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Brasileiros nos Estados Unidos - Meio Século (Re)fazendo a América (1960 - 2010)

Brazilians in the United States - Half a Century (re)making America (1960-2010)

Lima, Álvaro Eduardo de Castro e; Castro, Alanni de Lacerda Barbosa de. Brasileiros nos Estados Unidos - Meio Século (re)fazendo a América (1960 - 2010). Brasília: FUNAG, 2017. 143. 987-85-7631-677-0

O livro “Brasileiros nos Estados Unidos - Meio Século (re)fazendo a América (1960 - 2010) discute o caráter transnacional da migração, fazendo um balanço das cinco décadas da emigração brasileira para os EUA1 1 Cf. ASSIS, Glaucia de Oliveira; SIQUEIRA, Sueli. Mulheres emigrantes e a configuração de redes sociais: construindo conexões entre o Brasil e os Estados Unidos; MARGOLIS, Maxine. Little Brazil. An Ethnography of Brazilian Immigrants in New York City; SALES, Teresa. Brasileiros longe de casa. . Esse balanço se dá através da apresentação e análise inéditas de dados estatísticos e demográficos dos emigrantes brasileiros nos EUA, suas características sociais e econômicas, bem como dos fatores de influência para a decisão migratória e as contribuições geradas para a origem e o destino. Com uma visão analítica e vivencial, o livro compila conjuntos de dados produzidos nas últimas cinco décadas, contribuindo para a compreensão desse fluxo migratório, em direção ao aprimoramento de políticas públicas e ações em benefício dos emigrantes brasileiros nos EUA e no mundo.

O estudo está organizado em seis capítulos, além da introdução e da conclusão, quais sejam: (1) Fatores motivadores da migração e a influência das redes de relacionamento; (2) O caráter transnacional da migração - vivendo aqui e lá; (3) A imigração brasileira no mundo; (4) Brasileiros nos Estados Unidos - Meio século (re)fazendo a América; (5) Impactos sociais e econômicos nas regiões de origem; e (6) Retorno - a viagem de volta.

Os dados que deram origem às análises para o livro são provenientes, sobretudo, de pesquisas de campo realizadas pelos autores, dados do Censo Americano2 2 Conforme descrições nas Referências e Anexos do livro. , pesquisas em fontes secundárias, informações do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Dentre os dados estratificados e analisados ao longo do livro, merecem especial atenção aqueles relacionados à ocupação econômica por setores, taxas de emprego, níveis de empreendedorismo, rendimento médio, estado civil, condições de moradia, níveis de pobreza, gênero, idade, estado civil e escolaridade dos brasileiros, por apresentarem o perfil dos emigrantes brasileiros naquele país.

Após discutir como as redes de relacionamento e as informações que nelas circulam complementam a decisão migratória nas regiões brasileiras de maior fluxo de saída, a publicação descreve, detalhadamente, as diversas características dos brasileiros nos EUA, comparando-os com todos os imigrantes e com a população nativa.

Quanto à ocupação econômica, segundo a ACS-PUMS (2014), as atividades dos trabalhadores brasileiros se concentram em (i) Gestão, Professional e Ocupações Relacionadas (33%); (ii) Serviços (29%); (iii) Vendas e Serviços de Escritório (16%); (iv) Construção, Extração, manutenção e reparos (13%); e (v) Produção, Transporte e movimentação de material (8%). As análises das taxas de emprego demonstram que os brasileiros apresentam-se mais propensos a participar da força de trabalho do que os nativos e todos os imigrantes. Estratificando-se as taxas de emprego por gênero, eles continuam com as taxas mais altas, tanto entre os homens, quanto entre as mulheres.

Segundo a mesma fonte, os imigrantes brasileiros também apresentam perfil empreendedor. O estado de Massachusetts é o que possui a maior concentração de brasileiros que exercem atividade empresarial, com 23% do total. Em seguida, está a Flórida (18%), Califórnia (10%), Nova Jersey (9%), Connecticut (9%) e Nova Iorque (7%). Juntos, esses estados são responsáveis por 76% dos empreendedores brasileiros nos EUA.

Tanto as famílias brasileiras nos EUA, quanto os brasileiros individualmente, tendem a serem menos pobres do que todos os imigrantes e os nativos. Em 2014, a taxa de pobreza de família para as famílias chefiadas por brasileiros foi de 11%, em comparação a 17% de todas as famílias de imigrantes e a 13% das famílias nativas. No mesmo sentido, está a taxa de pobreza individual dos brasileiros.

No que diz respeito ao casamento, os brasileiros nos EUA são mais propensos a ser casados do que os residentes nativos, mas menos propensos do que todos os imigrantes3 3 Enquanto 57% dos brasileiros são casados, para todos os imigrantes esse percentual é de 59% e, para os nativos, de 46%. .

Quanto aos aspectos transnacionais, a maior parte deles mantém relação frequente com o Brasil. Quase dois terços indicaram que, além de envio de remessas financeiras mensais para as suas famílias, ligam para casa de duas a três vezes por semana. Além dos contatos com a família, são assistidos programas de televisão ou de rádio produzidos no Brasil; cerca de três em cada quatro respondentes, enviam e recebem e-mails de seus familiares, parceiros e amigos; quase metade dos entrevistados afirmou consumir produtos importadas do Brasil. Estas relações transnacionais não ocorrem apenas com a classe média ou alta brasileira. O estudo demonstrou que quase dois terços dos brasileiros entrevistados ganhavam menos de US $ 35.000 por ano.

A transnacionalidade, facilitada pela evolução tecnológica no tocante à comunicação, tornou o país de origem mais próximo dos emigrantes brasileiros reduzindo, um pouco, as dificuldades emocionais geradas pela saudade da terra natal e dos que ali ficaram. Contudo, a emigração internacional compreende, ao mesmo tempo, o desejo da conquista daquilo que se busca no país estrangeiro e o fechamento do processo, que se completa com o retorno à terra natal. Neste sentido, o livro também aborda as questões compreendidas no retorno, sejam ele voluntário ou não.

Esses e outros aspectos desse importante fenômeno migratório são discutidos na publicação, que pretende ocupar um espaço na contribuição para a compreensão desse complexo movimento social. Devido à limitação de foco, outras pesquisas serão realizadas para aprofundar o estudo em segmentos específicos da população brasileira nos EUA.

Bibliografía

  • ASSIS, Glaucia de Oliveira; SIQUEIRA, Sueli. Mulheres emigrantes e a configuração de redes sociais: construindo conexões entre o Brasil e os Estados Unidos. REMHU, Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, v. 17, n. 32, 2009, p. 15-46.
  • MARGOLIS, Maxine. Little Brazil. An Ethnography of Brazilian Immigrants in New York City Princeton, NJ: Princeton University Press, 1994.
  • SALES, Teresa. Brasileiros longe de casa São Paulo: Cortez, 1998.
  • 1
    Cf. ASSIS, Glaucia de Oliveira; SIQUEIRA, SueliASSIS, Glaucia de Oliveira; SIQUEIRA, Sueli. Mulheres emigrantes e a configuração de redes sociais: construindo conexões entre o Brasil e os Estados Unidos. REMHU, Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, v. 17, n. 32, 2009, p. 15-46.. Mulheres emigrantes e a configuração de redes sociais: construindo conexões entre o Brasil e os Estados Unidos; MARGOLIS, MaxineMARGOLIS, Maxine. Little Brazil. An Ethnography of Brazilian Immigrants in New York City. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1994.. Little Brazil. An Ethnography of Brazilian Immigrants in New York City; SALES, TeresaSALES, Teresa. Brasileiros longe de casa. São Paulo: Cortez, 1998.. Brasileiros longe de casa.
  • 2
    Conforme descrições nas Referências e Anexos do livro.
  • 3
    Enquanto 57% dos brasileiros são casados, para todos os imigrantes esse percentual é de 59% e, para os nativos, de 46%.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Apr 2018

Histórico

  • Recebido
    24 Out 2017
  • Aceito
    12 Mar 2018
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