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Contribuição alemã para as Teorias da Comunicação

Contribución alemana a las Teorías de la Comunicación

German contribution to the Communication's Theories

ENTREVISTA - DIÁLOGOS MIDIOLÓGICOS 27

Contribución alemana a las Teorías de la Comunicación

Entrevista concedida a Geder Parzianello

Professor Adjunto da Universidade Federal do Pampa, São Borja-RS, Brasil. Doutor em Comunicação Social pela PUC-RS e pós-doutor em Ciência Midiática -Medienwissenschaft pela Universität Paderborn, Alemanha, com bolsa da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) E-mail: professorgeder@yahoo.com.br

Hartmut Winkler nasceu em 1953, em Marbug, na Alemanha. É professor de Estudos da Mídia, Teoria da Mídia e Mídia & Arte da Universidade de Paderborn, na Alemanha, desde Abril de 1999. Winkler é influente no campo da Mídia Digital. Seus trabalhos incluem Switching / Zapping (1991), Film Theory, Der Filmische Raum und der Zuschauer (1992) e Computers and Media Theory, Docuverse (1997). Outra importante obra de sua autoria é Search Engines: Metamedia on the Internet? (1998), na qual ele tenta explicar como um motor de busca é uma caixa preta, ou seja, objetiva mostrar que o sistema de entrada e saída de muitos telespectadores/usuários não é uma fonte neutra e legítima. Winkler também discute a posição de poder que os motores de busca têm sobre seus usuários, bem como seu formato estrutural, além de como a linguagem muda a perspectiva dos motores.

Revista Intercom - O estudo das teorias de Comunicação Social oferece contribuições de pesquisadores alemães. Tais contribuições, todavia, parecem ter sido bem maiores no passado do que talvez sejam hoje em dia. O sentimento é o mesmo entre pesquisadores alemães? Que autores e pesquisas estão ganhando notoriedade na Alemanha?

Hartmut Winkler - Os clássicos pensadores da Escola de Frankfurt como Adorno, Horkheimer, Benjamin, Kracauer e outros são, seguramente, os autores dos estudos originalmente alemães mais bem conhecidos internacionalmente. Mas é também verdade que muitos nomes emergem de novas gerações, nomes certamente como o de Friedrich Kittler, cuja obra principal Auschreibe-systeme 1800-1900 foi publicada em 1985, traduzida para a língua inglesa em 1990 sob o título Discourse Networks, e que circulou nos Estados Unidos e no Canadá, sendo que a abordagem deste autor foi amplamente debatida nestes dois países e não apenas na Alemanha. O trabalho de Kittler foi realmente um marco por mostrar uma nova abordagem no conteúdo das Ciências Midiáticas na Alemanha. Para esclarecer este aspecto, precisa-se compreender o contexto histórico: desde os anos 1920 havia uma então chamada Ciência Jornalística, depois nominada Publicística e, finalmente, Ciências da Comunicação ou Ciências Midiáticas1 1 Nota do tradutor: As expressões Ciências Midiáticas e Ciências Culturais são usadas aqui de forma equivalente em língua portuguesa às expressões Ciências dos Meios e Ciências da Cultura, respectivamente; e referem-se, por sua vez, em língua alemã a Medienwissenschaft e Kulturwissenschaft. Por vezes, conforme o uso que faz o entrevistado, a tradução optou por manter de forma conjugada os termos "Ciências Culturais e Midiáticas" (Kulturwissenschaft Medienwissenschaft). e que tinha seu foco de formação nos jornalistas propriamente. A área se orientou metodologicamente pelas Ciências Sociais empíricas e no centro de seus estudos estavam temas como o estudo das notícias, dos gêneros da informação, assim como perspectivas decorrentes de abordagens das teorias dos efeitos. Produtos midiáticos de ficção eram tratados, até então, mais por grandes métodos quantitativos, de análise de conteúdo. Nos anos 1960, houve uma transformação fortemente marcada por filólogos e estudiosos da linguagem, que passaram a trabalhar com pesquisas sobre mídia. Filmes e gêneros ficcionais, os quadrinhos e a cultura popular foram pesquisados a partir de referênciais teóricos e metodológicos da Literatura. Nas universidades, se estabeleceram então, nos anos 70, os primeiros professores propriamente ditos de Ciência da Comunicação, Ciência Midiática, ou Ciência dos Meios (Medien). Por "meios" se compreendia, naturalmente, a mídia audiovisual de Comunicação de Massa. A abordagem usada nestes estudos era a estético/hermenêutica e a perspectiva da chamada crítica social midiática dominava a pesquisa nas Ciências Sociais naquela que foi uma época extremamente turbulenta da política, desde os anos 1960. Kittler foi, então, uma grande novidade na Alemanha. Primeiro, ele ampliou o campo da pesquisa e procurou tratar com igualdade todos os meios, como já era sinalizado no título de seu segundo livro Gramophone, Film, Typewriter (1986) cuja edição inglesa saiu em 1999. Em segundo lugar, ele tentou ver outro lado para o conteúdo midiático e buscar uma identidade mais geral da mídia. Ele foi o primeiro autor a envolver o computador nos estudos deste campo de uma forma mais sistemática. Ele recusou-se a usar as Ciências Sociais como base e se valeu da Filosofia, principalmente as abordagens francesas como as que surgiram com o paradigma do pós-estruturalismo. Embora um declarado opositor da Escola de Frankfurt, ele escolhe uma abordagem vinculada à Filosofia à semelhança do que entendiam os filósofos e sociólogos frankfurtianos. E se existe uma peculiaridade da Ciência Midiática alemã, então eu penso que resida justamente nisso, na relação da pesquisa sobre os meios com as perspectivas sociológicas e filosóficas. Esta compreensão de pesquisa de mídia a que nos referimos há pouco, trazida por Kittler, passa a ser, então, muito bem aceita. Há colegas nos Estados Unidos e no Canadá, como o prof. dr. Geoffrey Winthsop-young, de Vancouver, ou o prof. dr. John Peters, de Iowa, que importaram a teoria midiática alemã. As Ciências Midiáticas nos Estados Unidos são bem mais pragmáticas e este referencial trazido da academia alemã lhes permitia pensarem operar no âmbito das Comunicações e das Artes, bem como da Literatura.

Revista Intercom - Kittler representa até hoje a Ciência da Comunicação na Alemanha?

Winkler - Não, de forma alguma. Até meados dos anos 1990, Kittler e seus seguidores foram um modelo dominante. Mas então seus fundamentos foram fortemente criticados e descobria-se um pluralismo que pareceu para muitos interessante, mas ao mesmo tempo de cenários confusos e ramificados demais. Meus próprios trabalhos vão na direção desta crítica a Kittler, pois sempre me reconheci como uma espécie de "opositor de Sua Majestade Real", que sempre pareceu ser Kittler e seus preceitos teóricos. O conflito atual centra-se na questão seguinte: como entender adequadamente a tecnologia dentro do estudo de mídia? Com a frase "a mídia determina nossa condição", Kittler buscava explicar os meios por um a priori histórico, focado na tecnologia e em conformidade com a perspectiva popular de que a "televisão mudou o mundo" - perspectiva esta que invariavelmente recai sobre questões de efeitos sociais dos meios. Penso que seja muito interessante a questão de como e por que surgem as novas mídias. Engana-se que isso está compreendido suficientemente pela nossa civilização. É preciso um retorno às teorias sociais e todo um embasamento histórico mesmo sobre os meios tradicionais, sua linguagem e sobre a memória humana, em tensão com os modelos mecânicos, bem como um retorno às análises em Semiótica, à Teoria dos Signos e outras mais. Achamos que compreendemos como se dão as relações simbólicas, mas isso não é bem assim. Passo a passo, a Ciência Midiática na Alemanha descobriu novas ramificações de sua pré-história [Lessings, Laokoon (1776)] como uma antiga consideração em torno da compreensão de textos e imagens via metodologia grega e outros resgates históricos, ou com Descartes e Leibnitz e a utopia de uma linguagem perfeita, com textos clássicos de economia política e sua relação com os modelos de compreensão das relações comunicacionais, a exemplo dos trabalhos de Markus Krajewski [Paper Machines. About Cards & Catalogs, 1548-1929. The MIT Press, Cambridge, Mass, 2011] ou Bernhard Siegert [traduzido por Kevin Repp. Literature as an Epoch of the Postal System], com cujas teses se mostrou bastante impressionado Harold Innis mais tarde, nos anos 1950, ou ainda, via remotas considerações feitas por Josias Ludwig Gosch, em 1789, fragmentos de ideias que foram publicadas e que circulam ainda hoje nos meios acadêmicos.

Junto a tudo isso, é claro, existem muitas abordagens atuais envolvendo computadores e seus usos na compreensão por estudos de mídia. Bem como acontece, provavelmente, em todos os países. A partir do desenvolvimento atual da mídia, há um discurso ascendente sobre computadores, internet e mídia social tal como aconteceu com o surgimento do rádio e todas as demais mídias visuais e no campo de uma teoria mais geral dos Meios de Comunicação. Citar aqui os nomes mais importantes da pesquisa em Comunicação na Alemanha é algo difícil, porque, claro, cada pesquisador alemão aqui daria certamente uma resposta diferente. Eu, pessoalmente, diria: Sybille Krämer, pesquisadora na Universidade Livre de Berlim, que apesar de ser uma filósofa, do meu ponto de vista é na verdade quem desenvolveu depois de Kittler a mais original e uma das mais relevantes posições teóricas alemãs. Na Universidade Weimar-Bauhaus também outras importantes contribuições têm surgido: ali estão Lorenz Engell, Bernhard Siegel e Friedrich Balke, que são nomes os quais vale à pena serem mencionados. Havia um grande contexto de investigação sobre mídia e Comunicação Cultural na Universidade de Colônia, no qual se encontraram Ludwig Jäger e Wilhelm Vosskamp. Em Berlim, temos Wolfgang Coy na interface entre Ciência da Computação, Comunicação Social e sociedade. Lüneburg Claus Pias, que trabalha com mídia e cibernética. No estudo de imagens, temos Bredekamp, Hans Belting e Gottfried Böhm. Em Siegen, Gerhard Schüttpelz deve ser mencionado, que está trabalhando com a teoria autor-rede e traz modelos antropológicos e de pesquisa etnográfica para a Ciência Midiática. Em Braunschweig, temos Ulrike Bergermann, com a teoria feminista de mídia, e Rolf Nohr, com os estudos dos Jogos na Comunicação. Na minha Universidade, em Paderborn, há um grupo de Pós-graduação que estuda o automatismo e que inclui abordagens diversas para tomar o surgimento de novas mídias enquanto uma única estrutura e tenta buscar compreender os processos agendados. O automatismo na perspectiva de nossas pesquisas não tem nada a ver com o que se entende por automático, que é um procedimento planejado. Pelo contrário, a nós interessam os processos que vão além ou que estão justamente do outro lado da questão, que não são determinados, mas que nos parecem como se assim o fossem, o que chamamos de processos de automatismos, um pouco semelhante, mas não exatamente, com o que acontecem com os animais e que chamamos de instintos. Estudamos em diferentes abordagens estes processos, seu surgimento, origem, gênese, suas significações e formas, suas retóricas e sua historicidade no contexto da civilização humana, o aparente caráter de naturalidade de muitos destes processos, suas implicações e outros muitos aspectos. Nos estudos sobre Cinema temos as pesquisas, por exemplo, de Heide Schlüpmann e de Gertrud Koch, que apresentam abordagens filosóficas e de estéticas feministas, e em Basel, encontraremos os trabalhos de Ute Holl. Por fim, há o discurso sobre a memória, campo de estudo iniciado na Alemanha por Aleida e Jan Assmann.

Revista Intercom - O conhecimento científico é dependente, em grande arte, de sua disseminação global em língua inglesa. Os pesquisadores alemães estão trabalhando com esta preocupação e publicando no exterior, publicando em inglês?

Winkler - Esta e uma questão que sempre volta a ser discutida na Alemanha porque as Ciências Sociais e Humanas encontram nisso uma dificuldade maior do que, por exemplo, outras ciências, como as Ciências Naturais ou mesmo a Informática. Uma dificuldade que se faz sentir quando se tenta traduzir o seu conteúdo em um idioma diferente. O processo de conhecimento em si, está ligado à linguagem e o trabalho teórico significa fazer um trabalho sobre os termos, sobre as noções e sobre os conceitos. Cada um que trabalhou até aqui com estudos de mídia tem, certamente, buscado fazer a versão de seus trabalhos para a língua inglesa. A maioria, todavia, apenas para o inglês, quando na verdade, traduções para espanhol, chinês e português poderão, talvez, pelo menos no futuro, ser tão importantes quanto as traduções em língua inglesa.

Revista Intercom - Que publicações científicas alemãs têm, atualmente, maior relevância na Alemanha?

Winkler - Este é outro grande problema. Até agora, a maior parte do trabalho teórico foi publicado em antologias e monografias, somando-se a isso, os trabalhos confiados a dezenas de publicações diferentes, espalhados em meio a um cenário confuso de revistas acadêmicas de nossas faculdades. Atualmente, no entanto, isso vem mudando. As Ciências Culturais e as Ciências da Comunicação na Alemanha se organizam em torno de algumas revistas acadêmicas com Peer Review e que estão vinculadas a fóruns de discussão. Aqui seria o caso de mencionarmos a Zeitschrift für Medienwissenschaft (ZFM), que é originária da Sociedade para a Ciência dos Meios (Gesellschaft füer Medienwissenschaft) e, na se­quência, a Revista para a Pesquisa dos Meios e da Cultura (Zeitschrift für Medien-und Kulturforschung) e ainda o Arquivo para a História da Mídia (Archiv für Mediengeschichte), ambos de Weimar, assim como a Revista para a Ciência da Cultura (Zeitschrift für Kulturwissenschaft). Isso tudo nos remete à questão anterior: essas revistas todas são também editadas apenas em alemão. Se os textos dos pesquisadores alemães são traduzidos para o inglês, por exemplo, isso é quase sempre devido a pedidos de revistas internacionais, por iniciativa dos próprios autores, ou ainda, por razão dos valiosos importadores de nossas teorias em países de língua inglesa, como os que citei anteriormente e que levaram teses alemãs para países como o Canadá e os Estados Unidos.

Revista Intercom - Existem fóruns e outros eventos de relevância nacional ou mesmo internacional que aconteçam com frequência na Alemanha? Quais, por exemplo?

Winkler - Pesquisadores das Ciências Midiáticas e Culturais (Kulturwissenschaftliche Medienwissenschaft) se reúnem anualmente para uma conferência nacional, organizada pela Sociedade para a Ciência dos Meios (Gesellschaft für Medienwissenschaften - GFM) e que a cada ano muda o local de realização dessa conferência. Em março de 2012, a conferência foi em Frankfurt. Há também uma reunião anual da Sociedade Alemã para a Publicística e a Ciência da Comunicação (Deustche Gesellschafts fuer Publizistik und Kommunikationswissenschaft - DG PUK), entidade que congrega representantes de toda a comunidade científica dessas ciências empíricas na Alemanha. Há também, claro, convenções internacionais, constantemente. Há muitas instituições internacionais em atividade na verdade, por exemplo, o Instituto Internacional de Pesquisa de Tecnologias Culturais e Filosofia dos Media (IKKM), em Weimar, em cuja programação de eventos eu mesmo estou com uma série de conferências, envolvido com a temática da chamada Comunicação Transcontinental, ou Mídia do Transatlântico, e cuja tarefa é a de reunir estudiosos de mídia a partir dos Estados Unidos, do Canadá e da Alemanha, e de outros países como Israel, para pensar os desafios comuns e globais da Comunicação, como fizemos em 2012, na quarta reunião desta série, realizada aqui na Universidade Paderborn.

Revista Intercom - A pesquisa sobre FolkComunicação, por exemplo, cujo pensamento teórico é originalmente brasileiro, é afinal de contas, conhecida aqui na Alemanha? O pensamento de pesquisadores brasileiros é mencionado ou conhecido por pesquisadores alemães? Que autores latino-americanos são mais conhecidos ou inclusive citados pelos alemães?

Winkler - Aqui chegamos ao limite das fronteiras do meu próprio conhecimento nesta área. Para a Ciência Midiática alemã, em geral, posso dizer simplesmente que autores brasileiros não são conhecidos e o único cientista social brasileiro, pesquisador de mídia conhecido na Alemanha é mesmo Vilém Flusser, que na verdade fugiu para o Brasil, tentando escapar dos nazistas em Praga em 1939 e no Brasil lecionou, em São Paulo, até 1972. Flusser foi importante para os estudos sobre o discurso midiático alemão, além do que seus textos foram praticamente todos lidos aqui na Alemanha, os quais ele tornou públicos quando morou na França mais tarde. Há um Arquivo-Flusser, iniciado por Siegfried Zielinski, na Universität der Künste, em Berlim; há também um colóquio sobre Flusser na Universität Weimar e, desde 2005, um sítio "Flusser Studies", um jornal eletrônico internacional para a pesquisa acadêmica dedicada ao pensamento de Vilém Flusser. Aqui estaria minha contra-pergunta: Flusser desempenha um papel relevante na teoria midiática no Brasil? Seus textos em alemão são traduzidos efetivamente para o português e lidos e debatidos nas universidades brasileiras de modo geral?

Revista Intercom - E uma questão a mais: qual é a maior transformação sentida nos últimos tempos por pesquisadores alemães que estudam teorias da Comunicação?

Winkler - Minha resposta é talvez um pouco provocativa. Nosso modelo estrutural se assemelha a um daqueles bolinhos típicos norte-americanos, com um furo no meio, os donuts, quer dizer, temos um problema no meio de nossa área, não em redor dela. O conceito central de meios não está ainda suficientemente claro, assim como acontece de forma semelhante na Sociologia com o conceito de sociedade. Mas, infelizmente, ainda trabalhamos em muitos lugares com conceitos altamente problemáticos, muitos deles com um curto tempo de maturação conceitual como, por exemplo, o próprio conceito de 'novas mídias', alguns conceitos se encontram fortemente amarrados a pequenas conjunturas como o conceito de 'hipermídias', o conceito de 'virtuais', ou de 'realidades virtuais', dos anos 1990, ou ainda, o conceito de 'conhecimento (wissen) o qual a Ciência Midiática toma num sentido ligeiramente contrário ao de outras ciências. E muitos problemas teóricos centrais encontram-se não resolvidos, já não se busca mais fechá-los numa compreensão, senão confrontá-los e meu esforço preferido neste sentido tem sido o conceito de signo. Eu não penso que se possa alcançar uma compreensão completa do sentido do conceito de mídias, sem levar em consideração um claro conceito do que seja signo e do que seja o simbólico. Mas como abarcar afinal de contas a esfera do que é simbólico? Nos anos 1960, os modelos semióticos e as investigações de Peirce foram amplamente ensinados em boa parte das universidades, mas ninguém acredita muito bem neles, em parte porque as respostas, que até então foram encontradas, quase nunca são compatíveis com a maioria das questões que se impõem sobre as mídias, como por exemplo, se devemos pensar da mesma forma em relação ao que tomamos por objeto simbólico e o que tomamos por objeto técnico. E mais: qual é o projeto histórico das línguas formais e do formalismo? Quais as relações destes projetos com outras formas de abstração que se encontram em outras mídias? Podemos nos ocupar dos mecanismos de estereotipização e de idealização nestas mídias como se deu nos meios audiovisuais, para ver nisso uma ponte em direção ao reino dos signos constituídos? Penso que estas questões se aplicam a um desafio internacionalmente enquanto questões de base, fundamentais porque ainda sem respostas e que demonstram que ainda temos muito a investigar sendo a nossa Ciência, uma disciplina relativamente jovem. Esta é uma oportunidade, mais que uma tarefa. Talvez estejamos formando gerações de jovens atualmente os quais poderão finalmente encontrar respostas a estas e tantas outras questões sobre a Comunicação humana.

  • Contribuição alemã para as Teorias da Comunicação

    German contribution to the Communication's Theories
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    Nota do tradutor: As expressões Ciências Midiáticas e Ciências Culturais são usadas aqui de forma equivalente em língua portuguesa às expressões Ciências dos Meios e Ciências da Cultura, respectivamente; e referem-se, por sua vez, em língua alemã a
    Medienwissenschaft e
    Kulturwissenschaft. Por vezes, conforme o uso que faz o entrevistado, a tradução optou por manter de forma conjugada os termos "Ciências Culturais e Midiáticas" (Kulturwissenschaft Medienwissenschaft).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      24 Jun 2013
    • Data do Fascículo
      Jun 2013
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