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Sonhos interrompidos: memórias e emoções de experiências de viagem durante a propagação da Covid-19

Sueños interrumpidos: recuerdos y emociones de las experiencias de viaje durante el avance de Covid-19

Resumo

Este trabalho tem o objetivo de compreender as experiências de turistas que viajaram durante a propagação da Covid-19, explorando as emoções e memórias em um contexto cronológico da viagem. A abordagem metodológica é qualitativa, com base em 21 entrevistas em profundidade a turistas brasileiros que relataram suas viagens entre janeiro e março de 2020, contemplando experiências em todos os continentes do mundo. A análise dos dados se deu pela teoria fundamentada, como base na codificação aberta, axial e seletiva. Os resultados demonstram as particularidades vivenciadas em experiências de viagem durante a pandemia, com emoções que permeiam a felicidade, medo, frustração, tensão e alívio. Ainda, discute-se como os turistas se envolveram com o planejamento de viagem, foram pressionados socialmente e fizeram avaliações de risco antes de viajarem. Durante a viagem, experiências inesperadas geraram a transfiguração da viagem outrora planejada, o atendimento precário e o desamparo, bem como comportamento de autoproteção (ou não) foram elencados. Por fim, os turistas refletiram sobre a viagem e suas consequências. As contribuições envolvem a classificação dos estudos sobre turismo e Covid-19, e a proposição de um framework teórico que representa as emoções e memórias de viajantes antes, durante e após a experiência de viagem.

Palavras-chave
Covid-19; Comportamento do turista; Cronologia da experiência turística

Resumen

Este trabajo tiene como objetivo comprender las experiencias de los turistas que viajaron durante el avance de Covid-19, explorando las emociones y los recuerdos en un contexto cronológico del viaje. El método es cualitativo, basado en 21 entrevistas en profundidad con turistas brasileños que comenzaron viajes entre enero y marzo de 2020, contemplando experiencias en todos los continentes del mundo. Los datos del análisis de datos se basaron en la teoría fundamentada, a través de codificación abierta, axial y selectiva. Los resultados demuestran las particularidades experimentadas en las experiencias de viaje durante la pandemia, con emociones que impregnan la felicidad, el miedo, la frustración, la tensión y el alivio. Así, analiza cómo los turistas se involucraron en la planificación de viajes, fueron presionados socialmente y realizaron evaluaciones de riesgos antes de viajar. Durante el viaje, experiencias inesperadas generaron la transfiguración del viaje previamente planificado, el servicio precario y la impotencia, así como el comportamiento de autoprotección (o no). Finalmente, los turistas reflexionaron sobre el viaje y sus consecuencias. Las contribuciones implican la clasificación de estudios sobre turismo y Covid-19, y la propuesta de un marco teórico que discute las emociones y recuerdos de los viajeros antes, durante y después de la experiencia de viaje.

Palabras-chave
Covid-19; Comportamiento turístico; Cronología de la experiencia turística

Abstract

This work aims to understand the experiences of tourists who traveled during the Covid-19 breakthrough, exploring the emotions and memories of in a chronological context of the trip. The method is qualitative, based on 21 in-depth interviews with Brazilian tourists who started trips between January and March 2020, contemplating experiences in every continent of the world. The data analysis data was based on grounded theory, through open, axial and selective coding. The results demonstrate the particularities experienced in travel experiences during the pandemic, with emotions that permeate happiness, fear, frustration, tension and relief. Still, it discusses how tourists got involved with travel planning, were pressured socially and made risk assessments before traveling. During the trip, unexpected experiences generated the transfiguration of the trip previously planned, the precarious service and helplessness, as well as self-protection behavior (or not) were listed. Finally, tourists reflected on the trip and its consequences. The contributions involve the classification of studies on tourism and Covid-19, and the proposal of a theoretical framework which discusses the emotions and memories of travelers before, during and after the travel experience.

Keywords
Covid-19; Tourist behavior; Chronology of the tourist experience

1 INTRODUÇÃO

Na primeira metade de 2020, a pandemia do novo coronavírus desencadeou um cenário mundial antes impensável: milhares de aviões aterrados, hotéis fechados e interrupções de mobilidade em mais de 180 países. As proibições e restrições de viagens começaram gradualmente em fevereiro de 2020, direcionadas, em um primeiro momento, aos cidadãos chineses.

Os países começaram a adotar restrições para viagens e mobilidade desde o início do surto da Covid-19 - a doença causada pelo novo coronavírus-, comunicado oficialmente pela China à Organização Mundial da Saúde (OMS) em 31 de dezembro, e com os primeiros casos confirmados fora da China continental em 20 de janeiro. No entanto, a adoção de medidas mais rigorosas ocorreu apenas após 11 de março, com a declaração do surto da uma pandemia global pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com casos confirmados nas seis regiões da OMS (WHO - World Health Organization, 2020WHO - World Health Organization. (2020). WHO Coronavirus Disease (Covid-19) Dashboard. https://covid19.who.int/?gclid=Cj0KCQjwiYL3BRDVARIsAF9E4GfYYgd6liQHNejLaGxHuVjxBGGCUn8wVILSOcLL51Jkxh-tTkXSpvIaArApEALw_wcB
https://covid19.who.int/?gclid=Cj0KCQjwi...
). Em abril de 2020, as estimativas indicavam que 7,1 bilhões de pessoas (cerca de 90% da população mundial) estavam em países com restrições de viagem. E 3 bilhões viviam em países onde as fronteiras estavam completamente fechadas para não cidadãos e não residentes, como novos imigrantes, viajantes a negócios e a lazer. Em maio de 2020, 100% dos destinos turísticos passaram a adotar restrições a viajantes (Chinazzi et al., 2020Chinazzi, M., Davis, J. T., Ajelli, M., Gioannini, C., Litvinova, M., Merler, S., Pastore, A., Mu, K., Rossi, L., & Sun, K. (2020). The effect of travel restrictions on the spread of the 2019 novel coronavirus (Covid-19) outbreak. Science, 400(April), 395–400.; Connor, 2020Connor, P. (2020). More than nine-in-ten people restrictions amid Covid-19 worldwide live in countries with travel. Pew Research Center. https://www.pewresearch.org/fact-tank/2020/04/01/more-than-nine-in-ten-people-worldwide-live-in-countries-with-travel-restrictions-amid-covid-19
https://www.pewresearch.org/fact-tank/20...
; Taylor, 2020Taylor, D. B. (2020). How the Coronavirus Pandemic Unfolded: a Timeline. The New York Times, 15. https://www.nytimes.com/article/coronavirus-timeline.html
https://www.nytimes.com/article/coronavi...
; UNWTO, 2020UNWTO. (2020). World Tourism Barometer May 2020 Special focus on the Impact of Covid-19 (Issue May).).

No dia em que a pandemia foi decretada, havia 124.101 casos e 4.583 mortes confirmadas no mundo, sendo a maioria registrada na China e na Itália (75,3% dos casos e 87% das mortes) (WHO - World Health Organization, 2020WHO - World Health Organization. (2020). WHO Coronavirus Disease (Covid-19) Dashboard. https://covid19.who.int/?gclid=Cj0KCQjwiYL3BRDVARIsAF9E4GfYYgd6liQHNejLaGxHuVjxBGGCUn8wVILSOcLL51Jkxh-tTkXSpvIaArApEALw_wcB
https://covid19.who.int/?gclid=Cj0KCQjwi...
). Naquele momento, havia uma clara concentração geográfica da nova doença, apesar das indicações de que o espalhamento da Covid-19 estava sendo rápido e apresentava perigo a todas as nações. Especialmente quando se compara esses números com os dados da doença em 06 de dezembro de 2020, quando já foram confirmados 16.812.755 casos e 662.095 mortes acumuladas no mundo.

Devido à relação crítica entre o turismo e a propagação de doenças (Hall et al., 2020Hall, C. M., Scott, D., Gössling, S., Hall, C. M., Scott, D.., & Pandemics, S. G. (2020). Pandemics , transformations and tourism?: be careful what you wish for. Tourism Geographies, 0(0), 1–22. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1759131
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Shi & Liu, 2020Shi, Q.., & Liu, T. (2020). Should internal migrants be held accountable for spreading Covid-19?? Featured Graphics, 0(0), 1–3. https://doi.org/10.1177/0308518X20916764
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), os turistas foram aconselhados a evitar viagens desnecessárias (Karim et al., 2020Karim, W., Haque, A., Anis, Z.., & Ulfy, M. A. (2020). The Movement Control Order (MCO) for Covid-19 Crisis and its Impact on Tourism and Hospitality Sector in Malaysia. International Tourism and Hospitality Journal, 3(2), 1–7.; Raibhandari et al., 2020Raibhandari, B., Phuyal, N., Shrestha, B.., & Thapa, M. (2020). Air Medical Evacuation of Nepalese Citizen During Epidemic of Covid-19 from Wuhan to Nepal. Journal of Nepal Medical Association, 58(222), 125+. https://doi.org/10.31729/jnma.4857
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). Por um lado, o turismo foi severamente impactado; mas é considerado, também, parcialmente responsável pela transmissão da nova doença. Portanto, "para entender o papel do turismo na pandemia, é necessário entender como a mobilidade é praticada pelos turistas" (Iaquinto, 2020Iaquinto, B. L. (2020). Tourist as vector: Viral mobilities of Covid-19. Dialogues in Human Geography, 1–4. https://doi.org/10.1177/2043820620934250
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: 2).

Uma vez que a mobilidade dos viajantes foi sendo interrompida em ondas durante a progressão da Covid-19, muitas pessoas estavam iniciando suas viagens entre janeiro e março de 2020. Por exemplo, mais de 5 milhões de viajantes estavam em voos internacionais com partida ou chegada ao Brasil durante esse período (ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil, 2020ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil. (2020). Anac Anual Report, 2020. https://www.anac.gov.br/assuntos/dados-e-estatisticas/dados-estatisticos/dados-estatisticos
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).

Mas por que pessoas viajariam em meio à rápida propagação de um vírus potencialmente letal? Seriam elas viajantes imprudentes e insensíveis ao seu potencial papel na ampliação do problema? Infelizmente, nenhum estudo se dedicou a compreender as experiências desses viajantes, nem as memórias e os sentimentos que os turistas relacionam à pandemia. Até o momento, estudos acadêmicos e discussões se concentraram no impacto da pandemia nas organizações e destinos turísticos (Coelho & Mayer, 2020Coelho, M. F.., & Mayer, V. F. (2020). Gestão de serviços pós-covid: o que se pode aprender com o setor de turismo e viagens? Gestão e Sociedade, 14(39), 3698–3706. https://doi.org/10.21171/ges.v14i39.3306
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), com poucos estudos dedicados ao comportamento dos turistas (vide Wen et al., 2020Wen, J., Kozak, M., Yang, S.., & Liu, F. (2020). Covid-19: potential effects on Chinese citizens’ lifestyle and travel. Tourism Review, April. https://doi.org/10.1108/TR-03-2020-0110
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e Zheng et al., 2020Zheng, Y., Goh, E.., & Wen, J. (2020). The effects of misleading media reports about Covid-19 on Chinese tourists ’ mental health?: a perspective article. Anatolia, 00(00), 1–4. https://doi.org/10.1080/13032917.2020.1747208.
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). Dentre esses últimos, nenhum pesquisou as viagens ocorridas durante a disseminação do novo coronavírus.

Assim, o presente trabalho tem o objetivo de compreender as experiências de turistas que viajaram durante a propagação da Covid-19, explorando as emoções e memórias em um contexto pré, durante e pós-viagem. A abordagem metodológica escolhida é qualitativa, com base em entrevistas em profundidade realizadas com pessoas que iniciaram viagens entre janeiro e março de 2020. Portanto, este estudo contribui com o entendimento sobre experiências de viagem durante um momento extraordinário do setor de turismo, aprofundando questões ainda não tratadas pela literatura e apontando caminhos teóricos relevantes para pesquisas futuras.

2 A COVID-19 NO CONTEXTO DO TURISMO: VIAJANTES NEGLIGENCIADOS

Para identificarmos como os estudos nacionais e internacionais têm tratado a relação entre a pandemia do novo coronavírus e o turismo, foi feito um levantamento na plataforma Web of Science, com uso dos termos “Turismo” e “Covid-19”, que resultou em 48 artigos publicados entre 2019 até o final de junho de 2020 (excluídas repetições e uma conclusão editorial) em 26 revistas diferentes. Os artigos brasileiros foram identificados via Google Acadêmico e acesso direto aos periódicos científicos.

No Brasil, a revista Cenário publicou 5 artigos sobre o coronavírus e turismo (Clemente et al., 2020Clemente, A. C. F., Andrade, L. G., Stoppa, E. A., & Santos, G. E. de O. (2020). Políticas públicas frente aos impactos econômicos da Covid- 19 no Turismo. Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 73–85. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.32210
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; Fois-Fraga & Brusadin, 2020Fois-Fraga, H.., & Brusadin, L. B. (2020). Entre as solidões da casa e do mundo?: recolhimentos e acolhimentos domésticos de si e dos outros em época de Covid-19. Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 44–54. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.31770
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; Gastal, 2020Gastal, S. (2020). Turismo em tempos de covid-19: perguntas fortes, Tourism in covid-19 times?: strong questions , weak answers. Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 101–109. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.32167
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; Netto et al., 2020Netto, A. P., Laize, J., Oliveira, S.., & Severini, V. F. (2020). Do overtourism à estagnação. Reflexões sobre a pandemia do Coronavírus e o turismo Del overtourism al estancamiento. Reflexiones sobre la pandemia de coronavirus y el turismo From overtourism to stagnation. Reflections on the Coronavirus pandemic and the Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 26–43. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.32002
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; Ortiz, 2020Ortiz, H. T. (2020). O coronavírus reescreverá o turismo rural?? Reinvenção , adaptação e ação no contexto latino-americano. Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 55–73. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.31484
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). A revista Rosa dos Ventos, publicou uma edição especial de Covid-19 com 17 publicações(Amorim et al., 2020Amorim, F. A., Eme, J. B., Finkler, R., Rech, T., & De Conto, S. M. (2020). Tourism and sustainability: reflections in moments of pandemic Covid-19. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–10. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a04
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; Ávila & Baptista, 2020Ávila, N. F. DE., & Baptista, M. L. C. (2020). Operação ‘sobre viventes’! Entrelaçamentos de amorosidade, autopoiese e comunicação-trama, em ‘tempos de casa’, decorrentes da pandemia covid-19. Rosa Dos Ventos, 12(3), 1–24.; Baptista et al., 2020Baptista, M. L. C., Melo, C. C. de, Bernardo, J. dos S., Picinini, R., Sandi, S. M., Santos, J. A., Hammes, C. E. H., Dannenhauer, K.., & Eme, J. B. (2020). For a more loving and autopoietic world! Reflections Amorcomtur! during pandemic Covid-19. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(Especial), 1–23. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a14
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; Beni, 2020Beni, M. C. (2020). Tourism and Covid-19: some reflections. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–23. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a02
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; Campos, 2020Campos, L. J. D. E. (2020). DA MAQUINARIA SONHANTE... From dreamy machinery... Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 2–3.; Cézar et al., 2020Cézar, P. D. A. B., Ribeiro, A. D. F.., & Moraes, M. P. (2020). Em Tempos De Pandemia [E No Pós]: Relações Emocional E Seus Impactos No Ambiente Construído Pelo Confronto Entre Viajante e Morador. Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–7.; Del Puerto & Baptista, 2020Baptista, M. L. C., Melo, C. C. de, Bernardo, J. dos S., Picinini, R., Sandi, S. M., Santos, J. A., Hammes, C. E. H., Dannenhauer, K.., & Eme, J. B. (2020). For a more loving and autopoietic world! Reflections Amorcomtur! during pandemic Covid-19. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(Especial), 1–23. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a14
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; Diaz, 2020Diaz, R. L. (2020). Testimony of a young man regarding hospitality: love in a time of pandemic. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–12. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a13
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; Ferreira et al., 2020Ferreira, L. T., Maria, M.., & Dos, C. (2020). Covid -19: The Foreigner Who Imposed Among Us. Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–11.; Guimarães et al., 2020Guimarães, V. L., Catramby, T., Moraes, C. C. de A.., & Soares, C. A. L. (2020). Covid-19 pandemic and higher education in tourism in the state of Rio De Janeiro (Brazil): preliminary research notes. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–18. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a09
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; Gullo, 2020Gullo, M. C. R. (2020). The economy in pandemic Covid-19: some considerations. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–8. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a05
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; Korstanje, 2020Korstanje, M. (2020). El covid-19 y la guerra invisible: ¿es el fin de la hospitalidad? Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–9.; Mecca et al., 2020Mecca, M. S., Gorete, M.., & Amaral, D. O. (2020). Covid-19: reflexos no turismo c. Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–5.; Melo & Baptista, 2020Melo, C. C. de., & Baptista, M. L. C. (2020). World night walk: deterritorialization and collective autopoiesis. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(Especial), 1–6. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a15
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; Sá, 2020Sá, F. Z. de. (2020). Mobilidade Da Produção Científica Sobre Turismo E Covid-19. Mobility of Scientific Production on Tourism and Covid-19. Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–12. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a11RESUMO2
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; Velho & Herédia, 2020Velho, F. D.., & Herédia, V. B. M. (2020). Quarantined senior citizens and the impact of technology on their life. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–14. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a10
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; Vieira, 2020Vieira, J. P. (2020). Testimony: the pandemic as lived here. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–4. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a12
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
). Ademais, Coelho e Mayer (2020)Coelho, M. F.., & Mayer, V. F. (2020). Gestão de serviços pós-covid: o que se pode aprender com o setor de turismo e viagens? Gestão e Sociedade, 14(39), 3698–3706. https://doi.org/10.21171/ges.v14i39.3306
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apontaram publicações acadêmicas e relatórios sobre a pandemia e turismo, com enfoque em quatro grandes áreas 1) Gestão de Processos e Tecnologia; 2) Gestão de Instalações e Capacidade; 3) Gestão de Pessoas; e 4) Gestão de Interações com os clientes.

Nos trabalhos nacionais há ensaios teóricos como os de Beni (2020)Beni, M. C. (2020). Tourism and Covid-19: some reflections. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–23. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a02
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e Gastal (2020)Gastal, S. (2020). Turismo em tempos de covid-19: perguntas fortes, Tourism in covid-19 times?: strong questions , weak answers. Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 101–109. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.32167
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, e um levantamento bibliográfico que contemplou 17 artigos internacionais sobre o tema (Sá, 2020Sá, F. Z. de. (2020). Mobilidade Da Produção Científica Sobre Turismo E Covid-19. Mobility of Scientific Production on Tourism and Covid-19. Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–12. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a11RESUMO2
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). Há algumas discussões sobre a relação entre a Covid-19 e temas específicos, em contextos gerais, como hospitalidade (Ferreira et al., 2020Ferreira, L. T., Maria, M.., & Dos, C. (2020). Covid -19: The Foreigner Who Imposed Among Us. Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–11.; Fois-Fraga & Brusadin, 2020Fois-Fraga, H.., & Brusadin, L. B. (2020). Entre as solidões da casa e do mundo?: recolhimentos e acolhimentos domésticos de si e dos outros em época de Covid-19. Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 44–54. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.31770
https://doi.org/10.26512/revistacenario....
; Korstanje, 2020Korstanje, M. (2020). El covid-19 y la guerra invisible: ¿es el fin de la hospitalidad? Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–9.), sustentabilidade (Amorim et al., 2020Amorim, F. A., Eme, J. B., Finkler, R., Rech, T., & De Conto, S. M. (2020). Tourism and sustainability: reflections in moments of pandemic Covid-19. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–10. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a04
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
), idosos e tecnologia (Velho & Herédia, 2020Velho, F. D.., & Herédia, V. B. M. (2020). Quarantined senior citizens and the impact of technology on their life. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–14. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a10
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
), saúde mental do viajante (Cézar et al., 2020Cézar, P. D. A. B., Ribeiro, A. D. F.., & Moraes, M. P. (2020). Em Tempos De Pandemia [E No Pós]: Relações Emocional E Seus Impactos No Ambiente Construído Pelo Confronto Entre Viajante e Morador. Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–7.) e como a pandemia reflete em tipos específicos de turismo como turismo rural (Ortiz, 2020Ortiz, H. T. (2020). O coronavírus reescreverá o turismo rural?? Reinvenção , adaptação e ação no contexto latino-americano. Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 55–73. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.31484
https://doi.org/10.26512/revistacenario....
) e turismo em cemitérios (Del Puerto & Baptista, 2020Del Puerto, C. B.., & Baptista, M. L. C. (2020). Necropolis in front of Covid-19 pandemic: tourist scenario. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–10. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a16
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
). A abordagem do impacto da Covid-19 e na educação do artigo de Guimarães et al. (2020)Guimarães, V. L., Catramby, T., Moraes, C. C. de A.., & Soares, C. A. L. (2020). Covid-19 pandemic and higher education in tourism in the state of Rio De Janeiro (Brazil): preliminary research notes. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–18. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a09
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
se deu particularmente no âmbito de cursos de turismo do Rio de Janeiro.

Também há estudos sobre impactos econômicos da pandemia em locais específicos como São Paulo (Netto et al., 2020Netto, A. P., Laize, J., Oliveira, S.., & Severini, V. F. (2020). Do overtourism à estagnação. Reflexões sobre a pandemia do Coronavírus e o turismo Del overtourism al estancamiento. Reflexiones sobre la pandemia de coronavirus y el turismo From overtourism to stagnation. Reflections on the Coronavirus pandemic and the Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 26–43. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.32002
https://doi.org/10.26512/revistacenario....
), Rio Grande do Sul (Gullo, 2020Gullo, M. C. R. (2020). The economy in pandemic Covid-19: some considerations. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–8. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a05
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
) e Serra Gaúcha (Mecca et al., 2020Mecca, M. S., Gorete, M.., & Amaral, D. O. (2020). Covid-19: reflexos no turismo c. Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–5.). Finalmente, chama a atenção o número de artigos que partem de depoimentos e reflexões pessoais como Vieira (2020)Vieira, J. P. (2020). Testimony: the pandemic as lived here. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–4. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a12
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
, Campos (2020)Campos, L. J. D. E. (2020). DA MAQUINARIA SONHANTE... From dreamy machinery... Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 2–3., Baptista et al. (2020)Baptista, M. L. C., Melo, C. C. de, Bernardo, J. dos S., Picinini, R., Sandi, S. M., Santos, J. A., Hammes, C. E. H., Dannenhauer, K.., & Eme, J. B. (2020). For a more loving and autopoietic world! Reflections Amorcomtur! during pandemic Covid-19. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(Especial), 1–23. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a14
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
, Melo & Baptista (2020)Melo, C. C. de., & Baptista, M. L. C. (2020). World night walk: deterritorialization and collective autopoiesis. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(Especial), 1–6. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a15
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
, Ávila & Baptista (2020)Ávila, N. F. DE., & Baptista, M. L. C. (2020). Operação ‘sobre viventes’! Entrelaçamentos de amorosidade, autopoiese e comunicação-trama, em ‘tempos de casa’, decorrentes da pandemia covid-19. Rosa Dos Ventos, 12(3), 1–24. e Diaz (2020)Diaz, R. L. (2020). Testimony of a young man regarding hospitality: love in a time of pandemic. Revista Rosa Dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–12. https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a13
https://doi.org/10.18226/21789061.v12i3a...
.

Internacionalmente, a revista Tourism Geographies surgiu como líder no assunto, com 22 publicações sobre turismo e Covid-19, centradas em trabalhos teóricos que discutem a atividade turística em geral e alternativas pós-Covid, incluindo sustentabilidade (Galvani et al., 2020Galvani, A., Lew, A. A.., & Perez, M. S. (2020). Covid-19 is expanding global consciousness and the sustainability of travel and tourism. Tourism Geographies, 0(0), 1–10. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1760924
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Ioannides & Gyimóthy, 2020Ioannides, D.., & Gyimóthy, S. (2020). The Covid-19 crisis as an opportunity for escaping the unsustainable global tourism path. Tourism Geographies, 0(0), 1–9. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1763445
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Romagosa, 2020Romagosa, F. (2020). The Covid-19 crisis: Opportunities for sustainable and proximity tourism. Tourism Geographies, 0(0), 1–5. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1763447
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
), turismo de base local (Brouder et al., 2020Brouder, P. (2020). Reset redux: possible evolutionary pathways towards the transformation of tourism in a Covid-19 world. Tourism Geographies, 0(0), 1–7. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1760928
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Lapointe, 2020Lapointe, D. (2020). Reconnecting tourism after Covid-19: the paradox of alterity in tourism areas. Tourism Geographies, 0(0), 1–6. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1762115
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Tomassini & Cavagnaro, 2020Tomassini, L.., & Cavagnaro, E. (2020). The novel spaces and power-geometries in tourism and hospitality after 2020 will belong to the ‘local.’ Tourism Geographies, 0(0), 1–7. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1757747
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
), turismo e mindfulness (Stankov et al., 2020Stankov, U., Filimonau, V.., & Vuji?i?, M. D. (2020). A mindful shift: an opportunity for mindfulness-driven tourism in a post-pandemic world. Tourism Geographies, 0(0), 1–10. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1768432
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
), turismo e equidade (Benjamin et al., 2020Benjamin, S., Dillette, A.., & Alderman, D. H. (2020). “We can’t return to normal”: committing to tourism equity in the post-pandemic age. Tourism Geographies, 0(0), 1–8. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1759130
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
), dentre outros temas. Muitos estudos da citada revista se baseiam, ainda, em discussões sobre a necessidade ou oportunidade de transformação do turismo como atividade (Ateljevic, 2020Ateljevic, I. (2020). Transforming the (tourism) world for good and (re)generating the potential ‘new normal.’ Tourism Geographies, 0(0), 1–9. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1759134
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Benjamin et al., 2020Benjamin, S., Dillette, A.., & Alderman, D. H. (2020). “We can’t return to normal”: committing to tourism equity in the post-pandemic age. Tourism Geographies, 0(0), 1–8. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1759130
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Brouder, 2020Brouder, P. (2020). Reset redux: possible evolutionary pathways towards the transformation of tourism in a Covid-19 world. Tourism Geographies, 0(0), 1–7. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1760928
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Cheer, 2020Cheer, J. M. (2020). Human flourishing, tourism transformation and Covid-19: a conceptual touchstone. Tourism Geographies, 0(0), 1–11. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1765016
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Mostafanezhad, 2020Mostafanezhad, M. (2020). Covid-19 is an unnatural disaster: Hope in revelatory moments of crisis. Tourism Geographies, 0(0), 1–7. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1763446
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Prideaux et al., 2020Prideaux, B., Thompson, M., & Pabel, A. (2020). Lessons from Covid-19 can prepare global tourism for the economic transformation needed to combat climate change. Tourism Geographies, 0(0), 1–12. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1762117
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Rowen, 2020Rowen, I. (2020). The transformational festival as a subversive toolbox for a transformed tourism: lessons from Burning Man for a Covid-19 world. Tourism Geographies, 0(0), 1–8. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1759132
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
; Tomassini & Cavagnaro, 2020Tomassini, L.., & Cavagnaro, E. (2020). The novel spaces and power-geometries in tourism and hospitality after 2020 will belong to the ‘local.’ Tourism Geographies, 0(0), 1–7. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1757747
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
).

Sobre o local de pesquisa dos artigos, há mais ênfase em países como a China (Chen et al., 2020Chen, H., Huang, X., & Li, Z. (2020). A content analysis of Chinese news coverage on Covid-19 and tourism. Current Issues in Tourism, 0(0), 1–8. https://doi.org/10.1080/13683500.2020.1763269
https://doi.org/10.1080/13683500.2020.17...
; Hoque et al., 2020Hoque, A., Shikha, F. A., Hasanat, M. W.., & Arif, I. (2020). The Effect of Coronavirus (Covid-19) in the Tourism Industry in. Asian Journal of Multidisciplinary Studies, 3(1), 52–58.a; Li et al., 2020Li, J., Hallsworth, A. G.., & Coca-Stefaniak, J. A. (2020). Changing Grocery Shopping Behaviours Among Chinese Consumers At The Outset Of The Covid-19 Outbreak. Tijdschrift Voor Economische En Sociale Geografie, 0(0), 1–10. https://doi.org/10.1111/tesg.12420
https://doi.org/10.1111/tesg.12420...
; Lu et al., 2020Lu, Y., Wu, J., Peng, J.., & Lu, L. (2020). The perceived impact of the Covid-19 epidemic: evidence from a sample of 4807 SMEs in Sichuan Province, China. Environmental Hazards, 7891(May). https://doi.org/10.1080/17477891.2020.1763902
https://doi.org/10.1080/17477891.2020.17...
; Wen et al., 2020Wen, J., Kozak, M., Yang, S.., & Liu, F. (2020). Covid-19: potential effects on Chinese citizens’ lifestyle and travel. Tourism Review, April. https://doi.org/10.1108/TR-03-2020-0110
https://doi.org/10.1108/TR-03-2020-0110...
) e outros que dependem diretamente do turismo para movimentação da economia, como Samoa (Olayemi et al., 2020Olayemi, L. O., Boodoosingh, R., & Amosa-Lei Sam, F. (2020). Is Samoa Prepared for an Outbreak of Covid-19? Asia-Pacific Journal of Public Health, 0(0), 1–2. https://doi.org/10.1177/1010539520927283
https://doi.org/10.1177/1010539520927283...
), Índia (Singh & Neog, 2020Singh, M. K.., & Neog, Y. (2020). Contagion effect of Covid-19 outbreak: Another recipe for disaster on Indian economy. Journal of Public Affairs, April, 1–8. https://doi.org/10.1002/pa.2171
https://doi.org/10.1002/pa.2171...
), Grã-Bretanha (Dinarto et al., 2020Dinarto, B. D., Wanto, A.., & Sebastian, L. C. (2020). Covid-19?: Impact on Bintan ’ s Tourism Sector. Global Health Security, 33(March).), Malásia (Karim et al., 2020Karim, W., Haque, A., Anis, Z.., & Ulfy, M. A. (2020). The Movement Control Order (MCO) for Covid-19 Crisis and its Impact on Tourism and Hospitality Sector in Malaysia. International Tourism and Hospitality Journal, 3(2), 1–7.) e Filipinas (Centeno & Marquez, 2020Centeno, R. S.., & Marquez, J. P. (2020). How much did the Tourism Industry Lost?? Estimating Earning Loss of Tourism in the Philippines.).

Os estudos sobre a Covid-19 no turismo, até junho de 2020, podem ser classificados em três temas principais de pesquisa (Tabela 1). Em primeiro lugar, estão os cenários pós-pandêmicos, nos quais alguns autores descrevem os efeitos e ilustram a conjuntura esperada após a Covid-19 - denominados pelos autores como “pós-Covid” e “novo normal”. Em segundo lugar, estão os estudos que evocam impactos da Covid-19 em atividades sociais, econômicas, empresariais e comportamentos pessoais. São poucos os estudos que enfatizam turistas, funcionários ou comunidades (por exemplo, Carr, 2020Carr, A. (2020). Covid-19, indigenous peoples and tourism: a view from New Zealand. Tourism Geographies, 0(0), 1–12. https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1768433
https://doi.org/10.1080/14616688.2020.17...
). Por fim, alguns pesquisadores se preocuparam com a mobilidade e a transmissão de enfermidades, concentrando suas discussões nos pacientes e no papel do turismo na transmissão e difusão da doença.

Tabela 1
Classificação das Pesquisas Internacionais sobre Turismo e Covid-19

Os estudos internacionais têm discutido a pós-pandemia com maior enfoque do que os estudos nacionais. De forma geral, estudos nacionais tendem a apontar impactos da pandemia sobre economia, sociedade e indivíduos. A mobilidade e aspectos médico-sanitários também merecem maiores discussões no contexto brasileiro.

Portanto, não identificamos nenhum estudo dedicado ao comportamento do turista durante a pandemia, exceto por Zheng et al. (2020)Zheng, Y., Goh, E.., & Wen, J. (2020). The effects of misleading media reports about Covid-19 on Chinese tourists ’ mental health?: a perspective article. Anatolia, 00(00), 1–4. https://doi.org/10.1080/13032917.2020.1747208.
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, que relatou como o uso de termos preconceituosos e inadequados veiculados por algumas mídias, como "vírus chinês", afetou a saúde mental dos turistas chineses. Ademais, Wen et al. (2020)Wen, J., Kozak, M., Yang, S.., & Liu, F. (2020). Covid-19: potential effects on Chinese citizens’ lifestyle and travel. Tourism Review, April. https://doi.org/10.1108/TR-03-2020-0110
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descreveram os efeitos potenciais no estilo de vida e viagens de cidadãos chineses no futuro, mas em uma perspectiva pós-covid. No contexto nacional, os artigos de Cézar et al. (2020)Cézar, P. D. A. B., Ribeiro, A. D. F.., & Moraes, M. P. (2020). Em Tempos De Pandemia [E No Pós]: Relações Emocional E Seus Impactos No Ambiente Construído Pelo Confronto Entre Viajante e Morador. Rosa Dos Ventos Turismo e Hospitalidade, 12(3), 1–7. e de Netto et al. (2020)Netto, A. P., Laize, J., Oliveira, S.., & Severini, V. F. (2020). Do overtourism à estagnação. Reflexões sobre a pandemia do Coronavírus e o turismo Del overtourism al estancamiento. Reflexiones sobre la pandemia de coronavirus y el turismo From overtourism to stagnation. Reflections on the Coronavirus pandemic and the Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo e Território, 8(14), 26–43. https://doi.org/10.26512/revistacenario.v8i14.32002
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dão mais atenção ao comportamento do turista, em particular o primeiro que reflete sobre as emoções de viajantes, mas sem um levantamento empírico. Portanto, a revisão de literatura identificou que ainda existem temas que parecem "intocados" pelos pesquisadores do turismo. Apesar da relevância, foram negligenciados pela literatura, até o momento, as experiências, as emoções e as memórias de turistas que viajavam durante a propagação da Covid-19.

3 EXPERIÊNCIAS TURÍSTICAS, MEMÓRIAS E EMOÇÕES DE VIAJANTES

Experiências são fenômenos altamente individuais, uma vez que se pautam, principalmente, nas características individuais e psicológicas dos turistas (Coelho et al., 2018Coelho, M. de F., Gosling, M. de S., & Almeida, A. S. A. de. (2018). Tourism experiences: Core processes of memorable trips. Journal of Hospitality and Tourism Management, 37, 11–22. https://doi.org/10.1016/j.jhtm.2018.08.004
https://doi.org/10.1016/j.jhtm.2018.08.0...
; Kim, 2012Kim, J., Ritchie, J. R. B.., & Mccormick, B. (2012). Development of a Scale to Measure Memorable Tourism Experiences. Journal of Travel Research, 51(1), 12–25. https://doi.org/10.1177/0047287510385467
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). Isto significa que uma mesma viagem ou vivência pode apresentar percepções diferentes para cada turista, dependendo das emoções que ele vivencia.

Algumas características de experiências turísticas são exploradas neste estudo, haja vista que “é necessário entender como os aspectos emocionais das experiências, e como percepção, memória e avaliação das experiências mudam ao longo do tempo” (Knobloch et al., 2017Knobloch, Uli, Robertson, K.., & Aitken, R. (2017). Experience, Emotion, and Eudaimonia: A Consideration of Tourist Experiences and Well-being. Journal of Travel Research, 56(5), 651–662. https://doi.org/10.1177/0047287516650937
https://doi.org/10.1177/0047287516650937...
, p. 653, tradução nossa). A primeira é a cronologia da experiência, em que o tempo é um fator que se entrelaça com os estágios da experiência, a saber: 1) pré-experiência; 2) experiência em tempo real e 3) pós-experiência (Park & Santos, 2017Park, S.., & Santos, C. A. (2017). Exploring the Tourist Experience: A Sequential Approach. Journal of Travel Research, 56(1), 16–27. https://doi.org/10.1177/0047287515624017
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). Contudo, uma vez que a experiência turística apresenta múltiplos fatores que nela impactam, pode ser interpretada para além da dimensão cronológica (Quinlan-Cutler & Carmichael, 2010Quinlan-Cutler, S.., & Carmichael, B. (2010). The Dimensions of Customer Experience. In M. MORGAN, P. LUGOSI., & B. RITCHIE (Eds.), The Tourism in Leisure Experience: Consumer and Managerial Perspectives. (pp. 3–26). Aspects of Tourism. http://books.google.com.br/books/about/The_Tourism_and_Leisure_Experience.html?id=52ReGta3HDIC&pgis=1
http://books.google.com.br/books/about/T...
; Tussyadiah & Fesenmaier, 2009Tussyadiah, I. P.., & Fesenmaier, D. R. (2009). Mediating Tourist Experiences. Access to Places via Shared Videos. Annals of Tourism Research, 36(1), 24–40. https://doi.org/10.1016/j.annals.2008.10.001
https://doi.org/10.1016/j.annals.2008.10...
).

A experiência turística possui dimensões que são muito salientes em estudos anteriores: as emoções do turista, a memória e a novidade percebida. A perspectiva experiencial deve considerar emoções que surgem a partir do consumo (Holbrook & Hirschman, 1982Holbrook, M. B.., & Hirschman, E. C. (1982). The Experiential Aspects of Consumption: Consumer Fantasies, Feelings and Fun. The Journal of Consumer Research, 9(2), 132–140.). Emoções positivas como felicidade e excitação são elementos críticos de uma experiência que fica na memória (Kim et al., 2012Kim, J., Ritchie, J. R. B.., & Mccormick, B. (2012). Development of a Scale to Measure Memorable Tourism Experiences. Journal of Travel Research, 51(1), 12–25. https://doi.org/10.1177/0047287510385467
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; Tung & Ritchie, 2011Tung, V. W. S.., & Ritchie, J. R. B. (2011a). Exploring the essence of memorable tourism experiences. Annals of Tourism Research, 38(4), 1367–1386.). O estado emocional positivo serve como gatilho para a criação de memórias (Lee, 2015Lee, Y. (2015). Creating memorable experiences in a reuse heritage site. Annals of Tourism Research, 55, 155–170. https://doi.org/10.1016/j.annals.2015.09.009
https://doi.org/10.1016/j.annals.2015.09...
) que impactam na satisfação, lealdade dos turistas (Andreu et al., 2005Andreu, L., Gnoth, J., & Bigne, J. E. (2005). The theme park experience?: An analysis of pleasure, arousal and satisfaction. Tourism Management, 26(6), 833–844. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.05.006
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.0...
) e comportamentos futuros dos turistas (Hosany & Gilbert, 2010Hosany, Sameer., & Gilbert, D. (2010). Measuring Tourists’ Emotional Experiences toward Hedonic Holiday Destinations. Journal of Travel Research, 49(4), 513–526. https://doi.org/10.1177/0047287509349267
https://doi.org/10.1177/0047287509349267...
).

A gestão das emoções dos turistas emerge como importante tema de pesquisa na área de experiências de viagem (Mondo & Gândara, 2017Mondo, T. S.., & Gândara, J. M. G. (2017). O turismo experiencial a partir de uma perspectiva socioeconômica mercadológica experiential tourism from a socioeconomic market. Revista de Análisis Turístico, 24, 26–40.). Schmitt (2000)Schmitt, B. (2000). Marketing experimental. Nobel. http://books.google.com/books?id=5jX_uz-dzP4C&pgis=1
http://books.google.com/books?id=5jX_uz-...
cita diversas emoções de consumidores de serviços, tais quais: raiva, descontentamento, aborrecimento, tristeza, medo, vergonha, inveja, solidão, romantismo, amor, paz, contentamento, otimismo, alegria, excitação e outras emoções como orgulho, culpa e ansiedade. Tais emoções variam conforme os locais visitados, as atividades desempenhadas e as pessoas encontradas (Knobloch, Robertson, & Aitken, 2017Knobloch, Uli, Robertson, K.., & Aitken, R. (2017). Experience, Emotion, and Eudaimonia: A Consideration of Tourist Experiences and Well-being. Journal of Travel Research, 56(5), 651–662. https://doi.org/10.1177/0047287516650937
https://doi.org/10.1177/0047287516650937...
). Hosany et al. (2015)Hosany, S., Prayag, G., Deesilatham, S., Cau evic, S.., & Odeh, K. (2015). Measuring Tourists’ Emotional Experiences: Further Validation of the Destination Emotion Scale. Journal of Travel Research, 54(4), 482–495. https://doi.org/10.1177/0047287514522878
https://doi.org/10.1177/0047287514522878...
propuseram uma escala de emoções de destinos composta pelas variáveis alegria, amor e surpresa positiva. De outra forma, Medeiros et al. (2015)Medeiros, S. A. de, Gosling, M.., & Vera, L. A. R. (2015). Emoções em Experiências Negativas de Turismo: um estudo sobre a influência na insatisfação. Revista Turismo Em Análise, 26(1), 188. https://doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v26i1p188-215
https://doi.org/10.11606/issn.1984-4867....
apresentam raiva/decepção, medo, tristeza, humilhação, inveja, culpa e vergonha como dimensões de experiências negativas de viagem.

Emoções negativas em experiências de viagem raramente são lembradas pelos turistas (Tung & Ritchie, 2011Tung, V. W. S.., & Ritchie, J. R. B. (2011b). Investigating the Memorable Experiences of the Senior Travel Market: An Examination of the Reminiscence Bump. Journal of Trave., & Tourism Marketing, 28(March 2015), 331–343. https://doi.org/10.1080/10548408.2011.563168
https://doi.org/10.1080/10548408.2011.56...
), isto é, viajantes tendem a relembrar experiências positivas da viagem (Prayag et al., 2017Prayag, G., Hosany, S., Muskat, B., & Del Chiappa, G. (2017). Understanding the Relationships between Tourists’ Emotional Experiences, Perceived Overall Image, Satisfaction, and Intention to Recommend. Journal of Travel Research, 56(1), 41–54. https://doi.org/10.1177/0047287515620567
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), mesmo que tenham passado por situações desprazerosas. Um dos motivos é que turistas buscam experiências prazerosas quando viajam e tendem a magnificarem experiências positivas e mitigarem ocorrências negativas quando em uma situação de retrospectiva (Hosany et al., 2015Hosany, S., Prayag, G., Deesilatham, S., Cau evic, S.., & Odeh, K. (2015). Measuring Tourists’ Emotional Experiences: Further Validation of the Destination Emotion Scale. Journal of Travel Research, 54(4), 482–495. https://doi.org/10.1177/0047287514522878
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). Entretanto, emoções negativas como o medo, podem se relacionar com a satisfação de visitantes, como em parques aquáticos (Verde et al., 2010Verde, A. A. G. F. L., Gomes, D. M. O. A.., & Moura, H. J. (2010). Las emociones negativas influyen positivamente en la satisfaccion? Un estudio en el escenario turistico. Estudios y Perspectivas En Turismo, 19, 946–969.). A nostalgia, também é uma emoção contraditória, que engloba aspectos positivos, mas também saudosistas de um passado que não pode voltar (Lee, 2015Lee, Y. (2015). Creating memorable experiences in a reuse heritage site. Annals of Tourism Research, 55, 155–170. https://doi.org/10.1016/j.annals.2015.09.009
https://doi.org/10.1016/j.annals.2015.09...
).

Coelho, Gosling e Almeida (2018)Coelho, M. de F., Gosling, M. de S., & Almeida, A. S. A. de. (2018). Tourism experiences: Core processes of memorable trips. Journal of Hospitality and Tourism Management, 37, 11–22. https://doi.org/10.1016/j.jhtm.2018.08.004
https://doi.org/10.1016/j.jhtm.2018.08.0...
indicam a necessidade de expandir a classificação do estudo das emoções de experiências turísticas, tanto positivas, quanto negativas, uma vez que as escalas e os estudos presentes são insuficientes para descrever como tais emoções podem ser geridas e melhor compreendidas. De forma geral, existe uma escassez de estudos que investiguem as flutuações emocionais dos turistas e o papel de sentimentos negativos nas experiências de viagem (Mayer et al., 2019Mayer, V. F., Machado, J. dos S., Marques, O.., & Nunes, J. M. G. (2019). Mixed feelings?: fluctuations in well-being during tourist travels. Service Industries Journal, 0(0), 1–23. https://doi.org/10.1080/02642069.2019.1600671
https://doi.org/10.1080/02642069.2019.16...
).

Elementos sensoriais como cheiros, sons, sabor, toque e aspectos visuais podem estimular as emoções e a memória de viajantes. Contudo, fatores internos do visitante, como ser receptivo a novas culturas, também impactam na memória de turistas (Kim & Jang, 2016Kim, J.., & Jang, S. S. (2016). Memory Retrieval of Cultural Event Experiences?: Examining Internal and External Influences. Journal of Travel Research, 55(3), 322–339. https://doi.org/10.1177/0047287514553058
https://doi.org/10.1177/0047287514553058...
). É válido lembrar, ainda, que memórias são dinâmicas e sujeitas a mudanças ao longo do tempo, por meio de processos da rotina diária (Park & Santos, 2017Park, S.., & Santos, C. A. (2017). Exploring the Tourist Experience: A Sequential Approach. Journal of Travel Research, 56(1), 16–27. https://doi.org/10.1177/0047287515624017
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).

Outro elemento que tende a ser lembrando pelos turistas são experiências inesperadas (Park & Santos, 2017Park, S.., & Santos, C. A. (2017). Exploring the Tourist Experience: A Sequential Approach. Journal of Travel Research, 56(1), 16–27. https://doi.org/10.1177/0047287515624017
https://doi.org/10.1177/0047287515624017...
). Diversos autores comprovaram a importância da novidade percebida pelos turistas para a formação de experiências turísticas memoráveis (Kim & Ritchie, 2014Kim, J.-H.., & Ritchie, J. R. B. (2014). Cross-Cultural Validation of a Memorable Tourism Experience Scale (MTES). Journal of Travel Research, 53(3), 323–335. https://doi.org/10.1177/0047287513496468
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; Kim et al., 2012Kim, J. H. (2012). Development of a scale to measure memorable tourism experiences. European Journal of Tourism Research, 3(2), 123–126. https://doi.org/10.1177/0047287510385467
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; Tsai, 2016Tsai, C. S. (2016). Memorable Tourist Experiences and Place Attachment When Consuming Local Food. International Journal of Tourism Research, 18(6), 536–548. https://doi.org/10.1002/jtr
https://doi.org/10.1002/jtr...
). Nesse sentido, destinos que apresentam inovações para o turista podem ser mais competitivos. Ademais, muitos elementos não podem sem controlados nem pelos gestores, nem pelos turistas, o que desencadeia momentos inesperados que podem ter consequências positivas ou negativas para a viagem, como a pandemia da Covid-19.

4 METODOLOGIA

Com objetivo de compreender as experiências, emoções e memórias de viagens durante a propagação da Covid-19, a abordagem metodológica escolhida é qualitativa, com base em entrevistas em profundidade realizadas com turistas que iniciaram viagens entre janeiro e março de 2020. São relatos de viajantes que sofreram as consequências da pandemia em todos os continentes, em viagens solo, excursões e até em um cruzeiro, enfrentando a possibilidade de não poder voltar para casa e de adoecer em países estrangeiros.

Os participantes deste estudo foram selecionados segundo o método bola de neve, por meio de uma chamada para voluntários, divulgada em redes sociais determinadas pelas autoras. Foram incluídos no estudo apenas aqueles indivíduos que viajaram entre janeiro e março de 2020, e que atenderam aos seguintes critérios: a) sofreram impactos durante uma viagem em andamento; b) com impedimento ou adiamento de retorno para casa por restrições de mobilidade, como cancelamento de voos, fechamento de fronteiras, ou confinamento em cruzeiro marítimo; d) pessoas com alterações na viagem por terem contraído a Covid-19 em país estrangeiro. O perfil dos 21 indivíduos que atenderam aos critérios metodológicos de inclusão está sumarizado na Tabela 2.

Tabela 2
Perfil Geral dos Participantes da Pesquisa

Todos os voluntários preencheram um TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) e autorizaram a gravação das entrevistas, que foram realizadas por meio da plataforma Google Meet. O roteiro semiestruturado seguiu uma lógica sequencial, baseando-se no ciclo de viagem: pré-viagem, durante a viagem e pós-viagem (Park & Santos, 2017Park, S.., & Santos, C. A. (2017). Exploring the Tourist Experience: A Sequential Approach. Journal of Travel Research, 56(1), 16–27. https://doi.org/10.1177/0047287515624017
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). Duas entrevistas piloto pautaram a reorganização das perguntas do roteiro final utilizado. As entrevistas foram realizadas por duas pesquisadoras seniores, durante as duas primeiras semanas de abril, e tiveram a duração média de 60 minutos.

Para a análise dos dados, adotou-se uma abordagem descritiva, interpretativa e temática, buscando a identificação de padrões repetidos nas narrativas e memórias dos participantes da pesquisa. As narrativas incluíram as motivações da viagem, a decisão de embarcar em meio à disseminação da Covid-19, as experiências e sentimentos, o relacionamento com prestadores de serviços turísticos, as consequências da viagem.

O exame dos relatos foi feito com apoio do software NVivo, de forma indutiva, com adoção do método da teoria fundamentada (grounded theory). O uso do método é considerado apropriado quando se necessita de um dinamismo metodológico e o pesquisador enfatiza uma lógica objetiva, indutiva e a emersão dos dados foca na constante comparação para se produzir a teoria fundamentada (Ralph et al., 2015Ralph, N., Birks, M.., & Chapman, Y. (2015). The Methodological Dynamism of Grounded Theory. International Journal of Qualitative Methods, 14(4), 1–6. https://doi.org/10.1177/1609406915611576
https://doi.org/10.1177/1609406915611576...
). Também há relatos de outros autores que estudaram experiência turística com base na grounded theory (Coelho et al., 2018Coelho, M. de F., Gosling, M. de S., & Almeida, A. S. A. de. (2018). Tourism experiences: Core processes of memorable trips. Journal of Hospitality and Tourism Management, 37, 11–22. https://doi.org/10.1016/j.jhtm.2018.08.004
https://doi.org/10.1016/j.jhtm.2018.08.0...
; Filieri, 2016Filieri, R. (2016). What makes an online consumer review trustworthy? Annals of Tourism Research, 58, 46–64. https://doi.org/10.1016/j.annals.2015.12.019
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; Zare, 2019), o que reforça a escolha do método.

As etapas utilizadas seguiram a proposta de Strauss e Corbin (2008)Strauss, A.., & Corbin, J. (2008). Pesquisa Qualitativa: Técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de uma teoria fundamentada. Artmed., de codificação aberta, axial e seletiva. A codificação aberta envolve examinar cada linha do texto e definir ações e eventos que são representados nos dados. A codificação axial tenta agrupar os códigos, inicialmente encontrados na codificação aberta, para representar um conjunto de códigos abertos de maneira agrupada. Por exemplo, “alívio”, “desespero”, “felicidade” e “medo” foram agrupados na categoria “emoções”. Finalmente, a terceira etapa integra as duas fases anteriores buscando um processo de conceituação e integração dos dados (Zare, 2019bZare, S. (2019b). Cultural influences on memorable tourism experiences. Anatolia, 30(3), 316–327. https://doi.org/10.1080/13032917.2019.1575886
https://doi.org/10.1080/13032917.2019.15...
). Com isso, a codificação seletiva apresentou como desafio às pesquisadoras contemplar apenas aquilo que era particular das experiências de viagem durante a pandemia, cruzando com o esquema cronológico da experiência proposto por Park e Santos (2017)Park, S.., & Santos, C. A. (2017). Exploring the Tourist Experience: A Sequential Approach. Journal of Travel Research, 56(1), 16–27. https://doi.org/10.1177/0047287515624017
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.

5 RESULTADOS

Sobre a caracterização dos 21 brasileiros participantes do estudo, 15 eram mulheres e 6 eram homens, com idades entre 22 e 69 anos (idade média de 39 anos). Com formação em áreas variadas e 18 residentes no Brasil e 3 no exterior, todos possuem graduação, sendo que 12 também possuem pós-graduação. Motivados por estudos, trabalho, visita a familiares, mudança de residência e lazer, 3 iniciaram a viagem em janeiro, 2 em fevereiro e 16 em março, entre esses últimos, 6 embarcaram após o dia 11 de março, logo, após a OMS decretar que o mundo vivia uma pandemia da Covid-19 (Tabela 2).

Na época das entrevistas, 2 participantes da pesquisa ainda não haviam retornado ao seu domicílio; 10 conseguiram antecipar o retorno, e 7 precisaram retardar a volta para casa. Neste sentido, seus relatos nos permitem aprofundar o conhecimento sobre as experiências de viagem memoráveis ocorridas nessas situações extremas. Assim, os resultados revelam os aspectos emocionais das experiências e evidenciam as variações nas emoções e memórias conforme a cronologia da viagem. Deste modo, as análises foram divididas de forma a diferenciar essas duas principais categorias: 1) sentimentos x cronologia da viagem e 2) memórias x cronologia da viagem.

5.1 Sentimentos memoráveis

A literatura aponta a necessidade de mais estudos sobre sentimentos e emoções de turistas em suas experiências de viagem (Coelho, Gosling & Almeida, 2019Coelho, M. F.., & Gosling, M. S. (2018). Memorable Tourism Experience ( MTE ): A scale proposal and test. Touris., & Management Studies, 14(4), 15–24.). Também chama a atenção que estudos tendem a apontar emoções essencialmente positivas, quando relacionada ao estudo de experiências turísticas memoráveis (Cornelisse, 2018Cornelisse, M. (2018). Understanding memorable tourism experiences: A case study. Research in Hospitality Management, 8(2), 93–99. https://doi.org/10.1080/22243534.2018.1553370
https://doi.org/10.1080/22243534.2018.15...
; Tung & Ritchie, 2011Tung, V. W. S.., & Ritchie, J. R. B. (2011a). Exploring the essence of memorable tourism experiences. Annals of Tourism Research, 38(4), 1367–1386.). No entanto, analisando as narrativas dos participantes sobre as experiências pré, durante e pós-viagem, é possível identificar sentimentos positivos e negativos dos turistas assim como apontado por Coelho et al. (2018)Coelho, M. F.., & Gosling, M. S. (2018). Memorable Tourism Experience ( MTE ): A scale proposal and test. Touris., & Management Studies, 14(4), 15–24.. A Figura 1 apresenta uma nuvem de palavras gerada a partir da codificação feita sobre os sentimentos memoráveis das experiências dos participantes.

Figura 1
Emoções memoráveis dos entrevistados.

Emoções positivas estiveram presentes nas narrativas, particularmente em dois momentos distintos. Nas memórias da pré-viagem, alegria, empolgação, entusiasmo e felicidade foram mencionados em descrições sobre a antecipação de sonhos que poderiam ser realizados por meio da viagem e nos encontros com pessoas significativas. Tranquilidade e despreocupação também foram citadas durante esta fase.

A predominância de memórias acompanhadas de sentimentos negativos se deu durante a viagem. Medo foi a emoção mais citada, acompanhada de desespero, tensão, pânico, estresse, choro, nervosismo, agonia, frustração, tristeza, e paranoia, surgiram em várias descrições, em especial naquelas relacionadas às experiências vividas em situações de lockdown, suspensão de voos, dificuldade de atendimento, incertezas sobre a possibilidade de contaminação e de retorno para casa. Expressões como “ficar preso”, “eu só queria ir para casa” surgiram em muitas narrativas, sempre em momentos comoventes da entrevista quando participantes se lembravam do estresse e do medo de estarem longe de casa, cercados pela incerteza. Alguns relatos de nervosismo, em virtude da Covid-19, surgiram ainda na pré-viagem.

Alívio e conforto foram sentimentos presentes nas memórias da pós-viagem, sempre relacionados ao retorno para casa e a sensação de finalmente estar em um lugar onde existe um vínculo psicológico de segurança. Sentimentos de alívio e de alegria também foram mencionados quando os participantes descreveram o final da viagem, a culminância dos esforços de “escapar” de não “ficar preso” em lugares estranhos ou estrangeiros. Agradecimento por um “final feliz” também acompanharam as narrativas dos entrevistados.

5.2 Memórias sobre a pré-viagem.

Analisando as recordações e descrições feitas pelos participantes sobre suas experiências de pré-viagem (exemplos apresentados no Quadro 1), identificamos três temas centrais: (1) envolvimento com o planejamento da viagem; (2) pressão social e datas especiais; (3) avaliações de risco pré-embarque.

Envolvimento com o planejamento da viagem - Sobre o planejamento, a maioria dos participantes relatou que as viagens foram decididas muito antes do seu início, a maioria muitos meses antes. Assim, a decisão de viajar foi tomada com antecedência e investimentos já haviam sido realizados, tanto monetários como psicológicos. Muitos relatos indicaram alta afetividade e planos difíceis de abandonar, apesar dos riscos da Covid-19 e da crescente incerteza. Essas narrativas mostram que antes do embarque os indivíduos precisaram enfrentar um dilema: abrir mão da viagem e dos planos? ou voltar atrás e perder tudo, ou parte, do que havia sido dedicado? Esses relatos apontam para um alto envolvimento com a viagem e sentimentos de aversão à perda (Kahneman, 2011Kahneman, D. (2011). Rapido e Devagar: Duas Formas de Pensar. Editora Objetiva. https://doi.org/doi:10.1038/2491
https://doi.org/10.1038/2491...
; Tversky & Kahneman, 1981Tversky, A.., & Kahneman, D. (1981). The framing of decisions and the psychology of choice. Science 1, 211, 453–458.).

Surgiram, ainda, descrições sobre oportunidades aproveitadas durante o planejamento, como bilhetes aéreos emitidos com milhas, promoções, e preços “muito baixos”. Entrevistados relataram ainda que teriam dificuldade para remarcar a viagem e que perderiam uma parte do dinheiro gasto caso decidissem não embarcar.

Pressão social e datas especiais – Dois fatores se destacaram como justificativas para viajar durante a pandemia. O primeiro fator envolveu a pressão do acompanhante de viagens e de familiares para que a viagem fosse realizada. Um dos relatos envolveu uma reunião com familiares para decidirem se o casal viajaria ou não. Outro fator diz respeito a comemorações e situações muito especiais e únicas como: comemorar aniversário, comemoração de 25 anos de casado, nascimento de uma criança na família e participar de cerimônia muito significativa. Tais situações aparentaram acrescentar uma carga afetiva e social para as decisões de viagem. Nesse sentido, considerando o envolvimento afetivo e social, o cancelamento da viagem parece ser ainda mais difícil.

Avaliações do risco pré-embarque - O terceiro tema está diretamente relacionado à Covid-19 e versou sobre as avaliações sobre o risco de viajar. Os participantes tentaram lembrar o que sabiam e conheciam sobre a doença antes da viagem. Muitos relataram que buscaram informações na mídia, em sites e em fontes oficiais. Outros afirmaram que estavam “monitorando” a quantidade de casos e a propagação da doença em diferentes locais do mundo. Aqueles que tinham viagens programadas para locais percebidos como de maior risco na época, chegaram a fazer alterações de última hora, um comportamento que indica busca pela redução da probabilidade de falhas na escolha (Souza et al., 2012Souza, A. G. de, Melo, F. V. S.., & Barbosa, M. de L. de A. (2012). Riscos Percebidos Na Aquisição De Serviços Hoteleiros Online: Fatores Determinantes Das Estratégias De Redução E Suas Relações Com As Características Demográficas Do Consumidor. Revista Brasileira de Pesquisa Em Turismo, 6(2), 201–215. https://doi.org/10.7784/rbtur.v6i2.527
https://doi.org/10.7784/rbtur.v6i2.527...
). Os que percebiam estar seguindo para destinos fora da “área de contágio” sentiram-se mais protegidos e otimistas para embarcar, um comportamento de evitação de risco já documentado pela literatura (Song et al., 2019Song, H., Livat, F.., & Ye, S. (2019). Effects of terrorist attacks on tourist flows to France: Is wine tourism a substitute for urban tourism? Journal of Destination Marketing and Management, 14(September), 100385. https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2019.100385
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). Crenças sobre suscetibilidade ao vírus, características da doença e capacidade de autoproteção também guiaram as avaliações de risco dos entrevistados (Gao et al., 2000Gao, X., Nau, D. P., Rosenbluth, S. A., Scott, V.., & Woodward, C. (2000). The relationship of disease severity, health beliefs and medication adherence among HIV patients. AIDS Care - Psychological and Socio-Medical Aspects of AIDS/HIV, 12(4), 387–398. https://doi.org/10.1080/09540120050123783
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; Sridhar et al., 2016Sridhar, S., Régner, I., Brouqui, P.., & Gautret, P. (2016). Methodologies for measuring travelers’ risk perception of infectious diseases: A systematic review. Travel Medicine and Infectious Disease, 14(4), 360–372. https://doi.org/10.1016/j.tmaid.2016.05.012
https://doi.org/10.1016/j.tmaid.2016.05....
).

Ainda segundo os relatos, tudo “parecia normal”, com saídas de excursões e voos confirmados, nenhum alerta emitido pelos canais oficiais das empresas aéreas, pelo operador do cruzeiro ou pelas operadoras de viagem. A sensação de “normalidade” dos serviços e a falta de alertas claros das empresas parecem ter contribuído para a avaliação do risco e para a percepção de que havia segurança para seguir com a viagem.

Quadro 1
Memórias de viajantes sobre momentos pré-viagem na pandemia da Covid-19

5.3 Experiências memoráveis durante a viagem

Ao recordar e descrever as experiências que vivenciaram durante a viagem (exemplos apresentados no Quadro 2), com a rápida propagação da Covid-19, os participantes do estudo se concentraram amplamente em três temas centrais: (1) transfiguração da experiência turística; (2) atendimento precário e desamparo e (3) autoproteção.

Transfiguração da experiência turística - Participantes do estudo, especialmente aqueles que conseguiram concluir a viagem antes de 11 de março, descreveram a sensação inusitada de circular com tranquilidade por destinos turísticos e atrativos muito populares. Durante as entrevistas, os relatos negativos e reduções nos níveis de bem-estar (Mayer et al., 2019Mayer, V. F., Machado, J. dos S., Marques, O.., & Nunes, J. M. G. (2019). Mixed feelings?: fluctuations in well-being during tourist travels. Service Industries Journal, 0(0), 1–23. https://doi.org/10.1080/02642069.2019.1600671
https://doi.org/10.1080/02642069.2019.16...
) foram predominantes e envolveram atrativos fechados ou horários reduzidos; reclusão forçada em quartos de hotel e fechamento de áreas de lazer; proibições de circulação em destinos com aplicação de multas e força policial; dificuldade de acesso a transportes públicos (ônibus, taxi, carros de aplicativos); suspensão de serviços básicos em cidades e estradas; dificuldade de acesso a produtos de alimentação e higiene.

Os relatos mostram que o rápido aumento nas interrupções de mobilidade esteve sempre presente, com países anunciando fechamento de fronteiras e opções de retorno para casa se tornando mais escassas a cada dia. A sensação de perda de controle também esteve presente, aliada à constatação de “ser estrangeiro”, sem acolhimento e sem relações de apoio “fora de casa”.

Atendimento Precário e Desamparo - As narrativas também trazem sensações de abandono em relação aos serviços turísticos. As descrições se concentraram em falta geral de informações e orientações; múltiplos cancelamentos de voos sem aviso prévio; filas enormes e longas horas de espera em canais de atendimento congestionados; funcionários e tripulação confusos e despreparados; rejeição de check-in por hotéis e troca por hospedagens não desejadas; além da falta de cobertura dos seguros de viagem em casos de pandemia. A experiência em aeroportos e voos foi descrita por muitos como caótica, tensa e assustadora.

De modo geral, entrevistados expressaram sensações de desamparo com o apoio precário fornecido por empresas e pela estrutura turística dos destinos, com suspensão de direitos básicos para turistas (Baum & Hai, 2020Baum, T.., & Hai, N. T. T. (2020). Hospitality, tourism, human rights and the impact of Covid-19. International Journal of Contemporary Hospitality Management. https://doi.org/10.1108/IJCHM-03-2020-0242
https://doi.org/10.1108/IJCHM-03-2020-02...
). Além da falta geral de apoio percebida, a lembrança de altos preços cobrados por empresas e companhias aéreas para voos apenas de retorno foi recorrente nas entrevistas. Participantes mencionaram cifras que chegavam, por exemplo, a três ou quatro vezes os preços pagos ou pesquisados por eles, demonstrando sensações de injustiça com os preços (Mayer & Avila, 2014Mayer, V. F.., & Avila, M. (2014). Perceptions of unfairness in price increases: an experimental study. Revista de Administração, 49(3), 566–577. https://doi.org/10.5700/rausp1168
https://doi.org/10.5700/rausp1168...
). Foram também mencionadas dificuldades com reembolsos e incerteza na remarcação futura de hotéis e passagens aéreas.

Muitos entrevistados procuraram ajuda de pessoas próximas, amigos ou familiares que estavam no Brasil para solucionar as dificuldades, e atribuíram o sucesso de seus esforços a “sorte”, “persistência”, “esperteza”, “experiência” e a “Deus”. Ainda assim, alguns funcionários de empresas foram lembrados por oferecerem ajuda e solucionarem problemas difíceis, mesmo em meio ao caos. A lembrança do apoio dedicado de agentes de viagem também foi importante para alguns entrevistados.

Quadro 2
Memórias de viajantes sobre momentos durante a viagem na pandemia da Covid-19

Autoproteção - Os comportamentos de autoproteção adotados durante a viagem incluem lembranças de máscaras, álcool gel, fuga de pessoas tossindo, e as tentativas de distanciamento, que foram se intensificando ao longo da viagem. A adoção ou não de comportamentos e itens de autoproteção pareceu ter sido influenciada pelos ambientes e normas sociais percebidas, mais do que pelo conhecimento que os entrevistados tinham sobre a doença (Riggs, 2017Riggs, W. (2017). Painting the fence: Social norms as economic incentives to nonautomotive travel behavior. TRAVEL BEHAVIOUR AND SOCIETY, 7, 26–33. https://doi.org/10.1016/j.tbs.2016.11.004
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).

5.5 Memórias pós-viagem

Ao relatarem as memórias pós-viagem (exemplos apresentados no Quadro 3), os participantes do estudo se concentraram principalmente em dois temas: (1) consequências da viagem e (2) reflexões da experiência.

Consequências da viagem - Algumas das consequências da viagem envolvem a Covid-19 diretamente. Quarentena, isolamento, álcool gel e outras medidas de higiene, bem como trabalho remoto surgiram como novas práticas adotadas na volta para casa. Alguns participantes fizeram relatos sobre perdas financeiras devido a gastos imprevistos ou irrecuperáveis, sofrimento por sequelas psicológicas e problemas de saúde.

Reflexões sobre a experiência - O segundo tema presente nas descrições da pós-viagem foram as reflexões sobre a experiência e atribuições de causalidade, com muitas menções sobre a surpresa da pandemia e sobre a rapidez com que os eventos de desenrolaram. Alguns atribuíram as dificuldades que viveram à natureza do vírus e as características do contágio rápido e de difícil previsão. Outros se ressentiram da falta de preparação e agilidade de empresas e governos ao tomarem medidas para proteger os indivíduos e clientes.

Marcados pelas memórias e sentimentos da experiência, os participantes da pesquisa fizeram um balanço de suas decisões e do que aprenderam. Nem todos avaliaram que tomaram uma decisão ruim considerando as informações disponíveis na época. Muitos afirmaram que não se arrependeram, por ter dado tudo certo ou por terem acumulado mais uma experiência de viagem. No entanto, outros se ressentem por terem embarcado.

Alguns mencionaram aprendizados relativos a questões operacionais da viagem: ter um cartão de crédito com bom limite para imprevistos; ter sempre dinheiro em espécie, pois nessas horas os caixas eletrônicos ficam congestionados; evitar emissão com milhas em outras empresas “parceiras”, pois o atendimento ser torna ainda mais complicado; saber falar inglês, o idioma local ou ter um acompanhante que saiba; tomar decisões rápidas e ter paciência para enfrentar filas e canais de atendimento; tomar cuidado com promoções e grandes ofertas; evitar meios de hospedagem com alto contato pessoal; informar-se com cuidado sobre cláusulas contratuais de seguros e outros serviços turísticos; e privilegiar a compra com bons agentes de viagens. Muitas descrições demonstraram desconfiança em relação à estrutura de atendimento e proteção aos turistas, que precisaram “contar com eles mesmos”.

Quadro 3
Memórias de viajantes sobre momentos pós-viagem na pandemia da Covid-19

Outros relatos se concentraram em questões humanas e relações sociais, ou mesmo reflexões sobre a natureza e a humanidade, aprendizados mais profundos aparentemente alcançados como valorizar mais a família, adotar maiores cuidados de higiene, preservar o meio ambiente, planejar menos, ter mais leveza e simplicidade no consumo e nas viagens, e apreciar a liberdade.

Por fim, muitos se mostraram cuidadosos com novos planos de viagem, e disseram que desejam viajar para locais mais próximos e esperar por uma vacina ou uma cura. Mesmo assim, expressaram a vontade de viajar novamente, refazer o que não foi feito, estar com familiares distantes.

6 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Este trabalho proporcionou o conhecimento acerca das experiências de turistas que viajaram para destinos ao redor do globo durante a propagação da Covid-19, preenchendo uma lacuna negligenciada pela literatura do turismo. Foi possível entender sobre os fatores que interferiram na decisão de viagem, apesar dos riscos do vírus, e sobre como os viajantes enfrentaram muitas situações extraordinárias e inesperadas, como fechamento de fronteiras, lockdown em destinos turísticos, interrupção de serviços de hotelaria, restrições de mobilidade, suspensão de serviços, riscos de contaminação e até adoecimento. A Figura 2 mostra o framework que representa os achados do estudo.

Figura 2
Framework das Memórias e Emoções de viajantes durante a pandemia da Covid-19

A análise das memórias e sentimentos da pré-viagem revelou que turistas muito envolvidos com sonhos e planos de viagem tendem a não estar dispostos a perderem seus recursos, ou a abrirem mão de “uma viagem dos sonhos”, um fenômeno descrito pela Prospect Theory e conhecido no campo da economia comportamental como aversão à perda (Kahneman & Tversky, 1979Kahneman, D.., & Tversky, A. (1979). Prospect Theory: An Analysis of Decision under Risk. Econometrica, 47(2), 262–292.). A pressão social sofrida por muitos dos entrevistados - datas especiais, influência de parentes e amigos – foi também um fator relevante para a decisão de continuar com a viagem. Já as avaliações de risco antes de viajar envolveram as informações disponíveis no momento pré-viagem, incluindo o número de casos em países destino e a suscetibilidade percebida ao vírus (Cho et al., 2013Cho, H., Lee, J. S.., & Lee, S. (2013). Optimistic Bias About H1N1 Flu: Testing the Links Between Risk Communication, Optimistic Bias, and Self-Protection Behavior. Health Communication, 28(2), 146–158. https://doi.org/10.1080/10410236.2012.664805
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; Gao et al., 2000Gao, X., Nau, D. P., Rosenbluth, S. A., Scott, V.., & Woodward, C. (2000). The relationship of disease severity, health beliefs and medication adherence among HIV patients. AIDS Care - Psychological and Socio-Medical Aspects of AIDS/HIV, 12(4), 387–398. https://doi.org/10.1080/09540120050123783
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; M. E. Korstanje, 2011Korstanje, M. E. (2011). Why Risk Why Now? Conceptual Problems Around the Risk Perception in Tourism Industry. Revista Brasileira de Pesquisa Em Turismo, 5(1), 4–22. https://doi.org/10.7784/rbtur.v5i1.403
https://doi.org/10.7784/rbtur.v5i1.403...
; Souza et al., 2012Souza, A. G. de, Melo, F. V. S.., & Barbosa, M. de L. de A. (2012). Riscos Percebidos Na Aquisição De Serviços Hoteleiros Online: Fatores Determinantes Das Estratégias De Redução E Suas Relações Com As Características Demográficas Do Consumidor. Revista Brasileira de Pesquisa Em Turismo, 6(2), 201–215. https://doi.org/10.7784/rbtur.v6i2.527
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). Nesse sentido, as emoções pré-viagem tenderam a ser positivas, com sentimentos de otimismo, excesso de confiança e sensação de invulnerabilidade ao vírus.

Durante a viagem, experiências inesperadas geraram a transfiguração da viagem outrora planejada e, para muitos, impedimento da fruição, devido ao fechamento parcial ou total de atrativos, dificuldades de locomoção e, principalmente, pelo atendimento precário e o desamparo de companhias aéreas, seguradoras, destinos turísticos e instituições governamentais como embaixadas, que em alguns casos comprometeram direitos dos viajantes (Baum & Hai, 2020Baum, T.., & Hai, N. T. T. (2020). Hospitality, tourism, human rights and the impact of Covid-19. International Journal of Contemporary Hospitality Management. https://doi.org/10.1108/IJCHM-03-2020-0242
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). Nesse momento, emergiram sentimentos memoráveis (Coelho et al., 2018Coelho, M. F.., & Gosling, M. S. (2018). Memorable Tourism Experience ( MTE ): A scale proposal and test. Touris., & Management Studies, 14(4), 15–24.) de desamparo, medo, tensão, ansiedade e desespero, com flutuações nos níveis de bem-estar (Mayer et al., 2019Mayer, V. F., Machado, J. dos S., Marques, O.., & Nunes, J. M. G. (2019). Mixed feelings?: fluctuations in well-being during tourist travels. Service Industries Journal, 0(0), 1–23. https://doi.org/10.1080/02642069.2019.1600671
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), além de percepções de injustiça (Mayer & Avila, 2014Mayer, V. F.., & Avila, M. (2014). Perceptions of unfairness in price increases: an experimental study. Revista de Administração, 49(3), 566–577. https://doi.org/10.5700/rausp1168
https://doi.org/10.5700/rausp1168...
). Foi possível identificar emoções negativas que normalmente não são relatadas pelos turistas e apresentam grande relação com a incerteza da viagem e com a possibilidade de contrair a doença. Alguns turistas se preocuparam em manter sua autoproteção com o uso de equipamentos e distanciamento social, mas houve quem não tomasse nenhuma precaução, por não se sentir ameaçado ou mesmo por percepção de normas sociais locais (Riggs, 2017Riggs, W. (2017). Painting the fence: Social norms as economic incentives to nonautomotive travel behavior. TRAVEL BEHAVIOUR AND SOCIETY, 7, 26–33. https://doi.org/10.1016/j.tbs.2016.11.004
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).

Por fim, os turistas refletiram sobre decisões de viagem e suas consequências. Alguns tiveram perdas financeiras, outros tiveram consequências na saúde física – inclusive a contração da Covid-19 – e psicológica. As reflexões envolveram aprendizagem, avaliações da decisão e planos para o futuro. Alguns se mostraram arrependidos, reconhecendo um comportamento de risco, outros atribuíram suas decisões às informações disponíveis na época. Os que possuem planos de viajar relatam estar mais cuidadosos e atentos a riscos de saúde (Cahyanto et al., 2016Cahyanto, I., Wiblishauser, M., Pennington-Gray, L., & Schroeder, A. (2016). The dynamics of travel avoidance: The case of Ebola in the U.S. Tourism Management Perspectives, 20, 195–203. https://doi.org/10.1016/j.tmp.2016.09.004
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; Song et al., 2019Song, H., Livat, F.., & Ye, S. (2019). Effects of terrorist attacks on tourist flows to France: Is wine tourism a substitute for urban tourism? Journal of Destination Marketing and Management, 14(September), 100385. https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2019.100385
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).

Sobre as implicações do estudo, o Quadro 5 sintetiza as implicações teóricas e oportunidades de pesquisa que identificamos ao longo das análises e que podem ser tratados em estudos futuros sobre as relações entre risco em viagens, aversão à perda, vieses de julgamento, influências sociais, sentimentos e memórias. Entendemos que as experiências de viagem durante a Covid-19 podem exemplificar outras situações extremas e inesperadas em que o contexto de incerteza demanda respostas rápidas por parte dos viajantes e dos gestores de organizações públicas e privadas.

Quadro 5
Implicações teóricas e oportunidades de pesquisa

Com relação a implicações gerenciais, uma questão importante se refere ao desamparo sentido nos destinos turísticos, e com o suporte dado por empresas do setor turístico. Isto evidencia a fraca rede de apoio existente a viajantes e a falta de preparação das organizações. A partir de agora, se faz necessário investir em redesenho de processos, adoção de novas práticas e preparação para mitigação de riscos e melhoria das interações com turistas (Coelho & Mayer, 2020Coelho, M. F.., & Mayer, V. F. (2020). Gestão de serviços pós-covid: o que se pode aprender com o setor de turismo e viagens? Gestão e Sociedade, 14(39), 3698–3706. https://doi.org/10.21171/ges.v14i39.3306
https://doi.org/10.21171/ges.v14i39.3306...
).

Sobre as empresas, as principais reclamações se deram quanto ao mau atendimento de companhias aéreas para a remarcação de voos. Tais empresas precisam buscar soluções que permitam a remarcação e o contato entre passageiros e empresa de maneira mais rápida e segura. Questões relacionadas à comunicação, como estabelecer uma política clara de remarcação, preços, reembolso, atualizações sobre serviços, cancelamentos, assim como encontrar canais adequados para essa comunicação; pode contribuir para uma relação mais benéfica para todos os atores envolvidos na cadeia do turismo. Também ficou clara a importância dos funcionários do trade, sobretudo de meios de hospedagem e atrativos turísticos, de informar as situações contextuais daquele destino, bem como oferecer apoio logístico como a indicação de serviços e funcionamento dos locais.

Em relação aos turistas, o estudo demonstra que alguns turistas dizem se sentir mais seguros quanto à contratação de agentes de viagem, haja vista que agentes contribuíram para solucionar os problemas de turistas durante a pandemia. Outros relatos apontaram para a necessidade de se ter reservas financeiras ao viajar, para a utilização em casos inesperados. O contrato de seguro viagem, que não apresenta cobertura em caso de pandemia, também foi narrado com surpresa por alguns viajantes. Nesse sentido, a busca por informações prévias pode contribuir para o planejamento de viagem e minimizar riscos ao se viajar. Por fim, todos os relatos apontam para a resolução do problema enfrentado de alguma forma pelos turistas, mesmo que a experiência tenha envolvido situações indesejadas.

É preciso mencionar que alguns sentimentos foram positivos quando relacionados a empresas do setor, mas em situações pontuais. Por exemplo, quando participantes relataram a sensação de tranquilidade, e confiança ao ter voos remarcados por um agente de viagem, ou de gratidão pela remarcação de um voo por parte de um atendente de uma companhia aérea, mesmo com a ligação caindo. Portanto, os resultados reforçam que empresas que conseguirem gerir experiências negativas como frustrações e sofrimento podem gerar memórias ainda mais positivas para os turistas (Tung, Lin, Qiu Zhang, & Zhao, 2016Tung, V. W. S.., & Ritchie, J. R. B. (2011b). Investigating the Memorable Experiences of the Senior Travel Market: An Examination of the Reminiscence Bump. Journal of Trave., & Tourism Marketing, 28(March 2015), 331–343. https://doi.org/10.1080/10548408.2011.563168
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).

Sobre as contribuições deste estudo, além de colaborar com a literatura de turismo e Covid-19, a partir do levantamento e classificação dos estudos nacionais e internacionais, esta pesquisa contribui para o entendimento do comportamento de viagens de turistas durante a pandemia, tópico até então ignorado por pesquisadores da área. Ainda, o estudo contribui ao conseguir captar e enfatizar o contexto das emoções, sobretudo as negativas em experiências de viagem. Isto porque a literatura aponta que as emoções de viagens memoráveis tendem a ser positivas (Cornelisse, 2018Cornelisse, M. (2018). Understanding memorable tourism experiences: A case study. Research in Hospitality Management, 8(2), 93–99. https://doi.org/10.1080/22243534.2018.1553370
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; Tung & Ritchie, 2011Tung, V. W. S.., & Ritchie, J. R. B. (2011a). Exploring the essence of memorable tourism experiences. Annals of Tourism Research, 38(4), 1367–1386.).

Como o estudo se limitou a viajantes brasileiros, os achados podem ser diferentes para turistas de outras culturas. Ainda, os achados são baseados na memória e nas narrativas dos viajantes, que estão sujeitas a mudanças e inconsistências (Park & Santos, 2017Park, S.., & Santos, C. A. (2017). Exploring the Tourist Experience: A Sequential Approach. Journal of Travel Research, 56(1), 16–27. https://doi.org/10.1177/0047287515624017
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). Nesse sentido, estudos futuros podem se beneficiar de pesquisas que aliem a coleta de dados antes, durante e após a viagem, de forma que aumente a possibilidade de triangulação das informações apresentadas pelos turistas. É válido destacar que este estudo se limitou a entender o comportamento daqueles que de fato viajaram durante a pandemia. Viajantes que não concretizaram sua viagem podem ser alvo de investigações futuras.

AGRADECIMENTOS

Nós agradecemos a Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais pelo suporte financeiro para a tradução deste artigo.

  • Como citar: Mayer, V. F.; Coelho, M. F. (2021). Sonhos interrompidos: memórias e emoções de experiências de viagem durante a propagação da Covid-19. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo, 15 (1), 2192. http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v15i1.2192

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Editado por

Editor:

Glauber Eduardo de Oliveira Santos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2021

Histórico

  • Recebido
    21 Jul 2020
  • Aceito
    21 Out 2020
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