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BIOLOGIA E REPRODUÇÃO DE ARGYROTAENIA SPHALEROPA (MEYRICK, 1909) (LEPIDOPTERA: TORTRICIDAE) EM FOLHAS DE CAQUIZEIRO, MACIEIRA E VIDEIRA* * Parte da tese apresentada pelo primeiro autor ao Programa de Pós-Graduação em Fitossanidae - Entomologia, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

BIOLOGY AND REPRODUCTION OF ARGYROTAENIA SPHALEROPA (MEYRICK, 1909) (LEPIDOPTERA: TORTRICIDAE) ON PERSIMMON, APPLE AND GRAPEVINE LEAVES

RESUMO

Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick, 1909) (Lepidoptera: Tortricidae) é praga importante em frutíferas temperadas na região Sul do Brasil e no Uruguai. Neste trabalho foi avaliada em laboratório (26 ± 1º C, 70 ± 10% de umidade relativa e fotofase de 12h) a adequação de folhas novas e velhas de caquizeiro da cultivar Fuyu, e de folhas velhas de macieira da cultivar Fuji e de videira da cultivar Chardonnay para o desenvolvimento de A. sphaleropa. O inseto apresentou melhor desenvolvimento quando criado em folhas de macieira e videira, observando-se maior viabilidade dos estágios de lagarta e do período de lagarta a emergência dos adultos (lagarta-adulto). Em folhas novas de caquizeiro a viabilidade destes estágios foi significativamente menor do que em videira e macieira, enquanto que em folhas velhas o inseto não completou o estágio de lagarta. A duração média de uma geração (T) de A. sphaleropa foi maior em folhas novas de caquizeiro (T = 40,1 dias) do que em videira (T = 38,3 dias) e macieira (T = 36,5 dias), enquanto a taxa líquida de reprodução (Ro) foi maior em videira (Ro = 45,16) do que em macieira e caquizeiro (Ro = 38,62 e 11,63, respectivamente). Os resultados deste trabalho demonstram que folhas de videira e macieira foram mais adequadas para o desenvolvimento de A. sphaleropa em relação a folhas novas de caquizeiro. Em folhas velhas deste hospedeiro o inseto não completa o estágio de lagarta.

PALAVRAS-CHAVE
Lagarta-das-fruteiras; Argyrotaenia sphaleropa ; tabela de vida; fecundidade; biologia

ABSTRACT

Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick, 1909) (Lepidoptera: Tortricidae) constitutes an important pest of temperate fruit trees in Southern Brazil and Uruguay. In this study, the adequateness of persimmon, apple and grapevine leaves for the development of A. sphaleropa was assessed. For this purpose young and old persimmon leaves of the cultivar Fuyu, old leaves of apple trees of the cultivar Fuji and old grapevine leaves of the cultivar Chardonnay were surveyed in the laboratory at 26 ± 1º C, 70 ± 10% relative air humidity and 12h day length. The insects had a better development when reared on apple and grapevine leaves. On this diet a higher viability of the individuals from the caterpillar stage to the phase of adult emergence (caterpillar-adult) could be observed. On young persimmon leaves the viability of individuals in these stages was significantly lower than on apple and grapevine leaves while on old persimmon leaves the insect did not complete the caterpillar stage. The medium duration of a generation (T) of A. sphaleropa was longer on young persimmon leaves (T = 40.1 days) than on grapevine (T = 38.3 days) and on apple leaves (T = 36.5 days), whereas the net reproduction rate (Ro) was higher on grapevine leaves (Ro = 45.16) than on apple and persimmon leaves (Ro = 38.62 and 11.63, respectively). The results of this study demonstrate that grapevine and apple leaves were more suitable for the development of A. sphaleropa than young persimmon leaves. On old leaves of the latter host the insect did not complete the caterpillar stage.

KEY WORDS
South American tortricid moth; Argyrotaenia sphaleropa ; life table; fecundity; biology

INTRODUÇÃO

Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick, 1909) (Lepidoptera: Tortricidae) é um inseto polífago e nativo da América do Sul (BIEZANKO et al., 1957BIEZANKO, C.M.; RUFFINELLI, A.; CARBONELL , C.S. Lepidopteros del Uruguay – Lista anotada de espécies. Revista de la Facultad de Agronomia, n.46 p.3-152, 1957.; BIEZANKO et al., 1961BIEZANKO, C.M. Olethreutidae, Tortricidae, Phalonidae, Aegeriidae, Glyphipterygidae, Yponomeutidae, Gelechiidae, Oecophoridae, Xylorictidae, Lithocolletidae, Cecidoseidae, Ridiaschinidae, Acrolophidae, Tineidae e Psychidae da zona sueste do Rio Grande do Sul. Arquivos de Entomologia da Escola de Agronomia Eliseu Maciel, Série A, p.1-16, 1961.; RUFFINELLI & CARBONELL, 1953RUFFINELLI, A. & CARBONELL, C. Segunda lista de insectos y otros artrópodos de importância económica en el Uruguay. Revista de la Asociación de Ingenieros Agónomos, v.94, p.33-82, 1953.). É encontrada com freqüência danificando caqui, pêra, uva e pêssego no Sul do Brasil (MANFREDI-COIMBRA et al., 2001MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; BOTTON , M. Exigências térmicas e estimativa do número de gerações de Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology, v.30, n.4, p.553-557, 2001.; NORA & SUGIURA, 2001NORA, I. & SUGIURA, T. Estudo da entomofauna associada à cultura de pereiras japonesas (Housui, Kousui e Nijisseiki), em Santa Catarina, Brasil e técnicas de manejo. In: ENCONTRO NACIONAL DE FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO, 4., 2001,Fraiburgo, SC. Anais. Fraiburgo: 2001. p.164.; BOTTON et al., 2003aBOTTON , M.; BAVARESCO, A.; GARCIA, M.S. Ocorrência de Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae) danificando pêssegos na Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul. Neotropical Entomology, v.32, n.3, p.503-505, 2003a.; BOTTON et al., 2003bBOTTON , M.; AFONSO, A.P.; RINGENBERG, R. Manejo de pragas na cultura da videira. In: SEMINÁRIO INTERESTADUAL DE FRUTICULTURA, 3., 2003, Palmas, PR. Anais. Palmas: 2003b. p.23-31.). No Uruguai, A. sphaleropa é também uma praga importante nas culturas da macieira, pereira e videira (BENTANCOURT & SCATONI, 1995BENTANCOURT, C.M. & SCATONI, I.B. Lepidopteros de importancia económica en el Uruguay: reconocimiento, biología y daños de las plagas agrícolas y forestales. Uruguay: Ed. Hemisfério Sur – Facultad de Agronomia, 1995. v.1, 122p.; NUÑEZ et al., 2002NUÑEZ, S.; VLIEGER, J.J.; RODRIQUEZ, J.J.; PERSOONS, C.J.; SCATONI, I. Sex pheromone of South American tortricid moth Argyrotaenia sphaleropa. Journal of Chemical Ecology, v.28, n.2, p.425-432, 2002.). Apesar das lagartas de A. sphaleropa desenvolverem-se em diferentes estruturas vegetais dos hospedeiros (BIEZANKO et al., 1957BIEZANKO, C.M.; RUFFINELLI, A.; CARBONELL , C.S. Lepidopteros del Uruguay – Lista anotada de espécies. Revista de la Facultad de Agronomia, n.46 p.3-152, 1957.; BIEZANKO, 1961BIEZANKO, C.M. Olethreutidae, Tortricidae, Phalonidae, Aegeriidae, Glyphipterygidae, Yponomeutidae, Gelechiidae, Oecophoridae, Xylorictidae, Lithocolletidae, Cecidoseidae, Ridiaschinidae, Acrolophidae, Tineidae e Psychidae da zona sueste do Rio Grande do Sul. Arquivos de Entomologia da Escola de Agronomia Eliseu Maciel, Série A, p.1-16, 1961.), em frutíferas temperadas os principais danos decorrem da sua alimentação nos frutos, resultando em cicatrizes na epiderme que os depreciam para o comércio como fruta fresca (BENTANCOURT & SCATONI, 1995BENTANCOURT, C.M. & SCATONI, I.B. Lepidopteros de importancia económica en el Uruguay: reconocimiento, biología y daños de las plagas agrícolas y forestales. Uruguay: Ed. Hemisfério Sur – Facultad de Agronomia, 1995. v.1, 122p.; MANFREDI-COIMBRA et al., 2001MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; BOTTON , M. Exigências térmicas e estimativa do número de gerações de Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology, v.30, n.4, p.553-557, 2001.).

O conhecimento da biologia de um determinado inseto é fundamental para se desenvolver estratégias eficientes para seu controle, dentro dos conceitos do manejo integrado de pragas (PARRA, 2000PARRA, J.R.P. A biologia de insetos e o manejo de pragas: da criação em laboratório à aplicação em campo. In: GUEDES, J.C.; COSTA, I.D.; CASTIGLIONI, E. (Eds.). Bases e técnicas do manejo de insetos. Santa Maria: UFSM/CCR/ DFS; Pallotti, 2000. p.1-30.). Muitos estudos têm demonstrado a influência do alimento na biologia de lepidópteros, sendo que diferentes parâmetros biológicos são afetados pela quantidade e qualidade do alimento (PASHLEY et al., 1995PASHLEY, D.P.; ARDÍ, T.N.; HAMMOND, A.M. Host effects on developmental and reproductive traits in fall armyworm strains (Lepidoptera: Noctuidae). Annals of Entomological Society of America, v.88, n.6, p.748-755, 1995.; BUSATO et al., 2002BUSATO, G.R.; GRÜTZMACHER, A.D.; GARCIA, M.S.; GIOLO, F.P.; MARTINS, A.F. Consumo e utilização de alimento por Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) originária de diferentes regiões do rio grande do sul, das culturas do milho e do arroz irrigado. Neotropical Entomology, v.31, n.4, p.525-529, 2002.; BENTANCOURT et al., 2003BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003.). BENTANCOURT et al. (2003)BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003. observaram que A. sphaleropa desenvolve-se melhor sobre folhas de videira em relação as de macieira e frutos das duas culturas. Entretanto, não existem informações a respeito do desenvolvimento do inseto no caquizeiro e da sua adequação como hospedeiro da praga, bem como sobre cultivares de macieira e videira produzidas no Brasil. Neste trabalho foi estudado a biologia de A. sphaleropa, com o objetivo de conhecer o desenvolvimento e desempenho reprodutivo do inseto e folhas de caquizeiro, macieira e videira.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho, localizado em Bento Gonçalves, RS, sob temperatura de 26 ± 1º C, UR de 70 ± 10% e fotofase de 12h. O desenvolvimento e a reprodução de A. sphaleropa nas folhas do caquizeiro, da videira e da macieira foram comparados através dos seguintes parâmetros biológicos: duração e viabilidade dos estágios de lagarta e pupa e do período de lagarta à emergência do adulto (lagarta-adulto), peso de pupas, longevidade de adultos, fecundidade (diária e total), duração e viabilidade do período embrionário. Para a alimentação das lagartas, foram utilizadas folhas novas e velhas de caquizeiro da cultivar Fuyu, enxertado em porta-enxerto da cultivar Kioto, e em folhas velhas de macieira cultivar Fuji, enxertada em porta-enxerto M7, e videira da cultivar Chardonnay, enxertada em porta-enxerto Paulsen 1103. As folhas novas de caquizeiro foram coletadas e fornecidas às lagartas no mês de novembro, enquanto que as folhas velhas foram coletadas e fornecidas aos insetos entre a segunda quinzena de março e final de abril.

Lagartas recém eclodidas (150 por tratamento) foram transferidas para tubos de vidro (2,5 x 8,5 cm), contendo a parte apical de folhas dos 3 hospedeiros, fechados com algodão hidrófobo, onde foram mantidas até o estágio de pupa. O alimento foi renovado diariamente. Antes de serem fornecidas às lagartas, as folhas foram mergulhadas em solução de hipoclorito de sódio a 2% por 20min para eliminação de agentes patogênicos. Em seguida, foram lavadas com água destilada e deixadas à sombra por duas horas para secar. Com 24h de idade, as pupas foram pesadas e separadas por sexo, com base no tamanho e localização da abertura genital (BENTANCOURT & SCATONI, 1986BENTANCOURT, C.M. & SCATONI, I.B. Biologia de Argyrotaenia sphaleropa Meyrick (1909) (Lep., Tortricidae) en condiciones de laboratório. Revista Brasileira de Biologia, v.46, n.2, p.209-216, 1986.) e, em seguida, transferidas para tubos de vidro, onde foram mantidas até a emergência dos adultos.

Para o estudo da fecundidade e longevidade de adultos, foram individualizados 20 casais em gaiolas confeccionadas com PVC, conforme descrito por MANFREDI-COIMBRA et al. (2005)MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; LOECK, A.E.; BOTTON , M.; FORESTI, J. Aspectos biológicos de Argyrotaeniasphaleropa (Meyrick 1909) (Lepidoptera: Tortricidae) em dietas artificiais com diferentes fontes proteicas.CiênciaRural, v.35, n.2, p.259-265, 2005.. Os ovos da segunda e quarta posturas foram incubados em placas de petri para avaliação do período de incubação e da viabilidade.

A partir dos dados de biologia foi calculada a tabela de vida de fertilidade para A. sphaleropa em caquizeiro, macieira e videira (SILVEIRA NETO et al., 1976SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O.; BARBIN, D.; VILLA NOVA, N.A. Manual de ecologia dos insetos. São Paulo: Agronômica Ceres, 1976. 419p.) estimando-se a duração média de uma geração (T), a taxa líquida de reprodução (Ro), a capacidade inata de aumentar em número (rm) e a razão finita de aumento (λ). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, considerando-se cada inseto uma repetição. Os dados obtidos foram analisados quanto à normalidade pelo teste de Liliefors e quanto à homogeneidade das variâncias dos erros pelos testes de Cochran e Bartlett, para os experimentos com número igual e diferente de repetições, respectivamente (RIBEIRO JUNIOR, 2001RIBEIRO JUNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa: UFV, 2001. 301p.). Não apresentando distribuição normal ou homogeneidade da variância dos erros, os dados (x) de contagem (duração dos estágios, peso de pupas, longevidade e fecundidade) foram transformados em (x + 0,5)0,5, presumindo-se que seguem a distribuição de Poisson, e os dados expressos em porcentagem (viabilidade) foram transformados em arcsen (x/100)0,5, presumindo-se que seguem a distribuição Binomial, e submetidos à análise de variância (RIBEIRO JUNIOR, 2001RIBEIRO JUNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa: UFV, 2001. 301p.) sendo as médias dos tratamentos comparadas pelos testes F ou de Tukey (p ≤ 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A duração do estágio de lagarta e do período lagarta-adulto não apresentou diferença quando A. sphaleropa foi criada em folhas novas de caquizeiro e em folhas de videira e macieira (Tabela 1). Para o estágio de pupa, a duração foi menor em macieira, enquanto que o peso de pupas foi maior quando o inseto foi criado em folhas de videira do que em macieira, sem diferir do observado em folhas novas de caquizeiro (Tabela 1). As durações dos estágios imaturos e do ciclo total foram próximas às relatadas por BENTANCOURT & SCATONI (1986)BENTANCOURT, C.M. & SCATONI, I.B. Biologia de Argyrotaenia sphaleropa Meyrick (1909) (Lep., Tortricidae) en condiciones de laboratório. Revista Brasileira de Biologia, v.46, n.2, p.209-216, 1986. e MANFREDI-COIMBRA et al. (2005)MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; LOECK, A.E.; BOTTON , M.; FORESTI, J. Aspectos biológicos de Argyrotaeniasphaleropa (Meyrick 1909) (Lepidoptera: Tortricidae) em dietas artificiais com diferentes fontes proteicas.CiênciaRural, v.35, n.2, p.259-265, 2005. em folhas de videira e dietas artificiais, respectivamente. BENTANCOURT et al. (2003)BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003. observaram grande variação na duração dos estágios de desenvolvimento de A. sphaleropa em folhas e frutos de macieira e videira. Segundo estes autores, os estágios de desenvolvimento foram mais longos em frutos do que em folhas dos dois hospedeiros. Em folhas novas de macieira, coletadas na primavera, a duração foi menor do que em folhas velhas, coletadas no verão. A menor duração dos estágios de desenvolvimento de um inseto indica a maior adequação nutricional do hospedeiro utilizado como alimento, permitindo que o organismo complete seu ciclo mais rapidamente (PARRA, 2000PARRA, J.R.P. A biologia de insetos e o manejo de pragas: da criação em laboratório à aplicação em campo. In: GUEDES, J.C.; COSTA, I.D.; CASTIGLIONI, E. (Eds.). Bases e técnicas do manejo de insetos. Santa Maria: UFSM/CCR/ DFS; Pallotti, 2000. p.1-30.). Assim, de acordo com os dados de BENTANCOURT et al. (2003)BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003., durante a primavera A. sphaleropa encontra condições nutricionais de completar o seu desenvolvimento mais rapidamente na macieira, apresentando maior potencial de dano à cultura.

Tabela 1
Duração (dias) dos estágios de lagarta, pupa e do período de lagarta à emergência do adulto (lagarta-adulto) e peso de pupas (mg) (média ± EP) de A. sphaleropa quando criada em folhas velhas de videira e macieira e em folhas novas e velhas de caquizeiro. Temperatura: 26 ± 1º C; UR: 70 ± 10%; Fotofase: 12h.
Tabela 2
Viabilidade (%) (média ± EP) dos estágios de lagarta, pupa e do período de lagarta à emergência do adulto (lagarta adulto) de A. sphaleropa quando criada em folhas velhas de videira e macieira e em folhas novas e velhas de caquizeiro. Temperatura: 26 ± 1º C; UR: 70 ± 10%; Fotofase: 12h.
Tabela 3
Longevidade de adultos (dias), fecundidade diária (ovos/fêmea/dia) e total (ovos/fêmea), duração (dias) e viabilidade (%) do período embrionário (média ± EP) de A. sphaleropa quando criada em folhas velhas de videira e macieira e em folhas novas e velhas de caquizeiro. Temperatura: 26 ± 1º C; UR: 70 ± 10%; Fotofase: 12h.
Tabela 4
Duração média de uma geração (T em dias), taxa líquida de reprodução (Ro), capacidade inata de aumentar em número (rm) e razão finita de aumento (λ) de A. sphaleropa quando criada em folhas velhas de videira e macieira e em folhas novas e velhas de caquizeiro. Temperatura: 26 ± 1º C; UR: 70 ± 10%; Fotofase: 12h.

A viabilidade do estágio de lagarta de A. sphaleropa não diferiu entre videira e macieira, sendo significativamente menor em folhas novas de caquizeiro (Tabela 2). Em folhas velhas de caquizeiro A. sphaleropa não completou o estágio larval, demonstrando que nesta fase, as folhas de caquizeiro não são adequadas para o desenvolvimento do inseto. Entretanto, os danos da praga em frutos de caquizeiro são observados em maior intensidade durante os meses de março e abril, que corresponde ao período de maturação dos frutos da cultivar Fuyu (MANFREDI-COIMBRA et al., 2001MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; BOTTON , M. Exigências térmicas e estimativa do número de gerações de Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology, v.30, n.4, p.553-557, 2001.). Assim, pode-se inferir que nesta fase fenológica da cultura, as folhas de caquizeiro não se constituem em fonte alimentar para A. sphaleropa. A viabilidade do estágio de pupa não diferiu entre caquizeiro (folhas novas), videira e macieira, enquanto que para o período lagarta-adulto foi inferior em folhas novas de caquizeiro (Tabela 2).

Os valores de viabilidade observados em folhas de videira e macieira neste trabalho foram próximos aos obtidos por BENTANCOURT et al. (2003)BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003. nestes mesmos hospedeiros. Entretanto, segundo esses autores, quando as lagartas foram criadas em frutos, a viabilidade foi significativamente menor. MANFREDI-COIMBRA et al. (2005)MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; LOECK, A.E.; BOTTON , M.; FORESTI, J. Aspectos biológicos de Argyrotaeniasphaleropa (Meyrick 1909) (Lepidoptera: Tortricidae) em dietas artificiais com diferentes fontes proteicas.CiênciaRural, v.35, n.2, p.259-265, 2005. obtiveram viabilidade superior para A. sphaleropa em dietas artificiais, o que pode estar relacionado à menor intensidade de manipulação das lagartas neste sistema de criação, reduzindo a possibilidade de estresse e contaminações (SALVADORI & PARRA, 1990SALVADORI , J.R. & PARRA, J.R.P. Seleção de dietas artificiais para Pseudaletia sequax (Lep.: Noctuidae). Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.25, n.12, p.1701-1713, 1990.). Os valores de viabilidade observados para folhas novas de caquizeiro demonstram que a cultura é menos adequada para o desenvolvimento de A. sphaleropa em relação à videira e macieira, sendo que em folhas velhas o inseto não completa o estágio de lagarta.

A longevidade dos adultos de A. sphaleropa foi maior em folhas de videira em relação à macieira, não diferindo do observado para folhas novas de caquizeiro (Tabela 3). A fecundidade diária e a total não apresentaram diferença significativa entre os três hospedeiros.

Fig. 1
Fertilidade específica (mx) e taxa de sobrevivência (lx) de A. sphaleropa quando criada em folhas velhas de videira e macieira e em folhas novas de caquizeiro, com base na tabela de vida de fertilidade. Temperatura: 26 ± 1º C; UR: 70 ± 10%; Fotofase: 12h.

De acordo com BENTANCOURT et al. (2003)BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003. a qualidade nutricional das folhas de videira e macieira varia de acordo com a época do ano, apresentando elevada importância sobre o desempenho reprodutivo de A. sphaleropa . Estes autores observaram que a fecundidade de A. sphaleropa foi superior em folhas novas de macieira, coletadas na primavera, quando a média de ovos/fêmea foi de 460,8, enquanto que para videira foi de 289,3. Em frutos e folhas velhas de macieira e videira, coletadas no outono, a fecundidade variou de 218,4 a 266,2 ovos/fêmea, valores próximos aos observados neste trabalho (Tabela 3).

A duração do período embrionário de A. sphaleropa foi maior em folhas de caquizeiro em relação à videira, não diferindo do observado para macieira (Tabela 3), sendo semelhante ao obtido por BENTANCOURT & SCATONI (1986)BENTANCOURT, C.M. & SCATONI, I.B. Biologia de Argyrotaenia sphaleropa Meyrick (1909) (Lep., Tortricidae) en condiciones de laboratório. Revista Brasileira de Biologia, v.46, n.2, p.209-216, 1986. e MANFREDI-COIMBRA et al. (2005)MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; LOECK, A.E.; BOTTON , M.; FORESTI, J. Aspectos biológicos de Argyrotaeniasphaleropa (Meyrick 1909) (Lepidoptera: Tortricidae) em dietas artificiais com diferentes fontes proteicas.CiênciaRural, v.35, n.2, p.259-265, 2005.. A viabilidade de ovos (Tabela 3) foi próxima à relatada por BENTANCOURT & SCATONI (1986)BENTANCOURT, C.M. & SCATONI, I.B. Biologia de Argyrotaenia sphaleropa Meyrick (1909) (Lep., Tortricidae) en condiciones de laboratório. Revista Brasileira de Biologia, v.46, n.2, p.209-216, 1986. em folhas de videira, porém inferior aos resultados de BENTANCOURT et al. (2003)BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003. em folhas e frutos de macieira e videira e de MANFREDI-COIMBRA et al. (2005)MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; LOECK, A.E.; BOTTON , M.; FORESTI, J. Aspectos biológicos de Argyrotaeniasphaleropa (Meyrick 1909) (Lepidoptera: Tortricidae) em dietas artificiais com diferentes fontes proteicas.CiênciaRural, v.35, n.2, p.259-265, 2005. em dietas artificiais.

A emergência dos adultos de A. sphaleropa teve início a partir dos 30,5 dias após a postura (DAP) em folhas de caquizeiro e macieira e dos 31,5 DAP em videira (Fig. 1). O período de pré-oviposição foi de aproximadamente 3 dias em macieira e videira e de 4 dias em caquizeiro. O período reprodutivo iniciou aos 33,5 DAP em folhas de macieira e aos e 34,5 em caquizeiro e videira (Fig. 1). Em folhas de videira, a duração do período reprodutivo foi de 17 dias, com o pico de oviposição ocorrendo aos 35,5 DAP (Fig. 1). A atividade de postura manteve-se elevada entre 34,5 e 39,5 DAP, após o que se observou uma tendência decrescente, com pequena elevação aos 41,5 DAP (Fig. 1).

Em folhas de macieira e videira o pico de oviposição foi atingido aos 35,5 DAP, com o período reprodutivo apresentando duração de 14 dias em macieira e 16 dias em videira, enquanto que em folhas de caquizeiro o pico foi atingido aos 38,5 DAP, com duração do período de 22 dias. O final do período de postura ocorreu aos 47,5, 51,5 e 56,5 DAP em macieira, videira e caquizeiro, respectivamente (Fig. 1).

A fertilidade específica (mx) foi superior em folhas de macieira, observando-se uma média de 8,2 fêmeas/fêmea/dia contra 7,7 e 3,7 fêmeas/fêmea/dia em folhas de videira e caquizeiro, respectivamente. A taxa de sobrevivência (lx) começou a decrescer a partir dos 37,5, 38,5 e 39,5 DAP em macieira, videira e caquizeiro, respectivamente, atingindo o valor zero aos 59,5 DAP em folhas de caquizeiro e macieira e aos 70,5 DAP em videira, respectivamente (Fig. 1).

A duração média de uma geração (T) de A. sphaleropa foi de 36,5 dias em macieira, 38,3 dias em videira e 40,1 dias em caquizeiro (Tabela 4). A taxa líquida de reprodução (Ro) foi maior quando o inseto foi criado em folhas de videira, demonstrando capacidade de aumentar 45,16 vezes a cada geração, enquanto que em macieira a Ro foi de 38,62 e em caquizeiro 11,63 vezes (Tabela 4). Os valores de capacidade inata de aumentar em número (rm) e a razão finita de aumento (λ) foram semelhantes em macieira e videira, sendo inferiores no caquizeiro.

Os resultados obtidos neste trabalho demonstram que o desenvolvimento e o desempenho reprodutivo de A. sphaleropa são semelhantes em folhas de videira da cultivar Chardonnay e de macieira da cultivar Fuji coletadas no final do verão e início do outono. No caquizeiro da cultivar Fuyu o inseto encontra condições de se desenvolver em folhas novas, embora seu desempenho seja inferior ao observado para videira e macieira, enquanto que folhas velhas de caquizeiro não permitem o desenvolvimento de A. sphaleropa.

O desenvolvimento de um inseto é afetado tanto pela espécie do hospedeiro (CRÓCOMO & PARRA, 1985CRÓCOMO, W.B. & PARRA, J.R.P. Consumo e utilização de milho, trigo e sorgo por Spodoptera frugiperda (J.E.Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae). Revista Brasileira de Entomologia, v.29, n.2, p.225-260, 1985.; PASHLEY et al., 1995PASHLEY, D.P.; ARDÍ, T.N.; HAMMOND, A.M. Host effects on developmental and reproductive traits in fall armyworm strains (Lepidoptera: Noctuidae). Annals of Entomological Society of America, v.88, n.6, p.748-755, 1995.; BUSATO et al., 2002BUSATO, G.R.; GRÜTZMACHER, A.D.; GARCIA, M.S.; GIOLO, F.P.; MARTINS, A.F. Consumo e utilização de alimento por Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) originária de diferentes regiões do rio grande do sul, das culturas do milho e do arroz irrigado. Neotropical Entomology, v.31, n.4, p.525-529, 2002.) como pelo estágio fenológico dos órgãos de um mesmo hospedeiro utilizado como alimento (BENTANCOURT et al., 2003BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003.; BENTANCOURT et al., 2004BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Biology of Bonagota cranaodes (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae) on seven natural foods. Neotropical Entomology, v.33, n.3, p.299-306, 2004.). A dieta larval apresentou marcante efeito na duração e viabilidade do estágio larval e do período ovo-adulto de A. sphaleropa (BENTANCOURT et al, 2003BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003.). Quando as lagartas foram criadas em folhas coletadas na primavera, o estágio de lagarta transcorreu mais rapidamente em macieira do que em videira. Por outro lado, quando utilizaram folhas coletadas no verão, não observaram diferença na duração do estágio larval entre os dois hospedeiros. Quando frutos de macieira e videira foram fornecidos como alimento para as lagartas, o desenvolvimento larval transcorreu mais lentamente do que o observado em folhas dos dois hospedeiros. A viabilidade larval e total também foi afetada pela estrutura vegetal, sendo menor em frutos do que em folhas de macieira e videira, demonstrando a variabilidade do efeito dos hospedeiros no desenvolvimento de A. sphaleropa de acordo com a época do ano e com a estrutura vegetal utilizada como alimento (BENTANCOURT et al., 2003BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003.).

Apesar dos frutos de macieira e videira serem menos adequados do que as folhas para o desenvolvimento de A. sphaleropa, danos do inseto nos frutos são freqüentes nos pomares (BENTANCOURT et al., 2003BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003.). Uma vez que a presença de lagartas pequenas de A. sphaleropa em frutos de macieira e videira é rara, a maior adequação das folhas para o desenvolvimento do inseto reforça a hipótese dos autores de que a espécie se alimenta inicialmente de folhas, migrando para os frutos nos estádios finais do desenvolvimento larval (BENTANCOURT et al., 2003BENTANCOURT, C.M.; SCATONI, I.B.; GONZALEZ, A.; FRANCO, J. Effects of larval diet on the development and reproduction of Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology,v.32, n.4, p.551-557, 2003.).

A despeito da inadequação de folhas de caquizeiro coletadas entre a segunda quinzena de março e o final de abril para o desenvolvimento de A. sphaleropa, observada neste trabalho, a incidência da praga durante este período, em que ocorre a maturação dos frutos, é elevada nos pomares (MANFREDI-COIMBRA et al., 2001MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; BOTTON , M. Exigências térmicas e estimativa do número de gerações de Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology, v.30, n.4, p.553-557, 2001.). Em sistemas de produção contendo hospedeiros alternativos, a importância econômica de insetos-praga polífagos é influenciada pela qualidade nutricional, bem como pela abundância relativa dos hospedeiros (ALI et al., 1990ALI, A.; LUTTRELL, R.G.; SCHNEIDER, J.C. Effect of temperature and larval diet on development of the fall armyworm (Lepidoptera: Noctuidae). Annals of Entomological Society of America, v.83, n.4, p.725-733, 1990.). Na Serra Gaúcha, onde várias frutíferas são cultivadas escalonadamente em áreas pequenas e próximas entre si, A. sphaleropa pode desenvolver-se de maneira contínua, alternando hospedeiros ao longo do ano. Entre as principais espécies exploradas comercialmente pelos produtores, o caquizeiro é o de produção mais tardia, sendo a última frutífera a ser colhida. Possivelmente, as infestações observadas durante o período de maturação dos frutos (MANFREDI-COIMBRA et al., 2001MANFREDI-COIMBRA, S.; GARCIA, M.S.; BOTTON , M. Exigências térmicas e estimativa do número de gerações de Argyrotaenia sphaleropa (Meyrick) (Lepidoptera: Tortricidae). Neotropical Entomology, v.30, n.4, p.553-557, 2001.) devem-se a presença de populações elevadas oriundas de outros hospedeiros de produção precoce, como a videira e o pessegueiro, resultando em danos significativos no caquizeiro.

Até o momento não foi detectada a presença de A. sphaleropa na cultura da macieira no Brasil. No Uruguai, os danos de A. sphaleropa em macieira são maiores em áreas submetidas à técnica da confusão sexual para o controle de Cydiapomonella (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Tortricidae), onde houve redução no número de aplicações de inseticidas visando o controle da praga-chave (NUÑEZ et al., 2002NUÑEZ, S.; VLIEGER, J.J.; RODRIQUEZ, J.J.; PERSOONS, C.J.; SCATONI, I. Sex pheromone of South American tortricid moth Argyrotaenia sphaleropa. Journal of Chemical Ecology, v.28, n.2, p.425-432, 2002.). Com a possibilidade do estabelecimento do uso do feromônio sexual para o controle de pragas-chave da macieira no Brasil, como Grapholita molesta (Busck, 1916) (Lepidoptera: Tortricidae) e Bonagota cranaodes (Meyrick, 1937) (Lepidoptera: Tortricidae), é importante que produtores e técnicos tenham conhecimento do potencial de dano que a espécie apresenta na cultura, uma vez que os danos de A. sphaleropa são semelhantes aos da lagarta-enroladeira B. cranaodes, podendo facilmente ser confundidos no campo (NUÑEZ et al., 2002NUÑEZ, S.; VLIEGER, J.J.; RODRIQUEZ, J.J.; PERSOONS, C.J.; SCATONI, I. Sex pheromone of South American tortricid moth Argyrotaenia sphaleropa. Journal of Chemical Ecology, v.28, n.2, p.425-432, 2002.).

CONCLUSÕES

O desenvolvimento e o desempenho reprodutivo de A.a sphaleropa são semelhantes em folhas velhas de macieira da cultivar Fuji e videira da cultivar Chardonnay.

Folhas novas de caquizeiro da cultivar Fuyu são menos adequadas para o desenvolvimento de A. sphaleropa do que folhas velhas de macieira da cultivar Fuji e videira da cultivar Chardonnay, enquanto que o inseto não completa o ciclo biológico alimentando-se de folhas velhas de caquizeiro.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa durante o curso de Doutorado; à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e (CNPq) pelo suporte financeiro; ao assistente de pesquisa da Embrapa Uva e Vinho, Léo Antonio Carollo e a bolsista de iniciação científica da FAPERGS, Aline Nondillo, pelo auxílio na condução dos experimentos.

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    Parte da tese apresentada pelo primeiro autor ao Programa de Pós-Graduação em Fitossanidae - Entomologia, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2005

Histórico

  • Recebido
    23 Jul 2005
  • Aceito
    30 Set 2005
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