho, L. F., Ambiel, R. A. M. (2015). Aplicação do modelo de resposta graduada em testes psicologicos. In M. C. R. Silva, D. Bartholomeu, C. M. M. Vendramini, J. M. Montiel (Eds.), Aplicações de métodos estatísticos avançados à avaliação psicológica e educacional: Com ilustrações em diferentes softwares estatísticos (pp. 91–104). São Paulo: Vetor.). Em relação às escalas do instrumento, o aumento dos pontos na escala indicava uma maior incidência do fator esperado naquela resposta (adaptação ou percepção). Isso reflete a ideia de que o aumento dos níveis de respostas corresponderia a níveis maiores de adaptação ao processo de expatriação (Bartholomeu, Montiel, & Machado, 2013)Machado, F. S. (2013). Gestão de pessoas interncional no contexto esportivo brasileiro: Uma análise dos processos de expatriação e repatriação de jogadores em um clube de futebol gaúcho (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil..

Partindo da versão reduzida do instrumento, proposta por Tertuliano (2016)Tertuliano, I. W. (2016). Processo de expatriação de voleibolistas: Concepções Bioecológicas (Tese de doutorado). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, Brasil., o qual foi reduzido após todas as análises com o uso do modelo de Rasch, as análises da segunda parte do instrumento foram conduzidas por inferências entre grupos e intragrupo. Frente à versão reduzida, a mesma apresentou valor Theta de 0,4883 (G1) e de 0,5334 (G2), demonstrando que as questões que foram utilizadas na versão reduzida apresentam-se adequadas e ajustadas ao modelo de Rasch. De acordo com a teoria do limite central, quanto maior o tamanho da amostra, mais próxima de uma distribuição normal estará a distribuição das médias. Assim, Green, Salkind e Akey (2000)Green, S. B., Salkind, N. J., Akey, T. M. (2000). Using SPSS for windows: Analyzing and understanding data (2nd ed.). New Jersey: Prentice Hall. sugerem que um número maior de 30 participantes é possível se assumir normalidade e homogeneidade de variância sem o uso de testes, corroborando com Pagano e Gauvreau (2004)Pagano, M., Gauvreau, K. (2004). Princípios de bioestatística (2a ed.). São Paulo: Pioneira Thomson Learning.. Dessa forma, não se testou a normalidade dos dados, assumindo-os como normais, e adotando o valor Alfa de 0,05 para diferenças significativas. Nessa etapa, utilizou-se do Teste t para amostras independentes para análise entre grupos, da Anova one-way com medida repetida no último fator e Teste t pareado e Correlação de Pearson para análise intragrupo.

As análises foram realizadas pelo software IBM SPSS Statistics, versão 20. Quando foram encontradas diferenças significantes intragrupo, foram conduzidos testes de post hoc, com o intuito de localizar as diferenças. Para controle do erro tipo 1, foi utilizado o procedimento sequencial Holm de Bonferroni (Green, Salkind, & Akey, 2000Green, S. B., Salkind, N. J., Akey, T. M. (2000). Using SPSS for windows: Analyzing and understanding data (2nd ed.). New Jersey: Prentice Hall.). Esse procedimento requer a divisão do nível de significância adotado (0,05) pelo número de comparações realizadas.

Em relação a testar a interação de fatores, o teste utilizado foi o teste de correlação de Pearson. Esses testes foram utilizados com o intuito de verificar o efeito de uma variável sobre a outra, ou melhor, a relação entre duas ou mais variáveis (Thomas et al., 2012Thomas, J. R., Nelson, J. K., Silverman, S. J. (2012). Métodos de pesquisa em atividade física (6a ed.). Porto Alegre: ArtMed.).

Resultados

Estabelecidos os itens que seriam utilizados, e frente à primeira etapa do instrumento, pode-se observar, em relação ao motivo da saída, do grupo G1, na primeira expatriação, 31,80% dos participantes estavam sem clube e foram comprados por clubes estrangeiros; 22,70% estavam atuando em clubes brasileiros e foram comprados; 22,70% saíram em busca de novas experiências; 9,10% saíram para estudo; 9,10% saíram por empréstimo; e 4,60% por salários atrasados. Na análise intragrupo, o teste Anova one-way, com medidas repetidas no último fator, apresentou diferença significante de p = 0,036. Concernente a essa diferença, o post hoc, de Bonferroni, identificou que o motivo de maior saída foi a compra do atleta que estava sem clube por ter saído por salário atrasado (p = 0,014).

Entretanto, analisando a média dos motivos, identificou-se que o motivo que mais levou a saída do Brasil foi a compra de atletas sem clube, apresentando média de 1,000 (DP = 0,000); neste caso, quanto mais perto do 1, significa que a resposta é forte, pois 1 é a resposta sim e 2 a resposta não. Em função da limitação do instrumento, não se pode analisar se os participantes que responderam “buscar novas experiências” estavam desempregados.

Frente ao motivo de saída da segunda vez, 50% dos participantes saíram por terem sido comprados e estarem sem clube, seguidos de 28,60% dos participantes que estavam com clube e também foram comprados. Já 14,30% saíram para ter novas experiências e 7,10% por empréstimo. O teste Anova one-way identificou diferença intragrupo significante (p = 0,043).

Em relação à diferença, o teste post hoc, de Bonferroni, identificou diferença entre o motivo de ter sido comprado e estar sem clube com empréstimo (p = 0,038), indicando que a compra é o motivo de maior saída do Brasil por parte dos atletas, corroborando os resultados frente à primeira expatriação.

Quando se comparam os motivos de saída na primeira e na segunda expatriação, pode-se observar que, na primeira expatriação, o maior motivo foi o fato de o participante ter sido comprado por uma equipe estrangeira (54,50%), o que se repetiu na segunda expatriação (78,60%) e, além disso, a maior parte dos participantes comprados na segunda expatriação estavam sem emprego, o que também aconteceu na primeira expatriação.

Na comparação intragrupo, o teste Anova one-way, com medidas repetidas no último fator, não apresentou diferenças significativas para os motivos de saída da primeira e da segunda expatriação com f (0,275) = 13.000 (p = 0,609). Em relação às médias, os valores das duas expatriações ficaram entre 1 e 2 (2,2857 para primeira expatriação e 2,0714 para segunda expatriação), sugerindo que os motivos mais relevantes para a saída são os contratos de compra, independentemente de estar ou não em algum clube, corroborando a análise descritiva.

No entanto, ao se olhar para média, verificou-se que, nos 2 momentos de expatriação, o motivo de ter sido comprado por estar sem clube foi o mais relevante (primeira expatriação = 1,000 e segunda expatriação = 1,130). Como citado anteriormente, nas comparações intragrupo o motivo mais relevante, na primeira e na segunda expatriação foram a compra por estar sem clube, o que não demonstrou diferenças, desse motivo, entre a primeira e a segunda expatriação (p = 1,000).

Em relação à segunda parte do instrumento, as questões sobre o processo de ida utilizadas para análise entre grupos foram a 10 e a 18, conforme Tabela 2. Frente aos valores de média, pode-se observar que os grupos apresentam valores de felicidade e medo muito parecidos, tendo uma pequena tendência de superioridade para o grupo G2, em ambas as medidas, indicando que os dois grupos ficaram felizes com a notícia de troca de clube e que isso fez com que o medo fosse moderado, não ao ponto de ser influenciador da felicidade, o que foi parcialmente comprovado pela análise inferencial.

Referente ao medo frente à transferência de clube, o teste t para amostras independentes não apresentou diferença significante (p = 0,851), demonstrando que os participantes de ambos os grupos concordaram pouco com essa questão (médias de 3,20 para o grupo G1 e de 3,26 para o grupo G2), ou seja, eles não tiveram o medo como fator importante no momento da expatriação, mas apresentaram médias de felicidade superiores às médias de medo, indicando alegria pela notícia de troca de clube.

Esse valor foi suportado pela análise entre grupos do item 18, que não demonstrou diferença significante entre estes (p = 0,823), demonstrando que os participantes concordam ou concordam totalmente com o fato de terem ficado felizes com a possibilidade de mudança de clube (médias de 4,07 para o grupo G1 e de 4,13 para o grupo G2), corroborando a análise qualitativa.

A análise intragrupo, comparando as 2 questões apresentadas, com o intuito de verificar a diferença entre elas, ou seja, se realmente eles ficaram mais felizes do que com medo, apresentou diferença significante para os dois grupos (G1 = 0,016 e G2 =0,001), ou seja, a felicidade de mudar de clube reflete um menor medo no participante.

Com o intuito de verificar a correlação dentre os dois itens, utilizou-se do teste de correlação de Pearson intragrupo. A correlação de Pearson para o grupo G1 apresentou r = -0,097 e para o grupo G2 apresentou r = 0,456, demonstrando uma correlação desprezível para o grupo G1 e uma correlação fraca para o grupo G2. Esses resultados sugerem não haver, nessa amostra, uma correlação entre a felicidade da troca de clube e o medo na transferência, reforçando a análise intragrupo.

No intuito de explicar melhor o processo de expatriação para cada grupo, algumas questões foram direcionadas exclusivamente a eles. Isso se fez necessário pois poderia haver diferenças cruciais entre os grupos no processo de aceitação da expatriação, tendo em vista que os participantes do grupo G1 trocaram de país, e isso pode ter relação com o fator de aceitação ao processo de expatriação. Em uma análise qualitativa, observou-se que os atletas saíram do Brasil para terem melhores salários, o que corrobora a análise inicial da primeira parte do instrumento.

Essas observações são suportadas pelos valores inferenciais das questões 1 e 2 da segunda parte do instrumento, exclusivas para o grupo G1. O teste t pareado demonstrou diferença significante entre os itens (p = 0,029), demonstrando que os atletas buscaram a saída para melhorar seus salários, o que ratifica a análise qualitativa. Sobre a correlação entre os itens, o teste de correlação de Pearson apresentou correlação insignificante (r = 0,068, p = 0,721), ou seja, não existe nenhuma interação entre estar desempregado e buscar melhores salários para essa amostra.

Aliando as variáveis exclusivas com as comuns, observou-se que os atletas saíram do Brasil em busca de melhores salários e, com isso, sua felicidade em trocar de clube aumentou, pois consideraram a mudança como uma boa oportunidade de melhoria de vida, o que gerou menos medo frente à saída. Isso foi confirmado pela análise inferencial, que demonstrou diferença significante entre os itens (p = 0,044).

Em relação à localização das diferenças, o teste de post hoc, de Bonferroni, apontou para diferença significante entre o item 10 e o item 1 (0,031), ou seja, a saída do Brasil para ter melhores salários pode ter diminuído o medo da transferência. Entretanto, o teste de correlação de Pearson não demonstrou correlação entre os itens (r <0,400), demonstrando que não existe a relação entre sair do Brasil por melhores salários e diminuição do medo da transferência.

Referente ao grupo nacional, também se buscou observar o grupo com mais clareza de informações sobre o processo de expatriação. Em relação à saída do atleta do seu país de origem, foram utilizados os itens 10, 18, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9, conforme Tabela 2. Na análise qualitativa, observou-se que os atletas saíram de sua cidade em busca de melhores salários e, com isso, sua felicidade em trocar de clube aumentou.

Isso ocorreu pois consideraram a mudança como uma boa oportunidade de melhoria de vida, o que gerou menos medo frente à saída; entretanto o medo baixo pode ter relação direta com o fato de estar dentro do Brasil, o que facilitou a aceitação sobre a mudança de cidade. Isso foi confirmado pela análise inferencial, que demonstrou diferença significante entre os itens (p =0,000).

Frente às diferenças, o teste post hoc, de Bonferroni, mostrou que os itens mais determinantes para a saída foram a busca por melhores salários, saída para estudos e, por estarem desempregados (p <0,050), em relação aos outros itens, os participantes sentiram-se felizes pela mudança de cidade. Além disso, o medo nessa amostra foi moderado, tendo média de 3,26, o que significa que se sentiram incertos do que poderia ocorrer com eles, mesmo com o sentimento de felicidade por trocarem de cidade.

Talvez esse medo estivesse relacionado à incerteza de conseguir conciliar a distância da família, em alguns casos, o estudo, e a prática do esporte. Concernente à correlação entre os itens, o teste de correlação de Pearson apresentou correlação fraca ou desprezível entre os itens (r<0,300), demonstrando que a felicidade não foi causada pela busca de novos salários e nem que o medo tenha aumentado por conta da mudança.

Em síntese, os dois grupos apresentaram componentes de medo e felicidade, sem diferenças significantes, frente à mudança de clube, ou seja, os participantes dos dois grupos demonstraram felicidade como fator emocional superior frente à mudança de clube. O fator determinante para mudança de clube foi a melhoria salarial, para os dois grupos.

Somado a esses resultados, a análise qualitativa sobre a escolaridade de toda a amostra, apresentou a seguinte distribuição: universitário incompleto (41,18%), ensino médio (35,29%), universitário completo (14,71%), pós-graduado (5,88%), mestrado (1,47%) e doutorado (1,47%). O grupo G1, em relação à escolaridade, apresentou a seguinte distribuição: universitário incompleto (50%), ensino médio (26,67%), universitário completo (13,33%), pós-graduado (6,66%) e mestrado (3,33%). O grupo G2, sobre o mesmo aspecto, apresentou a seguinte distribuição: ensino médio (42,11%), universitário incompleto (34,21%), universitário completo (15,79%), pós-graduado (5,26%) e doutorado (2,62%).

Essas informações sugerem que o grupo internacional tem uma escolarização superior ao grupo G2, pois 73% dos participantes do grupo G1 estão entre o nível universitário incompleto e o doutorado, enquanto que o grupo G2 apresenta 57,89% dos participantes nesse patamar. Essa observação não foi confirmada pelo Teste t para amostras independentes, visto que não foi detectada diferença significante entre os grupos (p= 0,550).

Concernente ao estado civil, 72,06% dos participantes são solteiros, 23,53% dos participantes são casados, 2,94% dos participantes são separados e 1,47% dos participantes são viúvos. O grupo G1, em relação ao estado civil, apresentou os seguintes resultados: 56,67% dos participantes são solteiros, 36,67% dos participantes são casados e 6,67% dos participantes são separados. O grupo G2, sobre o estado civil, apresentou os seguintes resultados: 84,21% dos participantes são solteiros, 13,16% dos participantes são casados e 2,63% dos participantes são viúvos. Os dados apresentados apontam que o grupo G1 apresenta mais participantes casados do que o grupo G2 (36,67% e 13,16%, respectivamente). Essa observação foi confirmada pelo teste t para amostras independentes, visto que foi detectada diferença significante entre os grupos (p= 0,027).

Discussão

Seguindo o objetivo desse estudo, que foi: identificar os fatores que levam os atletas de Voleibol a mudarem de equipe e país para continuarem a carreira, dessa forma, ao processo de expatriação, tanto no contexto internacional, como no nacional, os resultados encontrados pelo presente estudo são discutidos abaixo. Entretanto, antes de iniciar as discussões sobre o objetivo, existiu a necessidade de se discutir o número de participantes deste estudo.

De acordo com Thomas, Nelson e Silverman (2012)Thomas, J. R., Nelson, J. K., Silverman, S. J. (2012). Métodos de pesquisa em atividade física (6a ed.). Porto Alegre: ArtMed., para que os resultados sejam passíveis de generalização, a amostra de participantes deve ser selecionada de acordo com algum funcionamento teórico, ou seja, os participantes devem ser escolhidos de acordo com o fenômeno estudado. Em outras palavras, os participantes do estudo devem ser aqueles que têm as respostas para as perguntas, ou seja, os investigadores devem saber quem pode suprir certas informações. Dessa forma, nesse estudo, os participantes deveriam ter realizado a expatriação em algum momento da carreira, o que fizeram. Porém, por tratar-se de um grupo específico de atletas, o poder de generalização fica restrito ao âmbito do Voleibol, impossibilitando a generalização dos resultados para outros esportes.

Nesse estudo, por se tratar de expatriação no Voleibol, todos os participantes selecionados se encaixam no funcionamento teórico, independentemente de ser uma expatriação internacional ou nacional (doméstica). Segundo M. R. F. Brandão et al. (2013)Brandão, M. R. F., Magnani, A., Tega, E., Medina, J. P. (2013). Além da cultura nacional: O expatriado no futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 21(2), 177–182. http://dx.doi.org/10.18511/0103-1716/rbcm.v21n2p177-182
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e Pisani (2014)Pisani, M. D. S. (2014). Migrações e deslocamentos de jogadoras de futebol: Mercadoria que ninguém compra? Esporte e Sociedade, 9(23), 1–11., expatriação é um processo que envolve mudança de país, estado ou cidade, com o intuito de trabalhar, estudar ou jogar. As pessoas que passam por esse processo para um outro país são denominados de expatriados internacionais e os que fazem dentro de seu próprio país, mudando de estado ou cidade, são denominados expatriados nacionais, pois segundo Pisani (2014)Pisani, M. D. S. (2014). Migrações e deslocamentos de jogadoras de futebol: Mercadoria que ninguém compra? Esporte e Sociedade, 9(23), 1–11. é comum, atualmente, atletas saírem de sua cidade para atuarem em equipes de outros estados, o que denominou-se nesse estudo de expatriado doméstico. Sendo assim, existiu referencial teórico para formação de dois grupos de investigação.

Além disso, o tamanho da amostra é uma consideração importante para generalização dos resultados. O tamanho da amostra pode representar adequadamente uma população e contribui com o tempo e o custo da pesquisa (Thomas et al., 2012Thomas, J. R., Nelson, J. K., Silverman, S. J. (2012). Métodos de pesquisa em atividade física (6a ed.). Porto Alegre: ArtMed.). Vockell (1983)Vockell, E. L. (1983). Educational research. New York: Macmillan. sugere que se podem ser utilizadas algumas fórmulas para determinar a adequação do tamanho da amostra, envolvendo o nível de probabilidade e a quantidade de erro de amostragem aceitável. Todavia, deve-se atentar para o tempo e o custo de uma pesquisa, como, por exemplo, o custo de impressão, de deslocamento para coleta de resultados (neste caso, havia participantes que moravam em outros países, estados e cidades) e o tempo do participante em dedicar-se ao estudo (deve-se levar em consideração que alguns atletas estavam em meio a campeonatos, o que limitou a sua disponibilidade). Nesse caso, levou-se em consideração o tempo e o custo do estudo, diminuindo o poder de generalização dos resultados para além do Voleibol.

Um outro fator para determinação do tamanho da amostra é a população a ser investigada, nesse caso, expatriados no Voleibol. De acordo com a CBV (2015)Confederação Brasileira de Voleibol. (2015). Relatório anual 2014. Recuperado em 17 de maio, 2015 de http://2016.cbv.com.br/balanco/rel_atividades_2014.pdf
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, em 2014 existiam próximo de 400 atletas brasileiros atuando em outros países e, com isso, se considerar o tamanho da amostra de atletas do grupo G1 (30 participantes), pode-se inferir que o estudo representou 7,50% da população a ser investigada, o que foi julgado como representativa para o Voleibol, dadas as características da população para este estudo. Além disso, considerando que os estudos buscam a representatividade de uma população, é como se em uma população de 200 milhões de habitantes, a amostra tivesse sido constituída de 15 milhões de participantes. Todavia, cabe ressaltar que o presente estudo discute o poder de representatividade dentro da modalidade esportiva Voleibol e não a representatividade dentro do ambiente esportivo.

Retomando ao objetivo do estudo, de acordo com S. M. S. Carvalho (2016)Carvalho, S. M. S. (2016). A relação entre a gestão da carreira e a expatriação: Um estudo quantitativo com repatraidos portugueses (Dissertação de mestrado). Instituto Politécnico do Porto, Vila do Conde, Portugal., as empresas utilizam-se da expatriação para alinhamento estratégico e internacionalização de sua marca frente à globalização. E, além dos motivos da organização, existem os motivos individuais, ou seja, aqueles que são os dos expatriados, ou melhor, os motivos que levam o sujeito a aceitar a expatriação (Agergaard & Ryba, 2014Agergaard, S., Ryba, T. V. (2014). Migration and career transitions in professional sports: Transnational athletic careers in a psychological and sociological perspective. Sociology of Sport Journal, 31(2), 228–247. http://dx.doi.org/10.1123/ssj.2013-0031; Gallon & Antunes, 2015Gallon, S., Antunes, E. D. D. (2015). Processo de expatriação: Um modelo com fases e práticas. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, 8(2), 54–84. http://dx.doi.org/10.19177/reen.v8e2201554-85
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; J. P. P. Brandão, 2012Brandão, J. P. P. (2012). Processos de expatriação na gestão internacional de recursos humanos (GIRH): Fatores que influenciam a performance dos expatriados (Dissertação de mestrado). Universidade do Porto, Porto, Portugal.; Martins, 2011Martins, D. (2011). Gestão e retenção de repatriados: Um Estudo empírico em empresas portuguesas (Tese de doutorado). Faculdade de Economia do Porto, Porto, Portugal.; Prestes & Grisci, 2016Prestes, V. A., Grisci, C. L. I. (2016, outubro). Autoexpatriação: Uma compreensão à luz dos movimentos de territorialização, desterritorialização e reterritorialização. Anais do Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais, Porto Alegre, RS, Brasil, 4.; Tibbert, Andersen, & Morris, 2015Tibbert, S. J., Andersen, M. B., Morris, T. (2015). What a difference a “Mentally Toughening” year makes: The acculturation of a rookie. Psychology of Sport and Exercise, 17, 68–78. http://dx.doi.org/10.1016/j.psychsport.2014.10.007
http://dx.doi.org/10.1016/j.psychsport.2...
). Entre as motivações individuais para expatriação, existem a melhoria do posto de trabalho, melhor remuneração e benefícios, procura de status etc. (Black & Gregersen, 1999Black, J. S., Gregersen, H. B. (1999). The right way to manage expats. Harvard Business Review, 77, 52–63.; Gallon & Antunes, 2015Gallon, S., Antunes, E. D. D. (2015). Processo de expatriação: Um modelo com fases e práticas. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, 8(2), 54–84. http://dx.doi.org/10.19177/reen.v8e2201554-85
http://dx.doi.org/10.19177/reen.v8e22015...
; Pereira, Pimentel, & Kato, 2005Pereira, N. A. F., Pimentel, R., Kato, H. T. (2005). Expatriação e estratégia internacional: O papel da família como fator de equilíbrio na adaptação do expatriado. Revista de Administração Contemporânea, 9(4), 53–71. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552005000400004
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; Prestes & Grisci, 2016Prestes, V. A., Grisci, C. L. I. (2016, outubro). Autoexpatriação: Uma compreensão à luz dos movimentos de territorialização, desterritorialização e reterritorialização. Anais do Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais, Porto Alegre, RS, Brasil, 4.; S. M. S. Carvalho, 2016)Carvalho, S. M. S. (2016). A relação entre a gestão da carreira e a expatriação: Um estudo quantitativo com repatraidos portugueses (Dissertação de mestrado). Instituto Politécnico do Porto, Vila do Conde, Portugal..

Em relação aos motivos de saída para outro país, os resultados do grupo internacional apontaram para a saída ser motivada pela busca de melhores salários. Esses resultados indicam que os participantes do grupo G1 utilizaram da expatriação para melhoria salarial, já que os resultados demonstraram que alguns atletas estavam sem emprego (sem clube) quando saíram para expatriação, o que pode ter contribuído com a ideia de melhoria salarial, ou seja, eles ingressaram em um clube e obtiveram salário, o que contribuiu com sua melhora de renda.

Em relação aos sentimentos envolvidos na saída do país, os resultados apontaram que a felicidade foi maior que o medo da saída, ou seja, os participantes ficaram felizes com a notícia de que sairiam do país, mas apresentaram um pouco de medo. Entretanto, o teste de Correlação de Pearson não foi capaz de suportar essa diferença, pois apresentou uma correlação fraca entre felicidade e medo. Possivelmente, isso ocorreu pelo fato de os atletas saírem em busca de um melhor salário e, ao saberem da saída, sentiram que seu objetivo seria alcançado. Essa informação foi confirmada pela análise inferencial, demonstrando que a felicidade de sair e a busca por melhores salários tiveram efeitos maiores que o medo. Todavia, o teste de correlação de Pearson não encontrou correlação entre a busca por melhores salários e a felicidade da notícia de trocar de equipe, porém existe uma diferença significativa entre saída por melhores salários, felicidade em saber que sairá e medo pela transferência, sugerindo que o medo pode ter sido diminuído por conta dos objetivos de sair terem sido alcançados. Somado a isso, a ida para um país de língua conhecida, como Portugal, pode ter contribuído para diminuição do medo.

Para o grupo G2, frente aos motivos de saída para outra cidade, os resultados apontaram a questão salarial como fator determinante, ou seja, os atletas trocaram de cidade para terem melhores salários, não tendo nenhuma relação com sua venda para outra equipe. Sobre esse objetivo, não conseguimos avaliar, demonstrando uma limitação do instrumento frente ao expatriado nacional.

Os resultados do grupo nacional, frente à análise de felicidade e medo, demonstraram-se parecidos com os resultados do grupo internacional. Assim, os resultados sugerem que, mesmo felizes com a mudança, o componente medo se apresentou moderado, sendo até maior, em valores médios, do que no grupo internacional. Sobre os componentes emocionais envolvidos, os resultados apresentaram diferenças significantes entre felicidade e medo, ou seja, os participantes ficaram felizes com a notícia de que sairiam da cidade natal e isso foi capaz de controlar o medo de sua saída. Por outro lado, o teste de Correlação de Pearson não foi capaz de suportar essa diferença, pois apresentou uma correlação fraca entre felicidade e medo.

Possivelmente isso ocorreu pelo fato de os atletas saírem em busca de um melhor salário e ao saberem da saída, sentiram que seu objetivo foi alcançado. Essa informação foi confirmada pela análise inferencial, demonstrando que a felicidade de sair e a busca por melhores salários tiveram efeitos maiores que o medo. Além disso, o teste inferencial demonstrou que salário é o fator determinante para troca de cidade, mas vale ressaltar que o baixo valor no componente medo pode estar associado ao fato de estarem no Brasil, ou seja, a necessidade de mudanças enquanto língua e alimentação foram inexistentes.

Diante dos motivos, os resultados do presente estudo demonstraram que os atletas dos grupos internacional e nacional saíram motivados pela melhoria de salários e que essa saída foi acompanhada de felicidade e um pouco de medo. Os resultados corroboram a literatura, demonstrando que existe alinhamento dos resultados deste estudo com os resultados que a literatura apresenta sobre motivações individuais para aceitar a expatriação (Agergaard & Ryba, 2014Agergaard, S., Ryba, T. V. (2014). Migration and career transitions in professional sports: Transnational athletic careers in a psychological and sociological perspective. Sociology of Sport Journal, 31(2), 228–247. http://dx.doi.org/10.1123/ssj.2013-0031; Faggiani et al., 2016Faggiani, F. T., Strey, A., Fuginiti, D., Lindern, D., Aiquel, P. F., Sartori, C. (2016). O fenômeno do expatriado no contexto esportivo. Psicologia: Ciência E Profissão, 36(3), 738–747. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001832016
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; Garrido, Olmos, Arjona, & Pardo, 2012Garrido, A. A., Olmos, J. C. C., Arjona, N. G., Pardo, R. (2012). Immigration, school, physical activity and sport. Analysis of sport acculturation in Spain. Kinesiology, 44(1), 83–93.; J. P. P. Brandão, 2012Brandão, J. P. P. (2012). Processos de expatriação na gestão internacional de recursos humanos (GIRH): Fatores que influenciam a performance dos expatriados (Dissertação de mestrado). Universidade do Porto, Porto, Portugal.; Machado, 2013Machado, F. S. (2013). Gestão de pessoas interncional no contexto esportivo brasileiro: Uma análise dos processos de expatriação e repatriação de jogadores em um clube de futebol gaúcho (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.; Martins, 2011Martins, D. (2011). Gestão e retenção de repatriados: Um Estudo empírico em empresas portuguesas (Tese de doutorado). Faculdade de Economia do Porto, Porto, Portugal.; Pereira et al., 2005Pereira, N. A. F., Pimentel, R., Kato, H. T. (2005). Expatriação e estratégia internacional: O papel da família como fator de equilíbrio na adaptação do expatriado. Revista de Administração Contemporânea, 9(4), 53–71. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552005000400004
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; S. M. S. Carvalho, 2016Carvalho, S. M. S. (2016). A relação entre a gestão da carreira e a expatriação: Um estudo quantitativo com repatraidos portugueses (Dissertação de mestrado). Instituto Politécnico do Porto, Vila do Conde, Portugal.; Tiesler, 2016)Tiesler, N. C. (2016). Three types of transnational players: Differing women’s football mobility projects in core and developing countries. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 38(2), 201–210. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.02.015
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, ou seja, em relação aos motivos, o retorno financeiro é o que mais contou para o aceite da proposta de expatriação nesse estudo.

Além disso, o fato de a amostra ser composta por mais pessoas do sexo masculino e o grupo internacional ser composto por uma quantidade maior de casados pode ter relação com a aceitação da expatriação. Estudos apontam que as pessoas casadas tomam a decisão de se expatriar influenciados pelo seu cônjuge e, se esse for do sexo feminino, a disposição para aceitação de ser expatriado é maior (Sousa, 2014Sousa, A. F. B. (2014). A adaptação intercultural da família: Um estudo exploratório com expatriados portugueses (Dissertação de mestrado). Instituto Politécnico do Porto, Vila do Conde, Portugal.; Stahl & Cerdin, 2004Stahl, G. K., Cerdin, J. L. (2004). Global careers in French and German multinational corporations. Journal of Management Development, 23(9), 885–902. http://dx.doi.org/10.1108/02621710410558486
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; Stahl, Miller, & Tung, 2002Stahl, G. K., Miller, E. L., Tung, R. L. (2002). Toward a boundaryless career: A closer look at the expatriate career concept and the perceived implications of an international assignment. Journal of World Business, 37(3), 216–227. http://dx.doi.org/10.1016/S1090-9516(02)00080-9
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; Suutari & Brewster, 2003Suutari, V., Brewster, C. (2003). Repatriation: Empirical evidence from a longitudinal study of careers and expectations among finnish expatriates. International Journal of Human Resource Management, 14(7), 1132–1151. http://dx.doi.org/10.1080/0958519032000114200
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; Tiesler, 2016)Tiesler, N. C. (2016). Three types of transnational players: Differing women’s football mobility projects in core and developing countries. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 38(2), 201–210. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.02.015
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, pois remete à motivação individual frente ao desafio de viver e trabalhar em outro país. Além disso, segundo Brett, Stroh e Reilly (1993), a maior tendência para aceitar a expatriação é de pessoas jovens, que acreditam no futuro das suas carreiras, que tem salários baixos e que apresentam uma ambição de carreira elevada, corroborando com Gallon e Antunes (2015)Gallon, S., Antunes, E. D. D. (2015). Processo de expatriação: Um modelo com fases e práticas. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, 8(2), 54–84. http://dx.doi.org/10.19177/reen.v8e2201554-85
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. Neste estudo, os dois grupos são formados de pessoas jovens, com média de idade de 30 anos no grupo internacional e 24 anos no grupo nacional, o que pode sugerir que eles acreditavam no futuro de suas carreiras e, mais do que isso, apresentavam ambição para crescimento na vida esportiva, corroborando os estudos de Brett et al. (1993)Brett, J. M., Stroh, L. K., Reilly, A. H. (1993). Pulling up roots in the 1990S - Whos willing to relocate. Journal of Organizational Behavior, 14(1), 49–60. http://dx.doi.org/10.1002/job.4030140106
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e de Gallon e Antunes (2015)Gallon, S., Antunes, E. D. D. (2015). Processo de expatriação: Um modelo com fases e práticas. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, 8(2), 54–84. http://dx.doi.org/10.19177/reen.v8e2201554-85
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.

E mais, os resultados corroboram os achados de Rial (2008)Rial, C. (2008). Rodar: A circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior. Horizontes Antropológicos, 14(30), 21–65 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832008000200002
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, demonstrando que a expatriação não é formada apenas por pessoas pobres ou pertencentes à baixa camada da população e, sim, por pessoas com um projeto de ascensão social, muitas vezes para ascensão familiar. Rial (2008)Rial, C. (2008). Rodar: A circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior. Horizontes Antropológicos, 14(30), 21–65 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832008000200002
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demonstrou em seu estudo que a maior parte dos atletas expatriados são jovens e demonstram que a expatriação é um projeto familiar, sugerindo que esta, para os participantes deste estudo, tem relação com tal possível projeto.

Referente ao grupo internacional, os atletas buscaram a expatriação para melhoria salarial, provavelmente em função da melhoria para o projeto da família, já que boa parte dos atletas eram casados, demonstrando, assim, a necessidade de auxiliar a família e, com a expatriação, perceberam essa oportunidade (Damo, 2007Damo, A. S. (2007). Do dom à profissão: A formação de futebolistas no Brasil e na França. São Paulo: Hucitec.; Naithani, 2016Naithani, P. (2016). Impact of health and recreation on work-life balance: A case study of expatriates. International Journal of Social Science and Business, 1(1), 33–45. http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2866345
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; Prestes & Grisci, 2016Prestes, V. A., Grisci, C. L. I. (2016, outubro). Autoexpatriação: Uma compreensão à luz dos movimentos de territorialização, desterritorialização e reterritorialização. Anais do Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais, Porto Alegre, RS, Brasil, 4.). Corroborando as disposições para aceitar a expatriação, a amostra (nos dois grupos) demonstrou um nível escolar entre ensino médio e universitário completo, corroborando os resultados de Rodrigues (2010)Rodrigues, F. X. F. (2010). O fim do passe e as transferências de jogadores brasileiros em uma época de globalização. Sociologias, 12(24), 338–380. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-45222010000200012
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, que sugere uma escolarização dentro desse patamar para atletas expatriados.

Porém, os resultados divergem dos resultados de Rial (2008)Rial, C. (2008). Rodar: A circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior. Horizontes Antropológicos, 14(30), 21–65 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832008000200002
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, que demonstra, em seu estudo, que os atletas de futebol são, na grande maioria, atletas que têm escolaridade abaixo do ensino médio. Mais do que isso, o fator escolaridade pode ter influenciado a decisão, também, de aceitar a expatriação, pois os atletas não tinham formação escolar suficiente para pensar em outra possibilidade de ascensão econômica. Além disso, a expatriação tem um significado simbólico ao atleta, relacionado à realização de um sonho, além de uma forma de ascensão social, corroborando o estudo de M. R. F. Brandão et al. (2013)Brandão, M. R. F., Magnani, A., Tega, E., Medina, J. P. (2013). Além da cultura nacional: O expatriado no futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 21(2), 177–182. http://dx.doi.org/10.18511/0103-1716/rbcm.v21n2p177-182
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.

Retomando os resultados do estudo, os atletas dos dois grupos apresentaram componentes de felicidade elevados ao saber que trocariam de cidade (grupo nacional) ou país (grupo internacional) e um medo moderado com a notícia, tendo o grupo nacional valores superiores nas duas variáveis (felicidade e medo), porém sem diferença significante entre grupos, apenas intragrupo, para os 2 grupos. Nesse caso, os grupos apresentaram emoções de ordem positiva (felicidade) e negativa (medo) (Lavoura, Schwartz, & Machado, 2008Lavoura, T. N., Schwartz, G. M., Machado, A. A. (2008). Aspectos emocionais da prática de atividades de aventura na natureza: A (re)educação dos sentidos. Revista Brasileira de Educaçao Física e Esporte, 22(2), 119–127. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-55092008000200003
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).

Darwin (1872)Darwin, C. (1872). The expression of the emotions in man and animals. New York: Philosophical Library. apresenta a importância das emoções e do valor e utilidades de suas expressões na vida social desde o século XIX, contribuindo com a discussão dos resultados, frente às relações sociais necessárias para adequada adaptação ao processo de expatriação. Para Lazarus (1991)Lazarus, R. S. (1991). Emotion and adaptation. New York: Oxford University Press., as emoções são frequentemente experimentadas e podem ser identificadas com facilidade, porém, outros autores argumentam que as emoções são vivenciadas como um tipo distinto de estado mental e são acompanhadas de mudanças no organismo (Oatley & Jenkins, 1996Oatley, K., Jenkins, J. M. (1996). Understanding emotions. Cambridge: Blackwell Pub.). Neste estudo, os participantes apresentaram felicidade (alegria) ao saberem que trocariam de equipe, ou seja, seriam expatriados.

A felicidade é um tipo de manifestação da emoção alegria. A alegria não se manifesta de uma só maneira, podendo ser manifestada por um sorriso ou até por um choro (Casanova, Sequeira, & Silva, 2009Casanova, N., Sequeira, S., Silva, V. M. (2009, março 23). Emoções. Recuperado em 31 de julho, 2016, de http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0132.pdf
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). Esse sentimento de felicidade, neste estudo, pode ser oriundo das mais difíceis situações enfrentadas pelos participantes (Silva & Freitas, 2010)Silva, P. P. C., Freitas, C. M. S. M. (2010). Emoções e riscos nas práticas na natureza: Uma revisão sistemática. Motriz, 16(1), 221–230. http://dx.doi.org/10.5016/1980-6574.2010v16n1p221
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, ou seja, o processo de expatriação. Todavia, os participantes experimentaram uma sensação moderada de medo, ao saber da expatriação. O medo é conhecido como uma emoção que denota perigo, levando o participante a enfrentá-lo ou a fugir.

O medo é uma emoção cultuada como negativa, mas revela sua importância para a preservação da espécie, pois tal emoção é responsável por sinalizar situações de risco ameaça ou perigo (Goleman, 2001Goleman, D. (2001). Inteligência emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva.). Neste estudo, o medo não pode ser interpretado como algo negativo, ao contrário, o processo de expatriação é um contexto fora do comum, levando os participantes a calcular o risco do mesmo enquanto sucesso ou (in) sucesso. Assim, como no estudo de Lavoura, Schwartz e Machado (2008)Lavoura, T. N., Schwartz, G. M., Machado, A. A. (2008). Aspectos emocionais da prática de atividades de aventura na natureza: A (re)educação dos sentidos. Revista Brasileira de Educaçao Física e Esporte, 22(2), 119–127. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-55092008000200003
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, o medo e a felicidade são experimentados pelos participantes em fusão, ou seja, fazem com que o participante se reconheça e se inclua no ambiente, fazendo-se pertencente ao ambiente, como agente que pode transformá-lo.

Essas fusões podem ser consideradas em função da entrada em um novo contexto, estranho, desconhecido, imprevisível e desafiante, dando ao participante o significado da expatriação, ou seja, a representação do jogo dos sentidos (Lavoura, Schwartz et al., 2008Lavoura, T. N., Schwartz, G. M., Machado, A. A. (2008). Aspectos emocionais da prática de atividades de aventura na natureza: A (re)educação dos sentidos. Revista Brasileira de Educaçao Física e Esporte, 22(2), 119–127. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-55092008000200003
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). Sobre as fusões, Silva e Freitas (2010)Silva, P. P. C., Freitas, C. M. S. M. (2010). Emoções e riscos nas práticas na natureza: Uma revisão sistemática. Motriz, 16(1), 221–230. http://dx.doi.org/10.5016/1980-6574.2010v16n1p221
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demonstram que a preocupação incide na busca de excitação e emoção, ou seja, o risco imaginário proporciona doses de emoções, nesse caso, felicidade e medo. Diante disso, os resultados deste estudo corroboram a literatura, apresentado doses de emoções, nos participantes dos dois grupos, ao perceberem que seriam expatriados.

Em síntese, os resultados desse estudo, enquanto aspectos emocionais, corroboram a literatura, demonstrando fusão entre felicidade e medo frente a situações novas, o que pode ter levado o participante a calcular o risco da expatriação (Lavoura & Machado, 2006Lavoura, T. N., Machado, A. A. (2006). Esporte de aventura de rendimento e estados emocionais: relações entre ansiedade, autoconfiança e auto-eficácia. Motriz, 12(2), 143–148.; Lavoura, Schwartz et al., 2008Lavoura, T. N., Schwartz, G. M., Machado, A. A. (2008). Aspectos emocionais da prática de atividades de aventura na natureza: A (re)educação dos sentidos. Revista Brasileira de Educaçao Física e Esporte, 22(2), 119–127. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-55092008000200003
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; Lavoura, Zanetti, & Machado, 2008bLavoura, T. N., Zanetti, M. C., Machado, A. A. (2008). Os estados emocionais e a importância do treinamento psicológico no esporte. Motriz, 14(2), 115–123.; Moraes & Oliveira, 2006)Moraes, L. C., Oliveira, D. C. (2006). Emoções em situações de risco no alpinismo de alto nível. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte e do Exercício, 0, 4–21.. Mais do que isso, o sentido de vencer obstáculos (o processo de expatriação) pode ter levado os participantes à sensação de conquista e autorrealização, ou seja, de se sentiram satisfeitos em alcançar o objetivo de sair do país (grupo internacional) ou cidade (grupo nacional) (Faggiani et al., 2016Faggiani, F. T., Strey, A., Fuginiti, D., Lindern, D., Aiquel, P. F., Sartori, C. (2016). O fenômeno do expatriado no contexto esportivo. Psicologia: Ciência E Profissão, 36(3), 738–747. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001832016
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; Prestes & Grisci, 2016Prestes, V. A., Grisci, C. L. I. (2016, outubro). Autoexpatriação: Uma compreensão à luz dos movimentos de territorialização, desterritorialização e reterritorialização. Anais do Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais, Porto Alegre, RS, Brasil, 4.; Silva & Freitas, 2010)Silva, P. P. C., Freitas, C. M. S. M. (2010). Emoções e riscos nas práticas na natureza: Uma revisão sistemática. Motriz, 16(1), 221–230. http://dx.doi.org/10.5016/1980-6574.2010v16n1p221
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.

Considerações Finais

Considerando o objetivo do presente estudo, pode-se considerar que os atletas dos dois grupos apresentaram comportamentos frente à expatriação parecidos. Mais do que isso, os dois grupos demonstraram que os fatores salariais são determinantes para a expatriação, ou seja, os atletas deste estudo consideraram a melhoria salarial como primordial para a expatriação.

Enquanto preparação dos atletas, deve-se pensar em modelos de intervenção que os prepare para expatriação, porém, respeitando as individualidades do Voleibol, assim como de outras modalidades esportivas. Para isso, os programas devem assumir questões de ajustamento intercultural como fundamentais no treinamento, ou seja, o treinamento intercultural é de suma importância, corroborando com programas de adaptação do expatriado em empresas multinacionais (Araujo, Teixeira, Cruz, & Malini, 2012Araujo, B. F. V. B., Teixeira, M. L. M., Cruz, P. B., Malini, E. (2012). Adaptação de expatriados organizacionais e voluntários: Similaridades e diferenças no contexto brasileiro. Revista de Administração, 47(4), 555–570. http://dx.doi.org/10.5700/rausp1058
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; Gallon & Antunes, 2015Gallon, S., Antunes, E. D. D. (2015). Processo de expatriação: Um modelo com fases e práticas. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, 8(2), 54–84. http://dx.doi.org/10.19177/reen.v8e2201554-85
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; Martins, 2011Martins, D. (2011). Gestão e retenção de repatriados: Um Estudo empírico em empresas portuguesas (Tese de doutorado). Faculdade de Economia do Porto, Porto, Portugal.; Nardi, 2015Nardi, L. M. R. (2015). O perfil do profissional auto-expatriado e a percepção de gestores de recursos humanos sobre este perfil (Dissertação de mestrado). Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.; Pereira et al., 2005Pereira, N. A. F., Pimentel, R., Kato, H. T. (2005). Expatriação e estratégia internacional: O papel da família como fator de equilíbrio na adaptação do expatriado. Revista de Administração Contemporânea, 9(4), 53–71. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552005000400004
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; Sousa, 2014Sousa, A. F. B. (2014). A adaptação intercultural da família: Um estudo exploratório com expatriados portugueses (Dissertação de mestrado). Instituto Politécnico do Porto, Vila do Conde, Portugal.; Tanure & Duarte, 2006)Tanure, B., Duarte, R. G. (2006). O impacto da diversidade cultural na gestão internacional. In B. Tanure & R. G. Duarte (Eds.), Gestão internacional (pp. 193–220). São Paulo: Saraiva..

A intervenção no início do processo pode ser benéfica, pois os atletas, atualmente, demonstram que os fatores financeiros são mais importantes para a carreira que o próprio sucesso atlético. Essa percepção pode ter influência do Futebol, pois nesse esporte os grandes salários se fazem presentes e, como Rial (2008)Rial, C. (2008). Rodar: A circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior. Horizontes Antropológicos, 14(30), 21–65 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832008000200002
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e Teixeira (2014)Teixeira, F. (2014). Expatriados futebol clube. Belo Horizonte: Editora do autor. apresentaram, o sucesso no futebol, para o garoto ingressante no esporte, está relacionado a fatores financeiros, corroborando com alguns estudos da literatura (Faggiani et al., 2016Faggiani, F. T., Strey, A., Fuginiti, D., Lindern, D., Aiquel, P. F., Sartori, C. (2016). O fenômeno do expatriado no contexto esportivo. Psicologia: Ciência E Profissão, 36(3), 738–747. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001832016
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; Tiesler, 2016Tiesler, N. C. (2016). Three types of transnational players: Differing women’s football mobility projects in core and developing countries. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 38(2), 201–210. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.02.015
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.02...
).

Provavelmente esse sucesso financeiro no Futebol deve-se às condições sociais nas quais a família do atleta se encontra, já que, na maioria das vezes, os atletas iniciantes de Futebol são crianças ou adolescentes da camada pobre da sociedade e encontram no Futebol uma maneira de melhorar sua vida (Pisani, 2014Pisani, M. D. S. (2014). Migrações e deslocamentos de jogadoras de futebol: Mercadoria que ninguém compra? Esporte e Sociedade, 9(23), 1–11.; Rodrigues, 2010Rodrigues, F. X. F. (2010). O fim do passe e as transferências de jogadores brasileiros em uma época de globalização. Sociologias, 12(24), 338–380. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-45222010000200012
http://dx.doi.org/10.1590/S1517-45222010...
) e a vida de sua família (Rial, 2008Rial, C. (2008). Rodar: A circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior. Horizontes Antropológicos, 14(30), 21–65 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832008000200002
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832008...
). Assim, eles encontram no esporte uma possibilidade de alcançar os seus sonhos, como melhorar a condição de vida da família e, mais do que isso, buscar reconhecimento social. Esses sonhos têm grande influência do sucesso que alguns atletas demonstram na mídia, mas muito enviesado por ela, já que aproximadamente 82% dos atletas profissionais no Brasil ganham até dois salários mínimos (Teixeira, 2014Teixeira, F. (2014). Expatriados futebol clube. Belo Horizonte: Editora do autor.) no Futebol. Esse conjunto de resultados demonstra que os atletas buscam esse exemplo de vida, ou melhor, de salário e carreira, corroborando com os resultados do presente estudo.

Porém, sabe-se que nem todos os atletas irão alcançar tais salários e condições de vida, muito por conta das oportunidades que o contexto lhes promove. Isso significa que, mesmo com atletas alcançando tais condições, não serão todos os atletas que conseguirão alcançar salários e condições de vida elevados, muito em função da grande quantidade de pessoas que buscam tais condições, se comparadas com a pouca quantidade de disponibilidade de vagas nos clubes do exterior. O mesmo se dá com o atleta de Voleibol. Assim, o treinamento do atleta de Voleibol, apresentando-lhe que esses salários e possibilidades são para poucos é necessário. Assim, o treinamento dos atletas para a expatriação e para o seu retorno, bem como a contribuição dos clubes na adaptação são temas relevantes para investigação e intervenção no processo de expatriação.

Por fim, o presente estudo apresenta algumas limitações que devem ser consideradas, impossibilitando o poder de generalização dos resultados a outros Esportes. Entre as limitações encontra-se o instrumento, que foi desenvolvido para responder ao objetivo do presente estudo e que necessita de validação para comprovação de seu poder de avaliação em outros Esportes. Somado a isso, o estudo, por contar com Voleibolistas, impossibilita a generalização dos resultados para além do Voleibol. Outro fator limitante é a escassez de estudos sobre expatriação no âmbito esportivo, dificultando a comparação dos resultados encontrados com os de outros estudos, haja vista ser este o primeiro a tratar da temática no Voleibol. Dessa forma, sugerem-se novos estudos, com o intuito de ampliar as investigações científicas acerca desse tema, já que, atualmente, o número de estudos é escasso no âmbito esportivo principalmente no Voleibol.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2018

Histórico

  • Recebido
    03 Fev 2017
  • Aceito
    23 Fev 2018
  • Revisado
    15 Jun 2018
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